Como sabotar a marca “Donald Trump”, por Naomi Klein

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Instituições baseadas na construção de uma marca forte passam por dificuldades quando essa promessa parece ter sido quebrada, desgastando a suas imagens

da Carta Maior

Como sabotar a marca “Donald Trump”

por Naomi Klein

As ações da United Airlines despencaram após a publicação de imagens de um passageiro sendo retirado à força de um voo com overbooking. A Pepsi retirou do ar um comercial que mostrava policiais e supostos ativistas do movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam) usando uma lata de refrigerante para fazer as pazes. A rede de TV americana Fox News sofre com a debandada de anunciantes após a revelação de vultosos pagamentos para silenciar as vítimas de assédio sexual praticado pelo apresentador Bill O’Reilly.

Uma lição que podemos tirar dessas polêmicas é a seguinte: instituições baseadas na construção de uma marca forte – o que implica o cumprimento de uma “promessa” feita aos clientes – passam por sérias dificuldades quando essa promessa parece ter sido quebrada, desgastando a imagem das empresas. Isso faz com que as marcas corporativas sejam extremamente vulneráveis à pressão da opinião pública, especialmente quando esta é intensa e organizada. 
Esse fato é um velho conhecido dos gestores de marcas e consumidores ativistas, mas agora tem implicações que vão muito além da oscilação do valor de mercado da Pepsi ou da política de gestão de crise da United Airlines. Isso porque, pela primeira vez na história, o presidente dos Estados Unidos é uma autêntica supermarca comercial, e seus familiares podem ser considerados marcas derivadas.
 
Do ponto de vista ético, tal situação é extremamente indecorosa, pois a dinastia Trump já está se aproveitando da Presidência, seja pela publicidade gratuita para imóveis praticamente transformados em filiais da Casa Branca, ou simplesmente porque o nome da marca “Trump” é repetido à exaustão na imprensa mundial diariamente. As oportunidades que se apresentam para lobistas e o tráfico de influência são ainda mais preocupantes. Que melhor maneira de cair nas graças da família presidencial do que escolher uma de suas propriedades para sediar um evento de porte, ou pagar um preço inflacionado pelos direitos de usar o nome “Trump” em um novo lançamento imobiliário?
 
A imprensa já denunciou o problema várias vezes, mas Trump e seus correligionários responderam com desafiadora indiferença. Isso está acontecendo por uma razão muito simples: Trump não atua conforme as regras normais da política, segundo as quais os eleitos precisam dar satisfação aos eleitores e seguir certos preceitos estabelecidos. Ele age conforme as regras do branding – ou “gestão de marcas” – segundo o qual as empresas devem pensar apenas em sua imagem corporativa.
 
Mas isso tem um lado positivo: como mostram os casos recentes de Pepsi, United Airlines e Fox News, as marcas também são vulneráveis. E isso nos pode ser muito útil – basta conhecer com exatidão a promessa feita por elas aos consumidores.
 
Venho estudando esse fenômeno há muito tempo, desde que comecei a pesquisar sobre campanhas de pressão e boicote a marcas em meados dos anos 1990. Esse material virou o meu primeiro livro: Sem Logo: A Tirania das Marcas em um Planeta Vendido. Aprendi que, com a tática certa, qualquer marca, por mais amoral que possa parecer, pode ser consideravelmente enfraquecida.
 
Com isso em mente, criei um rápido guia para combater o presidente no único terreno que importa para ele: a sua marca pessoal.
 
O novo livro de Naomi Klein “No Is Not Enough: How to Resist Trump’s Shock Politics And Win the World We Need” será publicado em junho nos Estados Unidos.

https://www.youtube.com/watch?v=6-5G4kGAl0I width:700 height:394

 

 

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

15 Comentários

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    1. Nao, eh causar repulsa em

      Nao, eh causar repulsa em VOCE, lelitor.  A foto eh uma desgraca, Trump eh mais feio que minha bunda, e amarelo (!!!!!!) nunca foi permitido na minha casa (nen sequer em um objeto) por ser tao feio…

      …  pensando bem, a intencao da foto eh ameregrir lo!

  1. No Brasil funcionou

    O nome (e os royalties) de Trump foram retirados de um hotel na Barra da Tijuda e de um gigantesco empreendimento na região do Porto.

     

  2. Não no caso das Organizações

    Não no caso das Organizações Globo ou da Editora Abril com sua Veja e, dentre outras coisas, o Boimate. A lógica manifestada por Naomi Klein pode ser clara em um ambiente competitivo, mas não em ambiente oligopolizado.

  3. Mais um lixo criado por uma sociedade doente.

    Combater uma ideologia através de boicotes a símbolos me parece tão ridículo como o que vem fazendo os golpistas contra Lula, política se luta com política não por boicotes ou outras babaquices, este vídeo e esta campanha é tão idiota como o próprio Trump, não sei como há pessoas que levam isto a sério.

    1. Pois é.
      Sabota a marca Trump,

      Pois é.

      Sabota a marca Trump, mas e daí?

      Vale a mesma expressão de outro post: “Whoever win, We lose”.

       

       

       

       

       

       

       

       

       

       

       

       

       

       

       

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      1. “Vale a mesma expressão de

        “Vale a mesma expressão de outro post: “Whoever win, We lose”:

        Jaide, Jaide, Jaide, Jaide, Jaide…

        Sabe como voce escolhe os ganhadores de competicoes televisadas, sem saber merda nenhuma do assunto, seja box ou danca de salao ou ate mesmo aquele “esporte”pavoroso dos agaixados esqjuiando no gelo?

        “The best ass always wins”.  A bunda mais bonita sempre ganha.  (nao sei como aquela MERDA de esporte virou “esporte” com tantas e numerosissimas bundas feias, mas…).

        Se voce duvida que a melhor bunda sempre ganha, sugiro que voce veja 20 horas de qualquer sequencia de lutas de boxing, por exemplo, escolhendo sempre o ganhador desde os primeiros minutos.  Ou, por exemplo, 20 horas de competicoes de danca de salao.  Ou, por exemplo, 20 horas de os “ganhadores” do programa do Simon (esqueci o nome imediatamente).  Voce viu alguma bunda feia ganhar premio?

        Nao falha.  A melhor bunda sempre ganha.

        So que ALEM de Trump ter cara de bunda ele eh feio pra caralho!  Se de fato fosse uma bunda…  seria a ultima que voce escolheria em qualquer competicao, mesmo que fosse de balet aquatico.  Ou purrinha.  Suponho que ate em competicao de assovios ele perderia:  vai ser feio assim nos quintos dos infernos!  Credo!

    2. NAO NAO NAO NAO NAO NAO

      NAO NAO NAO NAO NAO NAO NAO!

      Ela nao disse “simbolos”.  Ela disse “MARCAS”.

      Outro departamento.  No qual eles nao tem lugar pra feios, por sinal, mas isso eh outro assunto, e voce nao eh o feio do assunto (KKKKKK…).

      Porra, nao dava pra ter um presidente da maior nacao do cu do mundo que era mais feio nao?  Tinha que ser ele?

      Oh, espera la!  Eu votei nele com todo prazer!

      Uhhhh…  esqueca tudo que eu disse.  Se nao esquecer eu te bato!

      Resumindo, o presidente do cu do mundo eh mais feio que Temer, apezar da esposa.

      1. Estratégia para levar a onde?

        É extremamente interessante ouvir os admiradores dos movimentos do anti-consumismo de Naomi Klein, como mais uma forma de levar multidões de insatisfeitos a lugar nenhum como Ralph Nader no início dos anos 2000 com seu movimento proteção ao consumidor mesmo voltando um pouco mais com o fantástico movimento Hippie.

        Qual era a estratégia política de todos estes movimentos, movimentar todos da direita para a esquerda depois da esquerda para a direita e da frente para traz, todos se sacudindo e fazendo que nem a dita da Rainha de Vermelho da Alice através do espelho que fala a Alice “Now, here, you see, it takes all the running you can do, to keep in the same place. If you want to get somewhere else, you must run at least twice as fast as that!”, em resumo, todos estes grandes movimentos servem para que as Alices corram mais rápido para ficarem onde estão.

         

  4. Exatamente o que acontece com

    Exatamente o que acontece com as marcas “EUA” (ou “USA”), o brand “Tio Sam” (ou “Uncle Sam”): como o que está na embalagem é exatamente o oposto do produto, pouca gente ainda se deixa se enganar.

  5. Realmente movimentos como estes são verdadeiramente …..

    Realmente movimentos como estes são verdadeiramente patéticos.

    O sujeito manda bombardear a Síria, desloca uma força tarefa contra a Coréia do Norte, e ficam pensando em retirar as letrinhas na frente dos hoteis de Trump como uma forma de combater a marca.

    Podem achar esta moça uma enorme ativista, mas para mim isto é uma palhaçada de uma imbecil.

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