Petistas da CUT e sindicatos criticam aliança do PT com o mesmo PSB que apoiou o golpe

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – Dirigentes petistas na CUT (Central Única dos Trabalhadores) e outros sindicatos emitiram nota repudiando o acordo entre a executiva nacional do PT e o PSB, minando a candidatura de Marília Arraes ao governo de Pernambuco, em benefício de Paulo Câmara (PSB). Na nota, eles lembram que, em 2014, o PSB apoiou Aécio Neves no segundo turno contra Dilma Rousseff e, depois, apoiou o golpe do impeachment que acarretou uma série de retirada de direitos.

“(…) é extremamente grave a direção do partido reincidir numa política de alianças que sacrifica candidaturas próprias e competitivas do PT, mais necessárias que nunca, sem sequer obter o apoio formal do PSB a Lula”, escreveram.

Leia a nota abaixo.

CONTRA O GOLPISMO, EM DEFESA DE LULA, DO PT E DA CLASSE TRABALHADORA

Nós, sindicalistas petistas que assinamos esta declaração, fomos surpreendidos pelo acordo da direção do PT com a do PSB que impede a candidatura própria do nosso partido em Pernambuco com Marília Arraes em troca de uma dita “neutralidade” do PSB em relação às candidaturas presidenciais.

Além de desistir da candidatura de Marília em Pernambuco, indicada pela maioria absoluta dos delegados/as presentes ao Encontro Estadual do Partido na noite de ontem (02/Ago), em favor do atual governador Paulo Câmara (PSB), o acordo incluiria a retirada pelo PSB da candidatura de Márcio Lacerda em Minas Gerais, o que em tese beneficiaria a reeleição do governador Pimentel (PT). Enquanto isso, sob pressão do governador Camilo Santana, o PT do Ceará anuncia que não indicará nomes do nosso partido ao Senado, abrindo a via para apoiar Eunício de Oliveira (MDB).

A movimentação da maioria da executiva do nosso partido em direção ao PSB, a posição assumida no Ceará, e alguns relatos que chegam das alianças que estão sendo construídas em outros estados, estão em aberta contradição com a resolução sobre política de alianças adotada no 6º Congresso do PT. Ela nos determina a “aglutinar quem partilhe de uma perspectiva anti-imperialista, antimonopolista, antilatifundiária e radicalmente democrática” e, portanto,descarta alianças eleitorais com golpistas e os que atacam os direitos trabalhistas, a democracia, os serviços públicos, as empresas estatais e a soberania nacional.

Recordamos que a grande maioria da bancada do PSB (para não falar no MDB), votou a favor do impeachment de Dilma e do teto de gastos (Emenda Constitucional 95), e quase a metade da bancada votou favorável à contrarreforma trabalhista, medidas que a CUT vem combatendo, buscando a sua anulação/revogação.

Sobretudo em um momento crucial para os destinos de nosso PT, que vem recuperando a confiança dos trabalhadores e de sua base social histórica – dada a correção de sua política de manter a candidatura Lula presidente até a vitória, desafiando as instituições apodrecidas que agiram no golpe –, é extremamente grave a direção do partido reincidir numa política de alianças que sacrifica candidaturas próprias e competitivas do PT, mais necessárias que nunca, sem sequer obter o apoio formal do PSB a Lula!

Queremos somar a nossa voz à de todos os companheiros e companheiras petistas que se indignaram com o referido acordo com o PSB e com o abandono de uma candidatura própria ao Senado no Ceará. Afirmamos a pluralidade das posições partidárias como uma virtude histórica do partido e a importância do exercício da democracia interna, respeitando-se as decisões democráticas da maioria dos filiados, mesmo quando elas contrariam as posições da direção partidária. Confiamos na militância petista, que encontrará os meios para reverter essa situação que em nada fortalecerá o PT, muito pelo contrário.

Hoje estamos em uma situação em que Lula é favorito e o PT recupera sua posição de partido preferido pelos eleitores. Não podemos dilapidar o patrimônio político que acumulamos reincidindo em erros que tanto mal já causaram num passado recente, não só ao PT mas à toda nação brasileira.

Mais do que nunca o Brasil precisa de Lula livre e Lula presidente e de um partido que seja efetivamente um partido dos trabalhadores e das trabalhadoras!

São Paulo, 3 de agosto de 2018.

Assinam:

Alex Fonseca, Químico, SP, Direção da CNRQ
André Marinho, Professor, RJ, Direção da CONTEE
Angela Melo, Professora, SE, Executiva Nacional da CUT
Antonio Lisboa, Professor, DF, Executiva Nacional da CUT
Ariovaldo de Camargo, Professor, SP, Executiva Nacional da CUT
Bárbara Peixoto, Bancária, DF, Executiva da CONTRAF
Cícero Lourenço, Servidor Federal, AL, Coletivo Sindical Nacional do PT
Claudia Franco, Enfermeira, RS, Executiva da CNTSS
Daniel Gaio, Bancário, DF, Executiva Nacional da CUT
Dary Beck Filho, Petroleiro, RS, Direção da FUP
Edielson Santos, Químico, SP, Direção da CNRQ
Eduardo Guterra, Portuário, ES, Executiva Nacional da CUT
Elizeu Rodrigues, Asseio e Conservação, CE, Executiva da CONTRACS
Fatima Silva, Professora, MS, Executiva da CNTE
Gabriel Magno, Professor, DF, Executiva da CNTE
Girlene Lázaro, Professora, AL, Executiva da CNTE
Heleno Araújo, Professor, PE, Executiva da CNTE
Ismael César, Servidor Federal, DF, Executiva Nacional da CUT
Jandyra Uehara Alves, Municipal, SP, Executiva Nacional da CUT
Janeslei Albuquerque, Professora, PR, Executiva Nacional da CUT
João Batista Gomes, Municipal, SP, CUT-SP
João Felício, Professor, SP, Confederação Sindical Internacional
Juliana Salles, Médica, SP, Executiva Nacional da CUT
Júlio Turra, Professor, SP, Executiva Nacional da CUT
Junéia Batista, Municipal, SP, Executiva Nacional da CUT
Maria de Fátima Veloso, GO, Executiva Nacional da CUT
Maria Izabel Noronha (Bebel), Professora, SP, Executiva Nacional da CUT
Marlei Fernandes, Professora, PR, Executiva da CNTE
Milton Rezende, Bancário, Executiva Nacional da CUT
Quintino Severo, Metalúrgico, RS, Executiva Nacional da CUT
Rafael Pereira, Servidor Federal, SC, Direção da FASUBRA
Ribamar Barroso, Professor, SP, Executiva da CONTEE
Roberto Felício, Professor, SP
Roberto Franklin Leão, Professor, SP, Executiva da CNTE
Roberto Magno Cesar Botarelli, Educação, MS
Rodrigo Rodrigues, Professor, DF, CUT-DF
Rogério Pantoja, Urbanitária, PA, Executiva Nacional da CUT
Rosalina Amorim, Bancária, PA, Executiva da CONTRAF
Rosana Souza Fernandes, Química, SP, Executiva Nacional da CUT
Rosane Bertotti, Agricultora, SC, Executiva Nacional da CUT
Rosane Silva, Sapateria, RS, Coletivo Nacional Sindical do PT
Rosangela Costa, Servidora Federal, MG, Direção da FASUBRA
Rosilene Correa, Professora, DF, Executiva da CNTE
Shakespeare Martins Silva, Metalúrgico, MG, Coletivo Nacional Sindical do PT
Sueli Veiga de Melo, Professora, MS, Executiva Nacional da CUT
Tino Lourenço, Professor, MG, Executiva Nacional da CUT
Valeir Ertle, Comerciário, SC, Executiva Nacional da CUT

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

9 Comentários

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  1. Petistas da CUT e sindicatos criticam aliança do PT

    acorda amor!

    “Vocês acreditam que exista alguma coisa aprovada no PT que não tenha o apoio e o conhecimento de Lula?”

    Humberto Costa – rebebido aos gritos de golpista na Convenção do PT em Pernambuco

    02/08/2018

    “No ano de 1998, o Diretório Nacional do PT interveio no seu diretório do Rio de Janeiro, para impedir a candidatura do ex-deputado federal Vladimir Palmeira ao Governo do Estado, nome que foi aprovado numa convenção partidária, com delegados de base. Essa atitude antidemocrática teve como objetivo fechar uma aliança com o então candidato do PDT ao Governo do Estado, Anthony Garotinho.

    A atual deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ) foi a vice de Garotinho, na chapa que acabou sendo eleita. A aliança não durou nem um mandato, no meio houve uma ruptura política e Garotinho cunhou a terrível frase, apelidando o PT de “partido da boquinha”.

    O PT na encruzilhada, 20 anos depois

    vídeo: Márcio Greyck   Impossível Acreditar que Perdi Você   1970

    [video: https://www.youtube.com/watch?v=kQXhl-I5zy8%5D

    .

     

  2. Nem a pau, Juvenal, entro

    Nem a pau, Juvenal, entro nesse pricopó envolvendo questões interna corporis de partidos políticos. Primeiro porque minha expertise em análise política tende a zero; segundo, porque mesmo que fosse capaz, faltam dados e sobram versões; e terceiro porque “macaco velho não põe a mão em cumbuca”, ou seja, “eles que são vermelhos que se entendam”. 

    Como simplório eleitor da Esquerda e do PT, só tenho mesmo é a lamentar que numa encruzilhada por qual passa o país, e em segundo plano plano em termos de importância, o maior líder popular da sua história com seu respectivo partido, sobram individualismos, egos, carreirismos, ambições e coisa do gênero. 

     

    1. Sim, em post anterior ACHAVA

      Sim, em post anterior ACHAVA que o PT-Lula se utilizava do diversionismo como estratégia política. Dando como irremediável a ausência do ex-presidente no pleito,  “se cozinharia o galo” para que o eventual ungido não sofresse a sanha persecutória dos adversários, a começar pela mídia. 

      Como se constata, uma avaliação errada. O sonho permanece: Lula registrará a candidatura, fará campanha da cadeia e de lá sairá para ser empossado. 

      O que diria Maquiavel acerca dessa quimera? 

       

  3. Política, ah a política !

    Respeito a opinião e o ponto de vista individual ou coletivo, de qualquer pessoa ou grupo, sobre as deliberações tomadas pelas direções nacionais de seus partidos, que como não poderia deixar de ser, não são exatamente, 100% do pensamento político de todos, porém não entendo o “mi mi,mi” dos signatários acima, nem de uma base estadual, que não aceita a decisão(soberana, pois estatutária) do PT, que em trocade uma finalidade maior, sacrifica uma excelente candidata local(PE)  para não perder no coletivo nacional.

    Política, minha gente, na verdadeira acepção da palavra, embora seja até um pouco imoral dizer e praticar isso, é a arte de negociar, e saber, quando devemos perder agora, para ganhar depois, e não “bater o pezinho” e não ceder, nem pensar majoritariamente, e foi isso, que os próceres petistas fizeram, ou seja, perde-se um dedo, mas mantem-se os demais dedos inteiros e íntegros, e operando.

    Lá na frente, veremos que esta decisão, ora considerada imatura e precipitada, foi a melhor, neste primeiro momento, dadas as circunstâncias, e ela foi tomada, por quem enxerga além da realidade local, ou seja, fomos contra as bases partidárias de um Estado, que na melhor das avaliações, não conseguiu sequer eleger o Gov do Estado, nas últimas eleições.

  4. Petistas da CUT e sindicatos criticam aliança do PT

    acorda amor! eu tive um pesadelo agora…

    Jaques Wagner diz a Haddad que articula para ser vice de Ciro, caso candidatura de Lula seja impedida

    Long Ago Tomorrow

    Maybe I’ll be the things I dream

    And not the things I see

    Maybe I’ll get to change the world

    Before it changes me

    vídeo: B J Thomas – Long Ago Tomorrow (Legenda PT)

    “The Raging Moon”, em português “Um Amanhã Longe Demais”

    [video: https://www.youtube.com/watch?v=dGf7yAs6yoI%5D

    .

     

  5. Mesmo considerando passível

    Mesmo considerando passível de críticas a posição da executiva nacional, gostaria de fazer duas observacoes

    Quem deu o maior golpe na Dilma, não foi o próprio PT ? Quando deixou de apoiá-la e até conspirou para a queda da mesma ?

    Qual o conhecimentos real de algumas pessoas pra criticar ações que são regionais, em detrimento de políticas nacionais. Lembremos Dr Ulisses, que política nã os se faz com o fígado. Ciro Gomes e hoje um dos exemplos mais claros disso

  6. Quem saiu ganhando foi o Ciro

    Quando o Ciro perdeu a aliança com o PSB para o PT, quem diria, ele saiu foi ganhando. 

    E o PT refaz o mesmo caminho que tem feito nos últimos anos, de se unir a traidores ( do país e do partido.) . Não tenho muitas dúvidas de que o PT se uniria até mesmo ao MDB, se soubesse que isto lhe faria ganhar a eleição… 

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