Quem prestou atenção às pesquisas não se surpreendeu com os resultados, por Marcos Soares

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
[email protected]

Quem prestou atenção às pesquisas não se surpreendeu com os resultados.

por Marcos Soares

Toda eleição a reclamação por supostos erros das pesquisas ressurgem. Erraram feio, foram manipuladas, as amostras são pequenas, nunca fui entrevistado, beneficiou esse ou aquele candidato.

Geralmente a afirmação é baseada em um pré conceito e não na análise das pesquisas em si. Ignora-se a sua principal função que é apontar tendências e se exige que elas antecipem, “adivinhem” o resultado da urna.

O equívoco mais grave é comparar o resultado da urna com pesquisas feitas dias antes da eleição. É preciso deixar claro que, a rigor, a única comparação possível é com as pesquisas de “boca de urna”, que diferente das pesquisas feitas ao longo da campanha, são feitas após o eleitor ter votado. A pergunta feita aos entrevistados é “em quem votou” e não “em quem vai votar”. E todas as pesquisas de boca de urna esse ano, consideradas as margens de erro, acertaram o resultado.

Além da eleição presidencial, vamos tomar como exemplo as eleições de governador no Rio de Janeiro e Minas Gerais.

No caso da eleição presidencial, é nítida a alta acentuada de Bolsonaro na semana que antecedeu o pleito. Já na véspera era possível projetar o resultado que ele alcançaria ao observar a velocidade do crescimento das intenções de voto que ele recebia ao longo da semana. Só a pesquisa de boca de urna conseguiu captar o resultado alcançado.

Pesquisas para presidente 1º turno – Fonte: Agregador de pesquisas Poder 360

 

Apenas Rio e Minas não confirmaram esse padrão

Nos estados em que houve divulgação de pesquisas de boca de urna, elas conseguiram antecipar os resultados, mas em dois estados (Rio e Minas) a ascensão dos candidatos que terminaram á frente na apuração dos votos não foi captada nos dias anteriores.

Tanto o candidato Wilson Witzel (PSC) no Rio quanto Romeu Zema (Novo) em Minas, que terminaram a frente na apuração dos votos, apareciam na terceira posição e embora estivessem em ascensão, não era possível projetar que alcançariam a maior parte dos votos no primeiro turno. A tendência de alta estava lá, mas a “arrancada” no dia da eleição não era prevista.

 

 

Gráficos elaborados pelo jornal Folha de S. Paulo

 

Portanto, não é razoável e nem realista exigir que uma pesquisa feita dias antes do pleito, ou até mesmo na véspera, antecipe o resultado da urna, pois é cada vez maior o número de eleitores que decidem ou que mudam o voto no dia da eleição. A maneira de se evitar análises incorretas dos resultados das pesquisas é acompanhar a sequencia delas, qual candidato(a) está em alta e qual está em baixa é mais importante que a posição captada em uma pesquisa isolada. Quem fez essa leitura não se surpreendeu.

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

9 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Pesquisas estranhíssimas

    A diferença das treis pesquisas da Veja mais outra que não me lembro e do Data Folha são incongruentes. Alguem está mentindo. O PT não pode aceitar esses resultados como normais isso se falso pode desanimar a militãncia. Precisa fazer algo para tirar a limpo essas dicrep^ncias que podem levar o candidato Haddad a perder as eleiçóes

  2. Outra coisa sobre os indecisos
    Outra coisa sobre os indecisos é o calculo de “votos validos” nas pesquisas pre eleiçoes. Muitos teimam em retirar do calculo. Ora, indeciso ainda vai escolher; pode escolher qualquer candidato, pode escolher branco ou nulo ou mesmo se abster voluntariamente ou não.

    Sobre as abstençoes (e o nao voto se um modo geral), aí, sim, muitos institutos nao sabem como ou nao querem abordar este aspecto. Geralmente a pergunta é “em quem voce votaria se as eleiçoes fossem hoje”. Isso nao diz tudo sobre o dia “D” da votaçao. Tem quem prefere ir à praia, quem fica com preguiça, trabalha, já está acostumado a justificar voto, etc.

    O primeiro turno deu lá uns 20% de abstençoes e os institutos passaram, como sempre, ao largo disso.

  3. Justifica x Explica
    Desculpe discordar, afinal estamos aqui para isso. Não houve acerto algum em termos de estatística, quando se alega um erro de no máximo 5%. Não preciso dar exemplos, quase todos são. O próprio Requião se declarou vítima do “adultério eleitoral”. Quando o eleitor dorme com um candidato e vota em outro. Volto a dizer justifica tudo, mas não explica nada.

  4. A pesquisa

    A pesquisa foi ótima considerando o contexto. Mas frente à barbárie pesquias não importam muito, não dá para contabilizar, entende?

  5. Essa análise está

    Essa análise está corretíssima se nas pesquisas estiverem, em todos os níveis, pesquisador, analista, dono do instituto, encomendador do trabalho, seja midia ou confederação, apenas homens e mulheres “do bem”. E não valem os homens e mulheres do bem da Marina. Caso contrário a única confiável, por razões óbvias, é a da boca de urna. Essa também pode falhar, mas aí o motivo é técnico, bem menos frequente.

  6. “Indecisos” ?

    Não concordo com esta expressão, de chamar de indeciso quem não respondeu às pesquisas eleitorais como estas esperam de seus entrevistados.

    O mais certo seria chamá-los de “decisores tardios”, e isto, muitas vezes por que este grupo é que acaba por decidir uma eleição no dia da votação, podendo reverter os chamados “indícios de subida” ou “de descida”  dos candidatos, como apresentado neste texto.

    Talvez justamente por este motivo, o de eventualmente levar os tais institutos de pesquisa a arriscarem suas credibilidades em desconsiderar este grupo de decisores tardios, é que se adota esta etiqueta inadequada, meio pejorativa (“indecisos”).

    Penso que político esperto deveria dar uma atenção muito especial a este grupo desde o início da campanha eleitoral, no sentido de trazê-lo para o seu lado, ao invés de jogar b*sta no oponente. E isto, sem o risco de ter “ovelhas desgarradas” no grupo dos decididos. Nessa hora, todo cuidado é pouco e cada palavra pronunciada tem que ser cuidadosamente pensada.

    Por outro lado, quando o TSE estiver sendo dirigido por gente mais corajosa, quem sabe, não seríamos mais obrigados a nos dirigir para onde a eleitoral se encontra, mas sim o TSE recolher nosso voto num smartphone.

    Quando isto acontecer, político vai falar fino !

     

  7. A diferença entre o Bolsa e o Haddad no 1º turno foi 16,75%

    A diferença entre os votos do Bolsonaro, 46,03%, e os votos do Haddad, 29,28, foi 16,75%.

    Agora no segundo turno, essa diferença já está mais baixa, é 16%.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador