Robert Reich, ex-secretário dos EUA, questiona custos do ensino superior

Por Reginaldo Moraes

Diploma superior é ou deve ser tudo isso que se vende?

Robert Reich foi secretário do Trabalho no primeiro mandato de Bill Clinton. Seu livro O Trabalho das Nações (de 1991, publicado no Brasil em 1993) contribuiu fortemente para popularizar a idéia dos ‘trabalhadores do conhecimento” ou “analistas simbólicos”. Neste artigo ele toca numa questão polêmica (e não só nos Estados Unidos): a obsessão pelo diploma de ensino superior e a tendência a vê-lo como a “porta da oportunidade”. Alguns podem interpretar sua fala como a velha e classista tendência de reservar o “trabalho intelectual” para os “de cima” e os “trabalhos manuais” para as classes populares. Ou como um estímulo ao desmanche da educação. Vá lá, pode ser. Mas outros podem vê-la como uma crítica à valorização excessiva da “cultura superior” como meio de distinção social e legitimação das desigualdades de renda. Ou talvez dessa fala surja uma pergunta: será que a valorização do diploma (não da educação, do diploma) não é mesmo uma bela jogada para a indústria da educação superior? Por que, afinal, quando eventualmente um “dos debaixo” sobe para o andar de cima, via diploma, a estrutura de andares não deixa de existir. Talvez até sua existência seja mais reforçada e legitimada, pela “prova” de que “subir” depende de, enfim, do esforço individual. Como dizia o velho Cauby Peixoto, foi essa a mancada da Conceição, aquela que tentando a subida desceu.

Tentemos ler o texto do Reich evitando o pré-conceito. E explorando suas ambiguidades. O artigo foi publicado originalmente no blog de Reich. A tradução é livre.

Faculdade é enorme desperdício de dinheiro

Esta semana, milhões de jovens se voltam para faculdades e universidades, procurando vaga em um curso de superior que lhes dê um diploma de 4 anos (bacharelado). Acreditam que é a única porta de entrada na classe média americana.

Não deveria ser.

Por um lado, um diploma desses é extremamente caro. Muitos jovens se formam  com as dívidas que levam anos, se não décadas para pagar.

E muitos deles não podem encontrar bons empregos quando se formam. Então precisam se contentar com empregos que não requerem quatro anos de faculdade. Eles acabam sobre-qualificados para o trabalho que fazem e decepcionado por ele.

Outros largam a faculdade porque estão despreparados ou deslocados em um currículo de artes liberais de quatro anos. Quando saem, sente-se como fracassados.

Precisamos abrir outras portas de entrada para a classe média.

Considere, por exemplo, o trabalho de técnicos. Eles não exigem um diploma de quatro anos. Mas exigem domínio sobre um campo de conhecimentos técnicos, que geralmente podem ser obtido em dois anos.

Empregos em áreas técnicas estão crescendo em importância. Como equipamentos digitais substituem os trabalhos de rotina e os profissionais de nível inferior, os técnicos são necessários para instalar, monitorar, reparar, testar e atualizar todos os equipamentos.

Técnicos de hospital são necessários para monitorar equipamentos cada vez mais complexos que agora enchem os centros médicos; técnicos de escritório, para consertar o hardware e o software responsável por grande parte do trabalho que costumava ser feito pelos scretários e funcionários administrativos.

Técnicos de automóveis são demandados para reparar o software que agora impulsiona nossos carros; técnicos industriais, para atualizar as máquinas de controle numérico e impressoras 3-D que substituíram as linhas de montagem; técnicos de laboratório, para instalar e testar equipamentos complexos para medir os resultados; técnicos de telecomunicações, para instalar, atualizar e reparar os sistemas digitais, ligando-os um ao outro.

A tecnologia está mudando tão rápido que o conhecimento sobre especificidades pode rapidamente tornar-se obsoleto. É por isso que os técnicos aprendem tanto no próprio no trabalho.

Mas para ser um aprendiz eficaz no trabalho, os  técnicos precisam de conhecimentos básicos de software e engenharia, no campo dessa tecnologia – hospitais, escritórios, automóveis, produção, laboratórios, telecomunicações e assim por diante.

Os Estados Unidos ainda não estão educando os técnicos de que precisamos. Como nossas aspirações cada vez mais se concentram em diplomas de quatro anos de faculdade, deixamos que o ensino técnico e vocacional seja rebaixado e denegrido.

Ainda assim, temos uma base para construir. Os Community Colleges, que oferecem programas de dois anos, recebem hoje mais da metade dos ingresssantes no ensino superior. Muitos estudantes trabalham em tempo integral, fazendo cursos à noite e nos fins de semana. Muitos são mais velhos, adultos.

Community Colleges são grandes pechinchas. Eles evitam as fantasiosas amenidades que as faculdades de artes liberais de quatro anos precisam ter para atrair os filhos da classe média.

Mesmo assim, os community colleges estão perdendo financiamento, sistematicamente. As assembléias legislativas estaduais estão dando mais recursos per capita para o ensino superior de quatro anos porque é o que seus eleitores de classe média querem para seus filhos.

As empresas americanas, por seu lado, não são suficientemente envolvidas em desenvolver curriculos de community colleges e contratar seus graduados, porque seus executivos são geralmente os produtos das instituições de artes liberais de quatro anos e não reconhecem o valor dos community colleges.

Por outro lado, a Alemanha fornece a seus estudantes a alternativa de um ensino técnico de qualidade mundial que mantém a economia alemã na vanguarda da fabricação de precisão e de tecnologia aplicada.

As habilidades ensinadas são baseadas em padrões da indústria, e os cursos são desenvolvidos por empresas que precisam dos graduados. Então quando jovens alemães obtiverem seus diplomas, os empregos estão esperando por eles.

Nós não deveríamos replicar o sistema alemão na íntegra. Isso em geral exige que os alunos e suas famílias optem por um percurso técnico já na faixa dos 14 anos.  É difícil mudar mais tarde para uma trilha acadêmica.

Mas podemos fazer melhor do que estamos fazendo agora. Uma opção: combinar o último ano do ensino médio com o primeiro ano de community college em um currículo para formar técnicos para a nova economia.

As indústrias afetadas poderiam ajudar a projetar os cursos e prometer empregos aos estudantes que os concluiam com êxito. Aqueles que quiserem corrigir essa escolha poderiam continuar para obter seu diploma de “associate degree” (superior curto) e até mesmo obeter transferência para as universidades com cursos de bacharelado.

Desta forma nós forneceríamos uma base para muitos jovens que não podem ou não querem levar a cabo um curso de quatro anos, criando uma outra porta de entrada para a classe média.

Muitas vezes, na América moderna, nós igualamos “igualdade de oportunidades”, com a oportunidade de obter um diploma de quatro anos de artes liberais. Mas deveria significar uma oportunidade para aprender o que é necessário para conseguir um bom emprego.

Redação

14 Comentários

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  1. Ex secretario do Trabalho

    Ex secretario do Trabalho falando sobre educacao…  Pelo menos eh em relacao aa propria area.  Pelo menos isso!  Em epoca de um eufemismo de um supremo sobre o golpe ser considerado Uma Grande Vitoria, nao ta nada mal.

    Porem…  absolutamente nada vai se modificar na Educacao dos EUA.  Mais de um trilhao de dividas de estudantes prova isso.

  2. O modelo que Robert Reich sugere já existe no Brasil

    Lula forjou-se a vida acadêmica em curso técnico de Torneiro Mecânico no Senai (unidade Brás), em SP. Sem esse, o Brasil não testemunharia a ascensão na política. Certamente, esse atributo pessoal representou um fator fundamental para que ele, em seu governo, investisse maciçamente recursos em cursos técnico-profissionalizantes. O PRONATEC, fortalecido por Dilma, e a expansão do Senai são reflexos de tal empreendimento. 

    A relação bilateral Brasil-Alemanha, elevado à estatura político-diplomática de “Parceria-Estratégica, desde o ano de 2002, confere uma grande relevância ao intercâmbio tecnológico e científico. Destaca-se, nesse campo, a cooperação do Senai com a Sociedade Franhofer da Alemanha, estabelecida em 2015 (no governo Dilma) para a instalação de mais de 20 centros de alta performance tecnológica, no Brasil. 

    Nesse sentido, há sim assentado no Brasil, uma base estrutural para possibilitar a expansão e o relevo de cursos técnicos no Brasil, especialmente para jovens. A questão é saber se tal iniciativa será relevada pelo governo adentrado.

     

     

     

     

     

     

     

    1. É muito oportuna sua

      É muito oportuna sua observacao, Eden. Tambem tive uma trajetoria profissional que foi por esse caminho, quando jovem. E durante anos treinei operarios especializados e técnicos (desenhistas mecanicos). Mas acho que o R.Reich aponta algo mais dificil, mais complexo. Também há esse tipo de formação de aprendizes (apprenticeshipe) nos E.Unidos, mas está longe de se comparar com o que ocorre em paises eeuropeus (como nesse caso alemão, do sistema dual). Nos EUA ele atinge pouca gente, ao contrario da Alemanha, onde se estima que mais de 70% dos jovens tem ou tiveram contato com algum tipo de ensino vocacional. E nos EUA ele é desligado da escola formal, a middle school e a high school. Na Alemanha, ela faz parte da formacao dos jovens, é colada na escola, o que faz com que uma coisa estimule a outra: a educação para o trabalho é enriquecida pela formacao “academica”, disciplinar, e a formação “teorica” ou “academica” fica mais instigante pelo contato com esse mundo da prática. Para completar, como consequencia do momento e do lugar em que ocorre essa educação, nos EUA a apprenticeship pega gente proxima dos 25 anos ou mais. Na Alemanha, pega os adolescnetes, 10 anos antes. Tudo isso ajuda a reduzir a reserva ou mesmo preconceito com o chamado trabalho manual e o trabalhador manual. Aliás, quem já passou por essa experiencia sabe que o tal trabalho manual de um eletricista ou ferramenteiro é mais intelectual do que manual – mjuito mais do que muito trabalho de colarinho branco. Mas é sempre visto como trabalho do “pessoal de macacão”. A sua observacao, trazendo o foco para o Brasil, é muito oportuna, como disse, mas acho que nosso desafio vai muito além dessa criação de alguns centros e programas. Tem chão…

    2. Não sou qualificada para

      Não sou qualificada para discutir tais questões. Mas tenho minhas desconfianças das reais intenções desse estudo do Mr. Reich. Ensino superior é caro, então vamos limitá-lo aos ricos.

      No caso brasileiro, é um embasamento e tanto para acabar com  as universidades públicas e gratuitas, transferindo-as ao setor privado. Já temos até uma reforma do ensino médio nessa direção (um “commom core” tupiniquim?), ou seja, aprende mais quem pode pagar e aos demais, a grande maioria,  oferta-se  um curso mais restrito. E, claro,  em parceria com a iniciativa privada, assumindo também escolas públicas com reembolso do governo (não é esse o projeto de alguns governos estaduais?).

      Enfim, na minha tosca visão, tudo do jeito que o mercado gosta. E cada um no seu quadrado, sem essa bobagem de querer ascensão social via educação. Mas, os entendidos melhor dirão.

      1. Muitos desses riscos existem,

        Muitos desses riscos existem, sim. Mas não acho que isso de “ascensão social via educação” seja exatamente uma bobagem. Ah, antes fosse! pelo contrário, bem contada, é uma eficiente fábula neoliberal, aquelas estórias “meritocráticas” que embalam e adormecem, enquanto os herdeiros festejam.

        1. Um esclarecimento, Reginaldo.

          Um esclarecimento, Reginaldo. O “essa bobagem de ascensão social via educação”  e “o cada um no seu quadrado” não é o que penso. Assinalei a consequência de um modelo excludente de ensino. Tentei ser irônica, mas não consegui. Minhas desculpas.

          1. Entendi, Jaide, mas é que eu

            Entendi, Jaide, mas é que eu tambem quis dizer que, de outr ponto de vista, a ideia de ascensão social via educação é uma bobagem, ou, mais precisamente, uma ilusão conveniente á manutenção do status quo. Mesmo que se elimine a ideia de que cada um está preso a um quadrado, ainda assim não se elimina a estruturação da sociedade em quadrados. Mesmo que todos os indivíduos mudassem de andar ou quadrado (o que obviamente nao acontece), ainda assim teriamos uma sociedade estruturada em classes.

      2. Robert Reich é de confiança

        Cara Jaide,

        Sabendo que Robert Reich é autor de um filme extremamente crítico da desigualdade social nos EUA (vide http://www.viomundo.com.br/denuncias/desigualdade-para-todos-e-bem-mais-que-um-filme.html), podemos ter certeza que a crítica é honesta. O que ele fala, transposto para a realidade brasileira, seria como se o governo federal estivesse tirando orçamento dos Institutos Federais para manter as Universidades Federais. A analogia não é perfeita porque, depois das ações dos governos Lula/Dilma, as universidades federais não são mais ambientes elitistas. E depois que o golpista assumiu está cortando tudo, seja nas universidade ou institutos federais.

  3. Uma inversão total e completa de raciocínio!

    Este tal de Robert Reich pode até ter escrito dez livros sobre o assunto, mas ele inverte por completo o problema tanto na remuneração como também na qualidade necessária dos cursos técnicos e superiores.

    A primeira inversão, que inclusive é ADOTADA PELA IMENSA PARTE DA “ESQUERDA” BRASILEIRA, está na justificativa da disparidade salarial por nível de escolaridade. Ter um diploma de nível superior é indiferente no grau de dificuldade quanto a neste mesmo período trabalhar numa fábrica seis ou oito horas por dia. Tem pessoas que gostam de ficar na frente de livros e computadores lendo, escrevendo e estudando seis ou oito horas por dia, por outro lado tem pessoas que detestam isto.

    A lenda que estudar é algo penoso e que necessita capacidades sobre-humanas e que quem faz trabalhos braçais é porque não teve o mesmo valor que os que chegam aos diplomas de nível superior é algo que a própria esquerda assume, o fato real é que:

    1) Existem pessoas que adoram ficar na frente de livros e detestariam pegar numa instrumento de trabalho físico qualquer e ficar horas a fio fazendo a mesma atividade.

    2) Existem pessoas que são exatamente ao contrário das pessoas do item (1).

    Muitas vezes em discussões de baixo nível sobre socialismo ou comunismo vem a fantástica pergunta.

    Tu estudarias o que estudaste, se fosse ganhar o mesmo que um trabalhador braçal?

    A resposta lógica de pessoas que gostam de fazer o que fazem é SIM.

    Logo não é a disparidade do nível de escolaridade que explica o nível de renda, mas sim a disparidade do nível de renda que explica o nível de escolaridade.

    A segunda grande inversão é na comparação entre o nível de ensino técnico e superior, isto é um total e completo desconhecimento do que deveria ser um profissional de nível superior em relação a um profissional de nível técnico.

    Os cursos de nível técnico exemplificados no artigo são comparáveis com os correspondentes de nível superior de forma TOTALMENTE ERRADA. Um exemplo claro deste erro pode ser lido na frase:

    “A tecnologia está mudando tão rápido que o conhecimento sobre especificidades pode rapidamente tornar-se obsoleto. É por isso que os técnicos aprendem tanto no próprio no trabalho.”

    Um profissional de nível superior formado corretamente não se torna obsoleto se tiver um mínimo de curiosidade e abertura para se manter razoavelmente atualizado. Já um profissional de nível técnico se não sofrer um permanente nível de treinamento, que deverá ser ministrado por outros profissionais, torna-se rapidamente obsoleto, por isto é que devem aprender permanentemente tanto no seu trabalho como em pequenos cursos de atualização.

    A diferença fundamental entre o nível técnico ao nível superior (feito de maneira como deve ser feito) é nas disciplinas que compreendem qualquer curso de nível superior.

    Pode-se dividir as disciplinas de um curso de nível superior em três níveis:

    a) Disciplinas básicas, 

    b) disciplinas profissionalizantes e 

    c) disciplinas profissionalizantes específicas.

    As disciplinas básicas são as que poderíamos chamar de disciplinas pétreas, ou seja, são disciplinas que praticamente não mudam com o tempo ou a há somente a mudança da ênfase conforme a formação profissionalizante posterior, para não ficar na mera citação há cinquenta anos o Cálculo Numérico era uma disciplina secundária em relação aos outros cálculos pela não vulgarização do cálculo numérico com computadores.

    As disciplinas profissionalizantes são aquelas em que se começa a entrar na parte de maior repercussão tecnológica, mas ainda não se volta para a tecnologia aplicada atual, já as específicas se entra nas peculiaridades tecnológicas atuais e merece um acompanhamento permanente da evolução tecnológica.

    Agora vem a diferença dos cursos técnicos, as disciplinas básicas são simplificadas ao máximo ou mesmo não ensinadas, as disciplinas profissionalizantes são ministradas, mas sem muita importância aos princípios físicos que originam determinadas técnicas e, por fim, o curso se centra em disciplinas profissionalizantes específicas.

    Vou exemplificar usando o texto do autor: Um técnico bem formado é capaz de consertar uma máquina complexa desde que não tenha necessidade de inovar em algo, ou seja, ele pode trocar um pequeno circuito queimado num equipamento sofisticado médico, por exemplo, porém ele não é capaz de substituir o mais simples circuito do equipamento por outro que faça a mesma tarefa mas que tenha outra configuração.

    O que confunde as pessoas é que 95% a 99% das tarefas de um técnico com nível superior (universitário) não necessita de inovação nenhuma nem do uso de habilidades que geralmente ele deveria ser treinado. Ou seja, na imensa quantidades de tarefas de um profissional com nível universitário ele poderia ser substituído por profissionais de nível técnico, porém em nenhuma tarefa que exige na realidade um profissional de nível universitário, nenhum técnico poderia substituí-lo!

    Estes últimos parágrafos abrem a discussão sobre diversos pontos, como a necessidade de mais ou menos profissionais com ensino superior, e a associação desta com o nível tecnológico que se encontra o país. Porém o mais importante é analisar por que que este senhor levanta este assunto.

    Parece-me que é simples, a sofisticação tecnológica que vivemos nos dias atuais, não permite que se leve as tarefas um pouco mais elaboradas por profissionais sem uma formação técnica. O operário e o agricultor tão bem representado pela foice e o martelo do século XIX não tem mais espaço na produção dos dias atuais. Tanto a foice como o martelo devem substituídas por aparelhos mais sofisticados, porém o operário e o agricultor ainda são os mesmos. O sujeito sem a formação mínima só pode numa fábrica moderna executar tarefas extremamente secundárias. Também poder-se-ia levantar a deficiência de formação das universidades que em muitas a formação básica é desprezada em nome da atualização tecnológica, escutando-se besteiras do tipo a Universidade B forma muito melhor para o mercado de trabalho pois dá mais ênfase aos aspectos práticos da profissão (grande besteira).

    Apesar desta falsa estratificação entre salário e grau de escolaridade, o problema não está aí, mas sim na necessidade de maior treinamento para qualquer trabalho na sociedade moderna, e pela não disparidade de renda conforme o grau de escolaridade.

  4. Há sim uma super valorização

    Há sim uma super valorização do “diploma” pelas classes menos favorecidas, o que faz a familia e o proprio estudante fazer grande sacrificio financeiro para obter o tal “diploma” em faculdades de 3ª linha e que pouco valem no mercado competitivo de trabalho. A valorização tem um conteudo social elevado ” meu filho vai ser doutor”, nos EUA essa valorização é menor.

    1.No mercado se seleciona pela qualidade do diploma, os diplomas de faculdes de bairro sem tradição não conferem qualificação no mercado porque são considerados “fracos”. Nas seleções de “trainees” para grandes empresas, que é a porta de entrada para  os bons empregos de futuros executivos, o “status” da faculdade tem peso fundamental.

    2.Nos estagios de advocacia tambem se seleciona pela faculdade e na entrevista do candidato se valoriza a “postura”, a linguagem e a atitude do candidato. O nivel social, a indicação tambem tem peso alto.  Portanto só o “diploma” é insuficiente.  Há uma seleção natural em todas as profissões e nessa seleção o diploma esta longe de ser a chave da porta de entrada.

    3.Peso altissimo é a linguagem falada e escrita em qualquer profissão, o inglês é o segundo peso alto e poucos

    falam ingles fluente , o que é um fator altamente limitativo, infelizmente essa é a REALIDADE.

    Que tal uma caixa de banco fazendo pós-graduação numa faculdade de periferia falando “os documento tá pronto”

    de que vai vale esse diploma de pós-graduação?

    O panoramo nos EUA é diferente porque menos jovens lá fazem curso superior em relação ao total dos jovens, o curso superior costuma ser muito caro e ao final a economia não demanda tantas pessoas formadas. No Brasil há 1.308 faculdades de direito contra 180 nos EUA, temos quase 2 milhões de advogados, temos FABRICAS DE DIPLOMAS.

    1. Concordo com boa parte, mas

      Concordo com boa parte, mas não é verdade que nos EUA menos jovens façam ensino superior. A taxa de cobertura do sistema, nos EUA, é enorme, uma das maiores, senão a maior do mundo. Muitos jovens fazem, sim, curso superior. Ou, pelo menos, ingressam, a evasão é muito grande. E nem sempre é caro. Estudar em community college (ensino superior de curta duração) é bem mais barato e, com o sistema de bolsas, a maior parte dos estudantes simplesmente nao paga, isso é fato conhecido. Caras são as famosas escolas privadas (sem fins lucrativas) – 40 a 50 mil dolares ao ano, no minimo. E caros e ruins são as escolas privadas lucrativas, uma praga tão ruim quanto no Brasil, cobrem hoje quase 15% dos estudantes de graduação. Os estudantes se endividam (US$ 1 trilhao de divida consolidada), não concluem e, se concluem, têm um diploma que não quer dizer nada. Lá, como cá. Alías, aqui, cada vez mais ficamos com esse pedaço do modelo americano. Inclusive com as escolas e fundos americanos que estão comprando escolas brasileiras.

  5. Vejo isso mais como uma

    Vejo isso mais como uma resposta a Sanders e sua proposta de ensino público superior. Hillaria está sem saber o que fazer e busca apoio nos ex-ministros de Bill. Cômico! Os filhos dele é certo que vão para as melhores escolas e mais caras. 

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