O que o mercado deve esperar de Dilma 2, por Ricardo Lacerda

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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da Folha

O que o mercado deve esperar de Dilma 2, por Ricardo Lacerda

O mercado fez da possível vitória de Aécio uma tábua de salvação, o que deu origem a uma especulação eleitoral que não víamos desde de 2002

Passada a disputa eleitoral mais acirrada dos últimos 25 anos, o investidor pergunta como vai ser o segundo mandato da presidente Dilma Rousseff. Veremos a explosão da inflação, dos juros e do dólar, e a queda vertiginosa das Bolsas, como o mercado especulou histericamente nas últimas semanas?

A piora de alguns indicadores econômicos a partir de 2013, aliada a uma postura mais intervencionista da presidente, acabaram assustando investidores e deteriorando o ambiente de negócios. Vejo uma reversão desse cenário a partir de agora.

Mesmo diante de uma inflação corrente acima da meta e de números fiscais decepcionantes, não existe descontrole na economia. O Brasil não foi o único país a relaxar as políticas monetária e fiscal diante da maior crise das últimas décadas.

Se foram promovidos estímulos de forma equivocada, é natural revertê-los. É preciso dar crédito ao PT por ter trazido ao mercado de consumo dezenas de milhões de pessoas até então marginalizadas. Esse movimento impulsionou o crescimento e viabilizou a história de inúmeras empresas no mercado de capitais, além de ter fomentado as fusões e aquisições. Isso explica a resiliência do investidor internacional em relação ao Brasil.

A política intervencionista do governo teve, de fato, um efeito pernicioso, mas é injusto atribuir sua origem exclusivamente a ideologias da presidente. Empresários renomados foram a Brasília defender medidas para seus setores. Cabe agora fazer ajustes e se inspirar nos exemplos de sucesso para atrair o capital que o país precisa.

O debate econômico se radicalizou em razão da estratégia dos candidatos. Sem espaço na esquerda, Eduardo Campos optou por um discurso de direita, que foi herdado por Marina Silva e potencializado com o surpreendente desempenho de Aécio Neves. O mercado transformou uma eventual vitória da oposição em tábua de salvação e, a partir daí, surgiu um nível de especulação com o cenário eleitoral que não víamos desde de 2002.

Passada a eleição, os mercados continuam voláteis e aguardam o tom do segundo mandato, mas alguns sinais indicam que a presidente pode surpreender positivamente.

Em primeiro lugar, os eleitores expressaram preocupação com a inflação e o baixo crescimento. A presidente ouviu o recado e admitiu que mudaria sua equipe e suas políticas. Em segundo lugar, um contingente enorme de eleitores, principalmente na classe média, quer mais modernidade e desenvolvimento econômico. Impossível imaginar que o pragmatismo político não dará ouvidos a tais anseios.

Além disso, o acirramento do debate trouxe mais consciência sobre temas econômicos. O governo entendeu o risco de procrastinar ajustes até uma nova eleição.

O mercado deveria dar um voto de confiança à presidente. Apesar de suas promessas de mudança terem sido vagas, é evidente a necessidade de recuperação da credibilidade fiscal e de melhoria do diálogo com o setor privado.

Quanto mais rápida e convincentemente a presidente fizer o anúncio da nova equipe econômica e das diretrizes para o novo mandato –não apenas com nomes, mas também com compromissos–, menor será o custo para o país nos próximos quatro anos.

RICARDO LACERDA, 46, é sócio-fundador do banco de investimento BR Partners. Foi presidente dos bancos de investimento Goldman Sachs no Brasil e do Citigroup na América Latina

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

9 Comentários

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  1. 007 em busca do senhor mercado

    Olá pessoal,

    confesso-lhes: haja paciência com esse pessoal da “economia”.

    Como escrito no texto de ontem, o estudo da pseudo ciência econômica também  necessita de uma “reforma” ( para usar um termo da moda).

    Partindo-se do texto acima tentarei contribuir com e para  essa “melhoria”. Vejamos.

    O autor disse:

    O que o mercado deve esperar de Dilma 2

    Eu digo:

    Por favor, queira nos apresentar esse mercado. Quem é ele? Teria o imenso prazer de conhecê-lo.

    Queria saber o nome completo dele,  onde ele mora, seus hábitos, onde nasceu e , principalmente, se ele é brasileiro ou estrangeiro etc.

    Também caberia saber: quem é a  Dilma 2? É a presidenta mesmo?

    Vou especular: A Dilma é a Dilma mesmo. O  “2” é o que exatamente? Seria 4? Ou seja, a Dilma 1 seria, talvez,  as ações tomadas nos  últimos  4 anos, sobretudo, no orçamento público. Sabe como? O plano plurianual, LDO, Loa , cobrar mais tributos ali de alguém específico para pagar algumas contas acolá. Em suma,  de onde vem o dinheiro e para onde vai, enfim, aquelas coisas . Nesse sentido,  Dilma 2 seria então os próximos 4 anos para saber de onde vem o dinheiro e para onde vai o dinheiro.

    Se for isso, podemos concluir que o 2 tornou-se 4 .

    2 = 4 = verdade. Estranho. A  pseudo ciência econômica precisa melhorar nesse ponto.

    Olha essa outra passagem do texto:

    “O mercado fez da possível vitória de Aécio uma tábua de salvação”

    Puxa vida! Reforço-lhe minha pergunta: quem é esse senhor “mercado” que “fez da vitória de Aécio(derrotado) um tábua de salvação?

    Esse cara, o senhor mercado,  que agora espera a Dilma 2 (que  no fundo é 4) parece ter feito  muito pelo Aécio(derrotado), não?

    Porque fez muito para o Aécio (derrotado) ? Dá para explicar de forma clara?  Veja que a pseudo ciência econômica precisa de mais rigor técnico nessa passagem também.

    Prosseguindo:

    Nessa passagem abaixo parece que o tal de “mercado” já está se tornarndo também um “investidor”. Vejamos.

    (…)o investidor pergunta como vai ser o segundo mandato da presidente Dilma Rousseff”

    E a Dilma 2( no fundo 4) agora seria Dilma Rousseff em seu segundo mandato. Ou seja, agora precisamos saber o que exatamente quis dizer com a expressão: “segundo mandato”.

    O que exatamente o senhor mercado quer saber à respeito do segundo mandato da Dilma Rousseff?

    Por exemplo: Inflação? Você quis dizer conflito de distribuição do produto/renda/money/dim-dim/felicidade/prazer/eu mando você obedece/etc?

    Ou seja, quem recebe o que? E ainda: A Dilma 2( que no fundo é igual a 4) estaria envolvida nesse conflito?

    Se sim, poderíamos reformular a pergunta assim:

    Que tipo de conflito de distruição do dim-dim/ hedonista/egoísta com filantropia/ estaría em jogo? 

    Vamos especular:

    De lucro? Aumenta-se  de lucro e dane-se o resto de acordo com os oligopólios? Ah!  e sem limites para “remessa de lucros” para as adoráveis ilhas? Nesse sentido, a misteriosa “Suiça”  poderia continuar comprando toneladas de minério? Players é players não!?

    Ou de  demanda? Aquela das antigas classes x, y, z  que hoje são  “c e “d” ( graças ao Lula 1 e 2 , isto é,  Lula 4 + 4, bem com à Dilma 1( no fundo 4) dando um total de 12 até agora,  que por sinal,  vai somar mais 4 e ,  portanto, durma com o barulho de  16 ou mais ?

    Inercial?  Aumenta e não quero nem saber de mais nada a não ser aumentar o que eu acho que vai aumentar e ninguem me tira isso da cabeça, afinal, eu produzo o bolo e tenho direito de comer esse bolo? Não sei, não quero saber e tenho raiva de quem sabe, vou aumentar!

    De custos? Isto é, os  custos aumentaram , porque a “carta del lavoro brasileira” , por exemplo, é um inferno facista e aumenta a parcela de distribuição que é demonstrada na  fajuta “demonstração de valor adicionado” para os “stakeholders” da propriedade privada do próprio corpo( trabalhadores)  sendo que aqueles com espírito de porco( ops, espírito animal)  camuflados lá atrás do conselho de administração,donos da propriedade privada do próprio e demais propriedades, nao comprando propriedades de corpos alheios,  já estavam putos , por que querem por que querem  comer mais bolo, e o Aécio (derrotado) que supostamente seria a “salvação dessa boa fatia do  bolo” não foi escolhido pelo pessoal da  “x, y z” que agora, vejam só, já chegaram a “c” e “d” sem “merdoritocracia” ( que absurdo) ?

    De maracutaia? A “meta” é no fundo a metafísica que busca explicar a existência  de “deus”.

    Outro tipo de inflação? Por exemplo, inflação do “tomate”? A guerra dos tomates  ou a  revolta dos tomates? Já sei! A vingança dos tomates verdes fritos! Festejada num bar lá no Chile?

    E pra resumir, vejam vocês os outros vocábulos espalhados pelo texto com meus comentários em seguida:

    Estímulos. Ora, o que seria um estímulo para o espírito de porco( ops, espírito animal)?

    Intervencionista. Seria na fatia do bolo? Ou seja, melhor não por a mão no bolo. Afinal, esse bolo se constrói. É um bolo que não necessita de intervenção. Ele fica pronto e sabe repartir o pão, ops, o bolo.

    Passada a eleição os mercados continuam voláteis. Percebe-se que o tal de mercado tem família pois agora já seriam “mercados”. E eles estão voláteis, isto é, voando. Seriam aves? Ah, então o mercado volátel é um bando de aves. Seriam urubus?

    Por fim, olha essa:

    O mercado deveria dar um voto de confiança à  presidente.

    Essa foi boa não? O autor parece sugerir que o mercado( que pode ser um urubu, não se sabe) deve dar um voto à presidente  agora, isto é, depois das eleições…  Eureca!  hã, hãââ!  … está querendo fazer prova de fraude nas eleições para justificar o pedido de auditoria na contagem dos votos né, espertinho!? O velho golpe…

    De toda forma, estou cheio de dúvidas.

    O mercado  que pode ser ave, razão pela qual, pode ser um urubu, parece querer votar agora na Dilma 2( que no fundo é 4). Tudo isso em troca de uma maior fatia no bolo.

    Muita especulação de minha parte, desculpem-me.

    Por essas e por outras, concordo que a pseudo ciência econômica necessita sim de reformas.

    Saudações

  2. Jovem afoito

    Quer colocar a carroça na frente dos burros, não funciona.

    É natural que o executivo de um banco de investimentos busque pressionar o governo para melhorar a sua performance, mas existe um tempo político que deve ser observado.

    Os investimentos foram sustados no segundo semestre de 2013 por um ímpasse misterioso que irá logo ser elucidadado aqui no blog.

    O futuro a Deus pertence, mas a prosperidade é do Brasil.

  3. concordo com uma das

    concordo com uma das afirmações do autor:

    o tal do mercado falante

    (e pelo jeito mandante)deveria

    dar um voto de confiança à presidenta.

  4. Eu já cantei a pedra sei lá

    Eu já cantei a pedra sei lá quantas vezes: a população quer uma socialdemocracia de livre mercado.

    Não quer estado mínimo. Mas também não quer bolivarianismo.

    Quer serviços públicos básicos. Mas quer um bom ambiente de negócios.

    Infelizmente, não é nisso que a PresidentE acredita.

    Mas é isso o que ela vai (tentar) entregar. É isso ou fim da história para o PT.

    Assim, ou bem o PT governa de forma contrária ao que pregou nas eleições ou bem se afunda cada vez mais.

    Novamente, vou comprar minha pipoca e assistir o espetáculo.

  5. Já cansou!

    Não aguento mais ler e ouvir as ‘exigências’ e espectativas que o (deus) Mercado para com a presidenta.

    O tal Mercado pode usar o blablablá e os eufemismos que quiser, nós sabemos o que ele realmente deseja: lucro e concentração de renda.

    Apesar da inegável influência financeira no pleito, o MERCADO NÃO VOTA!

    CHEGA!!!

    Vamos começar a discutir o que OS TRABALHADORES ESPERAM DA DILMA’2′!

    Quais serão as medidas para diminuir ainda mais o desemprego?
    E quais serão os estímulos pro aumento da renda da classe trabalhadora? Vai ter expansão dos programas de curso técnico? Quais as metas do Reuni pra formar mais profissionais capacitados?

    E os diretos trabalhistas? Como e quando irão avançar? 

    CUT, cadê a continuidade da campanha “40horas já”?

     

    O Mercado se acha deus porque ele jura que gera empregos, NÃO, o que gera emprego éo  consumo e o que gera consumo é o poder de compra da população, sobretudo da classe trabalhadora.

     

     

  6. O artigo começa mal: que merreca de “Dilma 2” é essa?

    Sabe aquela história da mentira que de tao repetida passa por verdade? Ficçoes, como essa da “Dilma 2” também. 

  7. Eu continuo perguntando quais

    Eu continuo perguntando quais foram os países que mantiveram superavits primários durante a crise.  Só consigo lembrar da Grécia (com ajuda de bastante “contabilidade criativa”, e somente chegaram lá no último ano), Espanha, Portugal e Irlanda.  Tem algum na America Latina?  Acho que Islândia está com primário em 2014.

     

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