Segundo turno: uma luta suprapartidária, por Leonardo Avritzer

Segundo turno: uma luta suprapartidária

por Leonardo Avritzer

O resultado do primeiro turno das eleições é um resultado ruim, mas é um resultado reversível. Bolsonaro e as forças conservadoras que o apoiam fizeram de tudo para liquidar a fatura no primeiro turno e não conseguiram. O que eles conseguiram foi desidratar completamente o centro político em especial o PSDB e a candidatura Marina Silva. Geraldo Alckmin perdeu quase metade dos seus votos entre sábado, quando ele tinha 8% das intenções de voto na pesquisa IBOPE, e domingo, quando ele teve pouco mais de 4%. Do lado do Partido dos Trabalhadores ele foi o único que conseguiu se segurar entre os atores do sistema político tradicional criado pela nova república. Ainda assim, a sua bancada de 57 deputados a maior do Congresso tem algumas cadeiras a menos que em 2014.

O segundo turno com Bolsonaro tem que levar a uma discussão que não foi travada no primeiro turno. As discussões do primeiro turno foram, o direito de Lula concorrer e a questão das mulheres. Não se discutiu políticas públicas ou saídas para a crise. Eu tenho a impressão que Bolsonaro se dá bem nas discussões valorativas que reforçam o núcleo da sua campanha. Acho que centro da discussão do segundo turno tem que ser a capacidade dele de governar, o envolvimento dele com a corrupção, o patrimônio não declarado ao TSE. Além de um plebiscito (no sentido figurativo) sobre a democracia e a Constituição de 1988.

Algumas considerações sobre o PT. O PT se quiser ganhar esta eleição, que já se tornou a mais importante desde 1989, vai ter que reconhecer os seus erros e dar explicações à população brasileira sobre a Petrobrás. Este é momento certo de admitir erros que não foram só do PT mas foram do sistema político como um todo. Se pensamos a tamanho da punição eleitoral do PMDB, 33 cadeiras na câmara, Romero Jucá e Eunicio Oliveira sem mandato, podemos perceber que a população entende o que se passou e não concentra mais unicamente no PT.

Em segundo lugar, o PT terá que fazer concessões ao centro e de preferência anunciar antes do segundo turno um ministério de notáveis suprapartidário. Esta é a sinalização mais forte de que o modo de governar terá que mudar. Por fim, alianças em São Paulo com o França e em Minas com o Anastasia tem que estar colocadas. A ida de França para o segundo turno abre a possibilidade de um palanque progressista na cidade de São Paulo no segundo turno. Diria o mesmo em relação a Minas Gerias onde o voto no Haddad no Norte do estado foi muito forte. Sinalizar uma recomposição do centro democrático sem o centrão e sem o PMDB com alianças em Minas e São Paulo me parece a chave para a vitória, que é difícil, mas não é impossível.

 

Leonardo Avritzer

5 Comentários

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  1. De novo?
    Daqui debaixo,
    De novo?

    Daqui debaixo, acredito que se o PT cair nessa lenga lenga de admitir erros cola de vez na testa do haddad o estigma da corrupção. Os candidatos paulistas estão fora de cogitação, um e capetão desde criancinha e o outro já disse que é neutro. E aliança mineira com Anastasia/Aécio? Parece que se o PT se o PT vencer ganha o governo, mas perde o poder, ao contrário do que disse o Zé…..

  2. Palavras são apenas palavras…
    Olha como o fanfarrão do Boçalnaro, o Tiririca de coturno, que só sabe falar que “vai mudar tudo que está aí”, votou na Câmara: Acabar com o nepotismo no serviço público: CONTRA Fim da aposentadoria especial para deputados e senadores: CONTRA Aumento de salário para deputados e senadores: A FAVOR Fundo de combate à pobreza: CONTRA O filho dele votou A FAVOR da aposentadoria vitalícia para vereadores. 

  3. Fraudes e mais fraudes
    Essas eleições podem ser chamadas de tudo, menos de democráticas e legítimas.

    Antes de mais nada: Eleição sem Lula é fraude!

    Mas, como é possível em um dia a Dilma estar em primeiro lugar para o senado e no dia seguinte perder em quarto lugar?

    Como é possível um candidato que mal aparecia nas pesquisas ganhar o executivo em MG?

    Como é possível o Eduardo Suplicy estar em primeiro lugar para o senado em um dia e no dia seguinte perder em quarto lugar?

    Da noite para o dia, os votos no bozo subiram acima da margem de erro de inúmeras pesquisas, a exemplo dos inacreditáveis, literalmente, 10 pontos acima da independente promovida pelo BR 247, cujos levantamentos se encerraram na tarde do sábado, portanto, menos de 15 horas do início da votação?

    Podem me chamar de “antidemocrático” e adepto de teorias da conspiração.

    O fato é que o STF está sob intervenção militar e ninguém me convence de que não estaria havendo FRAUDE cibernética nessas eleições.

    A história da multinacional Smartimatic, detentora do código fonte do sistema utilizado pelo STF (https://www.youtube.com/watch?v=vm48DDvKtIo), tem seus frêmitos:

    https://www.bbc.com/mundo/noticias-america-latina-40808557

    https://en.wikipedia.org/wiki/Smartmatic#Relationship_with_Venezuelan_government

    Sobre as urnas:

    1- conseguiram, esses profissionais, fazerem ataques ao sistema de inicialização da urna; 2) conseguiram gerar um boletim de urna falso; 3) consweguiram, também, obter a chave criptográfica da urna; 4) conseguiram, ainda, e o que é o mais grave – recuperar a ordem do RDV(Registro Digital do Voto) que é o que garante o sigilo do voto. e. portanto, conseguiram identificar quel era o primeiro, o segundo. o terceiro voto de cada um dos eleitores;

    https://www.youtube.com/watch?v=brfm4G1DGHQ

    E para piorar, mais esse,

    https://www.youtube.com/watch?v=TncaJCTmKXM

  4. Quem deve desculpas são os
    Quem deve desculpas são os acadêmicos, que, com rarissimas exceções, dormiram pesado e só acordaram com o golpe já consumado.

    Aí o PT, PT, PT faz mea culpa, e dá um abraço de afogado nos derrotados do golpe, como o doutor acha que isso vai circular no whatsapp? Como “frente democratica”? Coisa nenhuma! Vai ser: “PT, PT, PT admite erros”; “adversarios entre si se unem contra boçalnaro”, “o velho contra o “novo”.

    Ademais, sse pessoal golpista nao quer saber de PT, PT, PT, estão aí pelo menos desde 2005, 2005 investindo tempo e dinheiro atrás do “antilula”. As agencias de publicidade e institutos de pesquisa receberam releases pra enviarem seu projetos. Colheram isso aí, ora, ora…

    …Parecidos com o Lacerda em 64, a UDN nao aprende nem esquece nada…

    Agora a esquerda tem de voltar a amassar o barro, cuidar da sobrevivência, e reaprender a falar portugues claro com a populaçao.

  5. Frente Democrática Já

    Penso que a vitória sobre o fascista somente será uma possibilidade se houver a formação de uma ampla Frente Democrática, com diretrizes de centro-esquerda.

    Constituída a Frente, Haddad se apresenta como o candidato dessa Frente e não como candidato apenas do PT. E para caracterizar claramente o valor dessa Frente e dar credibilidade ao discurso, devem ser anunciados os principais ministros que irão governar em nome dessa Frente.

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