Hidrelétricas da Região Norte são construídas com novo modelo

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – O modelo de construção das novas hidrelétricas na Região Norte do país segue um novo conceito. Apresentado no seminário “As Hidrelétricas da Amazônia e o Meio Ambiente”, promovido pelo Jornal GGN, usa usinas-plataforma que, diferentemente das existentes em outras regiões, não pretendem – nem vão – induzir o desenvolvimento local. O modelo foi inspirado nas plataformas marítimas da Petrobras, que são isoladas pelo mar.
 
De acordo com Altino Ventura Filho, secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do MME (Ministério de Minas e Energia), a ideia é respeitar o meio ambiente, as reservas indígenas e as APAs (Áreas de Proteção Ambiental).
 
A realidade no Amazonas é diferente, afirma o secretário, uma vez que não há presença humana atualmente, e não é desejável que as instalações para a construção das usinas se transformem em núcleos de moradia definitiva. Quando as usinas entrarem em operação, serão altamente automatizadas e demandarão pouca mão de obra para mantê-las em operação – não só pouparão o meio ambiente como serão um fator extra de proteção.
 
Outra característica desses novos projetos é o fato de serem do tipo fio d´água, que não mudam o curso hidrológico dos rios, diferentemente das usinas com reservatórios, que guardam água no período das cheias e a soltam na seca, permitindo até a navegabilidade ao longo do ano. O objetivo é justamente minimizar o impacto negativo à fauna e à flora da Região Norte.
 
Ventura Filho lembra que explorar a Amazônia é fundamental para o país, dado que de 35% a 40% do potencial hidrelétrico brasileiro está nessa região e, até agora, foram aproveitados somente 5% deste potencial.
 
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Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

4 Comentários

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  1.   Que o governo deixe de ser

     

    Que o governo deixe de ser indutor e/ou cúmplice de desastres ambientais é tudo o que muitos de nós , brasileiros , queremos . ( Aplausos às iniciativas sérias .)

     

    Que essas “usinas plataforma” , no entanto , parecem meramente propaganda enganosa , parecem … 

     

    Desde 2010 , quando começaram a ser divulgadas (timidamente , inclusive) , as “mágicas” tecnológicas saídas das cartolas governamentais omitiram dados importantes :

     

    – tem-se a impressão de que as usinas serão construídas “no meio do nada” (*) : no caso do Tapajós , por exemplo ,  as usinas se situam no território dos Mundurukus , povo que , o governo sabe muito bem , tem explicitado organizada e veemente contrariedade para qualquer projeto de barramento do seu rio sagrado (é , existem povos que consideram sagrados seus rios) ;

     

    – claro que o governo sempre pode , com canetadas mais ou menos simples , alterar zonas de proteção ambiental ou indígena etc etc e tirar o sofá da sala … mas aí volta-se aos métodos antigos e o discurso de modernidade das usinas plataforma fica mais esdrúxulo ainda ;

     

    – usinas a fio d’água não significam que o ambiente do rio não será alterado , com impactos negativos sobre a pesca , navegabilidade e os modos de sobrevivência dos povos tradicionais , que têm que ser consultados , reza a moderna governança ;

     

    – não há como não notar que essas grandes hidrelétricas andam diretamente relacionadas com  abertura de frentes para exploração de minérios … o novo marco regulatório da mineração tem sido levado com a discrição e falta de transparência convenientes para quem não tem interesse algum em discutir preservação do meio ambiente ou direitos de povos tradicionais , muito menos indígenas … onde se mantém a modernidade protetora das usinas plataforma nesse quesito , nem um pio nos vídeos oficiais ;

     

    – copiando Telma Monteiro : ” …acho que essa história de usinas plataforma tem como principal objetivo reduzir os estudos ambientais e os custos das mitigações e compensações. . “

     

    (*) a Amazônia como um “deserto de pessoas” , convenhamos , é um engano ultrapassado , principalmente à beira dos rios .

     

     

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