Parece que o pré-sal não será a salvação da lavoura, mas os ventos e o sol do Nordeste sim, por Rogerio Maestri

Parece que o pré-sal não será a salvação da lavoura, mas os ventos e o sol do Nordeste sim

por Rogerio Maestri

Parece que o pré-sal não será a salvação da lavoura, mas os ventos e o sol do Nordeste sim. Como escrevi no artigo intitulado “Estamos vendendo as nossas fábricas de máquinas de escrever” e neste artigo não coloquei nenhuma referência as aparentes especulações que lá me referi, volto ao assunto mostrando agora algumas destas que podem surpreender a todos. A primeira destas são as previsões das próprias indústrias de petróleo, que como poderão ver ainda esticam um pouco o auge do consumo do petróleo em função do seu uso para o transporte. A figura a seguir mostra as projeções dos produtores de petróleo e da Agência Internacional de Energia (IEA), que é muito ligada as grandes corporações de petróleo e é conservadora no decréscimo deste consumo.

Conforme se pode ver a demanda de petróleo estimada pela ExxonMobil, pela ex British Petroleum e atualmente somente BP e pelos países exportadores de petróleo começa a discrepar bastante da IEA, sendo que esta última ainda prevê um crescimento em 2040. Porém o próprio diretor executivo da BP, Ben Van Beurden, em entrevista a Bloomberg declarou que se o mercado de automóveis elétricos continuarem o seu crescimento ultrapassando a venda de carros movidos a combustíveis fósseis nos Estados Unidos em 2038, conforme estimativas do grupo formado pela Bloomberg New Energy Finance, já na década de 30 o pico passará. Este cenário está utilizando um preço de petróleo de US$50,00 o barril, logo se o preço que anda por volta de 57-60 dólares o barril provavelmente a estimativa de ultrapassagem de vendas dos automóveis deve ocorrer antes. Há estimativas ainda mais ousadas, como a da agência de classificação de risco Fitch Ratings que o pico de consumo se dará antes de 2030.  
 
Um dos fatores desta grande queda do consumo de petróleo está no custo da geração solar (fotovoltaica ou outros tipos) que conforme estimativa do mesmo grupo Bloomberg New Energy Finance, mostrado no diagrama acima é que por volta de 2019 o preço da geração da energia solar seja mais baixo que as turbinas a gás e entre 2024 e 2027 fique abaixo da energia eólica e a carvão.
 
Estes dados são elaborados para o mercado norte-americano, que tem uma insolação em média muito menor que no Brasil e a os ventos são menos regulares que na costa brasileira. Repetindo a conclusão do artigo citado no início deste texto, talvez quando as empresas de petróleo internacionais começarem a extrair petróleo comercialmente no Brasil, começarão a sua fábrica de máquinas de escrever, que terão algum valor por no máximo 10 a 15 anos.
 
Como um fator maior de incerteza sobre o futuro do petróleo, o mesmo CEO da Shell numa conferência em julho de 2017, antes de Trump negar o acordo de restições de emissões de gás de efeito estufa ele previa o pico de consumo para 2025, ou seja, com certeza por volta de 2025 a 2030 teremos a queda do consumo do petróleo.
 
Porém há uma vantagem adicional nisto tudo, mesmo que este governo venda parte das nossas reservas de petróleo eles não poderão vender o nosso sol nem os ventos.
Redação

10 Comentários

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  1. Parece….

    Caro sr., não sei quem lhe convenceu disto. Mas suspeito que deve ter sido a turma das Privatarias Tucanas, juntamente com alguns outros Lunáticos AntiCapitalistas. Aqueles que achavam que não deveríamos desenvolver tecnologia nacional, que deveríamos alugar Alcantâra para a NASA, que o sistema de concessão é melhor que o de partilha, onde todo o petróleo nacional continua….nacional !!! Que vender a Embraer para a Boeing americana, os mesmos que fizeram de tudo para não repassar um grama sequer de tecnologia na compra de caças. Agora nos tornaram terceirizados. Mas isto é vantagem?!! Que vender grandes extensões de terra dentro do territótio nacional e grandes reservas nas fronteiras, com dominio, administração e predominancia estrangeira é o melhor para o Brasil. Que deveríamos ter Bases Militares Estrangeiras dentro do nosso território, como estão tentando fazer na Triplíce Fronteira. Ou seja caro sr., creio que deva ter batido a cabeça. abs.  

  2. Custo de geração do MWh é apenas uma variável.

    A principal variável, mas ainda assim, apenas uma variável em uma equação que tem outras.

    1) Obviamente o preço dos combustíveis de hidrocarbonetos irá cair para continuar competitivo por algum tempo, quando outra fonte ameaçar. Então o que ficará inviável são os campos de petróleo e gás de baixa produtividade e de custo de extração elevado. Já acontece hoje. Ex: Recentemente a Arábia Saudita baixou o preço do petróleo para inviabilizar os campos de xisto nos EUA. Quebrou muitas empresas e depois elevou o preço do petróleo de novo (ainda assim longe dos patamares anteriores). O mesmo acontecerá se sofrer concorrência de outras fontes de energia. O pré-sal brasileiro tem uma engenharia complexa e cara, mas a alta produtividade dos poços faz o preço do barril ficar baixo. Não é cerca de US$ 8 o barril ? Então ainda tem boa margem para baixar.

    Se entra novas fontes baratas de energia em grande escala, e se as fontes antigas caem o preço, haverá abundância de energia e queda abrupta de preços (maior oferta do que demanda). No mundo capitalista controlado por grandes corporações e investidores, sabemos que excesso de oferta leva à crises econômicas das empresas do setor. Então ou as grandes corporações de energia controlam a oferta (o que é mais provável) ou a crise se encarrega disso, tirando empresas do mercado, só sobrevivendo as mais resistêntes às crises, reequilibrando preços.

    Desde o governo Carter (pós crise do petróleo de 1974) que os EUA falam em obter autosuficiência energética com fontes alternativas de energia, mas por economicidade continuam indo à guerra (convencional e híbrida) por petróleo até hoje.

    2) Os custos acima devem ser de usinas de geração de energia novas. Mas e as atuais já amortizadas, que dependem apenas do custo do combustível? Ainda demorarão algum tempo para serem substituídas, pelo próprio interesse de lucro das corporações. Porque investir bilhões em usinas novas apenas para substituir as existentes se o custo do KWh será praticamente o mesmo? Esses bilhões investidos apenas reduziriam os lucros nos balanços.

    3) Até mesmo carros e caminhões tem um tempo para renovar toda a frota (Nos EUA talvez a renovação da frota seja mais rápida, mas no resto do mundo nem tanto).

    Óbvio que o petróleo terá seu uso reduzido com o correr do tempo e pelas próprias pressões ambientais. Mas é bom estar alerta para o jogo de quem quer depreciar ativos para comprar barato. Essa conversa já rolou na década passada na descoberta do pré-sal e no marco regulatório do pré-sal de 2009. Os “especialistas” das petroleiras e os tucanos diziam que não valia tanto assim, que seria muito caro extrair, que demoraria muito tempo para se tornar produtivo e blá-blá-blá. Hoje mais da metade da produção brasileira é no pré-sal, e a custo mais barato do que em poços mais antigos.

  3. “não poderão vender o nosso

    “não poderão vender o nosso sol nem os ventos.”

    Será…

    Estrangeiras de olho em parque eólico no Estado.

    Projetos no Nordeste à venda pela Casa dos Ventos atraíram interesse do grupo Actis e da State Power

     

     

     

    Com investimento de aproximadamente R$ 800 milhões, parque situado na Serra da Ibiapaba possui cinco usinas eólicas e 77 aerogeradores, em 11.05.2017

    A chinesa State Power e o grupo britânico Actis estariam entre os interessados na compra dos parques eólicos que estão à venda pela Casa dos Ventos, incluindo o Complexo Eólico Ventos de Tianguá, no Ceará. A informação foi divulgada pela agência de notícias Bloomberg e obtida por fontes que preferiram não ser identificadas. A agência também que disse a que a comercialização será concluída neste mês e deve atingir R$ 5 bilhões. A multinacional Brookfield também é apontada com interessada, embora com menos possibilidade de concretizar a compra, segundo as fontes de informação.

    Procurada pela reportagem, a Casa dos Ventos disse, via assessoria de imprensa, que não irá comentar sobre o assunto e informou apenas que existem empresas interessadas nos parques, sem detalhar quais seriam. A empresa informou, ainda, que a venda é um processo natural das atividades da empresa, já que ela não se configura como operadora de parques, apenas os desenvolve e os põe em operação para depois vendê-los.

    O Complexo Eólico Ventos de Tianguá está situado na Serra da Ibiapaba e começou a operar em setembro do ano passado. Com investimento de aproximadamente R$ 800 milhões, o empreendimento possui cinco usinas eólicas e 77 aerogeradores que, juntos, possuem capacidade instalada de 130 megawatts (MW), considerada suficiente para abastecer em torno de 150 mil residências.

    Dentre os projetos à venda pela Casa dos Ventos, também estão Ventos de São Clemente, localizado em Pernambuco, que possui 216 MW de capacidade instalada e começou a operar em junho de 2016.

    Há também o parque Ventos do Araripe III, que possui 360 MW e está localizado na divisa entre Piauí e Pernambuco. Segundo a Bloomberg, o empreendimento começou a ser conectado à rede em novembro e a entrada completa em operação deve ocorrer neste mês. Os três projetos totalizam 706 MW de capacidade instalada.

    Planos

    Há dez anos no mercado de energia renovável, a Casa dos Ventos havia previsto no começo deste ano que os investimentos podem chegar a R$ 2,2 bilhões em energia eólica no Ceará em 2017. Em energia solar, para Tianguá, a expectativa é de aportes de R$ 800 milhões e 130 MW de capacidade instalada. Dessa forma , essas duas fontes de energia renovável devem totalizar R$ 3 bilhões em investimentos no Estado neste ano.

    Nos últimos três anos, a Casa dos Ventos investiu cerca de R$ 6 bilhões na execução de seus empreendimentos no País.

    http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/negocios/estrangeiras-de-olho-em-parque-eolico-no-estado-1.1751681

  4. Como esse governo postiço

    Como esse governo postiço hostil ao povo e servil ao mercado desmonta tudo aquilo que possa ser util a população, é uma questão de tempo o golpista detonar, também, os parques de energia solar, como por exemplo o  do Piaui

    “Em Ribeira do Piauí, o governador Wellington Dias participou nesta terça (28) da inauguração do Parque Solar Nova Olinda, maior usina solar em operação da América Latina. Com quase um milhão de painéis fotovoltaicos instalados em 690 hectares, a usina tem capacidade para produzir 600 GWh de energia por ano em meio ao semiárido piauiense.

    http://www.pi.gov.br/materia/energias-renovaveis/inaugurado-no-piaui-maior-parque-de-energia-solar-da-america-do-sul-3972.html

  5. Consumo baixo


    Esqueceram do fato que o consumo de energia per capta e ainda muito baixo no Brasil.

    Trocando a frota por carros eletricos mais o aumento de consumo derivado do desenvolvimento da pais teremos que triplicar a geracao de energia ate 2035 (espero).

    Apenas confire o aumento da geracao de energia de 2000 ate 2018, sem carros eletricos tivemos um aumento de quase 100%.

    Nao podemos abrir mao de nenhuma fonte e ainda investirmos pesado em nuclear, pequenas centrais eletricas, auto-geracao, eolica, biomassa, gas e petroleo. Chequem o projeto Desertec na Europa. Aquelas centrais solares podem ser construidas no Brasil. Mas dai dizer que o fim do petroleo esta proximo e um exagero. Ja tenho 36 anos e nao acredito que verei o fim do petroleo em vida.

     

    RDMaestri, voce ja estudou a geracao de energia usando Torio?

     

    Ate mais,

     

    Mario

  6. petróleo e solar

    Sou geólogo, durante muito tempo professor de Recursos Minerais. Há 50 anos pelo menos se prevê a queda do consumo do petróleo. Os sistemas financeiro e energético globais são intimamente ligados. Os donos do mundo não querem perder o que já foi investido em todo o sistema dependente do petróleo, e têm dado preferência a ele, mesmo quando mais caro e menos prático, contra os outros. Provavelmente haverá lentamente uma mudança na direção dos sistemas elétricos, de origem solar direta ou indireta. Mas não antes deles terem o controle das fontes e distribuição. Não estão parados, o que pode ser visto pelas ações no Brasil, estimulando privatizações, e até as ações pretensamente ecológicas, para dificultar o aproveitamento hidrelétrico enquanto não o controlam todo. 

    É necessário não confundir racionalidade técnica com financeira e política – se a racionalidade técnica dominasse os sistemas elétricos já teriam sido desenvolvidos e implantados desde o início do século XX.

  7.  
    E como ficam aqueles que

     

    E como ficam aqueles que vivem dizendo que os americanos querem roubar o nosso pré-sal?

    Eles vão roubar as máquinas de escrever do Brasil?

    1. O problema é que vão tirar do povo brasileiro a oportunidade….

      O problema é que vão tirar do povo brasileiro a oportunidade de aproveitar esta janela de petróleo com valores extremamente altos, e por isto vamos pagar caro nos combustíveis até a transição, ou seja, uns trinta aninhos!

      Estás frliz, Nonato, fazendo um jogo de palavras para ti ainda há tempo, pois nonato…..

  8. Primeiro de tudo: carro

    Primeiro de tudo: carro elétrico só é viável com a expansão do sistema de geração elétrica. Os motores dos carros elétricos são muito mais eficientes que os a combustível fóssil, mas tem que se fazer a conta da energia consumida nos motores a combustão do país, afetados  pelas respectivas eficiências, contra o consumo energético dos equivalentes elétricos.

    Segundo: a tecnologia dos paineis solares evolui rapidamente, porém sua eficiência é ainda baixa e o preço, embora caindo, permanece alto. Basicamente um país controla a produção mundial (também de leds): a China. Recentemente, uma empresa da Califórnia, bem lastreada em capital, conhecimento e mercado, quebrou por conta de dumping chinês. Acho inviável competirmos na fabricação de paineis no Brasil, a não ser que descubramos alguma forma revolucionária de converter energia solar em elétrica. Entretanto, como isso é possível se estamos destruindo nossa inteligência?

    Terceiro: a verdadeira revolução energética da humanidade virá com a tecnologia da fusão termonuclear e esta requer ainda certo tempo de pesquisa e maturação.

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