O futuro dos biocombustíveis

Do Portal Luís Nassif

Do Blog de Ronaldo Bicalho

O futuro dos biocombustíveis III: O processo de inovação que está construindo a indústria do futuro

No post anterior, apresentamos uma discussão dos pontos que podem justificar a nossa premissa central: a utilização industrial de biomassa será no futuro muito diferente da indústria que conhecemos hoje. O Worl Economic Forum acaba de publicar um relatório “The future of industrial biorefineries” que reforça essa idéia de uma nova indústria em construção.

Neste post, vamos discutir o processo de inovação que está em curso como base de construção dessa indústria dos biocombustíveis do futuro.

Excluída a produção dita de primeira geração (etanol de cana de açúcar e milho, biodiesel de óleos vegetais), existem algumas centenas de projetos inovadores em desenvolvimento no mundo. São as sementes da indústria do futuro. Examinar esses projetos pode nos ajudar a entender esse processo de inovação. Estamos montando um banco de dados com cerca de 50 projetos selecionados entre os mais interessantes e conhecidos. Ainda em uma versão muito preliminar, o banco de dados está parcialmente reproduzido no artigo “Biofuel technological innovation and the innovation in the Brazili… que apresentamos no 33rd IAEE Congress, em junho passado.

O que se pode observar analisando os projetos inovadores em desenvolvimento? O primeiro ponto a ser destacado é a quantidade e diversidade das alternativas propostas. Encontram-se inovações relacionadas a matérias primas, aos processos de conversão e aos produtos, além de inovações nos modelos de negócios. Por fim, é interessante observar o perfil e a estratégia das empresas e investidores (background do conhecimento, associações, empresas de base tecnológica, novos entrantes e grandes empresas estabelecidas).

No No presente estágio de desenvolvimento das tecnologias não é possível antecipar as inovações que vão ser efetivamente adotadas no mercado de combustíveis e de bioprodutos. Trata-se de um processo voltado para a geração de variedades que, dentro da dinâmica da inovação, serão selecionadas ao longo do tempo e contribuirão para a construção da indústria baseada em biomassa do futuro. Os projetos em desenvolvimento se voltam para a busca de melhores produtos, melhores processos e melhores matérias primas (de preços mais baixos e estáveis, e de fácil disponibilidade) para a produção de biocombustíveis que possam superar as limitações atuais da indústria e de bioprodutos que possam se apresentar como alternativas aos produtos de base fóssil.

Alguns pontos devem ser destacados. O primeiro refere-se à quantidade e diversidade das alternativas propostas, o que sugere que a tecnologia encontra-se na fase fluida. Não foram ainda definidos os processos e produtos que vão ocupar a maior parcela do mercado. Esse ponto sugere que as apostas se fazem ainda com elevado grau de incerteza.

Quanto às matérias primas, os esforços se concentram na melhoria da produtividade de matérias primas de diversos tipos utilizando conhecimentos de biotecnologia e engenharia genética. São desenvolvidas pesquisas em matérias primas já consagradas, como a cana de açúcar, e em matérias primas ainda não utilizadas largamente pela indústria, como os materiais celulósicos, as algas e novas plantas. Novos modelos de negócios utilizando o lixo como matéria prima têm sido testados.

A análise das inovações de processo mostra em primeiro lugar uma amplitude de técnicas em desenvolvimento, utilizando diversas bases de conhecimento (fermentação, processos enzimáticos, catálise, engenharia genética, gaseificação, síntese química). A variedade de processos aponta ainda para a presença de empresas com backgrounds variados de conhecimento e que tradicionalmente não estavam presentes nos mercados de energia e de química. É o caso das empresas de biotecnologia, algumas com histórico de desenvolvimentos importantes em outras indústrias como a farmacêutica.

A indústria de combustíveis líquidos costuma ter sua atenção voltada para as inovações de processo. Nessa linha, boa parte dos esforços estão voltados para desenvolver novos processos para a produção de combustíveis já conhecidos e utilizados, como o etanol. Mas o estágio atual da indústria vislumbra oportunidades de introduzir novos produtos, de origem renovável, que se aproximem da condição de combustíveis ideais – os chamados biocombustíveis drop in – e de outros bioprodutos que possam competir com produtos químicos de base fóssil. (…) continua no Blog Infopetro.

Luis Nassif

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