Os democratas são a melhor opção para a economia dos EUA? Por Jeffrey Frankel

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Comparações históricas mostram diferenças expressivas entre republicanos e democratas

Jornal GGN – A candidata democrata à presidência dos Estados Unidos Hillary Clinton afirmou reiteradamente nos últimos meses que “a economia norte-americana vai muito mehor quando um democrata está na Casa Branca”. Embora a declaração seja interpretada como marketing político, o professor da universidade de Harvard, Jeffrey Frankel, diz que tal afirmação está “absolutamente certa”.

Em artigo publicado no site Project Syndicate, Frankel, diz que o presidente é apenas um dos fatores responsáveis pelo molde da economia, e que alguns acabaram com mais sorte do que outros. “Mas isso não significa que a afirmação de Clinton é apenas ‘meia-verdade’, como foi afirmado por alguns pesquisadores. A diferença no desempenho econômico sob presidentes democratas e republicanos é consistente e substancial, com as disparidades claramente acima do limiar para significância estatística”.

O articulista explica que tal questão foi confirmada por um levantamento elaborado pelos economistas Alan Blinder e Mark Watson, da Universidade de Princeton. Seu ponto de partida é a observação de que, no período pós-Segunda Guerra Mundial (de Harry Truman a Barack Obama), o crescimento anual do PIB foi em média de 4,3% nos governos democratas, em comparação com 2,5% sob mandatos republicanos. “Uma análise anterior, que inclua Herbert Hoover e Franklin D. Roosevelt, mostra uma disparidade ainda maior”, diz Frankel.

E ainda existem outras diferenças: ao longo dos 256 trimestres nos 16 mandatos presidenciais pós-guerra, a economia norte-americana enfrentava um quadro de recessão durante uma média de 1,1 trimestre em presidências democratas e de 4,6 trimestres nos períodos republicanos. “As probabilidades de que uma diferença tão grande é o resultado de mero acaso não são mais do que um em 100”, diz o articulista.

E a tendência não está restrito ao PIB. “Desde 1945, a taxa de desemprego caiu 0,8 ponto percentual sob os democratas, em média, e registrou um aumento de 1,1 ponto percentual no âmbito republicano – uma notável diferença de 1,9 pontos percentuais”, ressalta Frankel. “O déficit orçamental estrutural também foi menor sob presidentes democratas (1,5% do PIB potencial) do que quando republicanos estiveram no comando (2,2%), embora isso não se tenha parado de criticar os republicanos e democratas por gastos excessivos.

Na visão do professor de Harvard, a probabilidade de que “só a sorte” poderia ter produzido tais diferenças grandes e consistentes no desempenho econômico é extremamente baixa – um ponto que pode ser ilustrado mesmo sem regras de econometria extravagantes. “Se as chances de uma recessão começar durante um democrata ou o mandato de um presidente republicano eram iguais, as chances de quatro recessões sucessivas começando sob republicanos seria de 16 para um – o mesmo que pegar “caras” em quatro de quatro flips de moedas. Isso não é particularmente provável, no entanto, mas é exatamente o que aconteceu nos últimos 35 anos”.

Outro fato considerado surpreendente foi verificado na análise da transição de um encarregado de um partido para o outro. “Nas quatro transições em que um republicano assumiu o cargo, o crescimento do PIB abrandou; nas outras quatro transições, quando um democrata assumiu, a taxa de crescimento subiu”. Os pesquisadores também sugerem que outros cinco fatores podem explicar boa parte das lacunas de crescimento – choques do petróleo, o crescimento da produtividade, gastos de defesa, o crescimento económico estrangeiro, e a confiança do consumidor -, mas é impossível saber a extensão em que esses fatores foram influenciados pelas políticas do presidente dos Estados Unidos, e sabe-se menos ainda sobre os 44% restantes da lacuna.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

1 Comentário

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  1. E a paz mundial?

    Pode até ser verdade, mas acima da economia e de tudo o mais está a Paz Mundial. Nesse aspecto Hillary Clinton, pela sua estreita ligação com o complexo industrial-militar, é uma grande ameaça e a certeza de que muitos países soberanos serão invadidos para serem saqueadas suas riquezas, a tensão mundial se elevará a níveis imprevisíveis e uma guerra mundial com armas nucleares passa a ser uma ameaça real. Lembrem-se dos “bombardeios humanitários” que destruíram a Líbia a mando de H.Clinton quando era Secretária de Estado.

    Sob este aspecto, da Paz Mundial, cheguei à desoladora conclusão que Trump representa um mal menor, já que declarou publicamente que pretende baixar a tensão com a Rússia. Claro que estará sob pressão dos falcões republicanos que tudo farão para desencadear uma grande guerra por ordem do complexo industrial-militar associado a Wall Street. Desde que seja bem longe dos EUA, lógico.

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