Sem Energia: Perguntas sobre a Eletrobrás

Uma das dúvidas sobre a privatização da Eletrobras é o destino de Itaipu. Combinamos com os paraguaios? Foto Antoine BOUREAU / Photononstop

Enviado por Antonio Ateu

do Projeto Colabora

Treze perguntas sem resposta na privatização da Eletrobras

Proposta do governo vai salvar as contas públicas ou dilapidar o patrimônio nacional?

por  Agostinho Vieira Agostinho Vieira

A julgar pelas declarações do ministro das Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, o Brasil está prestes a sair do buraco e viver dias de glória. Tudo por conta da privatização da Eletrobras pelo valor estimado de R$ 20 bilhões. Privatização, não. Para o ministro, na verdade, o que está sendo feito é uma “democratização do capital”. Com vantagens óbvias para o governo, que passaria a ter mais caixa para enfrentar a crise; para os funcionários, que, segundo ele, agora seriam avaliados apenas pela “meritocracia”; e para os consumidores, que pagariam tarifas mais baixas. Longe de duvidar da seriedade e das boas intenções do ministro, o #Colabora decidiu fazer 13 perguntas que ainda parecem estar sem resposta:
1 – A Eletrobras foi criada em 1954 pelo então presidente Getúlio Vargas. Desde então foram investidos mais de R$ 400 bilhões na construção do seu patrimônio, que inclui 47 usinas hidrelétricas, 114 térmicas, 69 eólicas e 47.000 MW de capacidade instalada. Os R$ 20 bilhões da venda não pagam nem metade da recém-inaugurada Usina de Belo Monte. Esse será, realmente, um bom negócio?

2 – O governo compara a desestatização da Eletrobras ao que foi feito com a Vale e com a Embraer. Acontece que a empresa de energia, diferentemente das outras, é uma concessionária de serviços públicos, num setor absolutamente estratégico para o país. Nos EUA, por exemplo, todo o parque hidrelétrico é estatal, considerado de interesse nacional. Não será um risco grande demais deixar essa tarefa com o setor privado?

3 – Por conta dos efeitos da Medida Provisória 579, editada no Governo Dilma, em 2012, os preços praticados pela Eletrobras são considerados por muitos como irrisórios. Se eles já são baixos hoje sob a gestão de uma administração pública, como podem ficar ainda mais baixos com o comando privado e a necessidade de lucros para compensar os investimentos?

4 – O ministro vem repetindo que a Usina Hidrelétrica de Itaipu e a Eletronuclear não entrariam no programa de privatização. No entanto, não fica claro como isso será feito. Teremos duas Eletrobras? Uma privada e uma pública? Isso não teria que ser combinado com os russos? No caso com os paraguaios? Uma empresa privada pode representar o Estado brasileiro?

A empresa China Three Gorges já é a maior produtora privada de energia no Brasil e pode ser uma das fortes candidatas à compra da Eletrobras. Foto Li shengli / Imaginechina

A empresa China Three Gorges já é a maior produtora privada de energia no Brasil e pode ser uma das fortes candidatas à compra da Eletrobras. Foto Li shengli / Imaginechina

5 – No final do ano passado, a chinesa China Three Gorges tornou-se a maior empresa privada geradora de energia no Brasil, atrás apenas das estatais Eletrobras, Chesf, Furnas e Eletronorte. Coincidentemente, ela também é a controladora da EDP (Energias de Portugal), umas das maiores interessadas na compra da Eletrobras. Não seria uma temeridade deixar tanto poder na mão de um único grupo privado?

6 – O que os nossos parceiros na América do Sul acham disso?

7 – Em termos exclusivamente de mercado, o Cade será ouvido? Uma coisa é ter uma empresa pública dominante, outra é ter uma multinacional desse tamanho.

8 – A Eletrobras foi constituída por uma lei. O Governo terá que submeter ao Congresso a decisão de abrir mão de sua posse. Já há alguma conversa a respeito nas duas casas legislativas?

9 – Em ano eleitoral, ao longo de seis meses antes do pleito, é proibido que servidores públicos, sob qualquer regime jurídico, sejam removidos de suas funções. O processo de privatização estará terminado antes de abril de 2018, permitindo, assim, a demissão de empregados concursados?

10 – O ministro acredita mesmo que hoje não exista meritocracia no serviço público? Será que todos os servidores entraram pela janela?

11 – A Chesf, empresa que tem sua sede em Pernambuco, estado natal do ministro de Minas e Energia, será poupada da privatização, permanecendo como gestora das águas do Rio São Francisco. Existe alguma outra razão para que isso aconteça que não seja apenas o interesse político local, já que outras empresas como Furnas e Eletronorte, também são fundamentais para a gestão das águas do país?

12 – Há estudos comparativos sobre quais foram os resultados de privatizações de empresas de energia elétrica em outros países, como Portugal, Espanha, França e Itália, por exemplo?

13 – A Eletrobras está sendo processada nos EUA por alguns acionistas pelas decisões tomadas após a edição da MP 579. Os compradores da empresa herdarão a possibilidade deste passivo, que pode chegar a bilhões de reais, ou isso ficará a cargo da União?

A Eletrobras tem 47.000 MW de capacidade instalada. Foto Evaristo Sá/AFP

Redação

1 Comentário

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  1. TEM QUE PRIVATIZAR, MAS DO JEITO CERTO!

    PRIVATIZAÇÃO NÃO PODE SER FEITA POR CORRUPTOS!

    Empresa estrangeira não pode entrar em setores estratégicos, que movimentam tantos recursos. Afinal, seus acionistas (inclusive os ladrões brasileiros) recebem os lucros no exterior, e em dólar. Ou seja, vão comprar jatinhos, iates, carrões, casas, apartamentos, e coisas do tipo, lá fora, movimentando a economia deles, em vez da nossa. Além, é claro, de quebrar nossa economia com a compra desenfreada de dólares para remeter lucros ao exterior.

    O que acaba com nossas divisas, nosso esforço exportador, nosso direito de importar bens para abastecer a população, e com nossa economia. Por isso, países como os Estados Unidos, Alemanha, e França, estão preocupadíssimos com o avanço chinês. Afinal, liberalismo, capitalismo, e globalização, não foram feitos para otários. Vejam como esses povos fazem o contrário dos brasileiros:

    http://democraciadiretanobrasil.blogspot.com.br/2017/07/diferenca-entre-franca-e-o-brasil.html

    http://www.brasil247.com/pt/247/economia/306617/A-Alemanha-declarou-guerra-econ%F4mica-%E0-China.htm

    É isso mesmo que vocês estão vendo. Os ladrões brasileiros que assaltaram o Congresso, e com apoio da omissão do próprio PT, estão fazendo tudo isso em nome do liberalismo. Ou seja, para eles, no Brasil

    SER LIBERAL = SER IMBECIL

    Pois usam o liberalismo para justificar suas atitudes, que nada tem de liberal, mas sim de anti-éticas. E fazem isso para que os defensores do liberalismo mais desavisados passem a apoiá-los, fazendo o papel de idiotas. Ou vocês acham que povos como os alemães e franceses estão pensando o que dos brasileiros? Multinacional é importante, e deve ser até bem vinda, mas não pode dominar nenhum mercado, não pode entrar em setores estratégicos, e muito menos comprometer nossa balança de pagamentos.

    O LIBERAL BRASILEIRO normalmente está ligado ao setor privado, seja como empresário, ou como funcionário mais qualificado. Entretanto, não percebe que é justamente o setor privado quem vai entrar pelo cano com o atual modelo TEMER – PT.

    É isso mesmo, o PT continua amiguinho do Temer. Saiu do poder, apenas para que o Temer fizesse o serviço sujo. Quanto não rola de dinheiro para vender ativos públicos como Eletrobrás e Petrobrás?

    Só que para garantir remessas de lucro em dólar para o exterior, que devem aumentar imensamente depois disso, eles precisam empobrecer nosso povo. Assim, sobram mercadorias nas prateleiras das fábricas para serem exportadas, entrando os dólares. Entretanto, com o ARROCHO SALARIAL, as vendas de nossas próprias empresas despencarão. Ou seja, quem se diz liberal, está no setor privado, e apoia as manobras do Temer; se trabalha com o mercado interno, realmente merece ser tratado pelo políticos, como dito acima (ser liberal = ser imbecil), porque está fazendo exatamente esse papel. Confiram:

    http://democraciadiretabrasileira.blogspot.com.br/2017/01/a-mexicanizacao-do-brasil.html

    Caso faça parte do setor exportador, pode até ter algumas justificativas. Afinal, poucas coisas no mundo são melhores do que produzir onde há arrocho salarial, e depois exportar para onde o povo tem dinheiro. Entretanto, nada se compara ao DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO. Ou seja, mesmo os exportadores, com todas as suas vantagens, ainda saem desse jeito na foto, quando não se interessam pela única coisa que de fato tem valor, a tecnologia:

    http://democraciadiretabrasileira.blogspot.com.br/2014/05/educacao-e-desenvolvimento.html

    http://democraciadiretabrasileira.blogspot.com.br/2014/05/educacao.html

    Ou será que alguém consegue contestar os links acima?

    A PRIVATIZAÇÃO QUE DEU CERTO!

    Ela foi feita na Rússia, país que estava pior que o Brasil, com o povo literalmente morrendo de fome e frio no inverno. A população precisou sair às ruas, e enfrentar a sanguinária KGB, para derrubar o nefasto regime comunista. Porém, os russos não colocaram ladrões no poder, e eles tiveram a dignidade de reconhecer que suas estatais foram construídas pelo povo russo, e apenas os russos tinham o direito de comprá-las. Assim, fizeram leilões, e elas foram vendidas ao povo pelo preço que pudesse pagar. Hoje, a Rússia é um país democrático, capitalista, e desennvolvido, que atingiu o padrão de vida europeu de desenvolvimento humano muito elevado. Confiram:

    http://en.wikipedia.org/wiki/List_of_countries_by_Human_Development_Index

    http://democraciadiretabrasileira.blogspot.com.br/2017/02/como-enganam-os-pequenos-empresarios.html

    Onde está a LEI ANTI-MONOPÓLIO para garantir a concorrência e o livre mercado no setor. O que estão fazendo, não é coisa de capitalista ou liberal, mas sim de ladrões e vagabundos irresponsáveis, que pouco se importam com o destino do Brasil. Confiram como se faz no mundo desenvolvido:

    http://democraciadiretabrasileira.blogspot.com.br/2017/02/como-enganam-os-pequenos-empresarios.html

    O PREÇO DE ENTREGAR UMA PRIVATIZAÇÃO À CORRUPÇÃO:

    https://jornalggn.com.br/noticia/apelo-aos-brasileiros-de-boa-vontade-por-luis-nassif

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