Vácuo deixado por neoliberais favorece Bolsonaro, por Marina Lacerda

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Condenação não afeta Lula; Bolsonaro cresce no espaço entre a ausência do ex-presidente e os defensores do neoliberalismo – dados das últimas pesquisas eleitorais

por Marina Lacerda

Pelo menos duas pesquisas sobre o cenário eleitoral para Presidente da República já foram feitas após a condenação de Lula pelo juiz Sérgio Moro. Apesar de terem resultados e metodologias diferentes, ambos os levantamentos apresentam algumas tendências em comum: crescimento e liderança de Lula; crescimento de Bolsonaro.

Pelo Vox Populi, entre junho e julho desse ano — respectivamente antes e depois da condenação — Lula cresce 7% (de 45 para 48%), Bolsonaro cresce 8% (de 12 para 13%). Dória fica estagnado, Alkmin chega aos 6%, e Marina e Ciro caem um pouco.

O DataPoder360 usa uma metodologia diferente de institutos como o Vox e o DataFolha: ligações telefônicas. Mas a pesquisa indica também crescimento de Bolsonaro – ainda que um crescimento bem maior, chegando aos 25% — e crescimento de Lula, que chega a 32%. O levantamento aponta queda de Marina, Alkmin e Dória.

Apesar da metodologia, a pesquisa do Poder 360 de 16 de agosto mostra um cenário possível e relevante: o primeiro turno sem Lula. Nesse caso, Bolsonaro chega a 27%; Haddad pontua apenas 3%; os tucanos ganham alguns pontos, mas poucos. Votos brancos e nulos, que com Lula no páreo ficam em 23%, chegam, sem Lula, aos 38% (um aumento de 65%).

Disso extraímos algumas possíveis conclusões – absolutamente provisórias.  

A primeira: o grande líder das intenções de voto segue sendo Lula, mesmo após a condenação. O sentimento de injustiça da sentença pode ter ocasionado o fenômeno. Não se sabe, porém, a capacidade que Lula terá, impedido judicialmente de concorrer, de transferir votos a Ciro, Haddad ou Gleisi Hoffman, por exemplo.

A segunda: o neoliberalismo segue sem candidato viável – e daí a defesa do parlamentarismo, ou seja, da escolha do chefe de governo sem eleição direta. Aliás, dois candidatos do bloco neoliberal nem constam mais nas pesquisas (Aécio e Temer), e o anúncio de medidas como a redução do salário mínimo tendem a aumentar o insucesso do grupo nas pesquisas.

A terceira é que há indícios de que Jair Bolsonaro é, sim, um candidato com chances reais de vencer. Diferente do que já afirmamos, ele possivelmente não atingiu seu teto, pois segue crescendo – mais ou menos lentamente conforme o instituto de pesquisa. Além disso, ele pode capitalizar no vazio deixado, de um lado, pela ausência de Lula candidato, e de outro pela devastação econômica e social promovida pelo grupo no poder (incluído aí o PSDB) – ainda que ele não tenha sido um opositor, por enquanto, das políticas de austeridade.

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

9 Comentários

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  1. VOU repetir até cansar (o que

    VOU repetir até cansar (o que é difícil, se deixarem publicar)

     ..se LULA discursar pra classe média urbana naquilo que lhe é caro, como com os temas que tratam de SEGURANÇA, saúde e urbanidade – direitos humanos por exemplo, emprego, favela e mobilidade – (já que educação é “tema superado e política comprovada”) ..NÃO VAI ter pra ninguém !!!!!

    Ainda acho que muitos órfãos da direita ainda não aderiram por frustações devido a algumas frustrações (e ou faltas da esquerda no poder  ..ainda mais com DILMA)

     ..de qq forma penso que BOLSSONARO não será opção séria pra essa gente

    gente  ..FALA SÈRIO !!!!!!!

    https://www.youtube.com/watch?v=2L6q2D5RzXs

     

  2. Vai ser trucidado quando a campanha começar

    Bolsonaro, que tem vários esqueletos no armário (como o planejamento da explosão do sistema de abastecimento de água do Rio de Janeiro), vai ser trucidado pela mídia amiga do PSDB às vésperas ou quando do início da campanha eleitoral de 2018, tal como em eleições passadas o foram Roseana Sarney ou Ciro Gomes, quando disputaram o espaço político da oposição a Lula, expressa na época pelas candidaturas de José Serra e Geraldo Aclkmin.

  3. Essas eleições serão muito imprevisíveis. Tudo vai depender da o

    Essas eleições serão muito imprevisíveis. Tudo vai depender da onda do momento. Ou seja, vai depender para aonde vai o estouro da manada. Não está nada definido, com a reforma política as eleições serão muito mais complexas.

    É capaz do Roberto Justus ser o próximo presidente do Brasil.

  4. Quanto maior a “sensação” de

    Quanto maior a “sensação” de violência maiores serão as chances do Bolsonaro!

    Mas, porém, contudo, todavia aprendemos na última eleição que aviões podem cair com candidatos e a terceira opção surge forte.

    Foi assim com o Probo aécio que foi catapultado ao segundo lugar!

    Estão ganhando poder os golpistas fomentando a violência…

  5. Anti Lula

    O voto em Bolsonaro é um voto anti Lula ou anti PT, apenas isso.

    Não há doutrina ou plano de governo, mas apenas a canalização da rejeição.

    O trabalho eleitoral é de reduzir a rejeição, apenas isso.

    O Golpe trabalha em contrário

  6. Vi a nova propaganda do PSDB,

    Vi a nova propaganda do PSDB, feita pelo Tasso pelo que dizem. Achei competente, mas reforça o racha interno. O que se extrai dela é que o PSDB disputará com Lula e Bolsonaro com nenhum desses candidatos das pesquisas. Seu candidato será o parlamentarismo.

    A disputa que surge no horizonte é essa, Lula X Bolsonaro X Parlamentarismo. Embora realmente Doria corra por fora, e um pouco menos, Alkimin.

    Então a eleição vai se decidir no judiciário, no caso do Lula, e no congresso no caso do parlamentarismo. O povo está alijado.

  7. O que favorece mesmo Bolsonaro
    São sites de esquerda que não param de fazer artigos sobre Bolsonaro.
    Que é o candidato do Google.

    Está TUDO dominado.

    Sem sangue, jamais teremos um país!

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