Petroquímicas brasileiras já foram tão competitivas quanto norueguesas

As empresas brasileiras do setor petroquímico já estiveram em pé de igualdade com seus pares na Noruega. Anos mais tarde, as empresas que completam a cadeia de produção e exploração de gás natural e petróleo no país escandinavo vivem hoje o auge da inovação e tecnologia, deixando o parque industrial petroquímico do Brasil para trás. O que deu errado?

Quem responde a essa pergunta é Alberto Machado Neto, ex-superintendente da área de política industrial da Petrobras e atual diretor-executivo de Petróleo, Gás Natural, Bioenergia e Petroquímica, da Abimaq (Associação Brasileira dos Produtores de Máquinas e Equipamentos). Ele acompanha desde 1970 as políticas de governo criadas para alavancar o setor de petróleo e gás natural no país, e fez uma avaliação da Lei de Conteúdo Local sobre a consolidação do parque industrial brasileiro petroquímico, durante sua apresentação no 43º Fórum de Debates Brasilianas.org, realizado em São Paulo.
 
A primeira refinaria da Petrobras foi construída na década de 1960 com tecnologia e material importados. Apenas 5% do conteúdo adquirido pela empresa na instalação da refinaria foi nacional. “A partir desse fato, concluímos que, para ter garantia operacional, para evitar os problemas típicos de alfândega, importação, tínhamos que desenvolver as sobressalentes brasileiras”, completou. Foi a partir daí que o país iniciou o processo de nacionalização de equipamentos e tecnologias por meio do que “hoje é chamado de engenharia reversa” dos materiais importados.
 
Similaridade

Graças a essa estratégia, na década de 1970 a proporção de conteúdo local na construção de refinarias da Petrobras alcançou 65%. “Na época registrávamos 85% [de conteúdo local], mas sabemos que tinham items comprados no Brasil [contabilizados como produzidos internamente] que eram importados. Ainda assim, 65% de conteúdo local era bastante representativo em termos internacionais”, ponderou Neto.

 
Ainda no governo Ernesto Geisel, final dos anos 1970, o Estado brasileiro instituiu a “lei de similaridade”, que definiu regras para proteger a indústria nacional. “Tinha uma tabela que, de acordo com o imposto de importação cobrado [pelo produto], a Petrobras tinha que comprar no país com uma certa vantagem ou garantia de oferta para as empresas brasileiras”.
 
Para Machado Neto, a política de similaridade foi criada a partir de uma necessidade, pois o Brasil não tinha dólares para importar o número suficiente de máquinas e equipamentos, foi fundamental para iniciar o parque industrial petroquímico com um conjunto de empresas “invejável em termos internacionais”.
 
“Naquela época eu mesmo viajei para vários países para contar como o Brasil chegou à indústria do petróleo com aquele parque. Fomos para a China, alguns países da Europa e até para a própria Noruega que, por incrível que pareça, disputava cabeça a cabeça com a indústria brasileira, pois ainda não tinha dado seu impulso tecnológico”, continuou.
 
No início dos anos 1990, o então presidente Collor acabou com as políticas protecionistas. Mas, para Neto, o grande erro dele, naquele momento, não foi exatamente facilitar a concorrência de empresas internacionais no mercado interno, mas sim acabar com o Conselho Nacional do Petróleo, assim como com outras autarquias estratégicas para o desenvolvimento e estabilização do parque industrial do país.
 
Veja a apresentação de Alberto Machado Neto na íntegra:
Redação

7 Comentários

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  1. Bob Fernandes, sobre o Leilão de Libra, pelo Facebook

     

    Bob Fernandes

    há 44 minutos próximo a São PauloEstá marcado para segunda-feira, 21, o primeiro leilão do pré-sal, com a concessão do campo de Libra. Um assunto extremamente complexo para quem é não é do ramo. Não bastam algumas leituras. Para tentar apreender algo além do pouco que sabemos os leigos, parei para assistir Magda Chambriard, diretora-geral da Agência Nacional de Petróleo (ANP), em entrevista a Miriam Leitão na Globo News. Uma tortura, um suplício.

    Apesar da postura de (suposta) confiança, de um tom inquisitório que pretenderia indicar profundo conhecimento, as perguntas tropegamente lidas pela entrevistadora indicaram o contrário.

    Uma tortura porque a sofreguidão, a ânsia em apontar “culpas” e erros no processo levaram Miriam a atropelar, de maneira até deselegante, a entrevistada. Para quem a ouvia e via pela primera vez, mulher de calma e paciência invejáveis; a Magda Chambriard.

    Interrupção a cada início de frase, explicações que não conseguiram ser completadas… cortes abruptos na edição do programa…uma tortura para quem queria ouvir e aprender algo a mais com a diretora da ANP. 

    Um suplício por se possível constatar alí, explícita, escancarada, muito mais a torcida de sempre sobre o de sempre do que o prazer, o desejo e o dever de informar o telespectador. 

    Uma pena. E assim tem sido com tudo e em tudo, não apenas nesse caso e personagem. Do concurso de miss aos black blocs, dos debates do Supremo à briga de esquina sobre biografias. 

     

  2. COLORADO=FHC

    O mal que o Collor causou ao país, não foi a elba nem a reforma da Casa da Dinda nem a roubalheira do PC Farias, foi ter escancarado as porteiras para FHC privatizar o país. 

  3. Muito bem colocado por Gilson

    Muito bem colocado por Gilson Raslan o grande mal feito à área de Petroquimica. Em 1990, Collor, na ânsia em atender aos deslumbvrados que enxergavam no Consenso de Washington a salvação, destruiu de uma só tacada várias áreas importantíssimas construídas com muita dificuldade e muito dinheiro público brasileiros pelos militares. Assim ocorreu com a Petroquímica, com Fertilizantes, Siderurgia, e muitas outras.

    Um exemplo bem expressivo desta época de ninsanidade ocorreu com uma empresa da área de Fertilizantes, onde após zerar alíquotas de importação de produtos aqui fabricados e sanear a empresa, com aporte de 20.000.000,00 de dólares foi “vendida” por apenas 4.000.000,00 de dólares mesmo tendo 6.000.000,00 de dólares em matéria prima em estoque.

    Simplesmente para “não competir” com outras empresas privadas do setor, foram fechadas no 1º ato de seu governo duas estatais, mas mantendo os empregados como ônus do governo ou demitindo sem qualquer argumento válido que resultou no retorno de centenas deles ao trabalho alocados em outras empresas estatais. Um aberração.

    Siderúrgicas eram vendidas e seus novos donos as fechavam “para não atrapalhar” com grande desemprego, pela ótica empresarial de lucro máximo e redução de concorrência em atitudes sem similar até então.

    FHC veio mais tarde e completou o serviço  de destruição, com sua hoje conhecida privataria, sem antes gastar rios de dinheiro com propaganda pública diária desqualificando tudo que era aqui produzido e impedindo investimentos para reduzir seu valor e melhor facilitar suas vendas a preços insignificantes.   

    Depois ainda vem a público querendo discutir desindustrialização no país!!!

     

  4. Publicidade desnecessária

    Lembro até hoje, sobre o momento em que o presidente Lula expôs ao mundo como o Brasil estava autosuficiente em relação ao Petróleo e o quanto o Brasil poderia crescer com isso.

    Mas a partir daquele momento, ele nos expôs à arapucas mercantis e olhos de espionagem para as grandes nações consumidoras e produtoras de petróleo. 

    Digo isso, pois eu mesmo naquele momento pensei: “essa é a maior burrice estratégica que eu já vi!”. 

    Quem trata com componentes como o petróleo, tem de se conscientizar de que viverá rodeado de lobos, e que um passo errado, a estratégia lhe fará cair do cavalo. Naquele momento em que o presidente falou tudo o que não podia, entregou simplesmente a nossa carta master ou carta na manga.

    Era o momento de ficar quieto e poder utilizar o mercado à nosso favor, fazendo ai país crescer e não pensar no próprio umbigo!!! 

    Mas não! Quis expor o nosso segredo nacional, para estrategistas estrangeiros e pior, para fazer campanha do PT para as próximas eleições. Fazendo com que a maioria da população que não poderia ter uma opinião formada sobre o assunto, acreditasse que foi o PT quem fez tudo e por causa dele, o país ficaria melhor…..

    Pois é! O governo anterior, que fez com que a Petrobras chegasse ao patamar que estava naquele momento!! O presidente Lula, iria assumir a melhor fase economica do País, tendo nas mãos a oportunidade de fazer a nação crescer economicamente e de IDH, mas infelizmente colocou tudo a perder. 

    E agora com sua sucessora, incrivelmente desqualificada, juntamente com seus ministros e controladores do tesouro nacional incompetentes, fez com que a Petrobras, empresa de futuro para a visão do exterior, virasse piada internacional e fazendo com que o país entregasse o petróleo à mãos com que farão a nossa inflação tomar dimensões de terceiro mundo novamente.

    E pra finalizar a historia, os administradores da Petrobras de nomes no minimos duvidosos….sendo que os americanos foram expostos por Snowden, nas espionagens que realizou dos nossos segredos financeiros. É no minimo estranho…por isso presidente Dilma, acho que você é a Pior Presidente que este país teve depois de Collor e Sarney.

    Espero sinceramente que o futuro dos meus filhos sejam promissores, pois o país poderia ter saido do buraco e ter se apegado aos trilhos dos emergentes, mas pela forma como as coisas estão acontecendo…duvido muito

     

  5. A crise da petroquímica

    A crise da petroquímica brasileira tem uma causa, a privataria dos anos 90, o que mais poderia ser.

    O governo trabalhista brasileiro deveria copiar mais as políticas de similaridade dos anos 70.

  6. O que existe é muito chute a

    O que existe é muito chute a esmo. Falam como estivessam por dentro do assunto, mas quando lê o texto percebe que falam de trinta anos atras, de inveja, de opinião politica, afirmações que não sabe comprovar, “consultoria”, etc.. Quero é saber porque nenhum economista, nem plantonista, previu a queda do Aike Batista, porque o tsunami virou marolinha, a falencia dos maiores bancos americanos, a marcha violenta para frente da China, o sucesso absoluto do governo Lula, apesar da campanha violenta, macabra e até sordida de toda aquele PIG comprado, vendido e fedorenta…

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