Portugal, Campeão da Europa, por João Sucata

Esporte bretão

Portugal, Campeão da Europa

por João Sucata

Disputas emocionantes, comemorações dionisíacas e repercussão intensa marcam a competição e fazem esquecer o fascismo.

Bem organizada, lúdica, difícil, imprevisível, a disputa para ser campeão de Europa, na França, foi espetacular, galvanizou o continente. No início parecia que a Alemanha iria dar um passeio, com Inglaterra e Espanha, quando muito, correndo por fora. No meio do torneio Itália e França começaram a se destacar. Portugal era azarão, ia empatando e ganhando nos  pênaltis, ninguém acreditava que poderia chegar a final. Não só chegou como ganhou da França e foi campeão.

A seleção de Portugal tinha poucos craques. Cristiano Ronaldo, o melhor do mundo (disputa com Messi), portanto melhor destacado na seleção lusa, contundiu-se logo no início, uma tragédia. Se a tarefa de vencer a França com ele já era difícil, para muita gente que vê apenas lógica no futebol ela teria ficado impossível.

O time português mostrou, no entanto, que também a humildade, a organização, o jogo de equipe, a garra, a aplicação tática, podem levar a limites inimagináveis.  Lembrou o povo que no século XV se atirou ousadamente aos mares para começar a globalização,a Revolução dos Cravos, os poemas épicos de Camões e Fernando Pessoa.

A competição na traumatizada França, há pouco atingida por pavoroso ato de terrorismo, foi um sucesso. Dezenas de milhares de europeus, de mais de vinte países, estiveram nos estádios, sempre com lotação esgotada. Uns poucos idiotas, principalmente russos e ingleses, quase estragam a festa ao encherem a cara e brigarem pelas ruas. As vezes penso que essa gente deveria ser levada para um canto isolado e deixada lá para brigarem até recuperar a sensatez ou se  exterminarem

Mas o bom senso venceu, o lúdico predominou, foi uma vitória também dos que preferem ver no futebol uma festa dionisíaca e apolínea, ao mesmo tempo. Foi uma vitória do Continente, importante nos tempos políticos atuais. O ódio,  o fascismo e o nacionalismo raivoso que grassa pelo Velho Continente, perderam, tanto como quem pensa que para o bom futebol é imprescindível ter muita grana e craques excepcionais.

João Sucata

Redação

7 Comentários

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  1. Jato de água

    Comecei a ler o artigo, que acreditava ser sobre a grande conquista de Portugal na Eurocopa, e senhor João me dá um banho de água fria. Aliás, correu-me um frio na espinha ao lembrar da Copa Do Mundo de 70 e dos gols de Pelé. Ai! 

  2. Dois galos na final!

    Hoje cedo li um apanhado no Monde do resumo da imprensa europeia (Irlanda, Alemanha, Inglaterra e Espanha) sobre o jogo de ontem e a derrota da França. Deram uma surra nos “Azuis” de toda ordem, que quase me matam de tanto rir. Mas em que pese a soberba francesa de achar que ja tinha ganho antes do jogo jogado (no fundo era o terror de perder o campeonato europeu numa final em casa), esse time francês é ainda jovem e vai dar a volta por cima. Parabéns ao galo português.

  3. Portugal

    Foi um belo espetáculo e mostra que a união, a vontade de vencer as dificuldades, mesmo sem seu principal jogador, dá resultado.

  4. E o Cristiano Ronaldo,

    E o Cristiano Ronaldo, tão criticado por ser vaidoso e soberbo, dedicou a vitória portuguesa aos imigrantes, sendo tanto a seleção quanto o povo português marcados pelas migrações. E sendo estas uma das grandes tragédias sociais na Europa de hoje. A homenagem também se refere ao atual salvador da pátria lusitana, Ederzito António Macedo Lopes, que chegou a Portugal com dois anos de idade, vindo de Guiné-Bissau: sua família era tão pobre que não pôde sustentá-lo e ele foi criado num orfanato mantido pelo Estado e pela Igreja Católica.

    “É um troféu para todos os portugueses, para todos os imigrantes, todas as pessoas que acreditaram em nós. Estou muito feliz e muito orgulhoso” disse CR.

     

  5. copa do mundo

    Estranho são os brsileiros, aficcionados pelo futebol fazerem homéricas manifestações públicas contra a Copa do Mundo em Nosso país.

    Na França existe terorismo, pobreza, discriminação, e fizeram uma bela Eurocopa.

    Nós, com financiamento da direita, fizemos baitas manifestações com o “não vai ter copa”.

    Pobre dos brasileiros, que acham lindo uma Eurocopa e defenestram a nossa Copa do Mundo.

    Síndrome do vira-latas.

     

    1. A questão não foi a Copa

      A questão foi que não era o momento, não havia dinheiro, toda a torcida do Corinthians sabia que haveria roubos e inúmeras obras não seriam concluídas. Ou você não sabia?

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