Quem tem meia dúzia de candidatos não tem nenhum, por Helena Chagas

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – Quem tem meia dúzia de candidato não tem nenhum, disparou a jornalista Helena Chagas em artigo no portal Os Divergentes, sobre o torneio entre nomes de centro-direita para decidir quem será o candidato viável para eventualmente derrotar Lula em 2018.
 
Até agora, já forma apresentados ao establishment Geraldo Alckmin, Henrique Meirelles, João Doria, Luciano Huck (que já desistiu) e, mais recentemente, Rodrigo Maia. Todos eles não chegam aos 10% das intenções de voto, individualmente. Mais do que isso: cada vez que se apresentam como a melhor opção, saem arranhados.
 
“Enquanto disputam, os pré-candidatos do centro vão se desgastando uns aos outros”, apontou Chagas.
 
“Do jeito que a coisa vai, nesse ritmo autofágico, as forças de centro vão passar da profusão de candidatos à situação oposta: não vai sobrar nenhum para contar a história. Muito menos para ganhar a eleição’, avaliou.
 
Por Helena Chagas
 
Disputa pode levar centro à autodestruição
 
Em Os Divergentes
 
Quem tem meia dúzia de candidatos não tem nenhum – e as forças da centro-direita brasileira estão quase nessa situação. Já têm Geraldo Alckmin, Henrique Meirelles, Michel Temer, e, agora, nas festas de Natal, ganharam Rodrigo Maia – que, informa-se, terá sua pré-candidatura lançada pelo DEM na convenção de fevereiro. Se contarmos os que ainda podem hipoteticamente sonhar em entrar no páreo – o desafiante tucano Arthur Virgílio, o sempre pronto João Dória e, quem sabe, um arrependido Luciano Huck – chega-se fácil À superpopulação. Mas dificilmente à presidência da República.
 
Diante desse plantel, Rodrigo Maia, que inegavelmente vem crescendo e adquirindo dimensão política, tem todo o direito de colocar seu nome na pedra como representante do campo conservador, queridinho do mercado e promessa na nova direita brasileira. Teoricamente, tem as ferramentas necessárias para ser candidato a candidato do establishment. Só que o Alckmin também. E o Meirelles também. Com alguma boa vontade – que só surgirá em caso de sucesso explícito da economia -, Michel também.
 
Outra característica comum entre eles é que, em maior ao menor grau, parecem padecer do mesmo mal: falta de votos. Nas pesquisas, têm percentuais mínimos, com a modesta exceção de Alckmin, que em alguns levantamentos chega aos 8% – o que também não é proeza para quem é governador de S.Paulo e já disputou a presidência.
 
Essa situação pode mudar? Claro que sim, sobretudo se, algum dia, todos se juntarem.
 
Raras vezes o establishment econômico, o chamado PIB, apostou num só cavalo no início de uma disputa, a um ano da eleição. Em 1989, por exemplo, flertou com muita gente – inclusive o tucano Mário Covas – até se fixar em Fernando Collor, quando este se tornou o mais viável para derrubar Lula. É curioso que, quase vinte anos depois, estejam numa situação parecida, tentando derrubar de novo o mesmo sujeito, embora as circunstâncias sejam totalmente outras – e o eleitor também.
 
Mas o que estamos vendo agora é um bando de nomes da centro-direita, sem maior atratividade, em teste para ver se algum deles convence. Em tese, quem conseguir vira “O” candidato do centro. É alto porém, o risco dessa estratégia dar errado. Enquanto disputam, os pré-candidatos do centro vão se desgastando uns aos outros.
 
Só nos últimos dias, Meirelles deu várias estocadas em Alckmin, na pior delas dizendo que ele não será o candidato do Planalto. Levou também as suas, como a observação de Rodrigo Maia de que sentiu falta de uma palavra de Meirelles sobre a reforma da Previdência no programa de seu partido, o PSD.
 
Maia, por sua vez, bastou botar a cabeça para fora para ver publicado na imprensa relatório da investigação da PF sobre doações da Odebrecht à sua campanha na caixa 3. Episódio parecido, aliás, com o da semana passada, quando o Cade, órgão governamental, resolveu divulgar informações sobre a investigação dos cartéis em obras de São Paulo nos governos tucanos…
 
Do jeito que a coisa vai, nesse ritmo autofágico, as forças de centro vão passar da profusão de candidatos à situação oposta: não vai sobrar nenhum para contar a história. Muito menos para ganhar a eleição.

 

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

10 Comentários

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  1. Esqueceu-se de mais um

    Esqueceu-se de mais um Heleninha.ACMNeto.Parece que esse já foi engolido pela pré-delação de Jacaré.Nem de Governador vai.Aliás,nunca foi.

  2. Esqueceu-se de mais um

    Esqueceu-se de mais um Heleninha.ACMNeto.Parece que esse já foi engolido pela pré-delação de Jacaré.Nem de Governador vai.Aliás,nunca foi.

  3. Essa eleição

    esta no colo do Bolsonaro, querem barrar Lula e vão barrra obviamente, o centro não tem condições de formatar um candidato. Bolsonaro ganha 5 mil seguidores por dia no twitter…

    As pessoas não tem noção do monstro que estão criando, preparem-se para o pior.

    Essa bobeira de candidatura que vai desinflar… é a mesma bobeira que falavam de Trump e olha no que deu…

  4. Propaganda enrustida de Maia e Meirelles

    Maia se tornar um nome viável, é um retrato deste desgoverno, onde Marun é ministro. Meirelles é sem dúvida o nome do mercado. A mídia e “gande imprensa” que acredita que o PIB são as grandes fortunas, aposta em Meirelles, Tanto que vivem dizendo que a economia melhorou. Se Temer pensa que isto é para ele, não é. O mercado adoraria ter Meirelles, como fiel escudeiro.  Como o nosso PIB não tem cabeça, como diz a articulista, continua batendo-a  para ver se pega no tranco. De resto temos o bando de políticos, terceirizados pelo PIB, mas  que são inconfiáveis, embora necessários para as políticas anti populares. Inebriados pelo poder momentâneo  e demonstrando a propria inteligência, botm  a cara a tapa defendendo as reformas e a  reforma da previdência. Mostrando que não juntam lé com cré ( os dois neurônios) defendem o ajuste fiscal e a PEC do orçamento,enquanto que seu poder é baseado no fisiologismo e nos cargos do estado. Mas assim mesmo são as forças terceirizadas do mercado. Como no caso da reforma trabalhista o  PIB os  dispensará quando não forem mais úteis.  Marun é o super herói, afinal não se incomodou de defender Cunha até o fim. Agora já tem novas ambições. Quem sabe não queira se candidatar. O PSDB, com o celebre desprezo pela população, continua apostando em Alckmin, já que a criação de Doria, não deu muito certo. Dória é cara do PSDB, elitista, metido a populista, e não consegue esconder o desprezo pelo povo. Trata o povo como se fossem imbecis. Se deu mal pela explicitude dos atos. Alckmin, como FHC, se esconde atras da estampa, enquanto perpetra os maiores males, da violência policial a destruição da educação, da universidade e de tudo o mais. Mas ainda tem apoio dos que adoram verniz. E assim o PIB aposta em nomes das quais jamais saiu uma proposta ou uma análise de país. São os jogadores. Mas no fundo apostam no golpe parlamentarista e na passagem a qualquer custo das reformas. E torcem para que o judiciário continue seu trabalho de destruição das forças políticas  de oposição., e entrega do patrimônio publico. O que mais interessa é a pressa para fazer as tais reformas,  deixando tudo na forma de leis, para que o judiciário consiga mante-las seja quem for o proximo governo. Obviamente a curto prazo, ainda contam com o judiciário para eliminar Lula.

  5. E o congresso?

    E o congresso?

    Se a reforma trabalhista tivesse sido aprovada 2 meses antes da eleição o congresso mudaria pouco. Mas como foi aprovada 1 ano antes, os efeitos vão piorar, e quem perdeu o emprego ou foi contratado com salários menores em empregos temporários, vai votar em quem?

    O PMDB, PSDB, PP, DEM, vão sumir do congresso. Quem vai governar sem base aliada da direita?

  6. Luta de classes
    Lula é a última chance que a Casa Grande tem enfrentar a luta de classes de forma não violenta. Sem Lula, a ruptura será violenta.

    Lembrando (1) que o Golpe de 2016 foi uma violência contra a República, o Estado de Direito e a consciência individual de cada um dos golpistas, e (2) que toda violência acaba por exaurir as forças do violentador.

    Por isso, por exaustão de forças, a Casa Grande encerra 2017 à míngua: literalmente, não tem candidato para 2018. E nem vai ter.

    Sobre a ruptura. Pode vir à direita ou à esquerda, pouco importa.

    A violência pode se mostrar urgente, mas não produzirá nenhuma mudança estrutural no curto prazo. A ditadura militar levou 40 anos para ser derrotada. A revolução francesa levou uns 150 anos para resultar em mudanças reais na estratificação social da Europa.

    Lula continua sendo nossa melhor saída para o momento.

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