Os anarquistas fardados querem expandir a terra de ninguém?, por Fábio de Oliveira Ribeiro

Os anarquistas fardados querem expandir a terra de ninguém?

por Fábio de Oliveira Ribeiro

O ataque contra Bolsonaro é um fato, a representação que está sendo criada para o episódio é outro. Sobre esse outro fato algumas coisas podem ser ditas.

É evidente que a imprensa e os apoiadores do ex-capitão do exército estão utilizando o que ocorreu tanto para aumentar a simpatia por Bolsonaro (o objetivo é reduzir sua rejeição) quanto para instigar o ódio aos candidatos petistas (para amedrontar ou encurrala-los). A Veja e o general Mourão, vice de Bolsonaro, já culparam o PT.

Não há qualquer prova concreta de que o PT é responsável pelo que ocorreu. Mas isso não importa. Uma vez feita, a acusação baseada em convicção funciona como um soco na cara, obrigando o adversário a reagir. Além disso, a imprensa pró-bolsonaro ou anti-petista poderá convenientemente esquecer que Jair Bolsonaro foi filmado prometendo fuzilar petistas.

A vitimização daquele que incita o ódio não é uma coisa nova na política brasileira. José Serra utilizou essa tática (episódio da Bolinha de Papel). Antes dele a mesma tática foi empregada por Carlos Lacerda (atentado da rua Tonelero).

O crescimento eleitoral de Fernando Haddad pode ser contido? Aqueles que estão utilizando eleitoralmente o ataque a Bolsonaro acreditam que sim. Mas isso somente poderá ser adequadamente medido daqui a algum tempo. O PT já foi vítima de ataques semelhantes no passado e conseguiu usar o ataque para reforçar a rejeição do adversário (José Serra que o diga).

Mourão aproveitou a hospitalização de Bolsonaro para fazer sua primeira aparição como político. Seu desempenho não poderia ser mais desastroso. Ele acusou o PT sem provas e disse que somente os militares são profissionais da violência. Duas coisas podem ser ditas sobre a performance dele.

A primeira é que ele parece não entender que assumiu um novo papel. O militar só é profissional da violência quando está na ativa. Na política o homem deve ser um profissional da negociação sincera e cordial, da construção de consensos possíveis e, principalmente, da pacificação do campo político. Ele enfatizou a violência e, portanto, se colocou fora do campo político sem pertencer mais ao campo militar.

A segunda coisa que pode ser dita é ainda mais perturbadora. Ao dizer que o PT é responsável pelo ataque a Bolsonaro, Mourão utilizou a jurisprudência de Deltan Dellagnol (que acusou Lula sem provas e com base em suas convicções). Ironicamente, os profissionais do Direito não deveriam ser profissionais da violência e sim do Direito. Portanto, ao se manifestar Mourão aprofundou a confusão entre barbárie e civilização e o resultado disso certamente não será bom para ninguém.

Ao invés de desarmar a bomba que foi acionada por Bolsonaro ao prometer fuzilar os petistas os agentes da barbárie estão usando o ataque contra ele para armar uma bomba ainda maior. Quando ela inevitavelmente explodir todos irão receber os estilhaços, inclusive os Juízes que não interromperam a carreira política de Bolsonaro. Há décadas ele começou prometer matar milhares de pessoas e isso já deveria ter sido considerado incompatível com o Estado de Direito.

Em sua primeira aparição política Mourão demonstrou que pretende seguir o caminho do seu mestre e subalterno. A forma como o general se manifestou indica que o espaço para a política será definitivamente substituído por uma terra de ninguém entre inimigos irreconciliáveis. Portanto, o vice de Bolsonaro pode se tornar um elemento ainda mais perigoso para a tranquilidade política do que o próprio candidato protegido e acariciado pela mídia anti-petista.

Mourão tem mais contatos militares que Bolsonaro. E isso não é nada bom para um país condenado à instabilidade política por causa dos anarquistas de farda infernais. De tempos em tempos eles saem dos Quartéis para garantir que nosso país continue sendo economicamente pobre, politicamente atrasado, militarmente irrelevante e tecnologicamente medíocre.

 

Obs: Ilustra esta matéria a foto um quadro de Meg Sorick https://megsorick.com/2017/11/09/no-mans-land/amp.

 
Fábio de Oliveira Ribeiro

11 Comentários

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  1. Mais uma prova de que cada um

    Mais uma prova de que cada um deveria ficar no seu quadrado…….

     

    Se são profissionais da violencia, que fiquem com a violencia e deixem o povo em paz….só queremos trabalho para pagar nossas contas e se possivel bebericar uma gelada no fim de semana, de preferencia SEM violencia…..

  2. Interpretação de mundo

    Por que um tipo como Bolsonaro é tolerado no meio politico ? Porque ele faz parte dessa parte do Brasil conservador, que passa pelo reacionarismo e chega ao fascismo, que tem muita dificuldade de compreensão do mundo em que vive e que mensura tudo que vê e ouve pelo pouco que conhecimento que tem. 

    O General Mourão é um desastre toda vez que abre a boca. Mas pode ter certeza que muita gente se identifica com esse pensamento reacionario do mundo e de que tudo de ruim que existe no Brasil é por causa dos comunistas, logo petistas.

    Se a imprensa não fosse isso ai que temos, esses personagens não estariam na cena politica nacional, fazendo apologia à violência e dizendo tanta barbaridade.

  3. O fato é que o país vive uma

    O fato é que o país vive uma guerra civil não declarada. De um lado a casa grande cuja fachada agora é de uma instituição financeira e de outro a senzala, que agora reune todos os descendentes dos africanos, um exército de reserva industrial e um depósito de desempregados. Enquanto essa guerra não for declarada, um lado continuará massacrando o outro. 

  4. Uso infeliz da expressão “anarquista”

    O autor parece tentar fazer uma analise critica da realidade, mas é tão pequenino que já começa usando um termo totalmente equivocada para analisar a realidade dos fatos. Não tem nada de anarquismo no que ocorreu e nenhum dos sujeitos envolvidos  se identifca como anarquistas.

    Ou o autor do texto realmente desconhece na historia quem eram/são os anarquistas e como se posicionam frente ao processo eleitoral, ou ele sabe e preferiu usar por desonestidade e seu baixo caratér mesmo. Nos dois casos, ele só atesta sua incapacidade de contribuir para compreessão dos movimentos e os desdobramentos dos fatos que estamos assistindo.

    Péssima publicação de um jornal tão bom.

    1. não são anarquistas, são fascistas.

      concordo com o mau uso do termo anarquista. O nome desses senhores, incluido o Sr. Mourão é fascista. Isso tem que ser repetido e não pode ser confundido com outras denominações, isso é fazer o jogo deles de forma inconsciente e quiça até por desconhecimento.

      1. Os fascistas eram

        Os fascistas eram disiciplinados e cumpriam ordens.

        Os militares brasileiros derrubaram um imperador e vários presidentes. Nos últimos tempos eles tem tentado invadir o espaço político democrático ao invez de cumprir sua verdadeira missão (que é defender o país de seus adversáros, inimigos em potencial e, principalmente, dos agentes do mercado que querem saquear nossas riquezas naturais). Portanto, sempre existiram e ainda existem militares que são incapazes de manter a disciplina e de cumprir o regime constitucionala em vigor.

        Esses militares são anarquistas. Mais alguma dúvida?

          1. Realmente já percebi que você

            Realmente já percebi que você é um chato. Vá produzir e nomear seus próprios textos. E fique certo de uma coisa: não vou perder meu tempo comentando-os.

            Mais alguma coisa senhor censor?

        1. Nenhuma dúvida, realmente é

          Nenhuma dúvida, realmente é um completo desconhecimento do que seja o fascismo:ele chega ao poder provocando o caos. Enfim, stalinistas tem um flerte histórico com o fascismo – deve ser por causa da ‘disciplina’-  e uma implicancia com o anarquismo

  5. Uso infeliz da expressão “anarquista”

    O autor parece tentar fazer uma analise critica da realidade, mas é tão pequenino que já começa usando um termo totalmente equivocada para analisar a realidade dos fatos. Não tem nada de anarquismo no que ocorreu e nenhum dos sujeitos envolvidos  se identifca como anarquistas.

    Ou o autor do texto realmente desconhece na historia quem eram/são os anarquistas e como se posicionam frente ao processo eleitoral, ou ele sabe e preferiu usar por desonestidade e seu baixo caratér mesmo. Nos dois casos, ele só atesta sua incapacidade de contribuir para compreessão dos movimentos e os desdobramentos dos fatos que estamos assistindo.

    Péssima publicação de um jornal tão bom.

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