Plano de governo de Haddad é superior, por Mário Lima Jr.

Plano de governo de Haddad é superior, por Mário Lima Jr.

O plano de governo de Fernando Haddad tem o mérito de expor as necessidades do país e a vantagem de apresentar propostas com certa maturidade. O plano de Jair Bolsonaro é superficial, não cita as raízes históricas da desigualdade social brasileira e parece escrito por um militante jovem, inexperiente e exaltado, por abusar da cor vermelha no texto e tentar convencer o leitor através de insistentes pontos de exclamação.

O plano elaborado por Haddad tem 62 páginas, enquanto o de Bolsonaro, batizado como Projeto Fênix, tem 81. Mas ler o documento petista, de conteúdo técnico e escrito com uma fonte menor, leva mais tempo.

Haddad lista os sofrimentos de grupos injustiçados no país: negros, índios, LGBTIs, mulheres. E traz sugestões que respeitam as particularidades de cada segmento. Por fim promete “um livro numa mão e uma carteira de trabalho na outra” para superar o desemprego, a violência e a crise econômica.

Bolsonaro afirma no Projeto Fênix que armas de fogo podem ser usadas para salvar vidas (felizmente ele não incentiva o uso de armas pelo Sistema Único de Saúde). Quer a redução da maioridade penal para 16 anos e defende expurgar a ideologia de Paulo Freire, Patrono da Educação Brasileira, das salas de aula. Uma ameaça infeliz. Se nossos estudantes absorvessem hoje a menor das ideias de Paulo Freire, no futuro o Brasil teria candidatos à Presidência mais dignos e humanos que o próprio Bolsonaro.

O plano de Haddad tem uma visão mais consistente sobre Educação. Prega a melhoria do ensino em escolas localizadas em regiões de alta vulnerabilidade, que geralmente apresentam alta evasão escolar e altos índices de criminalidade, e estabelece em 10% o percentual do PIB que pretende investir na pasta.

Enquanto o pobre ainda almeja construir um patrimônio, o candidato do Partido Social Liberal (PSL) louva a propriedade privada, demonstrando preocupação em manter sua inviolabilidade, um valor elitista. Chega ao ponto de tipificar como terrorismo as invasões de propriedades no território brasileiro. O plano exalta a fraternidade, mas com tom de caridade, e mostra o Liberalismo como solução mágica para os problemas do mundo.

Já Haddad defende o equilíbrio de infraestrutura e serviços entre a cidade e o campo e coloca a Amazônia como ator estratégico nacional e internacional. Bolsonaro sequer cita a Amazônia. O candidato petista inclui o Brasil no contexto das grandes questões mundiais desse século, como o desenvolvimento sustentável. E aborda diretamente outros temas de fundamental importância ignorados por Bolsonaro, como o trabalho escravo.

Os dois projetos têm em comum a falta de amparo científico para as suas propostas e não mostram a origem dos recursos que pretendem aplicar. Haddad, pelo menos, planeja parcerias com comunidades de conhecimento especializado.

Tendo em vista o discurso antidemocrático pregado por Jair Bolsonaro e família, que inclui expulsar e fuzilar opositores e fechar o Supremo Tribunal Federal, um plano de governo arbitrário e de menor inteligência assinado pelo PSL não deveria surpreender.

Redação

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador