Gás de xisto: a poluição prolongada como preço pela energia barata

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Sugerido por MiriamL

A grande farsa do gás de xisto

Do Le Monde Diplomatique

Energia barata versus poluição prolongada: nos EUA, o dilema da exploração de gás e petróleo de xisto não atormentou industriais nem o poder público. Em menos de uma década, essas novas reservas recolocaram o país no crescimento, doparam o emprego e restabeleceram a competitividade. Mas e se for apenas uma bolha?

Se crermos nas manchetes da imprensa norte-americana anunciando um boomeconômico graças à “revolução” do gás e do petróleo de xisto, o país logo estará se banhando em ouro negro. O relatório de 2012, “Perspectivas energéticas mundiais”, da Agência Internacional de Energia (AIE), informa que, por volta de 2017, os Estados Unidos arrebatarão da Arábia Saudita o primeiro lugar na produção mundial de petróleo e conquistarão uma “quase autossuficiência” em matéria energética. Segundo a AIE, a alta programada na produção de hidrocarbonetos, que passaria de 84 milhões de barris/dia em 2011 para 97 milhões em 2035, proviria “inteiramente dos gases naturais líquidos e dos recursos não convencionais” – sobretudo o gás e o óleo de xisto –, ao passo que a produção convencional começaria a declinar a partir de… 2013.

Extraídos por fraturamento hidráulico (injeção, sob pressão, de uma mistura de água, areia e detergentes para fraturar a rocha e deixar sair o gás), graças à técnica da perfuração horizontal (que permite confinar os poços à camada geológica desejada), esses recursos só são obtidos ao preço de uma poluição maciça do ambiente. Entretanto, sua exploração nos Estados Unidos criou várias centenas de milhares de empregos, oferecendo a vantagem de uma energia abundante e barata. Conforme o relatório de 2013, “Perspectivas energéticas: um olhar para 2040”, publicado pelo grupo ExxonMobil, os norte-americanos se tornarão exportadores líquidos de hidrocarbonetos a partir de 2025 graças aos gases de xisto, num contexto de forte crescimento da demanda mundial do produto.

Mas e se a “revolução dos gases de xisto”, longe de robustecer uma economia mundial convalescente, inflar uma bolha especulativa prestes a explodir? A fragilidade da retomada, tanto quanto as experiências recentes, deveria convidar à prudência diante de tamanho entusiasmo. A economia espanhola, por exemplo, outrora tão próspera – quarta potência da zona do euro em 2008 –, está hoje em maus lençóis depois que a bolha imobiliária, à qual ela se agarrava cegamente, explodiu sem aviso prévio. A classe política não aprendeu muita coisa com a crise de 2008 e está a ponto de repetir os mesmos erros no campo das energias fósseis.

Em junho de 2011, uma pesquisa do New York Timesjá revelava algumas fissuras no arcabouço midiático-industrial do boomdos gases de xisto, atiçando assim as dúvidas alimentadas por diversos observadores – geólogos, advogados, analistas de mercado – quanto aos efeitos da publicidade das companhias petrolíferas, suspeitas de “superestimar deliberadamente, e mesmo ilegalmente, o rendimento de suas explorações e o volume de suas jazidas”.1 “A extração do gás do xisto existente no subsolo”, escreveu o jornal, “poderia se revelar menos fácil e mais cara do que afirmam as empresas, como se vê pelas centenas de e-mails e documentos trocados pelos industriais a esse respeito, além das análises dos dados recolhidos em milhares de poços.”

No início de 2012, dois consultores norte-americanos soaram o alarme na Petroleum Review, a principal revista britânica da indústria petrolífera. Incertos quanto à “confiabilidade e durabilidade das jazidas de gás de xisto norte-americanas”, eles observam que as previsões dos industriais coincidem com as novas regras da Security and Exchange Commission (SEC), o organismo federal de controle dos mercados financeiros. Adotadas em 2009, essas regras autorizam as empresas a calcular o volume de suas reservas como bem entendam, sem precisar da verificação de uma autoridade independente.2

Para os industriais, superestimar as jazidas de gás de xisto permite pôr em segundo plano os riscos associados à sua exploração. Ora, o fraturamento hidráulico não apenas tem efeitos prejudiciais sobre o meio ambiente como coloca um problema estritamente econômico, uma vez que gera uma produção de vida muito curta. Na revista Nature, um ex-consultor científico do governo britânico, David King, esclarece que o rendimento de um poço de gás de xisto diminui de 60% a 90% após seu primeiro ano de exploração.3

Uma queda tão significativa torna evidentemente ilusório qualquer objetivo de rentabilidade. Depois que um poço se esgota, os operadores devem escavar imediatamente outros para manter seu nível de produção e pagar suas dívidas. Sendo a conjuntura favorável, essa corrida pode iludir durante alguns anos. Foi assim que, combinada com uma atividade econômica decrescente, a produção dos poços de gás de xisto – frágil a longo prazo, vigorosa por algum tempo – provocou uma baixa espetacular dos preços do gás natural nos Estados Unidos: de US$ 7 ou 8 por milhão de BTU (British Thermal Unit) para menos de US$ 3 ao longo de 2012.

Os especialistas em aplicações financeiras não se deixam enganar. “A economia do fraturamento é destrutiva”, adverte o jornalista Wolf Richter na Business Insider.4 “A extração devora o capital a uma velocidade impressionante, deixando os exploradores sobre uma montanha de dívidas quando a produção cai. Para evitar que essa diminuição engula seus lucros, as companhias devem prosseguir bombeando, compensando poços esgotados com outros que se esgotarão amanhã. Cedo ou tarde esse esquema se choca com um muro, o muro da realidade.”

Arthur Berman, um geólogo que trabalhou para a Amoco e a British Petroleum, confessa-se surpreso com o ritmo “incrivelmente acelerado” do esgotamento das jazidas. E, dando como exemplo o sítio de Eagle Ford, no Texas – “É a mãe de todos os campos de óleo de xisto” –, revela que “a queda anual da produção ultrapassa os 42%”. Para garantir resultados estáveis, os exploradores terão de perfurar “quase mil poços suplementares, todos os anos, no mesmo sítio. Ou seja, uma despesa de US$ 10 bilhões a 12 bilhões por ano… Se somarmos tudo, isso equivale ao montante investido para salvar a indústria bancária em 2008. Onde arranjarão tanto dinheiro?”.5

A bolha do gás já produziu seus primeiros efeitos sobre algumas das maiores empresas petrolíferas do planeta. Em junho último, o diretor-presidente da Exxon, Rex Tillerson, queixou-se de que a queda dos preços do gás natural nos Estados Unidos era sem dúvida uma boa notícia para os consumidores, mas uma maldição para sua companhia, vítima da diminuição drástica dos lucros. Se, diante dos acionistas, a Exxon continuava fingindo que não perdera um centavo por causa do gás, Tillerson desfiou um discurso quase lacrimoso diante do Council on Foreign Relations (CFR), um dos fóruns mais influentes do país: “Logo, logo, perderemos até as calças. Não ganhamos mais dinheiro. As contas estão no vermelho”.6

Mais ou menos na mesma ocasião, a companhia de gás britânica BG Group se via às voltas com “uma depreciação de seus ativos referentes ao gás natural norte-americano da ordem de US$ 1,3 bilhão”, sinônimo de “queda sensível em seus lucros intermediários”.7 Em 1º de novembro de 2012, depois que a empresa petrolífera Royal Dutch Shell amargou três trimestres de resultados medíocres, com uma perda acumulada de 24% em um ano, o serviço de informações da Dow Jones divulgou essa notícia funesta, alarmando-se com o “prejuízo” causado ao conjunto do setor de ações pela retração do gás de xisto.

Da panaceia ao pânico

A bolha não poupa sequer a Chesapeake Energy, que, no entanto, é a pioneira na corrida aos gases de xisto. Esmagada por dívidas, a empresa norte-americana precisou vender parte de seus ativos – campos e gasodutos a um valor total de US$ 6,9 bilhões – para honrar seus compromissos com os credores. “A empresa está indo um pouco mais devagar, muito embora seu CEO a tenha transformado num dos líderes da revolução dos gases de xisto”, deplorou o Washington Post.8

Como puderam cair tanto os heróis dessa “revolução”? O analista JohnDizard observou, no Financial Timesde 6 de maio de 2012, que os produtores de gás de xisto haviam gasto quantias “duas, três, quatro ou mesmo cinco vezes superiores aos seus fundos próprios a fim de adquirir terras, escavar poços e levar a bom termo seus projetos”. Para financiar a corrida do ouro, foi necessário pedir emprestadas somas astronômicas “em condições complexas e exigentes”, lembrando que Wall Street não se afasta nunca de suas normas de conduta habituais. Segundo Dizard, a bolha do gás deveria, porém, continuar crescendo por causa da dependência dos Estados Unidos desse recurso economicamente explosivo. “Considerando-se o rendimento efêmero dos poços de gás de xisto, as perfurações devem prosseguir. Os preços acabarão por se ajustar a um nível elevado, e mesmo muito elevado, para cobrir não apenas dívidas antigas, mas também custos de produção realistas.”

Não se descarta, contudo, que diversas companhias petrolíferas de grande porte se vejam simultaneamente na iminência da ruína financeira. Caso essa hipótese se confirme, diz Berman, “assistiremos a duas ou três falências ou operações de compra de enorme repercussão; cada qual resgatará seus papéis, os capitais se evaporarão e teremos o pior dos cenários”.

Em suma, o argumento segundo o qual os gases de xisto protegeriam os Estados Unidos ou a humanidade contra o “pico do petróleo” – nível a partir do qual a combinação das pressões geológicas e econômicas tornará a extração do produto bruto insuportavelmente difícil e onerosa – não passa de um conto de fadas. Diversos relatórios científicos independentes, divulgados há pouco, confirmam que a “revolução” do gás não trará nenhum alívio nessa área.

Num estudo publicado pela revista Energy Police, a equipe de King chegou à conclusão de que a indústria petrolífera superestimou em um terço as reservas mundiais de energia fóssil. As jazidas ainda disponíveis não excederiam 850 bilhões de barris, enquanto as estimativas oficiais falam de mais ou menos 1,3 trilhão. Segundo os autores, “imensas quantidades de recursos fósseis permanecem nas profundezas da terra, mas o volume de petróleo explorável pelas tarifas que a economia mundial tem o costume de suportar é limitado, devendo além disso diminuir a curto prazo”.9

A despeito dos tesouros em gás arrancados do subsolo por fraturamento hidráulico, a diminuição das reservas existentes prossegue num ritmo estimado entre 4,5% e 6,7% por ano. King e seus colegas repelem, pois, categoricamente a ideia de que o boomdos gases de xisto poderá resolver a crise energética. Por sua vez, o analista financeiro Gail Tverberg lembra que a produção mundial de energias fósseis convencionais não aumentou depois de 2005. Essa estagnação, na qual ele vê uma das causas principais da crise de 2008 e 2009, anunciaria um declínio suscetível de agravar ainda mais a recessão atual – com ou sem gás de xisto.10 E não é tudo: numa pesquisa publicada em conjunto com o relatório da AIE, a New Economics Foundation (NEW) prevê que o pico do petróleo será alcançado em 2014 ou 2015, quando os gastos com a extração e o abastecimento “ultrapassarão o custo que as economias mundiais podem assumir sem causar danos irreparáveis às suas atividades”.11

Submergidos pela retórica publicitária dos lobistas da energia, esses trabalhos não chamaram a atenção da mídia nem dos políticos. É lamentável, pois podemos entender perfeitamente sua conclusão: longe de restaurar a prosperidade, os gases de xisto inflam uma bolha artificial que camufla temporariamente uma profunda instabilidade estrutural. Quando ela explodir, provocará uma crise de abastecimento e um aumento de preços que talvez afetem dolorosamente a economia mundial.

Nafeez Mosaddeq Ahmed

Cientista político, é diretor do Institute for Policy Research and Development, Brighton, Reino Unido

Ilustração: Daniel Kondo

1 “Insiders sound an alarm amid a natural gas rush” [Especialistas soam um alarme em meio a uma corrida de gás natural], New York Times, 25 jun. 2011.
2 Ruud Weijermars e Crispian McCredie, “Inflating US shale gas reserves” [Inflando as reservas de gás de xisto dos EUA], Petroleum Review, Londres, jan. 2012.
3 David King e James Murray, “Climate policy: oil’s tipping point has passed” [Política climática: o ponto de inflexão do petróleo passou], Nature, Londres, n.481, 26 jan. 2012.
4 Wolf Richter, “Dirt cheap natural gas is tearing up the very industry that’s producing it” [Gás natural sujo e barato está destruindo a indústria que o produz], Business Insider, Portland, 5 jun. 2012.
5 “Shale gas will be the next bubble to pop. An interview with Arthur Berman” [O gás de xisto será a próxima bolha a estourar. Entrevista com Arthur Berman], 12 nov. 2012. Disponível em: <www.oilprice.com>.
6 “Exxon: ‘losing our shirts’ on natural gas” [“Exxon: ‘perdendo as calças’ no gás natural”], Wall Street Journal, Nova York, 27 jun. 2012.
7 “US shale gas glut cuts BG Group profits” [O excesso de gás de xisto nos EUA reduz lucros do BG Group], The Financial Times, Londres, 26 jul. 2012.
8 “Debt-plagued Chesapeake energy to sell $6,9 billion worth of its holdings” [Pressionada pela dívida de energia, a Chesapeake vende US$ 6,9 bilhões de valor de suas participações], Washington Post, 13 set. 2012.
9 Nick A. Owen, Oliver R. Inderwildi e David A. King, “The status of conventional world oil reserves – hype or cause for concern?” [O estado das reservas de petróleo convencional do mundo – publicidade exagerada ou motivo de preocupação?], Energy Policy, Guildford, v.38, n.8, ago. 2010.
10 Gail E. Tverberg, “Oil supply limits and the continuing financial crisis” [Limites do abastecimento de petróleo e a continuação da crise financeira], Energy, Stanford, v.35, n.1, jan. 2012.
11 “The economics of oil dependence: a glass ceiling to recovery” [A economia da dependência do petróleo: um teto de vidro para a recuperação], New Economics Foundation, Londres, 2012.

 

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

14 Comentários

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  1. E desde quando a exploração

    E desde quando a exploração de petróleo nao é poluente?

    Que viagem.

    Ambos os recursos são prejudiciais e por isso vao perder espaço para fontes renováveis – o que vai, igualmente, jogar o preço do petróleo para baixo com os anos.

    Menos aqui, é claro. Aqui o petróleo é considerando combustível limpo. Não existe o menos risco de um vazamento acabar com o litoral do Rio, por exemplo. Ou com a Amazônia, que conta com exploração onshore.

    Tudo papo de esquerdista e francês recalcado.

    1.      Qual fonte renovável de

           Qual fonte renovável de energia não causa porblema ambiental? Coloque qualquer uma para produzir a mesma quantidade de energia que o petróleo produziu desde o seu início e você verá as consequencias.
          No entanto, o Brasil tem condição de ter uma Matriz Energética diversificada, inclusivive com petróleo.

    1. Engraçado! Tive a mesma

      Engraçado! Tive a mesma ideia!

      O objetivo maior é emparedar os russos. Vamos ver se as finanças americanas aguentam o tranco…

  2. Volta e meia, em Santa

    Volta e meia, em Santa Catarina, o porta-voz dos interesses escusos, RBS, lança “balões de ensaio” em relação a quanto o estado ganharia (poluição, nem falar) com tal exploração. Por enquanto, os verdadeiros “bandidos” ainda não deram as caras, mas, tem tudo para acontecer. Pobre estado.

  3. E o pre-sal vem depois de 2015

    Que dizer que o boom do petroleo do pré-sal da petrobrás vai conncidir com o desastre mundial do petroleo. 

    Então é por causa esta notiçia ruim para o mundo mas ótima para o Brasil que o pig e a globo estão tentando destrui-la? Bingo!

    Meus amigos comprem ações da petrobras agora que o pig a fez tão barata, a possibilidade de grandes lucros, é um jogo, escareço, é enorme. 

    O pig é bandido.

  4. teoria
    Essa era una das teorias de conspiracao que postei ontem aqui no blog.
    Fazer o preço do petróleo cair para comprar empresas petrolíferas baratas mas que tenham petróleo de verdade e não essa mentira do xisto.
    Eles querem o pré-sal.

  5. Fracking & prejuízos

    MiriamL,

    Que eu me lembre, este é primeiro post que aborda seriamente o fracking e suas notáveis (e péssimas) conseqências no vurto e médio prazo.

    No curto prazo, é praticamente certo que a dor de cabeça já tenha começado pelos empréstimos que não serão quitados e muito menos rolados – com a providencial ajuda da SEC (a CVM americana),  que sabiamente abriu as portas para um possível grande estouro no mercado financeiro ao permitir ás empresas informar o que quiserem quanto a volume de suas reservas, restará aguardar e acompanhar a dimensão da pancada no mercado, certamente bastante expressiva.

    O autor do texto optou por não se aprofundar na destruição que aquela panacéia provoca ao meio ambiente, mas em algum momento isto ganhará o noticiário. Aqui, só fez um gancho com o excelente documentário inglês sobre o assunto, A Grande Farsa do Aquecimento Global.

    Aguardo as manifestações de protesto das ONGs dedicadas de corpo e alma ao meio ambiente, assim como do IPCC sempre preocupado com as árvores e passarinhos.

  6. Shale Gas

    Dias atrás estava vendo um entrevista num desses canais de notícias e o entrevistado estava dizendo que a ideia da baixa e manutenção em baixa do petroleo é para inviabilizar essas empresas que atuam no shale gas.

    recomendo o filme Terra Prometida com Matt Damon, muito bom prá entrar nessa indústria do gás de xisto e suas consequências.

  7. O capitalismo em transe

    Só pode. Xisto é farsa bem construída, mas mentira com pernas curtíssimas. Alguns poucos ganharão muito em Wall Street. Os mesmos que ganham com a queda, depois com a subida das ações da Petrobras. Viva o hedge! Mas, logo veremos mudanças nas táticas. O objetivo no tabuleiro é ali, o Mar Cáspio, as maiores reservas ainda inexploradas de petróleo. Basta ganhar a Síria, depois Irã. E tirar a Rússia do caminho. Torcendo para a China ficar fora da briga. Apenas. Quem disse que a vida está fácil?

    Para entender Xisto X Rússia:

    http://www.globalresearch.ca/shale-gas-fracking-and-americas-proxy-war-against-russia-joe-biden-promotes-fracking-on-ukraine-trip/5378999

    Para entender como derrotar a Síria para chegar ao Cáspio:

    The Proxy ‘Civil War’ In Syria Is About Gas, Oil And Pipelines

     

     

  8. Fico muito feliz que esse

    Fico muito feliz que esse importante assunto comece a dar mais as caras nesse forum de discussão !

    Aqui no Brasil, a ANP [Agencia Nacional do Petróleo] já fez movimentos em direção à introdução desse perigoso sistema, sem os devidos estudos de impacto , como sempre. O MP [Ministério Público], entidades de cientistas, servidores públicos da área ambiental e sociedade civil tentam exigir melhores estudos antes da emissão das licenças. Algumas áreas em leilão se localizam sobre o Aquífero Guarani, fazendo com que os riscos de contaminação sejam muito mais graves. Mas trata-se de uma luta que não recebe os holofotes que deveria … e a ANP continua no seu caminho fechado às discussões com a sociedade para a qual deveria trabalhar.

    https://jornalggn.com.br/blog/mpaiva/seminario-alerta-sobre-riscos-do-fracking-ao-meio-ambiente-no-rj-29-julho#comments

    https://jornalggn.com.br/blog/mpaiva/o-protesto-contra-a-exploracao-do-gas-de-xisto-em-toledo-pr

    https://jornalggn.com.br/blog/mpaiva/mpf-participa-de-debate-na-alepi-sobre-exploracao-de-xisto-no-piaui

    https://jornalggn.com.br/blog/mpaiva/gas-de-xisto-no-brasil-os-problemas-que-se-avizinham

    https://jornalggn.com.br/blog/mpaiva/ministerio-publico-federal-recomenda-suspensao-da-12ª-rodada-de-leilao-do-petroleo-e-gas

    https://jornalggn.com.br/blog/mpaiva/asibama-nacional-notifica-o-mma-o-mme-e-a-anp-sobre-o-“fracking”

    https://jornalggn.com.br/blog/mpaiva/deu-no-estadao-canadense-aposta-em-gas-de-xisto-no-pais

    https://jornalggn.com.br/blog/mpaiva/moratoria-do-fracking-ja-pedem-servidores-publicos-federais-da-area-ambiental

    https://jornalggn.com.br/blog/mpaiva/xisto-implicacoes-economicas-e-ambientais-entrevista-com-luiz-fernando-scheibe

    https://jornalggn.com.br/blog/mpaiva/gas-de-xisto-–-problema-ou-solucao

     

     

  9. Neste artigo há vários fatos reais e grandes omissões.

    Neste artigo há vários fatos reais e grandes omissões.

    Primeira delas é que o gás de folhelho (gás de xisto é um nome impróprio) é uma bolha que desaparecerá em curto prazo. O que está em jogo não é o gás ou o petróleo extraído do folhelho, mas sim quem domina as reservas.

    Os hidrocarbonetos convencionais (petróleo e gás), extraído tanto na Arábia Saudita como no Brasil, Rússia e outros países tradicionais no mercado está realmente à beira da exaustão, e a luta pelas fontes não convencionais, das areias betuminosas no Canadá até as reservas em folhelhos é o desafio dos próximos anos das grandes empresas.

    O que caracteriza o óleo e o gás obtido a partir do folhelho é realmente a grande necessidade não só de capital monetário como de capital humano, a perda de produtividade dos poços só atinge 60% no primeiro ano em situações muito ruins a média. Nos poços na formação Bakken na Dakota do Norte, onde este declínio foi bem estudado por Rune Likvern, um engenheiro norueguês especialista em petróleo. Rune Likvern, foi o primeiro a detectar o fenômeno da perda de vazão como um dos problemas dos depósitos deste tipo, ele estima uma perda em torno de 40% ou um pouco mais no primeiro ano e trabalhos posteriores mostraram que esta perda era também em função da velocidade de extração.

    Quem quiser olhar os Rune Likvern trabalhos é só seguir o seu Blog FRACTIONAL FLOW (que continua a ser editado) ou mesmo no The Oil Drum que estranhamente foi descontinuado em 2013. O seu trabalho principal pode ser resumido no http://www.theoildrum.com/node/9506 em que o termo Red Queen para a extração de petróleo apareceu à primeira vez.

    Pois o que os especialistas da área chamam a atenção é de dois fenômenos, primeiro o decaimento rápido na produção e a necessidade de perfuração de novos poços para manter a produção constante. Estas características aliadas a um custo de extração que deve estar em torno de US$40,00 o barril, fazem que a exploração das jazidas de óleo e gás de folhelho sejam extremamente sensível ao baixo preço do petróleo.

    Agora o que não está claramente expresso no artigo, e talvez aí esteja o seu maior defeito, é que os gigantes do petróleo, Exxon Mobil, Shell e outras estavam perdendo espaço na quantidade de óleo e gás extraído perante as empresas menores nos Estados Unidos.

    Esta perda não estava concentrada nas reservas convencionais ainda existentes, mas sim na produção não convencional.

    A luta das grandes empresas para manter o domínio do mercado passa pela desinformação da população em geral e inclusive utilizando os aspectos ambientais na extração do óleo e gás de folhelho. A tecnologia do fraturamento hidráulico é conhecida à mais de um século e a tecnologia de poços horizontais há mais de 60 anos. O que houve é que empresas menores no ramo do petróleo (empresas menores são empresas imensas para outros ramos) na ausência de campos já conhecidos e explorados pelas grandes empresas começaram a se dedicar a extração de hidrocarbonetos em formações não convencionais, diversas dessas empresas desenvolveram técnicas de fraturamento hidráulico associadas à injeção de solventes diversos que permitiram a extração comercial do óleo e gás.

    No início parecia uma brincadeira sendo que as grandes irmãs (as maiores do petróleo) nem dedicaram muito dinheiro e pesquisa nestas tecnologias, com o tempo e com petróleo a mais de US$100,00 o barril o crescimento foi exponencial fazendo com que as Integradoras (as grandes empresas) chegassem a menos de 30% das reservas provadas nos USA.

    Com o mercado formado, com as reservas mapeadas, com a tecnologia desenvolvida o melhor para as integradoras é no lugar de criar o seu próprio mercado é comprar o existente. Como as integradoras possuem campos mais antigos, que produzem petróleo a menor preço, e como elas têm explorações no exterior o melhor para comprar as outras é fazê-las falirem!

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