Um verdadeiro estadista é capaz de encontrar pontos de contato entre posições conflitantes, de construir um ambiente de tranquilidade para a superação de conflitos que parecem insolúveis e, principalmente, de não criar disputas desnecessárias e irrelevantes que podem afetar de maneira negativa os interesses do seu país. Donald Trump não preenche nenhum desses requisitos.
Após assumir o poder ele continuou utilizando o Twitter de maneira irresponsável. Ele prejudicou a cotação das ações da Toyota na Bolsa de Valores ao atacar a companhia. Aumentou desnecessariamente a tensão internacional ao ameaçar destruir a Coréia do Norte com bombas atômicas. Ofendeu parceiros importantes dos EUA ao chamá-los de países de merda.
Como todo racista, Trump pressupõe que sua pátria é melhor do que as outras. O filtro ideológico impossibilita que ele veja as virtudes das outras nações e o impede de enxergar os defeitos do seu próprio país.
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O sucesso pode ser uma terrível maldição. Ele faz a liderança de um país acreditar que o fracasso se tornou impossível. Mas é justamente quando se sente mais seguro de si que uma nação se precipita no abismo.
A URSS produzia misseis intercontinentais, bombas atômicas e de hidrogênio, submarinos nucleares, aviões de guerra sofisticados e tanques em quantidade assustadora. Mas o regime comunista era repressivo e nunca foi capaz de produzir bens de consumo inovadores e numa quantidade suficiente. Além de se sentirem censurados, os soviéticos invejavam os ocidentais e cobiçavam os eletrodomésticos produzidas na França, Alemanha, EUA e Japão.
O poderio bélico e as vitórias militares (na guerra civil e na II Guerra Mundial) deram aos líderes do Partido Comunista a ilusão de que o curso de ação da URSS não precisava ser revisto. Quando políticos reformistas começaram a agir nos países de sua área de influência as reformas foram abortadas de maneira violenta (invasão da Hungria e da Tchecoslováquia).
Os soviéticos ajudaram os vietnamitas a derrotar os EUA. Duas décadas depois os norte-americanos a URSS seria derrotada no Afeganistão com ajuda dos norte-americanos. A queda do Muro de Berlim em 1989 acelerou o processo de desagregação política que resultou no fim da URSS em 1991. A queda de Wall Street em 2008 e a resistência dos líderes norte-americanos à adoção de reformas duras e profundas no setor bancário está provocando o colapso dos EUA.
Líderes medíocres como Leonid Brezhnev conseguiram ser manter no poder, mas não foram capazes de impedir o colapso da URSS. Presidentes como Donald Trump (que desviam a atenção a população norte-americana construindo muros nas consciências dos povos) não serão capazes de deter a implosão social nos EUA.
O racismo não era um fenômeno importante entre os soviéticos. Os erros que eles cometeram foram políticos. No caso dos EUA está ocorrendo algo diferente. Com Donald Trump a política está deixando de ser um elemento vital no cotidiano norte-americano. Os conflitos que a Casa Branca está criando em razão do racismo não serão facilmente superados.
A URSS deixou de existir porque os cidadãos chegaram à conclusão de que viviam num país de merda. Com exceção de conflitos localizados nos Balcãs, a desagregação soviética não resultou numa guerra civil de grandes proporções. Eleitores de Estados como o Oregon já querem se separar da União. A fragmentação territorial dos EUA certamente resultará em violência generalizada, pois os líderes norte-americanos acreditam que sua pátria não é um país de merda. Verdade. US will be a sh*hole country justamente porque Trump acredita que ele é great again.
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