PT reafirma a candidatura de Lula sem plano B em Convenção Nacional

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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“Querem inventar uma democracia sem povo. Este encontro nacional do PT talvez seja um dos mais importantes em toda a história do nosso partido. A decisão de hoje vai nos conduzir a uma luta sem tréguas pela democracia, pelo povo brasileiro e pelo Brasil. De onde me encontro, estou sempre renovando minha fé de que o dia do nosso reencontro virá, pela vontade do povo brasileiro”, disse Lula, em carta


Foto: Reprodução

Jornal GGN – Sem vice e apoiando-se no prazo do dia 15 de agosto para o registro da chapa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a Convenção Nacional do PT contou com a presença da equipe de governo, incluindo o coordenador Fernando Haddad e a presidente do partido Gleisi Hoffmann, candidatos a governadores, a deputados e senadores, como a ex-presidente Dilma Rousseff, além de centenas de militantes.

O evento reafirmou o lançamento da candidatura de Lula como plano A e de que levará a disputa ao máximo que o partido puder, não havendo outra opção à do ex-presidente. Apesar do avanço das conversas com a presidenciável do PCdoB, Manuela D’Ávila, e da já negativa explícita de Ciro Gomes (PDT), o PT não fechou o nome para vice, conforme adiantou o GGN na manhã de hoje, informando que a chapa será anunciada até o dia 14 de agosto, véspera para o registro no TSE.

Leia mais: Convenção hoje: PT quer mais 10 dias para fechar vice de Lula

Durante o evento, atividades culturais foram realizadas, com a participação de artistas e da apresentação de trechos do Festival Lula Livre, no Rio de Janeiro. Diversos dirigentes, candidatos a governadores e parlamentares falaram aos centenas de militantes sobre o apoio à Lula e à sua liberdade para disputar as eleições.

“Nós dizemos ao Brasil, e vamos registrá-lo nos braços do povo, no dia 15 de agosto, em Brasília. É a ação mais confrotadora que fazemos contra esse sistema podre. Tentaram invisibilizar Lula. Mas não existe política no Brasil, sem falar de Lula e sem falar do PT”, disse a senadora Gleisi Hoffmann, já ao final do Encontro Nacional.

Concluindo o evento, a presidente do partido deu um recado “para a mídia golpista, para a Rede Globo de Televisão: nós não temos medo de vocês”. “É esse o lado da história que estamos e dia 15 estaremos juntos”, disse Gleisi. 

Outra novidade da Convenção foi a transmissão de um vídeo, fazendo a leitura de uma carta escrita por Lula para a Convenção. Abaixo, reproduzimos o texto na íntegra:

 

MENSAGEM DE LULA AO ENCONTRO NACIONAL DO PT

Companheiras e companheiros,

Esta é a primeira vez em 38 anos que não participo pessoalmente de um encontro nacional do nosso partido. Mas sei que estou presente por meio de cada um de vocês, cada dirigente, delegado e militante do PT.

Ao longo desses 38 anos nós construímos a mais importante força política que este país já conheceu. Porque nascemos das bases, da classe trabalhadora da cidade e do campo, lutando pela democracia e pela justiça. E nunca, nunca mesmo, nos afastamos do povo.

Chegamos ao governo pelo voto, depois de um longo aprendizado, para transformar o Brasil. E transformamos. Vencemos a miséria e a fome. Levamos água para quem sofria com a seca e luz elétrica para quem vivia nas trevas. Levamos as crianças para a escola e os jovens – negros, pobres e indígenas – para a universidade.

São coisas que parecem simples em qualquer país civilizado, mas que representaram uma enorme diferença para nossa gente sofrida. E isso só foi possível porque sempre colocamos os trabalhadores e os mais pobres no centro das atenções do governo.

Criamos um dos maiores e melhores programas de transferência de renda do mundo, o Bolsa Família. Aumentamos o valor real do salario mínimo. Levamos  crédito para os trabalhadores, os aposentados e para a agricultura familiar. Criamos 20 milhões de empregos.

Nos muitos governos anteriores ao nosso, a imensa maioria da população era tratada como se fosse um problema. Nós tratamos a nossa gente como solução, e por isso o Brasil mudou. Provamos que é possível fazer diferente e melhor do que sempre fizeram antes.

Hoje o nosso povo está sofrendo. A fome voltou a rondar os lares e muitos nem têm mais um lar: estão vivendo nas ruas, tornaram-se mendigos junto com os filhos. Milhões de trabalhadores desistiram de procurar emprego, porque não há. Milhões foram excluídos do Bolsa Família. As universidades e os hospitais vivem sua maior crise.

Hoje o nosso país está sendo vendido. Nossa Petrobrás, nosso pré-sal, a Eletrobrás, os bancos públicos; todos na fila para serem entregues a preço de banana aos grandes grupos estrangeiros, como já fizeram com a Embraer. Nossa politica externa voltou a ser ditada pelo Departamento de Estado norte-americano.

Hoje a nossa democracia está ameaçada. Há dois anos deram um golpe parlamentar para destituir a presidenta Dilma Rousseff, rasgando a Constituição. Agora querem fazer uma eleição presidencial de cartas marcadas, excluindo o nome que está à frente na preferência popular em todas as pesquisas.

Já derrubaram uma presidenta eleita; agora querem vetar o direito do povo escolher livremente o próximo presidente. Querem inventar uma democracia sem povo.

Este encontro nacional do PT talvez seja um dos mais importantes em toda a história do nosso partido. É enorme a responsabilidade que temos pela frente. A decisão de hoje vai nos conduzir a uma luta sem tréguas pela democracia, pelo povo brasileiro e pelo Brasil. E a vitória dependerá do empenho de cada um de nós.

Gostaria de estar aí para abraçar cada companheira e companheiro. Para agradecer por toda a solidariedade e principalmente por manterem aceso o espírito do PT, mesmo nas circunstâncias mais difíceis. De onde me encontro, estou sempre renovando minha fé de que o dia do nosso reencontro virá, pela vontade do povo brasileiro.

Viva o Brasil!

Viva o Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras!

Um abraço do Lula

 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

4 Comentários

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  1. A escolha do Vice de LULA 

    A escolha do Vice de LULA 

    Eleja-se um “amigo” do sistema, namorado do GOLPE, tipo CIRO GOMES ou HADDAD, e LULA apodrece na cadeia. Aqui, c/LUIZ INACIO se elegendo, pra depois ser destituído em janeiro, tomando seu lugar o substituto escolhido pelos inimigos, ou nem isso, caindo antes da posse mesmo, já em dezembro, quem sabe novembro

    Escolha-se um VERDADEIRO e autentico aliado, capacitado e que represente o projeto Nacional dos 2 primeiros mandatos, defensor dum Estado Social, alinhado a um mundo mais igualitário, e de 2 uma:

    – ou o GOLPE azeda agora (com os USA e sócios tendo PIT)

    – ou os golpistas dando-se por satisfeitos e partindo prum armistício

    Por isso sou CELSO AMORIM pra VICE  ..pq NÃO há nome melhor pra fazer o GOLPE sair do armário !

  2. Caros,
     
    Lançar  Lula sem

    Caros,

     

    Lançar  Lula sem vice é mais uma destas ingenuidades que levaram o PT ao mensalão e ao impeachment da Dilma. Existem dois nomes, a meu ver excepcionais que poderiam entrar como plano :  Requião e Amorim. Entretanto, considerando a situação  atual o nome perfeito é Requião. Figura nobre da política brasileira, destemido, ele tem todas as condições de enfrentar a escumalha que tomou conta do Brasil. O vice tem que ser o Requião, sem dúvida.

     

    1. concordo  ..fora das fileiras

      concordo  ..fora das fileiras do PT Requião é um nome sensato  ..tem penetração eleitoral no SUL, coisa que Amorin não tem

      só não sei o que pensa o PMDB disso tudo ..e se há impedimento eleitoral (aqui os colegas poderiam me esclarecer)

    2. Alguém perguntou a eles se

      Alguém perguntou a eles se acietam a tarega ingrata?

      No mesmo minuto em que o vice do Lula for divulgado os canhoões da globo comecarão a trombetear o ungido.

      Se quiserem que o brasil venha  a ser democracia temos antes de fechar a globo e fuzilar os marinhos.

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