Xadrez da candidatura Lula-Haddad e os golpes possíveis, por Luis Nassif

Diagnósticos e prognósticos

A Dilma não sofrerá impeachment. Pois, ela não cometeu crime e, além disso, ela tem 1/3 do Congresso para impedir.

O Lula não será condenado. Pois, ele não cometeu crime.

Após condenado em primeira instância.

Ele será inocentado no TRF/4. Pois, sua sentença será revista.

De fato a sentença foi reformada por unanimidade, mas para aumentar a pena evitando sua prescrição.

Lula não será preso. Pois, a constituição não permite e, além disso, eles não terão coragem de colocar na cadeia uma liderança da dimensão do Lula.

Os últimos diagnósticos, ainda se resposta são:

Haverá eleições. Pois, o golpe não sobrevive sem democracia.

Não haverá golpe militar. Pois, o mundo não aceita mais esse tipo de ação política.

O foi condutor de todos esses diagnósticos e prognósticos atendem pela dicotomia: golpe X legalidade.

Antes de seguir a análise uma observação. Não existe legalidade pura, nem golpes puros. Esses processos sempre respondem a certa correlação de forças.

Porém, caso se opte pelo diagnóstico de que houve um golpe, é preciso aceitar que ele está em curso. Logo, o processo eleitoral não seguirá a legalidade. É importante lembrar, o mandato de Dilma ainda não encerrou.

Daí a pergunta: o que Lula quiz dizer quando falou que não se mataria como Getúlio, nem se exilaria como Jango?

Na minha opinião, ele imagina que não é possível o golpe seguir em frente por muito tempo com ele vivo e se colocando como uma liderança que corporifica a vontande popular, que o golpe quer se contrapor e, por isso, precisa dissipar. Ou seja, o povo não pode se unir em torno de uma liderança, pois, do contrário não aceitará pagar o preço que o golpe quer cobrar.

Hoje, creio que Lula intuiu corretamente. Ele pensa: vou até o fim com minha candidatura, porque isso vai empurrar o golpe para um impasse. Os líderes golpistas, no comando das instituições da República, que assumam as consequências de suas ilegalidades. Cada enfrentamento, respondido com uma ilegalidade, representa mais uma conta a pagar. E que só vai aumentando, à medida que as contas a pagar vão se avolumando.

Por isso, plano B, ou indicação de um substituto, sem que os golpistas sujem suas mãos, significa ir contra os interesses do Brasil e da maioria de sua população que foi golpeada. Lula desenvolve hoje uma espécie de revolução pacífica e silenciosa. Caso ele não desista, e mais uma ilegalidade tiver que ser cometida, aumenta o preço a pagar pelo golpe.

Enfim, ou o golpe é derrubado, com uma liderança popular forte como o Lula, ou ele prosseguirá com a retirada de direitos, a entrega do patrimônio nacional e com uma agenda internacional submissa aos interesses dos EUA.

Logicamente que, se Lula for ilegalmente impedido de concorrer, a indicação de outro nome deve ser colocada. Mas isso nunca deverá ser feito sem que os golpistas tenham sujado suas mãos, com mais uma ilegalidade.

Para encerrar, não existe golpe dentro do golpe ou aprofundamento do golpe. O que existe é golpe. Ou ele avança, ou ele se extingue.

[video:https://www.youtube.com/watch?v=JfDFNzjaIV0%5D

Não subestime o Alckmin

Nassif,

Não subestime o Alckmin. A campanha só começa pra valer quando entram as propagandas de televisão.

Infelizmente, todos os acontecimentos recentes mostram que parcela muito significativa da população brasileira acredita piamente na mídia, especialmente a mídia televisiva, ainda a mais consumida de longe no Brasil.

A mídia oligopolista está fechada com o Alckmin, assim como o empresariado financeiro. A ignorância política de grande parte dos brasileiros, de todas as classes, impedem que o voto seja decidido por questões ideológicas. Quando ele começar a crescer, vai tirar votos de todos os candidatos, da direita até a esquerda, e os números atuais das pesquisas não servirão de nada.

Não tenha dúvida: infelizmente, o chuchu fascistóide é o favorito para ganhar essa eleição.

Eleição 2018

Eu entendo a candidatura Alckmin fora do jogo eleitoral por estar associada ao Governo Temer e seu quase traço de aprovação. 

Observamos as pesquisas e vemos que o eleitorado está votando de forma independente. As candidaturas palatáveis ao Golpe, as mais próximas dele: Alckmin, Álvaro Dias e, talvez, Amoedo, não decolam. E, Marina, também, não decola, mesmo que tenha um patamar de 10% trazidos de outras duas eleições presidenciais, Marina que não é mais a candidata oficial do Banco Itaú, substituída pelo Amoedo. 

Bolsonaro, incorporando a extrema-direita, parece-me que não desidrata a ponto de não manter-se em segundo lugar e crescerá pouco no segundo turno. Ele tem votos relacionados ao conservadorismo extremado nos costumes, além de votos do antipetismo mais radical, votos da parcela do “bandido bom é bandido morto” e de parcelas do fundamentalismo religioso, porém concentrados em grande maioria no eleitorado masculino.

Estas 5 candidaturas: Alckmin, Bolsonaro, Marina, Álvaro Dias e Amoedo incorrem num erro gigante, se apoiam em um ultra neoliberalismo radical e externado livremente por seus porta-vozes econômicos, porta-vozes que dizem coisas que não angariam votos suficientes para vencer Eleição nenhuma no Brasil. Como vencer defendendo a privatização de tudo e só havendo dois tipos de tickets como direitos aos mais pobres: um de saúde e outro de educação; defendendo o congelamento da política de aumento real do salário mínimo; defendendo o contrato de trabalho onde o acordado se sobrepõe ao legislado sempre e, onde, teremos dois tipos de carteira de trabalho diferenciados; defendendo a ideia da pós-graduação paga, etc. Essas ideias não vencem Eleição no voto. 

Somente 2 candidaturas têm chances em 2018: Lula/Haddad/Manuela e Ciro Gomes, este, poderia vencer no caso de o Judiciário aplicar um Golpe na chapa Lula/Haddad/Manuela. E Ciro venceria por ter um Programa de Governo não ultra neoliberal e com ideias de incorporação da classe trabalhadora e dos pobres no orçamento. 

Ninguém do Golpe tem chances de vencer no 2° turno, somente se retirarem Lula, Ciro e até Boulos. 

O Golpe não deu certo eleitoralmente. Lava-Jato, Globo & velha mídia e seus patrocinadores: Grande Capital financeiro internacionalizado e o Imperialismo não falam mais a mesma língua do eleitorado brasileiro.

2014 não deu e foi um período que ainda havia uma certa capacidade dos golpistas de influenciar a opinião pública, tanto é que se pôde conseguir avançar sobre a cabeça do eleitorado e enganá-lo para apoiar diretamente ou silenciosamente o Golpe de 2016, na lavagem cerebral da população vinda da dobradinha Globo & velha mídia e a Lava-Jato. 2018 não dará pros golpistas.

Acontece que a Lua de Mel acabou em três tempos com o fiasco do Governo Temer e a descoberta dos brasileiros que foram enganados e traídos. Não veio o oásis prometido pós-Dilma, veio, sim, a ruína econômica e social do País. E aos poucos a população foi se afastando dos golpistas e da dobradinha Mídia Oligopólica e Judiciário morista, estes dois perdendo a grande maioria da opinião pública brasileira que se tornou independente – anti-establishment. 

A prova está na intenção de votos. 

Os candidatos do Golpe, Alckmin, Álvaro Dias e Amoedo não juntam 10% do eleitorado.

Marina, ex-candidata dos banqueiros tem outros 10%, mas ela não está sendo vista como candidata do Sistema, o que ocorrerá em breve, pela política econômica que pretende adotar caso vença.

Bolsonaro é um candidato palatável ao Sistema, ele se aproximou do Sistema incorporando um coordenador de seu programa vindo do Instituto Millenium.

Porém, sendo visto por seus eleitores como antissistema; e está situado na extrema-direita e podemos dizer que é candidatura resultante da perseguição absurda ao PT, Lula e Dilma e do processo de ódio psicossocial gerado desta perseguição. Aproximando-se do Golpe pode desidratar um pouco, porque, apesar de o antipetismo ter ido em pelo menos 50% até ele, este conjunto de pessoas é anti-Temer, está em oposição ao Golpe e aos golpistas e são independentes radicais, são fora da casinha, incontroláveis, podemos assim dizer e não se pode dizer que estão satisfeitos com o modelo econômico adotado por Temer, aqui todos perdem, até quase todos os que têm ódio visceral do PT.

Uma constatação a ser dita é que de tudo o que se aventou pós-Golpe contra a realização de eleições ou mudança do regime de Governo para Lula e/ou o PT não voltar ao Poder e o Golpe acabar não se concretizou.

Vejamos se aconteceu:

1) cassação do registro do PT;

2) Golpe Militar;

3) Semipresidencialismo;

4) Parlamentarismo;

5) Impugnação da chapa encabeçada pelo PT;

6) Cancelamento das eleições;

7) O não registro de Lula candidato.

A única conquista em termos de regime político e eleitoral foi manter Lula preso e quase incomunicável, para além de escrever cartas e de receber políticos e lideranças políticas, religiosas, de movimentos sociais e intelectuais lá na PF de Curitiba.

Isto posto e com o crescimento exponencial da candidatura Lula me leva a dizer que a Eleição irá acontecer e que, se Lula não for candidato, Haddad vencerá.

Coloco esta afirmação baseado em um dado concreto, a população está dissociada das forças do Golpe, seja o petismo ou o antipetismo. Não há clima para apoio popular ou para silêncio popular numa tentativa de cancelamento de eleições. Haddad tem forças para vencer no Brasil, muito mais do que Bolsonaro. O Brasil não tem uma parcela maior que 20% da população para seguir Bolsonaro no voto, mas, não temos outro candidato do Sistema para desbancar ele, hoje, e ir para o 2° turno, caso Lula não consiga seu registro eleitoral para vencer em 1° turno.

O Golpe, para conseguir seu intento, destampou da garrafa os eleitores de Bolsonaro, estes querem votar no Mito e são descontrolados, não se segura esta turba, ela não aceitará cancelamento de Eleição e é fiel ao candidato, se mostra fiel até agora, e não me parece ser uma candidatura Russomano, que nasce forte e desidrata próxima do término do 1° turno.

Além do detalhe, se desidratar um pouco quem garante que uma candidatura do Golpe herde os seus votos? Ele pode se espalhar entre candidatos, até Lula e Ciro podem receber parcelas pequenas dessas dissidências à sua candidatura.

Temos, ainda, todo um eleitorado em torno de Lula, hoje, cerca de 40% do total de votantes, e o problemão da determinação da ONU de Lula candidato ajuntado do descrédito internacional com as instituições brasileiras.

Tendo cerca de 10% de eleitores capazes de se sensibilizar com o noticiário da Globo & velha mídia e da Lava-Jato e seus tentáculos no Judiciário, as pesquisas eleitorais mostram, dobradinha que tenta empurrar pro eleitorado um candidato do mercado e pró-EUA como Alckmin as 24 horas do dia e não consegue, pois, não há clima favorável para tentarem, como em 2016, de cooptar opinião pública pró-cancelamento das eleições gerais. Hoje, a Eleição se decide para além da Mídia, a Internet comanda a Eleição via Smartphones com o Zap Zap e redes sociais. É imprevisível a tentativa, não dá para arriscarem em um país de 210 milhões de habitantes.

Cuidemos de estar atentos, sim! Com os pequenos golpes diários contra a candidatura petista, mas não fiquemos amedrontados e nem céticos com a ideia de o Judiciário sendo capaz de tudo, ele não pode e nem a Globo.

Será trabalhosa a vitória, tentarão de tudo para impedir de o PT vencer, mas ele vencerá e bem e com uma votação maior  em porcentagem de votos que a de 2014.

Bolsonaro jamais foi ameaça de fato para o golpe

Hahah… Gente, porque os analistas de esquerda entraram nessa narrativa ilusória de que o candidato ultraconservador do PSL é ameaça aos principais artífices do golpe (PSDB/MDB)? Foram eles e a própria imprensa que criaram esse monstro e o MBL.  Esse candidato e o MBL apoiaram o golpe e todas as medidas do governo golpista. Se houver segundo turno entre Bolsonaro e o candidato do PT, os partidos do golpe, TODOS, vão apoia-lo e compor seu governo com o mesmo fisiologismo de sempre, com o discurso de defesa da democracia, mesmo que seja para um ano depois derrubá-lo junto com a mídia golpista de sempre. PSDB/MDB já desistiram há tempos do protagonismo que encerra o presidencialismo, para apostar em um parlamentarismo que possa perpetuar a retirada de direitos com toda a discrição e aparência de normalidade institucional. A esquerda deveria estar mais preocupada em eleger deputados progressistas. Acorda!!!