Trudeau, o inferno de Trump, por Sergio da Motta e Albuquerque

Trudeau, o inferno de Trump, por Sergio da Motta e Albuquerque

A reação firme de Justin Trudeau ao protecionismo belicista de Donald Trump na reunião do G7 – a cúpula das auto-intituladas sete mais industrializadas economias do planeta – iniciou uma guerra de palavras entre as representações de Estados Unidos e Canadá. Trudeau disse que não seria intimidado. Nada demais até aí. O jovem Trudeau é o Primeiro-Ministro do Canadá – e filho do também do ex- Premier Pierre Trudeau (1960-1979, 1980-1984). 

Curiosa foi a resposta do conselheiro e diretor do Comitê Nacional de Comércio da Casa Branca, Peter Navarro: “Deve haver um lugar especial no inferno para ele por sua traição”, disse o economista diante de uma audiência atônita. Eu tive que ver a reportagem várias vezes para confirmar o conteúdo infantil e descabido da declaração de Navarro. Justin Trudeau, de um momento a outro, tornou-se o anti-Trump. Boa parte da população do planeta gostaria de estar em seu lugar (8/5, The Guardian).

O comentário de Navarro, em muitos ouvidos, soou como produto de catecismo católico antiquado. “Inferno especial” para um primeiro ministro de um país amigo e importante Canadá? Esta é a punição pretendida a um jovem Premier que não se deixou intimidar pela bravata de Trump? Se deixarmos de lado a sandice de Navarro, veremos que menosprezar o passado recente de excelentes relações com seu vizinho do Norte vai ter um custo inesperado para a gestão Trump. Que abandonou a reunião com o G7, ofendido com a “facada nas costas” de Trudeau.

A administração Trump anda desgostosa, nestes dias, por dois motivos: o primeiro deles foi a recusa frontal dos argentinos em ajudarem a patrocinar a imposição israelense de uma Jerusalém única, controlada inteiramente por Israel e apoiada por Donald Trump. A seleção argentina negou-se a jogar naquele país, o que desagradou em muito ao governo do israelense Benjamim “Bibi” Netanyahu, publicou (6/1) o site da CNN. O segundo foi o comentário duro e justo de Trudeau feito à imprensa internacional durante a reunião do G7. A fala de Trudeau representou o ultraje ( e os interesses) não só de seu pais, mas também da Comunidade Europeia da Zona do Euro e de todo o mundo.

Trump ainda não aprendeu que uma reunião com o G7 não é uma mera discussão de negócios entre capitães da indústria de outros países. Ele não pode sair enfurecido a fechar portas atrás de si, ou abandonar enfurecido de uma discussão que envolve as algumas das maiores economias do mundo. Seu comportamento de menino mimado pode implicar em consequências graves para o povo americano. Muito mais severas do que uma  pueril  e descabida condenação de Trudeau “ao inferno”.

Redação

10 Comentários

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  1. Acho um pouco inocente achar

    Acho um pouco inocente achar que Trudeau vá MESMO peitar Trump 🙂
    O Canadá é o cachorrinho mais manso de toda a zona de influência dos EUA…

  2. Esse G7 é uma porcaria. Pra

    Esse G7 é uma porcaria. Pra começar, se entitular “as 7 maiores economias do planeta” é uma completa piada. Poderiam incluir a Argentina e virar G-8.

    1. Imperadores

      Trump poderia ser comparado também a Calígula, que teria nomeado senador seu cavalo Incitatus.

      Navarro não tem semelhança com Incitatus ?

  3. Ponto para Trudeau filho

    Justin Trudeau parece que saiu ao pai! Em todo caso até aqui tem sido um bom primeiro ministro para o Canada, o primeiro a pedir perdão ao massacre e crueldades causados ao povo autoctone do Canada. 

    E quanto ao conselheiro de Trump foi escolhido a dedo. Mesma idade mental do chefe. 

    1. Não há mocinhos nem bandidos nessa querela

      Impressiona-me a perspectiva idealizada de muitos ao querer valorizar o posicionamento de Troudeau sobre Trump, como se buscassem plasmar uma clivagem do tipo “mocinho” e “bandido”. O fato é que não nem um, nem outro, mas sim a prepoderância de interesses.

      Se a inflexibilidade de Trump se fundamenta pela proteção da indústria americana, a de Troudeau está em tentar salvar do fiasco o convescote realizado em seu país, logo ele sendo o responsável pelos resultados.

       

      1. Trump é um gangster

        É evidente que cada país defende seus interesses.  Esse não é o ponto. Mas existem regras, acordos, diálogo e instituições (WTO) entre a comunidade internacional. Trump não aceita nada, saca do seu colt e sai stirando e chantageando e gritando. É um gangster. Se os acordos fechados por governos anteriores prejudicam os EU, então é hora de renegociar. Ele usa de gangsterismo puro com paìses vizinhos ou alusdos de longa data ameaçando e chantageando. Existe uma ordem internacional. Se outros agissem da mesma forma, reinaria o caos. Portanto ele éo bandido.

  4. Pé na porta.

    O Trxxxxmp é conhecido pelo pé na porta. Do jeito que a coisa vai, daqui para frente veremos muitas portas arrombadas.

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