Belo Monte pode ter problemas para escoar parte da energia gerada

Da Agência Brasil

A Usina Hidrelétrica Belo Monte, no Rio Xingu (PA), vai acionar as primeiras turbinas nos próximos meses, mas poderá ter problemas para escoar a energia gerada para outras regiões do país. Em um primeiro momento, quando a geração de Belo Monte ainda estiver baixa, a energia será transmitida diretamente para o Sistema Interligado Nacional, pela subestação Xingu, situada no município paraense de Vitória do Xingu. No entanto, quando a geração aumentar, pode haver dificuldades para escoar toda a energia.

As linhas de transmissão que deverão levar a energia de Belo Monte à Região Nordeste estavam sendo construídas pela empresa Abengoa, mas as obras foram paralisadas no fim do ano passado porque a matriz da empresa, na Espanha, entrou em recuperação judicial. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o atraso nesses empreendimentos poderá restringir a geração de energia em Belo Monte até a entrada da primeira grande linha de transmissão do empreendimento. 

“Considerando as previsões atuais dos agentes, é bastante provável que haja restrição de geração no período de novembro de 2016 a julho de 2017”, diz um relatório sobre o setor de transmissão publicado recentemente pela agência reguladora. O principal empreendimento da Abengoa, que foi paralisado, é a linha de transmissão que interliga a usina a Miracema do Tocantins. A linha, que deverá passar por 22 municípios, foi licitada em 2013 e deveria entrar em operação em agosto deste ano. Mas, com os atrasos, só deve começar a transmitir energia em setembro de 2017, segundo relatório de fiscalização da Aneel.

De acordo com previsões da Aneel, a usina começará gerando menos de 1 mil megawatts e chegará ao fim do ano com geração de mais de 3 mil megawatts. A capacidade de geração aumentará gradualmente, com a entrada em operação de novas turbinas, e a potência máxima da usina, estimada em 11,2 mil MW, deve ser alcançada no início de 2019. 

As duas maiores linhas de transmissão de Belo Monte, que vão levar a energia para o Sudeste, só devem ficar prontas em 2018 e 2019. Esses dois empreendimentos estão com o cronograma em dia, segundo relatório da Aneel. O primeiro bipolo foi leiloado em fevereiro de 2014 e vai levar a energia da Subestação Xingu até Estreito, Minas Gerais. A linha, de 2 quilômetros de extensão, deve ficar pronta em 2018 e está sendo construída pelo consórcio formado pelas empresas Eletronorte, Furnas e State Grid. O segundo bipolo, leiloado em julho do ano passado, vai até Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, e deve estar pronto em dezembro de 2019. O empreendimento está sendo construído pela State Grid e terá 2,5 quilômetros de extensão.

Para o professor Nivalde de Castro, coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a questão da transmissão deve ser um grande problema para o empreendimento. A falta das linhas de transmissão da Abengoa demonstra, segundo ele, o sintoma de que o segmento de transmissão está em crise preocupante.

“A questão de transmissão é o grande problema como um todo, não só para Belo Monte. Este, hoje, é o segmento que mais preocupa porque pode desestruturar o planejamento do setor elétrico que busca manter o equilíbrio dinâmico entre oferta e demanda. Estamos tendo capacidade de gerar e não vamos poder atender à demanda por falta de linhas de transmissão porque o setor entrou em uma crise muito preocupante”, disse. Castro lembra que nos últimos leilões de transmissão vários lotes ficaram sem compradores e que, nos próximos leilões, poderá não haver interessados suficientes para participar da competição.

Justiça suspende licença de operação

A previsão é que a usina comece a gerar energia em março. Mas, na semana passada, uma decisão judicial suspendeu a licença de operação de Belo Monte por causa de descumprimentos de condicionantes relacionadas à Fundação Nacional do Índio (Funai). A Norte Energia, responsável pela construção e operação da usina, não informou se a decisão da Justiça Federal de Altamira vai afetar o cronograma do empreendimento, mas disse que  não foi notificada sobre a decisão e que cumpriu todas as determinações e obrigações do licenciamento ambiental do empreendimento. 

Segundo a Norte Energia,  a usina está com mais de 87% das obras civis concluídas e a empresa está monitorando o enchimento dos reservatórios até que o nível esteja adequado para a geração de energia. De acordo com a empresa, o nível do Rio Xingu está subindo como previsto.

Redação

14 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. É uma usina completamente

    É uma usina completamente errada em projeto e concepção, jamais uma usina desse porte e com esse investimento poderia ter sido construida a frio d´agua, sem reservatorio, o que aconteceu pelo clima criado pelos ambientalistas com Marina Silva à frente, é a usina SIMBOLO DAS MINORIAS, toda ela construida dentro do interesse desses grupos, a maioria que se lasque.

    1. É o que os americanos chamam de NIMBY

      Not In My Back Yard – não no meu quintal. Essa mesma maioria não está lá muito disposta a ter uma usina de geração de energia elétrica a carvão ou nuclear nas suas proximidades. Estas não teriam problema de armazenamento nem de transmissão.

      1. Como Belo Monte não é nem a

        Como Belo Monte não é nem a carvão e nem nuclear, o exemplo não se aplica. Não obstante os EUA tem grande quantidade de usinas termicas à carvão, considerando que a parcelo hidro é de apenas 15%. Com tecnologia de ponta já se conseguiu reduzir consideravelmente a emissão de carbono por essas usinas.

        A ineficiencia de usinas a fio dá agua é consenso mundial, é o modelo mais anti-economico que existe e o dano ambiental, por causa da construção de grandes canis de afunilamento não é muito menor do que usina de reservatorio.

    2. Do Professor Eduardo Celestino Rodrigues, dono da Cetenco

      Na página 54 do seu livro, editado pela Livraria José Olympio Editora, se lê:

      “Dado o regime torrencial dos rios, devido às chuvas concentradas em parte do ano, e sendo, praticamente, impossível guardar toda a água, em excesso, nos reservatórios, as usinas hidroelétricas da Amazônia podem ser supermotorizadas de modo a operarem com grande potência na época das grandes chuvas, usando essa geração extra de energia elétrica para produção sazonal de produtos com alto conteúdo energético: alumínio, soda e cloro, níquel, zinco, cobre, ferroligas, urânio enriquecido e outros”.

      Isto era sabido há mais de quarenta anos, o livro é de 1975, já era recomendado para as usinas da Amazônia a supermotorização, o que faz delas na prática serem a fio d’água. A falta de reservatório não tem nada a ver com a preocupação ambiental, coisa que nunca preocupou os eletrocratas do Setor, a supermotorização estava prevista na visão de planejamento que se tinha nos 1970.

      Em tempo, Itaipú é a segunda maior usina hidroelétrica do mundo, tem porte bem maior do que Belo Monte, tecnicamente é considerada a fio d’água, seu reservatório isolado não dá conta de sua motorização.

      1. http://amazonia.org.br/2015/1

        http://amazonia.org.br/2015/12/belo-monte-sem-barragem-e-um-absurdo-diz-presidente-da-fapesp/

        ‘1.Entrevista do Professor Jose Goldenberg, ex-Presidente da CESP e ex-Ministro do Meio Ambiente, um dos maiores especialistas em energia do Brasil CONDENANDO absolutamente o projeto a fio dágua de Belo Monte e aribuindo-o ao

        lobby ambientalista.

        2.Belo Monte tem potencia instalada de 11.200 MW mas a potencia media gerada no ano será de 4.500 MW, porque durante sete meses por ano as turbinas NÃO TERÃO AGUA para girar, essa é a aberração da fio dá gua.

        3.Itaipu tem 14.000 MW, um lago de 1.350 km2, um dos maiores lagos artificiais do mundo e produz o ANO INTEIRO.

        4.Os conceitos de 1975 tiveram muitas revisões 40 anos depois, mesmo considerando a notoria ciencia do Prof.Celestino Rodrigues, amigo de familia, não era dono da Cetenco e sim socio, os maiores acionistas eram (e são) os Malzoni.

        5.A discussão sobre o projeto a fio dá agua de Belo Monte foi intensa no Conselho de Administração da CEMIG, quando se decidiu a participação da CEMIG na Norte Energia, dona de Belo Monte. Os experientes engenheiros barragistas no Conselho, como Guy Villela, que projetou grande numero de usinas do sistema CEMIG, era absolutamente contra a solução fio dágua.

        A maioria dos engenheiros com experiencia em usinas hudro são contra a solução fio dágua.

        1. Eu sou a favor

          Acho acertada a opção por fazer a usina de Belo Monte a Fio d’Água. A construção de uma usina hidroelétrica na regiãop amazônica já é um risco ambiental, justificável pelo aumento de demanda epelo maior custo ambiental das alternativas disponíveis, porém a formação de um grande reservatório seria um risco ainda maior, que foi mitigado pelo tipo de usina escolhido.

          Não se tem conhecimento suficiente sobre os efeitos de um grande reservatório no bioma amazônico e a experiência de Balbina parece corroborar a preocupação decorrente desse fato.

          Por outro lado a geração de energia no período de chuvas permitirá que se poupe a água dos reservatórios existentes para utilização em períodos mais secos.

          Pode não ser o ideal, pode-se discordar da decisão tomada, mas com certeza não foi nenhum absurdo, há argumentos consistentes para embasar a decisão tomada.

          Que eu pessoalmente penso ser correta.

        2. Sobre Itaipu, não é sequer o maior lago do Brasil.

          Há vários outros que o superam em área e volume no país: http://www.ib.usp.br/limnologia/Represa/Maioresrepresas.htm

          Se for comparado com outros do mundo, não chega a um quarto do volume do Lago Nasser, no Egito; há mais de quarenta reservatórios maiores no mundo: https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_reservoirs_by_volume

          O que regulariza o fornecimento de energia  em Itaipu é a existência de dezenas de outros, a montante na Bacia do Paraná, como Ilha Solteira, Furnas, Porto Primavera e Emborcação, que regularizam a vazão do rio no eixo em que se localiza Itaipu. Repito, o reservatório, tomado de forma isolada dos demais, não dá conta plena de  sua motorização, garantiria a energia por pouco tempo.

          Você reclama do “lobby ambientalista” e apresenta o lobby da eletrocracia, como se houvesse legitimidade para um e não para o outro. Itaipu foi feita debaixo de ditadura, afogou a maravilha das Sete Quedas, um crime ambiental como de Três Gargantas, também praticado debaixo de ditadura. Histórias escabrosas se conta sobre Itaipu, estamos em outros tempos e felizmente sem ditadura, a eletrocracia empedernida ainda não se deu conta disso.

  2. Não há problema.
    Se, como a reportagem diz, não há atrasos no cronograma das obras…

    A reportagem estava falando sobre o que mesmo? A sim, sobre o risco de atraso das obras que estão no prazo.
    Realmente HÁ POSSIBILIDADE de que às obras QUE ESTÃO EM DIA atrasem.

    1. Não há problema……

      A obra da “Usina de Belo Monte” está em dia, sem atrazos, apenas “uma” das várias linhas de transmissão que deveria ser inaugurada numa “x” data, foi descartada a entrega pela empresa vencedora da licitação, deixando de distribuir a energia que já estará sendo gerada pela “usina” na “x” data.

      Valeu Athos

  3. A empreiteira espanhola

    A empreiteira espanhola Abengoa se meteu em todo tipo de falcatrua no mundo inteiro, principalmente depois que o governo espanhol cortou os subsídios milionários concedidos à empresa, de modo que sua quebra (recuperação judicial é eufemismo) não é nenhuma novidade. Nos Estados Unidos, terra amada pelo André Araujo pelo suspoto tratamento carinhoso dedicado a essas grandes empresas, a companhia sofreu tantos processos por acusações de tráfico de influência e corrupção que os jornais locais chegaram a publicar a seguinte manchete: “Sabe como se diz corrupção em espanhol? Abengoa”. Na Espanha a situação está pior ainda, com procuradores mergulhando fundo nos conluios feitos pela empresa com socialistas e conservadores para manter sua “Bolsa Empresário” que já durava mais de década. Mas como a conduta da empresa é o que menos interessa quando o assunto é obra parada, podem culpar os procuradores espanhóis e algum Moro americano pela situação lamentável de Belo Monte aqui.

  4. Belo Monte coitada….

    Nunca vi obra desse porte tão mal conduzida. O canteiro parece uma favela, o acabamento das obras geotécnicas dá uma idéia de obra feita de qualquer jeito, sem compromisso com a técnica e a qualidade. O concreto das estruturas hidráulicas já está dominado/enegrecido por fungos e a obra ainda não chegou na metado do seu tempo… essa é a situação da engenharia nacional e é o legado das décadas de desvalorização da profissão. Nesse país de 3 milhões de advogados quem produz alguma coisa?

  5. Como tem comentarista pra “dizer” que uma coisa não presta !!!

    atraz do notebook todos somos uma sumidade.

    Um dos maiores problemas desta nova era é convencer os adolescentes e opineiros de plantão que: 

    “Para que alguma coisa aconteça alguém tem que fazer”.

    É muito fácil ficar dentro do ar condicionado , ter energia 24 horas e ser contra Belo Monte , contra a soja  e contra a poluição do peido da vaca!

  6. Três hidroelétricas…

    Belo Monte, Santo Antônio e Jirau.

    Itaupú levou quanto tempo mesmo? Além aumentar a divida externa, Paraguai ficou com 50%.

    Três hidroelétricas em construção ao mesmo tempo! Nunca na história deste País…

  7. Diversificar

    Tem que haver no pais um mix de diferentes fontes, dependendo do potencial regional e explorando-os: Hidreletricas a fio dagua ou c reservatorios, termicas, solar e eolica sao as com maior potencial no brasil. Estas se complementam. 

    O ideal se tivessemos mais usinas hidreletricas reversiveis com grandes reservatorios e princip quedas, maiores q p ex. 500m, p armazenar “energia” qdo energia sobresalente no sistema.

    Nao sei como funciona no brasil, mas sera q operadores trabalham em sistema integrado no pais inteiro focando seguranca no fornecimento e dividindo lucros?

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador