O voto e as políticas públicas de ascensão social

Por Alexandre Tambelli

Comentário ao post “As semelhanças entre 1964 e 2014

Nós temos hoje no Brasil uma característica que antes não havia: políticas públicas que incentivam a ascensão social. 

Seja pelo Bolsa Família, Prouni, Minha Casa Minha Vida, políticas de crédito, empréstimos com juros menores pelos bancos BB e CEF, FIES, SIMPLES, redução de IPI, Pronatec, política de aumento real do salário mínimo, etc.

Todos esses programas/ações do Governo auxiliam/incentivam n(a) mudança de vida da população mais carente.

Existe um processo novo que ocorre: o da ascensão social. 

Imaginar que mais de 60 milhões de brasileiros adentraram a sociedade de consumo; que muitos destes adentraram ao mercado de trabalho; que estão adquirindo o direito de cursar um ensino técnico profissionalizante e até ensino superior, dentre outros direitos, é imaginar que o Brasil, politicamente e socialmente, mudou.

Duas coisas importantes:

1) O voto agora cobra a manutenção dessas políticas públicas que auxiliam/incentivam n(a) mudança da vida da população mais carente: não ganha eleição quem pensar em retrocesso.

2) A política de inclusão é real. O voto não pode mais ser buscado pela falta, e sim, pelo mais. A população das classes C, D e E quer uma qualidade de vida mais digna, um bairro com qualidade de vida, meios de transportes ágeis, confortáveis e seguros, escola e hospital + postos de saúde de qualidade, etc. 

Então, fica claro, que quem teve esse comprometimento de ser a ponte da ascensão social, se bem conduzir seu discurso e manter o Brasil economicamente no prumo, será quem vai conduzir ao segundo estágio de ascensão da população das classes C, D e E, por confiança da população eleitora. 

À oposição cabe ir pelo mesmo caminho, mas, como ela poderá conciliar o discurso e a prática? 

Atacando quem deu o primeiro passo na ascensão social, indo pelo caminho de que está tudo errado no País? Como a população vai enxergar isto? Choro de perdedor?

Creio que é uma estratégia errada e por isto perdedora desde já, a estratégia das candidaturas oposicionistas do Senador Aécio e a de Governador Eduardo (mais por causa da Marina Silva, do que dele próprio). 

Como frisei, hoje, qualquer Governo no Brasil, mesmo em um Golpe Militar, Golpe do Judiciário parte deste patamar novo: o da ascensão social de milhões de brasileiros, que não vão aceitar voltar para trás. 

1964 e 2014 se parecem na ação das oposições, das elites, das forças externas, mas a massa trabalhadora e de brasileiros inseridos na sociedade capitalista são bem maiores quantitativamente e qualitativamente do tempo que a antecedeu e da Ditadura, propriamente dita. 

E quem disse que o povo vai aceitar calado a volta do desemprego, a redução de sua renda mensal, a perda de direitos sociais adquiridos com o Governo do PT, a perda das novas oportunidades de compras, lazer e viagens, dentre outras coisas. 

Redação

9 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Golpe militar sem militares?

    Muito boa a discussão sobre 1964/2014. Falou-se aqui e ali em golpe militar, particularmente na sua impossiblidade. Mas, salvo engano, não se salientou um detalhe decisivo: para haver um golpe militar é preciso haver um apoio a essa solução de parte de setores influentes das Forças Armadas. Influentes e, mal carece dizer, com mando (= general de pijama não conta). Ora, parafraseando uma fórmula famosa de outrora: reina a tranquilidade nas Forças Armadas. Não há o menor sinal de movimentação militar no sentido de preparar um golpe, para daqui meia dúzia de meses. Ao contrário do que havia antes, bem antes de abril 64. Desde o parto da República, ele próprio realizado pela obstetrícia militar, as Forças Armadas foram uma peça importante e decisiva da política brasileira. Do fim do regime militar para cá, retiraram-se para os quartéis, saindo da cena política para assumir unicamente seu papel institucional.

  2. Muito bom comentário

    Muito bom comentário Alexandre.

    A questão é que o Governo deve sim manter e até ampliar, dentro do possível, essas politicas de ascensão/inclusão social, mas também não pode deixar de se descuidar de outras áreas. Por exemplo, é preciso um planejamento energético mais efetivo. É preciso que a economia esteja sempre nos trilhos ( juros, desemprego, inflação). É preciso contenção nas áreas meio do governo, aonde alguns funcionários ganham salários altíssimos, enquanto que na ponta – professores, enfermeiros, etc, – ganham muito pouco. É preciso alguma política de desburocratização e facilitação do pagamento de impostos.

    O Governo não pode cair na falácia de ficar só nesse discurso de inclusão/ascensão. Até porque se as outras áreas não estiverem equilibradas, toda a inclusão poderá ir por água abaixo, se uma oposição chegar ao poder.

    A meu ver, um governo de esquerda tem que fazer dessa forma. Criar as oportunidades para haver mais inclusão e possibilidade de ascensão social. Se o Governo se descuidar da outra parte, a primeira poderá estar perdida.

    1. Meu caro Daniel, voce é dos

      Meu caro Daniel, voce é dos poucos lucidos que aparecem por aqui. Ascensão social existe há mais de um século no Brasil, o grosso dos empresarios pequenos, medios e muitos dos grandes de hoje é filho ou neto de pobres. A elite cafeeira praticamente desapareceu mas em 1900 eles eram os donos da riqueza, 50 anos depois ja eram os filhos de imigrantes que vieram para trabalhar na enxada, hoje  grandes médicos, advogados e engenheiros são filhos ou netos de antigos lavradores empregados de fazendas. Isso tem a ver com a historia economica e social do Pais, não é merito de governos.

      Quanto ao Brasil de hoje há um grave problema: parte substancial da juventude que sai das universidades não quer ser empreendora, não quer ir para a economia de mercado, quer o “”concurso publico”, um vasto, imenso e prospero setor de CURSOS PARA CONCUSRO PUBLICO faz a cabeça desses jovens na linha “”é melhor ter um emprego do Estado do que se arriscar na economia competitiva””.

      Dessa visão vem outra pior que faz a cabeça de professores universitarios, juizes, promotores, fiscais de todos os impostos, fiscais do trabalho, promotores e procuradores, para os quais se voce não é aprovado em concurso publico você não vale muita coisa e TODO EMPRESARIO POR DEFINIÇÃO É BANDIDO E SONEGADOR.

      Tenho uma sobrinha fazendo cursinho para concurso de juiz do trabalho. Ela diz que a doutrinação dos professores é que todo empreaario é explorador do trabalhador honesto, um viés que já começa no cursinho para o concurso.

      Esse “”ambiente”” evidentemente é formado há decadas pela ESQUERDA, anti-empresarial, anti-riqueza, anti-investimento estrangeiro, anti-economica de mercado.

      Todo esse imenso circuito, cursinho para concurso, o grande gasto do Estado para fazer os concursos, depois os predios para novas varas do trabalho, para novas repartições fiscais, novos foruns, TUDO ISSO É IMPRODUTIVO, NÃO GERA NENHUMA RIQUEZA E MUITO MENOS CRESCIMENTO.

      É ESTERLIZAÇÃO DE RIQUEZA, cada vez menos gente produzindo para cada vez mais inuteis sustentados por quem produz.

      O Brasil não cresce, ninguem sabe porque?

      1. Realmente, o Governo nao pode

        Realmente, o Governo nao pode ficar na ilusao de so querer agradar um lado. Uma hora o pendulo vai ter que mudar.

  3. Caixão,,..e sem liberdade de imprensa, que o diga o novo jornal

    Votar em tucano é: Volta de estado mínimo pro povão e máximo pro barào eh caixào,,,..até rimou..essas

  4. Acho perigoso o discurso q diz q a volta atrás é impossível

    Claro que a oposiçao, ao fazer campanha, nao vai dizer que vai acabar com as políticas sociais. E, oficialmente, nao irá acabar com elas. “Apenas” deixar que apodreçam… 

    1. Concordo

      Agora vi um cabo eleitoral do Psb com um discurso pesado esquerda para  facilitar a volta da direita, se não trabalharmos com afinco os tucanos e Eduardo Campos e bornhausen e cia podem voltar sim

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador