Temer reforça: PSDB é continuação de seu governo

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Foto Jornalivre

Jornal GGN – Michel Temer, presidente que assumiu após o golpe do impeachment em 2016, em entrevista à Folha, para Bruno Boghossian, confirma o que já se sabia: partidos que votaram a favor de reformas vão continuar no governo se tucano vencer. Com isso, gruda em Geraldo Alckmin, do PSDB, o ônus de ser base de seu governo.

Temer diz ‘enxergar seu governo na candidatura de Geraldo Alckmin’, e que os partidos de sua base aderiram ao tucano e ‘vão estar no governo se ele ganhar’. E diz que não pode obrigar sua base a votar no candidato do MDB, Henrique Meirelles. E já que toda a sustentação do governo está com Alckmin, então o governo apoia Alckmin, mesmo que sem alarde, pois ele não quer incomodar por causa da impopularidade.

Acredita que Meirelles precisa se poscionar melhor, não pode dizer que não participou de seu governo. Faz isso dentro do próprio estilo, mas “a tendência natural e inafastável é que ele defenda as teses do governo”. E, para isso, basta mostrar o que eles fizeram. Coloca a culpa de menor possibilidade de alta do PIB na greve dos caminhoneiro, e isso já há algum tempo.

Para ele, Alckmin representa uma continuidade, por suas declarações e pela participação de seu partido nas reformas. Isso perpetua seu governo mais facilmente, e alerta que quem for eleito não vai ‘conseguir se afastar do que começamos’. Estranha que Alckmin tente se descolar de seu governo, e não tem críticas ao que ele diz pois faz parte do jogo eleitoral.

Dá uma de desentendido sobre quem é Ciro Gomes e os motivos que fizeram seus ministros pedirem aos partidos aliados que não o apoiassem. “Como é o nome? Ciro Gomes, Ciro Gomes…”. Os ministros fizeram o pedido por seu próprio raciocínio, tipo ‘não podemos ir com alguém que vai destruir o que fizemos’.

Com relação ao PT no pleito, ele diz que, apesar do partido falar muito mal dele, acha que Lula poderia participar das eleições se não estivesse impedido legalmente, ‘temos que respeitar certas instituições’. ‘Lula foi presidente. Se cometeu equívocos, são analisáveis pelo Judiciário. Mas não se pode negar alguém que exerceu a Presidência’, diz ele.

Considera Bolsonaro um filtro da insatisfação com uma ‘aparente desordem’. Diz que adota teses conservadoras e seu sucesso reside aí. Quanto à participação de militares no governo, já que tem dois em cargos, diz que considera todos igualmente brasileiros, com participação sendo legítima.

Não acredita que o Brasil corre risco de um novo impeachment e esse risco só existe se houver divergência grande entre Executivo e Legislativo. Gostaria de ter encontrado outra saída para a crise do governo Dilma e entende que, caso tivesse conseguido continuar, não teria tido um governo ruim. ‘Não que pudesse continuar naquele sistema’, emenda ele, “quando assumimos, resolvemos muitos problemas que estavam mal encaminhados’, acredita.

Acha que a vida lhe entregou o cargo de presidente. E valeu a pena, apesar da economia abalada, impopularidade alta e sob investigação. Entende que tem que interpretar bem este papel, ‘com todos os azares que isso signifique’.

Escorrega na pergunta sobre o inquérito do Decreto dos Portos. Diz que a apuração se deu em torno de uma pessoa, não de um fato. ‘É uma coisa juridicamente escandalosa’, diz ele. ‘Meu papel é fazer essa pregação, porque estou sofrendo as consequências de uma coisa que quase paralisa o país. Se eu não tivesse força pessoal e espiritual suficiente, teria sucumbido. Eu não sucumbi’, afirma.

Acredita que quando deixar o cargo o inquérito esvazie, já que não terá mais interesse para a Justiça alguém que não é ninguém. Mas tem convicção da inadequação do processo. ‘O interesse é alimentar a imprensa, não concluir o inquérito. É deixar no ar’, diz.

Seu conselho para o próximo governo é ‘pacificação’, para tirar o país da pauta do ódio entre setores. ‘Durante a campanha é natural um acirramento dos ânimos, mas depois todas as forças devem se unir’, conclui.

Leia a matéria na íntegra aqui.

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

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