Eleição nos EUA, uma disputa de impopularidade

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Se presidência dos EUA ficar entre Donald Trump e Hillary Clinton, quase metade dos eleitores dariam seu voto para impedir que o outro vença. Resultado mostra divisão ideológica profunda no país, diz especialista.Donald Trump e Hillary Clinton, os mais prováveis candidatos à presidência dos Estados Unidos

do Deutsche Welle

Eleição nos EUA, uma disputa de impopularidade

Quase metade dos americanos que apoiam a democrata Hillary Clinton ou o republicano Donald Trump na corrida pela presidência dos Estados Unidos diz querer, acima de tudo, impedir que o outro lado vença, afirmou uma pesquisa Reuters/Ipsos nesta quinta-feira (05/05).

Questionados sobre a principal motivação para apoiar Trump na eleição presidencial de 8 de novembro, cerca de 47% de seus eleitores disseram que votariam no magnata americano porque não querem que a ex-secretrária de Estado vença. Outros 43% afirmaram ter apreço por suas posições políticas, e 6% justificaram que ele os agrada como pessoa.

Respostas semelhantes prevaleceram entre os eleitores de Hillary. Cerca de 46% dos entrevistados disseram que votariam nela principalmente porque não querem Trump como presidente, outros 40% afirmaram concordar com suas plataformas políticas e 11% disseram que ela os agrada pessoalmente.

Segundo Larry Sabato, diretor do Centro de Políticas da Universidade de Virgínia, os resultados da pesquisa refletem uma divisão ideológica profunda nos EUA, onde a população teme cada vez mais o partido opositor. Esse sentimento se agrava com a provável disputa entre Trump e Hillary.

“Este fenômeno é chamado de partidarismo negativo”, diz Sabato. “Se estivéssemos tentando maximizar o efeito, não poderíamos ter encontrado indicados melhores que Trump e Hillary.”

Com sua fala grosseira e suas propostas linha-dura, Trump conquistou ao mesmo tempo apoiadores entusiasmados e críticos violentos. Entre as ideias de governo do magnata estão a renegociação de acordos comerciais internacionais, a construção de um muro na fronteira dos EUA com o México e uma proibição temporária à entrada de muçulmanos no país.

Já o apelo de Hillary junto aos eleitores que querem a continuação das políticas do atual presidente americano, Barack Obama, lhe rendeu uma dianteira decisiva na corrida pela indicação de seu partido, mas ela perde força entre os que estão desiludidos com os dois mandatos democratas.

A pesquisa feita entre 29 de abril e 5 de maio entrevistou 469 eleitores em potencial de Trump e 599 eleitores em potencial de Hillary, e tem uma margem de erro de cinco pontos percentuais.

Infográfico mostra os resultados das primárias nos Estados Unidos

Primárias

Com a desistência recente dos dois últimos concorrentes de Trump, Ted Cruz e John Kasich, pela indicação do Partido Republicano, o magnata tem agora o caminho livre para disputar a presidência dos EUA pela legenda.

Com a vitória em Indiana na última terça-feira, Trump ficou a menos de 200 delegados de obter os 1.237 necessários para a nomeação, apesar de ainda não terem votado estados populosos, como Califórnia e Nova Jersey. Sua candidatura, em termos matemáticos, já era praticamente certa.

Entre os democratas, a vitória em Indiana foi do senador de Vermont Bernie Sanders. O resultado, porém, não tem grande influência sobre a atual situação, pois Hillary já tem 92% dos delegados que precisa para ser indicada como candidata do Partido Democrata à presidência.

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

19 Comentários

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  1. Não cabe….

    Neste jogo de cartas marcadas nos EUA, há 200 anos, que brinca de fazer democracia, não é aceito outro partido que não seja o Democrata ou o Republicano. Os candidatos fazem uma verdadeira gincana para ocupar os únicos dois lugares disponíveis para este jogo “democrático” E ainda querem dar lições de democracia ao mundo!

    Não é permitido outro boi que não sejam o “caprichoso” ou o “Garantido”

    Por isso temos agora a votação majoritária anti o outro candidato, ganhando o menos pior!

  2. Alô Nassif
    Será que não se percebe que o modelo político, econômico e social faliu?

    Será que não se constata que os políticos do mundo inteiro e os próprios partidos políticos, estão em baixa?

    Será que não é visível a prevenção do “sistema” em elaborar leis draconianas para se acautelar contra a insurgência da população pelo mundo?

    Governos da América Latina (eterno laboratório) sendo derrubados (como aviso ao mundo) em cascata não lembra certa passagem da história?

    1. Falência

      Também acho que o sistema nascido há dois séculos está  nas últimas. Quando ele foi concebido, o modo de representação era o mais perfeito para a tecnologia disponível.  Ou seja, o cidadão tinha que escolher um procurador que espelhasse sua vontade em todos os campos, porque não era possível consultar a vontade popular sobre cada assunto submetido à consideração dos orgãos estatais. (E olhem que os USA progrediram nesse campo: nas eleições, o povo não é consultado apenas sobre os candidatos, mas sobre a localização de futuras escolas, o traçado de rodovias etc.). Não creio que se possa fazer uma democracia direta, com o povo decidindo as coisas na hora, como aconteceu no julgamento de Jesus, mas não se pode continuar com o sistema atual. Ainda mais com uma Constituição votada pelos restos políticos de uma ditadura, entre eles uma parte do Senado que nem ao menos foi eleita para essa tarefa.

  3. Nassif
    E quando aparece a

    Nassif

    E quando aparece a chance de escolherem um pessoa que pensa fora do “quadrado ianque” se omitem!

    Merecem !!!

    1. Há 240 anos com a mesma

      Há 240 anos com a mesma Constituição,  o mesmo regime e as mesmas instituições, é o melhor que se pode fazer a despeito de todas as imperfeições, qual o regime alternativo melhor?

      1. “o mesmo regime e as mesmas instituições”

        Espera então mais 170 anos e fala isso de Cuba. Coreia do Norte vai pelo mesmo caminho?. Mais 160 anos e podermos dizer isso da China?

        A estabilidade do jogo não é sinal de aperfeiçoamento deste. A idade média ou o império Romano duraram muito mais do que isso. O amor é infinito enquanto dure.

        Nos 240 anos dos EUA vimos escravidão, guerra civil entre irmãos, exterminação dos índios e florestas, invasões gratuitas a outros países, enquanto estava aí “o mesmo regime e as mesmas instituições”, é claro, o mesmo sistema capitalista global – que nunca saiu mesmo do poder.

        EUA é o maior cinismo em democracia, limitando o jogo para dois partidos e exportando torres de babel democráticas para o restante do mundo, bancando minorias e movimentos separatistas.

  4. Democraticos de verdade são

    Democraticos de verdade são os regimes da China e da Russia, de Cuba e da Coreia do Norte, lá pelo menos não há essa incerteza de não se saber quem vai ganhar a eleição.

    1. Podemos discutir…

      Tudo isso e mais. Como de fato normalmente já fazemos.

      Apenas que o post era relativo aos EUA, o qual finge de democracia e apenas ostenta um único poder, do capital financeiro global.

      Por sinal, em Cuba há uma certeza sim: que nenhum menino cubano irá dormir com fome esta noite.

    2. Pelo menos esses não fingem

      Pelo menos esses não fingem serem democráticos. Já os EUA é uma pseudo democracia, onde dois partidos se revezam no poder há mais de 100 anos e cujas divergências são apenas maquiagens. Às vezes se assemelha a uma monarquia, onde o poder passa de pai para filho, de marido pra esposa, com algum intervalo, pra despistar.

    3. Prezado André
      Bom dia 
      O

      Prezado André

      Bom dia 

      O articulista postou uma bela palestra de Leandro Karnal sobre os 7 pecados capitais.

      Deveria dar uma olhada

      Abração

  5. A democracia americana é o

    A democracia americana é o sistema político menos ruim  para países com uma população acima de 100 milhões de pessoas – como o Brasil. Mil vezes uma democracia americana, com seus trumps, bushs e semelhantes, do que um sistema como russo, chinês e até mesmo indiano, com sua divisão em castas. 

    A questão é que com essa forma de governar, os EUA se tornaram um grande país – e o Brasil ainda continua sendo apenas um país grande (graças a Monarquia). 

  6. Nem um nem outro.
    Esta aí

    Nem um nem outro.

    Esta aí veio na época em que requereu ao Brasil a lei da transparencia, mas lá…a tal transparencia trazida por outrem e de outro país vira pedido de prisão.

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