Vitórias de Haddad e Bolsonaro nos estados: análises e o que não era esperado

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Fotos: Reprodução e Agência Brasil
 
Jornal GGN – O candidato da extrema-direita Jair Bolsonaro (PSL) superou quase todas as expectativas de votos nos estados brasileiros calculadas pelo IBOPE um dia antes das eleições presidenciais. E apesar de a imprensa ter divulgado que os votos válidos de Fernando Haddad (PT) atingiram mais de 50% em apenas 4 estados, enquanto Bolsonaro alcançou em 12, Haddad venceu em 8 estados e foi derrotado em 16.
 
Mas se as análises das equipes de campanha tinham como base as pesquisas eleitorais nos dias anteriores às votações, a comparação entre o que diziam as pesquisas e o que se revelou, de fato, na apuração das urnas mostra que Bolsonaro saiu favorecido.
 
Para se ter uma ideia, em quatro dos maiores colégios eleitorais do país – São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul – aonde se concentra a maior parte da população, Bolsonaro teve um aumento de no mínimo 2 em alguns estados, chegando a uma diferença para mais de até 14 pontos percentuais em outros, em comparação a pesquisa IBOPE feita um dia antes.
 
Na região Sudeste, a pesquisa mostrava Jair Bolsonaro com 41% em São Paulo, no dia 6 de outubro. Mas o resultado superou as margens de erro, já que o candidato obteve 53% entre os paulistas. No Espírito Santo, o postulante do PSL subiu 14 pontos percentuais, chegando a 54,8%. 
 
Na região Sul, o destaque a favor do presidenciável da extrama-direita foi para Santa Catarina, estado que garantiu o melhor desempenho a Bolsonaro: 65,8% dos votos válidos. A pesquisa da véspera indicava 10 pontos percentuais a menos.
 
A diferença menor entre a expectativa e a realidade na região sudeste foi Minas Gerais. Enquanto os outros resultados favoreceram mais de 12 pontos percentuais Jair Bolsonaro, Minas registrou um aumento de somente 2 pontos percentuais, e também foi o único estado das regiões Sul-Sudeste que Haddad também cresceu em comparação à pesquisa.
 
Os mineiros deram dois pontos percentuais a mais para o PSL, mas também incrementaram 3,7 pontos percentuais ao PT. Cenário que não se repetiu em nenhum outro estado da região. Ao contrário, enquanto Bolsonaro subiu, o adversário caiu entre dois e três pontos percentuais na região. O Paraná foi a exceção que entregou os mesmos resultados para Haddad.
 
Acompanhe os números de comparação da região Sul e Sudeste, entre a pesquisa IBOPE feita na véspera, 6 de outubro, e os resultados oficias do dia seguinte:
 
Estado IBOPE Bolsonaro IBOPE Haddad URNAS Bolsonaro URNAS Haddad
Sudeste        
SP 41% 19% 53% 16,4%
RJ 51% 16% 59,8% 14,7%
MG 46% 24% 48,3% 27,7%
ES 40% 27% 54,8% 24,2%
Sul        
RS 44% 24% 52,6% 22,8%
SC 55% 17% 65,8% 15,1%
PR 47% 19% 56,9% 19,7%

Além das regiões Sul e Sudeste, os estados de Rondônia, Mato Grosso e Distrito Federal também viram seus resultados ultrapassarem a margem de erro do Ibope da véspera, acrescentando a favor de Bolsonaro, respectivamente, 12,2 p.p, 9 p.p e 3,4 pontos percentuais. Estes estados estiveram entre os sete que entregaram maior porcentagem de votação ao candidato do PSL.

Por outro lado, Haddad também recebeu um aumento não esperado de eleitores do Piauí, Maranhão, Bahia, Sergipe, Pernambuco, Paraíba e Pará. E foi por esta ordem que ele recebeu as maiores porcentagens de votos, de 63,4% até 41,4%. 
 
No Piauí e no Maranhão, o candidato do PT ganhou um aumento de 9 pontos percentuais. Na Bahia, foi uma diferença de 8 p.p para mais. Na Paraíba, houve um aumento de 7 p.p. No Sergipe, Pernambuco e Pará, 6 pontos a mais.
 
Para se analisar o trabalho que deve ser feito por ambas as campanhas a partir de hoje até o 28 de outubro, o GGN selecionou os estados que os candidatos já tiveram a tarefa consolidada, porque a diferença da vitória entre um sobre o outro foi de 9 pontos para mais. 
 
Por ordem de desempenho, os estados que Haddad obteve resultado melhor do que Bolsonaro por uma diferença de 9 pontos percentuais e, portanto, considerada de difícil reversão para um segundo turno, foram: Piauí, Maranhão, Bahia, Sergipe, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte.
 
E por uma vitória de pelo menos 9 pontos percentuais sobre Haddad, os resultados para Bolsonaro estariam consolidados nos seguintes estados: Santa Catarina, Roraima, Acre, Rondônia, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Goiás, Paraná, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Alagoas.
 
Caberá às estratégias das campanhas definir em quais estados atuar nas próximas três semanas para, no caso do presidenciável escolhido por Lula, tentar reverter o cenário, hoje mais favorável à vitória do postulante da extrema direita.
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

15 Comentários

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  1. Sugestões de um militante amargurado

    (Pior que uma provável derrota eleitoral será uma derrota POLÍTICA e eleitoral)

    AÇÕES DOS DIRIGENTES DO PT PARA ESTE TENEBROSO MOMENTO

    Urgência nº1 :

    a) Preservar a integridade e o conforto físico de Lula 

    Intensificar contatos com organizações e governos estrangeiros para um necessário pedido de asilo político.

    AÇÕES POLÍTICO-ELEITORAIS

    1) Nenhuma concessão à direita golpista/fascista

    a) Intensificar e amplificar as denúncias no Brasil E NO MUNDO sobre as criminosas perseguições do judiciário e da mídia ao Lula e demais dirigentes do partido 

    b) Deve-se utilizar todos os espaços da propaganda eleitoral para esclarecer didaticamente a diferença das propostas da coligação PT/PCdoB e as propostas da chapa do Capitão Facínora & e o Vice-Jumento (Bolsa Família X Bolsa Bala  – Proteção as Minorias X Extermínio das Minorias  – Respeito a Todos os Credos e Raças X Perseguição aos Espíritas, Muçulmanos, etc..)

    c) Massificar em todas as mídias (PRINCIPALMENTE NO WHATSAPP) a fecunda ligação do Capitão Facínora e o sub-governo do bandido Vampirão (O apoio do Capitão Facínora para a aprovação de leis contra o povo)

    d) Conclamar (se possível orientando) a militância de esquerda e pessoas anti-fascistas para que ocupem as ruas e partam para uma guerrilha cibernética (PRINCIPALMENTE ATRAVÉS DO WHATSAPP) para desqualificar o Capitão Facínora, suas demagogas propostas e seus degenerados fake-news 

    É FUNDAMENTAL COLAR A IMAGEM DO CAPITÃO FACÍNORA AO GOVERNO DO ODIADO VAMPIRÃO GOLPISTA 

    1. Sem ser eleitor histórico do PT, concordo com

      você: nesta hora de derrota matematicamente quase certa no 2º turno, é mais importante a sobrevivência do partido á longo prazo. O Brasil precisa de uma partido de centra-esquerda estruturado, com projeto de pais e com potencial de governar. A direita que se reorganize para tentar sobreviver ao tsunami fascista. Mas para ela começou mal…

  2. urnas

    Bolso continua a indicar que a estratégia  será culpalizar o PT pelos males do brasil, corrupação e a fraude eleitoral, assim coloca o judiciário contra a parede, tendo que manter Lula mudo e isolado em Curitiba. Com sua vitória Lula deverá ser morto!!!

    Somente com um movimento da sociedade em prol da democracia e Hadadd-Manuela poderá ser vencedor, no entanto a população através do Congresso já vez sua escolha!!! 

     

  3. nova categoria de análise política: a análise “tenha dó”
    imagem de Fernando J.Fernando J.

    A piracema (ou pororoca) dos fatos empíricos

    A esquerda brasileira vai obter a maior vitória de sua história

    26 de Agosto de 2018
     

    Um novo governo Lula aponta no horizonte como uma das previsões mais elementares da cena política brasileira. Aliás, é bom que se diga: o mercado das previsões andou em baixa como todos os outros mercados no Brasil. Esta coluna navega contra a corrente porque segue a piracema dos fatos empíricos e faz o cotejo dos dados concretos estatísticos com suas curvas recentes e históricas.

    Há vários tipos de negação da realidade em curso no Brasil. A mais evidente e comovente é a da imprensa tradicional, que ainda lida com suas fobias e preconceitos como quem entra no décimo ano de análise lacaniana e insiste em resistir ao tratamento quase que como um sintoma dobrado de sua própria condição subjetiva ‘interrompida’.

    O jornalismo brasileiro segue em estágio avançado de negação e só consegue prever o passado. Eles levam a sério os pitorescos debates televisivos entre candidatos à presidência e acreditam que o horário eleitoral gratuito vai ser ‘decisivo’ no cenário das intenções de voto.

    É uma situação crítica: viver no passado e negar a realidade. A imprensa brasileira, finalmente, terá o seu devido castigo depois de décadas fazendo o serviço sujo para as elites.

    Terá de sofrer uma readaptação furiosa se quiser sobreviver a partir de 2019, a começar pela interação concreta com os leitores, olimpicamente desprezados por ela desde sempre – a imprensa tradicional trata o leitor como um idiota que precisa de tutela.

    Há outro segmento, no entanto, que também adotou a negação da realidade como atenuante para múltiplas dores oriundas do ferimento democrático – que, afinal, causa traumas. Uma parte dos próprios eleitores de Lula e do PT teme mais um golpe do judiciário e acusa dificuldade em começar a pensar no que será o próximo governo Lula-Haddad-Manuela.

    Essa negação da realidade não é canalha e covarde como a da imprensa, mas tem um fundo irracional. Aos que temem uma nova rodada de violências jurídicas contra a democracia, advirto: a cena mudou depois da determinação do Comitê de Direitos Humanos da ONU sobre Lula.

    Óbvio que haverá tentativas de truncamento eleitoral, mas sem a força desvairada e histérica de um Sérgio Moro que, aliás, agoniza em seu próprio momento ‘Ofélia’, defensivo, disléxico e delirante.  

    O golpe, caros leitores, não tem mais condições de violentar a democracia. Não há por que subestimá-lo, mas também não há por que superestimá-lo. A fragilidade da confraria do horror é evidente. Dar um golpe com a opinião pública dividida – como no caso do impeachment sem crime – é uma coisa. Dar um golpe com 100% da população contra é outra.

    Colocando em pratos limpos o argumento: o próximo governo brasileiro será o governo Lula e é preciso começar a pensar em como ele será organizado e como será o comportamento dos segmentos progressistas na condução da leitura social do governo e das pressões que certamente virão.

    A chance é muito especial. Estamos diante de uma onda vermelha irresistível, como nunca antes na história deste país. O senado aponta para uma configuração progressista inédita: Dilma, Suplicy, Lindberg, Wagner, Paim são apenas alguns nomes eloquentes que despontam neste momento. Há muitos outros.

    A miséria eleitoral do PSDB e do dos golpistas abre o maior flanco estratégico que a esquerda já assistiu. Em suma: o plano dos facínoras da elite deu muito errado.

    Nós estamos diante de um fenômeno ainda muito maior que o mais otimista dos ativistas de esquerda poderia imaginar.

    Pensem cá comigo: quem imaginaria – há um ano atrás – que Lula estaria tão forte hoje? Quem imaginaria que Dilma seria tão favorita a um cargo no legislativo? Que o PSDB estaria arrasado? Que os adversários de Lula estariam tão fragilizados? Que a imprensa estaria tão emparedada?

    A despeito da tentação incontornável de dizer ‘ninguém’, sinto-me obrigado a dizer: esta coluna previu. Está tudo lavrado e registrado desde dezembro de 2017.

    A rigor, era mesmo delicado defender esse prognóstico em meados de 2017. O ceticismo foi amplo, geral e irrestrito. Mas, advirto que era apenas uma questão de análise técnica, não de aposta passional: as curvas estatísticas de opinião naquele momento já apontavam para este cenário.

    A fiança, no entanto, para este quadro tão favorável à esquerda vinha, no meu caso, da leitura discursiva, da codificação da linguagem e dos tons dessa linguagem que iam se precipitando por sobre a mesa da democracia.

    O vazio semântico de um Alckmin, a contumaz cifra oportunista de Marina Silva, a truculência verbal de Ciro Gomes, a destituição generalizada de carisma de Henrique Meirelles, a covardia estampada na face prepotente de Joaquim Barbosa, o subletramento de Luciano Huck e a coleção de besteiras grotescas alinhavadas na dicção de Bolsonaro me davam a certeza: todos cairiam nos seus devidos tempos.

    O último a resistir é Bolsonaro. Pois lhes digo do alto da minha paciência perdida: ele vai cair.Como eu sei? Ele próprio confessou essa queda quando se negou ir a debates, para em seguida voltar atrás – sintoma claro de pressões internas. Não só: Bolsonaro percebeu que seu patamar de intenção de voto é completamente artificial. Não tem voto consolidado ali. É só anti-petismo.

    Destaque-se que ele também tentou proibir judicialmente o jornal Folha de S. Paulo de veicular notícias sobre sua ex-funcionária fantasma. A rigor, Bolsonaro sente a pressão, porque ele é o último bastião do golpe que ainda não ruiu por completo. Só falta ele.

    Esse cenário tão positivo à esquerda, embora fosse previsível com alguma metodologia técnica e de posse de alguma leitura minimamente consistente dos eventos subsequentes ao golpe, não foi sequer aventado pelo próprio Lula, o mais entusiasmado dos agentes políticos do país.

    Aliás, o próprio PT manifestava muita resistência em acreditar que o quadro eleitoral lhe seria tão favorável neste momento presente da campanha. Havia muita apreensão no ar.

    De sorte que há de se fazer agora uma nova rodada de leituras com base nesta anterior vitoriosa que se impôs à revelia dos ceticismos e apreensões de praxe.

    Devo dizer que estamos na iminência de assistir uma movimentação pró-esquerda muito maior e mais intensa ainda do que estas que já são favas contadas. O processo vai se intensificar.

    O que significa isso? Teremos, em breve, apenas uma candidatura no cenário das eleições à presidência. As outras estarão no seu lugar real de origem e destino que é o lugar no dígito simples.

    Essas candidaturas não se impuseram desta vez como manifestação da diversidade democrática, até porque não estamos vivendo propriamente um momento democrático – senão pelo fato de termos eleições justamente para corrigir esse disfuncionalidade estrutural – e golpista – da nossa soberania.

    O que institutos de pesquisa e analistas não entenderam ainda, com todo o respeito, é que essa não é uma eleição qualquer. Tanto o comportamento do eleitor como o comportamento dos candidatos não pode ser comparado de maneira ‘tranquila’ com comportamentos do passado recente.

    Ambos sofreram um considerável deslocamento no próprio conceito e isso é suficiente para que se mude todos os parâmetros de análise e de prognóstico.

    Há uma clara ambivalência, portanto, nesta eleição que toma ares de ‘restauradora’: é civilização versus barbárie, mas é também politização versus despolitização.

    Negações de realidade à parte, temos nessas eleições também a negação da política (que é Bolsonaro, brancos e nulos) versus a afirmação da política (que é Lula).

    Esse é um quadro técnico que não está sendo considerado pelos institutos de pesquisa, à exceção do Vox Populi, que tem uma metodologia muito mais consistente que os demais, justamente porque tenta fazer a leitura das ‘camadas’ de comportamento que vão se acumulando sobre as ‘camadas’ clássicas, dos períodos democráticos consolidados na literatura técnica do campo.

    De sorte que é importante estarmos preparados para mais um salto neste avanço inédito da esquerda sobre os segmentos conservadores da sociedade brasileira.

    Há, no horizonte, um congresso progressista e um conjunto de governadores igualmente democrático e de viés restaurador. O eleitor brasileiro pode ser dócil, civilizado e carinhoso com seus algozes de sempre, mas ele não é tolo.

    A cena presente é de um indiscutível 3 a 0 para a democracia contra o golpe. Mas esse só é o primeiro tempo. Resta saber como se comportar no segundo tempo, com a torcida toda a favor: se vamos recuar para garantir o resultado ou se vamos partir para uma goleada histórica.

    Eu sou daqueles que acha que a postura deve ser completamente destituída de piedade. Jogo é jogo. O negócio é ir para cima e fazer 6 a 0 – isso, inclusive, é ‘respeitar’ o adversário.

    Destaque-se mais um dado: muitos candidatos do golpe que estão liderando em seus estados podem estar prestes a se autoconsumirem. Por quê? Porque eles representam o golpe – o que é uma leitura quase lógica.

    Tome-se o exemplo de Anastasia em Minas Gerais. Ele lidera com 29% (Pimentel tem 20%). Alguém acha que um nome tão ligado a Aécio tem viabilidade eleitoral? Tão logo comece a campanha, ele derrete, com todo respeito aos céticos de plantão.

    Mais: o PT é bom de campanha e vai desconstruir a imagem de Anastasia em uma semana de rádio e TV, na influência transversal que esta plataforma ainda pode produzir.

    Concluo, fazendo mais uma advertência final: não há otimismo algum nesta breve reflexão. Há sentido de responsabilidade. Porque uma vez vencida esta etapa (da eleição da democracia que se traduz em Lula), o desafio só estará começando.

    Reconstruir o país ‘tijolo por tijolo um desenho mágico’ não será apenas responsabilidade de um novo governo Lula, empossando em catarse democrática em janeiro de 2019.

    A responsabilidade será de todos nós.

    Gustavo Conde

     

    GUSTAVO CONDE

    Gustavo Conde é linguista, colunista do 247 e apresentador do Programa Pocket Show da Resistência Democrática pela TV 247.

     

     

  4. A chave para derrotar Bolsonaro

    A estratégia do Partido dos Trabalhadores tem sido atroz, e leva à derrota.

    O discurso do PT distancia-se da realidade do povo brasileiro, e a falta de lastro popular ao partido é reflexo disso.

     Acredito que a defesa das pautas identitárias foi responsável pela guinada final do candidato Jair Bolsonaro. São pautas importantíssimas, mas foi um erro utilizá-las no debate político-eleitoral, conferindo-lhes uma centralidade totalmente desproporcional aos problemas de um país com dezenas de milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza, 60 mil homicídios ao ano, desemprego endêmico.

    Também deve estar fora do debate eleitoral a questão da ditadura militar, absolutamente  superada no imaginário popular. Herzog já estava morto antes do nascimento do eleitor médio.

    O que mais me impressiona, além do absoluto alheamento e desconexão com o Brasil atual, é a passividade do Partido dos Trabalhadores e demais derrotados no 1º turno. Os pontos mais cruciais da disputa contra o primeiro colocado estão sendo solenemente ignorados.  

    O discurso deve afastar-se de devaneios etéreos como “civilização versus barbárie” e alinhar-se, urgentemente, a temas mais concretos, alguns dos quais sugiro abaixo.

    É hora de autocrítica. Serão palavras duras as minhas, mas são as que o momento exige.

    1. Injustiça social

    De nada adianta rotular Jair Bolsonaro de fascista, misógino, e outros adjetivos cujo significado é absolutamente desconhecido pela maioria do eleitorado. Tampouco é eficaz chamá-lo de racista ou homofóbico, alcunhas cujo impacto encontra-se esvaziado, por motivos que fogem ao escopo desse texto.

    Todo brasileiro deve ser informado, à exaustão, das declarações de Bolsonaro acerca dos brasileiros humildes, os desfavorecidos, os batalhadores, em suma, a maioria do nosso povo. Até o dia 27, todo brasileiro deve conhecê-las de cor. Tais declarações são fartas, e vão do desprezo ao escárnio. Alguns dos direitos mais caros ao trabalhador são solapados sem qualquer cerimônia. Bolsonaro caracteriza as domésticas como “sortudas”, fala sobre a esterilização de favelados, seu vice maldiz os filhos pobres de mães solteiras, e por aí vai.  E o comitê de campanha de Bolsonaro está entupido de banqueiros e milionários, a começar por ele próprio.

    Este deve ser o mantra da campanha progressista.

    2. Corrupção

    Precisamos falar sobre a corrupção. Este será o principal alvo de Bolsonaro nos próximos 20 dias. Esqueçam a simpática Val, com seu salário de R$1.400. Os quadros dos governos de Lula são uma verdadeira galeria de presidiários, e a cada um vão anexas cifras milionárias. Temos um povo resiliente que vêm suportando, por séculos, a pobreza, a injustiça social e a incompetência do Estado. Nesse contexto, a corrupção é o pior dos crimes, a pior das traições.

    Entendo a resistência do PT em publicizar qualquer tipo de autocrítica. Essa omissão, no entanto, dificulta a defesa. Não basta apontar os crimes de outros partidos. Isto só faz por nublar as fronteiras entre o campo progressista e “todo o resto que está aí”.

    Nesse ponto, a identificação com Lula prejudica o desempenho eleitoral. A ênfase deve ser o caráter impoluto de Haddad. De Manuela. Eles são os candidatos. Sua integridade é um trunfo que, até agora, não foi explorado na campanha.

    3. Segurança Pública

    Neste ponto os erros de estratégia do Partido dos Trabalhadores têm sido mais graves. Os ideólogos petistas ignoraram aquela que é, talvez, a mais generalizada angústia brasileira. Exemplos do erro abundam.

    Em texto publicado no blog tijolaço, no dia 6 de outubro, Fernando Britto cita trecho de uma entrevista a Jair Bolsonaro, em que o candidato defende a pena de morte e a tortura para sequestradores. Britto se choca e denuncia a aparente barbárie. A alienação do articulista é obscena: a imensa maioria do povo brasileiro, de todas as classes e matizes ideológicas, coaduna com tais posicionamentos.

    Britto desnuda a bolha em que vive. Jamais viveu sob o jugo e o temor de um “dono de morro” qualquer, com todas as humilhações que isso acarreta a um pai de família. Jamais ficou acordado de madrugada com o coração na boca, olhando para o teto escuro em um quartinho qualquer de nossas periferias conflagradas, esperando a filha chegar do distante subemprego. Jamais teve roubado aquele seu celular simples, com 18 prestações ainda a vencer.

    É óbvio e ululante que a violência se resolve com educação e distribuição de renda. Mas estas são soluções geracionais, a longo prazo. Nosso povo requer, exige, merece que o problema seja mitigado agora.

    Na falta de soluções imediatas, deve-se propor, ao menos, evitar que o problema se agrave.

    Bolsonaro propõe o armamento da população, e este é o seu grande calcanhar de Aquiles.

    O armamento da população é a chave da transferência de votos de Jair Bolsonaro para Fernando Haddad.

    A proposta é tão desastrosa que até mesmo o mais ignorante dos eleitores pode ser facilmente convencido de sua inaplicabilidade.

    Os defensores da idéia apontam para países de primeiro mundo como os Estados Unidos, em que há elevada quantidade de armas por cidadão e taxas de violência mais baixas que as brasileiras. Trata-se de um engodo. Nos EUA e países análogos, as taxas de esclarecimento de homicídios beiram os 90%. Nossas polícias, no melhor dos casos, não chegam a esclarecer 8% dos crimes. Nos EUA, as penas para crimes perpetrados com armas de fogo são duríssimas, bem diferentes das nossas.

    No Brasil, um bom – e caro – advogado consegue protelar um processo de homicídio por anos, quiça décadas. Nesse mesmo viés, a arma de fogo mais barata, no Brasil, custa em média 4 salários mínimos. Consideremos ainda os custos com supostos cursos e exames psicológicos obrigatórios para a aquisição da arma. A proposta de Bolsonaro é simples de entender: armar apenas uma classe social. O povo continuará desarmado.

    As discussões de trânsito, de família, de bar, conjugais, serão discussões armadas. O resultado desses conflitos devem ser mostrados, na televisão e no WhatsApp, da forma mais gráfica possível.  A proposta de Bolsonaro é desastre sobre a esquina do povo, sobre sua carne.

    Nosso povo repudia a violência, porque já sofre demais com ela. Sejamos objetivos. Quantas esposas gostariam que seus maridos estivessem armados? Quantas filhas? E as mães? Quantas mães, entre o total, gostariam de ver seus filhos aprendendo a atirar?

    Essa é a questão que separa, distingue, divorcia os bolsonaristas exaltados do nosso povo. É o momento de atacá-la. Atenhamo-nos a ela de unhas e dentes.

    4. Alianças

    As alianças devem ser buscadas em todo o expectro político. Talvez ainda haja tempo. Dada a criticidade do momento, as concessões devem ser irrestritas. Devem ser explorados não só os pontos de convergência, mas também a composição de um futuro governo. O pragmatismo deve imperar. Ciro Gomes, por exemplo, deve ser recrutado imediatamente.

    Neste ponto, a campanha de Haddad leva vantagem, pois Bolsonaro têm se mostrado incapaz de fazer concessões.

    1. Os quadros dos governos de

      Os quadros dos governos de Lula são uma verdadeira galeria de presidiários, e a cada um vão anexas cifras milionárias.

      Vejamos:

      Nos governos Lula(2003-2010) exerceram cargos de ministros 104 pessoas. Nos mandatos de Dilma Roussef(2011-2016) 120. Total: 224 personalidades no escalão superior. 

      Quantos destes foram condenados e presos: Antonio Palocci, José Dirceu, Guido Mantega, Agnelo queiroz, Paulo Bernardo e Geddel Vieira Lima(PMDB). Este último por crimes cometidos sem nexo com o cargo que ocupou no governo Lula. 

      José Dirceu, condenado(corrupção ativa) no mensalão como mentor sob  a égide da Teoria do Domínio do Fato. Volta a ser processado e condenado – já FORA dos quadros do governo  – na malsinada Lava a Jato sob a acusação de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Condenações questionáveis e questionadas pelo próprio. 

      Palocci – condenado por corrupção passiva.

      Guido Mantega: acusado na Operação Lava a Jatoe Zelote. Processos em andamento. 

      Agnelo Queiroz: respondeu como ministro um acusação de por supostas irregularidades, mas foi absolvido.

      Paulo Bernardo: acusado por desvios no cargo de ministro se tornou réu perante o STF. 

      Gedeel Vieira Lima: processado e preso por crimes efetuados já fora do governo.

      Em resumo: de DUZENTOS E VINTE E QUATRO auxiliares do alto escalão QUATRO efetivamente foram acusados de mal feitos. Destes, dois condenados e dois são reús.

      Só para Palocci é possível justificar esse “vão anexas cifras milionárias” dado os valores em jogo.

      Esses dados justificam essa declaração altissonante que encima esse comentário?

       

       

  5. Fake News
    Duro é aturar Merval e companheiros de outros sistemas midiáticos dizer que Dilma teve seus direitos cassados pelo “povo”, etc, etc,…

    “Que Aécio, Janaína e outros que participaram de sua derrubada elegeram-se com enorme pontuação…”

    Haha

    Dilma teve votos em MG que deixam Aécio léguas atrás.

    Janaína e seus seguidores(inclusive o PSDB que lhe pagou 45 mil), em colégio eleitoral com o dobro de eleitores, tiveram número bem inferior.

  6. Urnas

    Acho estranho reclamar das urnas, sendo estas mais generosas  do que as pesquisas. Bolsonaro pode ter crescido entre as abstenções e os votos nulos na totalização dos votos.

  7. Precisa estampar na testa do

    Precisa estampar na testa do Bolsonaro que vai acabar com a aposentadoria dos brasileiros, assim como o 13º salário e férias remuneradas.

  8. O que o PT precisa fazer?

    O que o PT precisa fazer? Deixar de ser uma esquerda meia boca e botar a sujeira pra fora do tapete. Mostrar pro Brasil que a principal reforma que precisamos é a tributária.  Tributar dividendos dos bilionários braileiros, mostrar que Bolsonaro quer fazer o contrário, colocar alíquota única para punir o mais pobre. Mostrar que a reforma trabalhista de Temer e a próxima de Bolsonaro só massacram o trabalhador e a reforma da previdência vai fazer a maioria do povo morrer sem se aposentar. Que a única reforma da previdência a ser feita é o fim da aposentadoria parlamentar. Que o Brasil precisa crescer diminuindo juros tanto na SELIC como na ponta onde os 3 bancos carteleiros que sobraram cobram 400% a.a. de cartão de crédito com uma inflação de 4%. 

    Ou o PT encara o mercado financeiro e os poderosos de vez ou vai entregar o país para um fascista que vai fazer o povo mais pobre ter saudades eternas do Temer /Meirelles.

  9. Fraudes de cabo a rabo
    Essas eleições podem ser chamadas de tudo, menos de democráticas e legítimas.

    Antes de mais nada: Eleição sem Lula é fraude!

    Mas, como é possível em um dia a Dilma estar em primeiro lugar para o senado e no dia seguinte perder em quarto lugar?

    Como é possível um candidato que mal aparecia nas pesquisas ganhar o executivo em MG?

    Como é possível o Eduardo Suplicy estar em primeiro lugar para o senado em um dia e no dia seguinte perder em quarto lugar?

    Da noite para o dia, os votos no bozo subiram acima da margem de erro de inúmeras pesquisas, a exemplo dos inacreditáveis, literalmente, 10 pontos acima da independente promovida pelo BR 247, cujos levantamentos se encerraram na tarde do sábado, portanto, menos de 15 horas do início da votação?

    Podem me chamar de “antidemocrático” e adepto de teorias da conspiração.

    O fato é que o STF está sob intervenção militar e ninguém me convence de que não estaria havendo FRAUDE cibernética nessas eleições.

    A história da multinacional Smartimatic, detentora do código fonte do sistema utilizado pelo STF (https://www.youtube.com/watch?v=vm48DDvKtIo), tem seus frêmitos:

    https://www.bbc.com/mundo/noticias-america-latina-40808557

    https://en.wikipedia.org/wiki/Smartmatic#Relationship_with_Venezuelan_government

    Sobre as urnas:

    1- conseguiram, esses profissionais, fazerem ataques ao sistema de inicialização da urna; 2) conseguiram gerar um boletim de urna falso; 3) consweguiram, também, obter a chave criptográfica da urna; 4) conseguiram, ainda, e o que é o mais grave – recuperar a ordem do RDV(Registro Digital do Voto) que é o que garante o sigilo do voto. e. portanto, conseguiram identificar quel era o primeiro, o segundo. o terceiro voto de cada um dos eleitores;

    https://www.youtube.com/watch?v=brfm4G1DGHQ

    E para piorar, mais esse,

    https://www.youtube.com/watch?v=TncaJCTmKXM

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