A Ucrânia e o golpe engendrado pelos EUA: desinformação e violência

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Enviado por Nilva de Souza

do Resistir.info

A crise na Ucrânia: O que significa ser saqueado pelo ocidente

por Paul Craig Roberts* 

Em 2004 a Hungria aderiu à UE, na expectativa de ruas cobertas de ouro. Ao invés disso, quatro anos depois, em 2008, o país ficou endividado ao FMI. O vídeo do grupo de rock húngaro Mouksa Underground resume o que é a Hungria de hoje, depois de cair nas garras da UE e do FMI. Ver www.youtube.com/watch?v=Jg8h526sB7w&feature=youtu.be 

A canção é acerca dos resultados desanimadores do abandono do socialismo em favor do capitalismo – e na Hungria os resultados certamente não são encorajadores. O título é “Desalento com a mudança de sistema”. Aqui está a letra: 

Os que têm agora mais de vinte anos 
Estiveram à espera de vida boa 
Para o cidadão médio 
Ao invés de riqueza temos pobreza 
Exploração irrestrita 
Assim, esta é a grande mudança de sistema 
Assim, é isto que espera por si 
Nada de habitação Nada de alimentação Nada de trabalho 
Mas isto foi garantido que não aconteceria 
Aqueles no topo 
Devoraram-nos 
O pobre sofre todos os dias 
Assim, isto é a grande mudança de sistema 
Assim, isto é o que espera por si 
(Repete) 
Quando ocorrerá mudança real? 
Quando haverá uma mundo vivível 
A solução definitiva aparecerá 
Quando este sistema económico for abandonado para sempre 
Assim, esta é a grande mudança de sistema 
Assim, isto é o que espera por si 
(Repete)

Não há solução fora da revolução 

Se os estudantes de Kiev houvessem escutado o grupo de rock húngaro ao invés das ONGs de Washington, ele entenderiam o que significa ser saqueado pelo Ocidente e a Ucrânia não estaria na tormenta e rumo à destruição. 

Como a secretária de Estado Assistente Victoria Nuland deixou claro no seu discurso de Dezembro último e na fuga da gravação da sua conversação telefónica com o embaixador dos EUA em Kiev, Washington gastou US$5 mil milhões do contribuinte estado-unidense para engendrar um golpe na Ucrânia que derrubou o governo democrático eleito. 

Que aquilo foi um golpe é também sublinhado pelas óbvias mentiras públicas de Obama acerca da situação, culpando, naturalmente, o governo derrubado, e pela total deturpação dos acontecimentos ucranianos pelos media presstitutos dos EUA e Europa. A única razão para deturpar os acontecimentos é apoiar o golpe e encobrir a mão de Washington. 

Não há dúvida de que o golpe é um movimento estratégico de Washington para enfraquecer a Rússia. Washington tentou capturar a Ucrânia em 2004 com a “Revolução Laranja” por ela financiada, mas fracassou. A Ucrânia fez parte da Rússia durante 200 anos antes de lhe ser dada independência na década de 1990. As províncias do Leste e do Sul da Ucrânia são áreas russas que foram acrescentadas à Ucrânia na década de 1950 pela liderança soviética para diluir a influência dos elementos nazis na Ucrânia ocidental que haviam combatido por Adolf Hitler contra a União Soviética durante a II Guerra Mundial. 

A perda da Ucrânia para os EUA e a NATO significaria a perda da base naval da Rússia no Mar Negro e a perda de muitas indústrias militares. Se a Rússia aceitasse tal derrota estratégica, isso significaria que se havia submetido à hegemonia de Washington. 

Seja qual for o rumo que tome o governo russo, a população russa do Leste e do Sul da Ucrânia não aceitará a opressão de ultra-nacionalistas e neo-nazis ucranianos. 

Demolição do monumento ao General Kutuzov.

A hostilidade já mostrada em relação à população russa pode ser vista na destruição pelos ucranianos do monumento às tropas russas que expulsaram divisões de Hitler durante a II Guerra Mundial, bem como na destruição do monumento ao general russo Kutuzov, cujas tácticas destruíram o Grande Exército de Napoleão e provocaram a sua queda. 

A questão do momento é se Washington calculou mal e perdeu o controle do golpe para os elementos neo-nazis que parecem prevalecer em Kiev sobre os moderados pagos por Washington, ou se os neocons de Washington estiveram a trabalhar com os neo-nazis durante anos. Max Blumenthal diz que é isso:www.informationclearinghouse.info/article37752.htm 

Os moderados certamente perderam o controle. Eles não podem proteger monumentos públicos e são forçados a tentar antecipar-se aos neo-nazis legislando o programa neo-nazi. O parlamento cativo ucraniano apresentou medidas para proibir qualquer responsável de utilizar a língua russa. Isto, naturalmente, é inaceitável para as províncias russas. 

Como observei em artigo anterior, o próprio parlamento ucraniano é responsável pela destruição da democracia na Ucrânia. Suas acções inconstitucionais e anti-democráticas abriram o caminho para os neo-nazis os quais agora têm o precedente para tratar os moderados do mesmo modo que os moderados trataram o governo eleito e encobriram sua ilegalidade com acusações de crimes e ordens de prisão. Hoje o ilegalmente deposto presidente Yanukovych está em fuga. Será que amanhã o actual presidente, Oleksander Turchinov, posto no gabinete pelos moderados, não pelo povo, estará em fuga? Se uma eleição democrática não concede legitimidade ao presidente Yanukovych, como é que a selecção feita pelo rebotalho de um parlamento concede legitimidade a Turchinov? 

O que é que Turchinov responde se os neo-nazi lhe fizerem a pergunta de Lenine a Kerensky: “Quem o escolheu?” 

Se Washignton perdeu o controle do golpe e é incapaz de devolvê-lo aos moderados que se alinharam com a UE e a NATO, a guerra aparentemente seria inevitável. Não há dúvida de que as províncias russas procurariam e obteriam protecção da Rússia. Desconhece-se se a Rússia avançariam ainda mais e varreria os neo-nazis da Ucrânia ocidental. Se Washington, que parece ter posicionado forças militares na região, proporcionaria o poder aos moderados para derrotar os neo-nazis é também uma questão aberta, tal como é a resposta da Rússia. 

Num artigo anterior descrevi a situação como “Sonambulismo outra vez”, uma analogia dos maus cálculos que resultaram na I Guerra Mundial. 

O mundo inteiro deveria estar alarmado com a temerária e irresponsável interferência de Washington na Ucrânia. Ao executar uma ameaça estratégica directa à Rússia, o ensandecido poder hegemónico de Washington engendrou uma confrontação com uma Grande Potência e criou o risco de destruição mundial. 

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

19 Comentários

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  1. O que motiva Luciana Genro

    O que motiva Luciana Genro todos conhecem. Ja a tolice é genética, pra sorte do Battisti.

     

    Quanto a Ucrânia, vamos esperar. Parece que (mais uma vez) o tiro americano saiu pela culatra. Mas quero ouvir o que o AA tem a dizer

  2. Passos perigosos

    Nestes dias de carnaval onde os brasileiros estão dando um tempo dos problemas do dia-a-dia, o caldeirão começa a esquentar pra valer na Ucrânia.

    Em minha opinião sempre considerei coincidência demais que vários países do mundo de uma hora para outra passassem a ter manifestações de rua na maioria acabando em violência.

    Concordo que a internet e as redes sociais representam um elemento disseminador de idéias porém mesmo assim parece que existe alguma coisa fora de lugar.

    O caso da Ucrânia parece ser emblemático pois ali parece ter havido atuação direta de interesses ocidentais na desestabilização do país.

    Um líder mundial pelo qual não tenho simpatia é o presidente russo Vladimir Putin, contudo, em entrevista que acompanhei agora há pouco pela BBC ele foi totalmente coerente no que afirmou e o artigo corrobora com as afirmações dele.

    A primeira coisa que deve ficar clara é que um presidente legalmente eleito foi derrubado. Ponto!

    Daí, o que o novo governo vier a decidir não teria valor legal, porém o que se vê são as potências ocidentais se apressando em reconhecê-lo e rotulando a derrubada do governo como se fosse uma revolta popular no mais romantico dos sentidos.

    Nos já assistimos a isso na história recente. Em Honduras, um golpe militar também foi legitimado pelos Estados Unidos. Mas uma vez, os votos democráticos dos eleitores ficaram em segundo plano.

    No Paraguai tivemos algo mais elaborado onde o golpe veio embalado em uma veste constitucional e a justiça foi o meio usado para novamente afastar um presidente eleito pelos votos populares.

    Na Venezuela, assistimos no momento revoltas populares contra o governo, que seja o que for, foi eleito pelo povo em eleições supervisionadas internacionalmente.

    Aqui no Brasil também presenciamos este tipo de manisfestação. Na Turquia, outro país considerado emergente, manisfestações acontecem.

    Creio que o que deve ser analisado é justamente o resultado disso tudo. O mundo levou muito tempo para chegar a regimes democráticos onde teoricamente “o poder emana do povo” e apesar de ser o modelo ideal pois na verdade um modelo ideal não deva existir, é o melhor deles.

    O que temos assistido nos anos recentes é que está sendo legitimada a idéai de que se um governante não agrada a uma parte da população, ele pode ser retirado no meio de seu mandato e isto é muito perigoso.

    Mesmo em situação onde o governante não é democrático, o resultado acaba não sendo o esperado. Vide o caso do Egito onde um ditador apoiado pelo exército foi derrubado, o exército assumiu, depois a Irmandade Muçulmana chegou ao poder, depois o exército derrubou a Irmandade Muçulmana sob pedidos da população e agora continua o exército a mandar no país.

    Ou seja, uma turbulência incrível para que nada fosse mudado.

    De qualquer forma, se há alguma manipulação nestas manifestações mundo a fora, esta da Ucrânia é a que tem maior potencial de alastramento para além das fronteiras.

    Vamos torcer que os líderes envolvidos tenham cabeça fria e recuem quando necessário para o bem de todos nós.

  3. materia exagerada e

    materia exagerada e obviamente tendenciosa!  nunca vi uma população derrubar um governo que atendia seus anseios e era justo!

     

     

    1. Eu vi. No Golpe de 64 no

      Eu vi. No Golpe de 64 no Brasil. No governo de Salvador Allende no Chile e dezenas de outros casos em que os americanos financiam a “população” para derrubar governos que atendiam aos seus anseios.

    2. Você sabe quem é o autor do

      Você sabe quem é o autor do texto, jovem? Foi secretário do tesouro no governo Reagan e editor do Wall Street Journal. Diz alguma coisa isso?

      1. Não diz nada…

        Essa anta (J.P.Moura), não deve ter lido ate o fim a matéria. Ele está acostumado com a leitura fácil da revista esgoto.

        1. Perdoe a ignorancia do

          Perdoe a ignorancia do coxinha, ele não sabe o que fala.  As grandes guerras começaram assim…

          Fugir do mobral dá nisso.

    1. O diabo é que os diabo agora

      O diabo é que os diabo agora esta envovidos e possue bombas atômicas suficientes para exterminar a humanidade. Brincar com fogo literalmente.

  4. A caminho da guerra

    A caminho da guerra

    Do site “Diário Liberdade”

    http://www.diarioliberdade.org/mundo/direitos-nacionais-e-imperialismo/46555-a-caminho-da-guerra.html

    Avante! – [Jorge Cadima] Da Ucrânia à Venezuela, de África e Oriente Médio aos mares da China, multiplicam-se os sinais de que a tendência predominante nas potências imperialistas é para a guerra generalizada, o autoritarismo mais violento e o fascismo.

    Seja pela via da agressão aberta e direta, seja através de grupos mercenários a soldo, os imperialismos em crise sistêmica estão em guerra aberta contra os povos e em guerra surda entre si, como ainda recentemente comprovou o telefonema da “diplomata” dos EUA Victoria Nuland ao seu embaixador em Kiev. No combate contra governos que se atrevem a dar mostras de soberania, lançam mão de paleo-fascistas, cuja ligação direta às hordas nazis na II Guerra Mundial ninguém pode contestar. Tal como o fundamentalismo religioso mais retrógrado e reacionário ékosher na Líbia ou na Síria, também o antissemitismo dos fascistas ucranianos torna-se “europeu” e “democrático”.

    A Sra. Nuland confessou numa Conferência Internacional de Negócios patrocinada pela petrolífera Chevron (13.12.13) que nos últimos 20 anos os EUA gastaram mais de cinco mil milhões de dólares a subsidiar a subversão na Ucrânia. Entretanto são retiradas as ajudas alimentares aos norte-americanos com fome porque “não há dinheiro”.

    Quem ache que isto é exagero faria bem em dar ouvidos a alguém que vem do coração do sistema e lhe conhece as entranhas, embora seja hoje dissidente. Paul Craig Roberts (PCR) pertenceu a governos de Ronald Reagan e foi vice editor do Wall Street Journal. Hoje escreve que “a União Soviética servia de entrave ao poder dos EUA”. O colapso soviético possibilitou a ofensiva neo-conservadora pela hegemonia mundial dos EUA. A Rússia sob Putin, a China e o Irão são os únicos entraves à agenda neo-conservadora. Os mísseis nucleares russos e a sua tecnologia militar tornam a Rússia o mais forte obstáculo militar à hegemonia dos EUA. Para neutralizar a Rússia, os EUA romperam acordos […] expandiram a NATO para antigas partes constitutivas do império soviético […] e Washington alterou a sua doutrina de guerra nuclear para permitir um ataque nuclear inicial.

    […] O desenlace provável da ameaça estratégica audaciosa com que Washington está a confrontar a Rússia será a guerra nuclear” (14.2.14). Sob o título “Washington empurra o Mundo para a guerra”, PCR escreve (14.12.13): “a guerra fatal para a humanidade é a guerra com a Rússia e a China para a qual Washington está a empurrar os EUA e os estados fantoches de Washington na NATO e na Ásia. […]. A única razão por que Washington quer estabelecer bases militares e mísseis nas fronteiras da Rússia são para negar à Rússia a possibilidade de resistir à hegemonia de Washington. A Rússia não ameaçou os seus vizinhos e […] tem sido extremamente passiva face às provocações dos EUA. Isto está a mudar […] tornou-se claro para o governo russo que Washington prepara um ataque inicial decapitador contra a Rússia. […] A postura militar agressiva de Washington face à Rússia e a China indicia uma autoconfiança extrema que costuma conduzir à guerra”. Sobre a Ucrânia, escrevia PCR há mais de um mês (4.12.13): “A UE quer que a Ucrânia concorde para que a Ucrânia possa ser pilhada, tal como o foram a Letónia, Grécia, Espanha, Itália, Irlanda e Portugal. […] Os EUA querem a adesão da Ucrânia para poderem aí posicionar bases missilísticas contra a Rússia”.

    O ex-governante de Reagan não reconhece que o entrave decisivo ao belicismo imperialista é a luta dos povos. Mas é mais lúcido do que muitos que se afirmam “de esquerda” quando adverte a China e a Rússia contra as ilusões e concessões. “É pouco provável que a China se deixe intimidar, mas poderá minar-se caso a sua reforma econômica abra a economia chinesa à manipulação ocidental” diz PCR (4.12.13), que também alerta contra a “quinta coluna” de “licenciados programados pelos EUA que regressam à China”. E é cáustico para com a tolerância da Rússia e da Ucrânia “que de forma tola permitiram que grande número de ONG financiadas pelos EUA agissem como agentes de Washington sob a capa de “organizações dos direitos do homem”, “construtores de democracia”, etc.” (14.2.13). As ilusões sobre a natureza do imperialismo e sobre a traição dos aspirantes a serventuários ricos pagam-se caro. Os povos do mundo já pagaram um preço demasiado elevado.

  5. Notas para um futuro pouco risonho

    Notas para um futuro pouco risonho

    Do blog “Informação Incorrecta”

    http://informacaoincorrecta.blogspot.com.br/2014/03/notas-para-um-futuro-pouco-risonho.html

    Diz a Muy Nobre Maria:

    Tenho comigo que o “sempre EXATAMENTE assim” limita-se aos séculos XX e XXI, quando a guerra e a dinâmica da sociedade de representação são as tecnologias políticas que melhor funcionam para o exercício do poder de dominação sócio política econômica.

    É isso.
    A partir da Revolução Industrial começou um processo de agregação do poder (entendido como acumulação de dinheiro, influência da economia no meio político) que sofreu nos séc. XX e XXI uma aceleração incrível. Ao ponto que nunca houve uma tal concentração de riqueza e de poder em tão poucas mãos como acontece hoje.  

    Pode-se afirmar que antes o mesmo papel era desempenhado pela aristocracia e pelo clero, que tudo somado as coisas pouco mudaram, mas isso seria errado: havia muitas aristocracias e se o objectivo de fundo era sempre a defesa da posição predominante, havia uma forte ligação com a realidade local (o rei, por exemplo). Não existia uma única elite, mas várias, divididas entre elas por diferenças culturais e espaciais.

    Quanto ao clero, este sempre foi uma forma de poder que dum lado representava um suporte pela classe dominante local e, ao mesmo tempo, tinha a função de cimentar um status quo nos cérebros das classes inferiores (os explorados).

    Hoje estamos perante uma situação radicalmente diferente.
    A elite dominante é plenamente globalizada e os objectivos dela já não se fundem com os interesses dum único Estado ou grupo deles; pelo contrário, o Estado é uma incómoda herança dos tempos passados e até as novas “criaturas” (como a União Europeia) têm como finalidade anular por completo estas entidades.

    A nova elite tem um único idioma (o inglês) e uma única ocupação (a especulação financeira): o único ponto em comum com a antiga aristocracia é a preservação do poder, o que é típico de qualquer elite.

    Tomara tenhas razão, e algo diferente esteja por acontecer, mas eu só consigo prever a aceleração, aprofundamento, e intensificação do mesmo.

    Tomara eu não ter razão, pois nos últimos tempos as minhas ideias acerca do futuro estão cada vez mais pessimistas; não gosto disso e preocupo-me, pois não sou de todo uma pessoa que costuma ver as coisas de forma ruim. A tua “aceleração, aprofundamento, e intensificação do mesmo” é o mesmo fenómeno que vejo eu também.

    Única consolação: vivemos num tempo de mudanças, o que é um momento histórico raro. E nós somos testemunhas disso. O que não significa necessariamente que as mudanças sejam boas.
     

    A realidade muda

     

    Diz o Muy Nobre Nuno:

     

     

    Esse ultimo paragrafo é um pouco “sinistro” mr Max. Tipo tenho uma ideia do que será mas não vou colocar aqui, para já.

    Sim, de facto é assim pois não queria tornar o post demasiado “pesado”.
    O facto é que algumas coisas mudaram desde quando começou a actividade do blog e isso obriga a rever determinadas ideias.

    Por exemplo: quando Informação Incorrecta começou, os EUA tinham acabado de entrar numa crise com poucos precedentes (se calhar só um do mesmo tamanho, a crise de 1929), parecia ter começado uma espécie de Sunset Boulevard, um lento declínio da supremacia norte-americana.

    Era lícito esperar uma política mais virada para a resolução dos problemas internos, com relativo desempenho (embora não total) na frente internacional, cúmplices também algumas derrotas (vendidas como vitórias) como no caso do Iraque ou do Afeganistão.

    Pelo contrário, o que aconteceu foi algo inédito.
    A elite pareceu quase desinteressar-se dos assuntos internos dos EUA (reparem no problema da dívida federal, adiado de seis em seis meses, nos estáveis níveis de desemprego, na faixa de pobreza que teima em não diminuir, etc.) enquanto apostou fortemente numa série de mudanças cujas motivações bem podem ser individuadas nas ideias de Zbigniew Brzezinski (a conquista da Eurasia): a Primavera Árabe, as revoltas coloradas das ex-republicas soviéticas, o Irão.

    Esta não é a atitude duma elite mais ou menos em crise (tal como a economia do País que hospeda Wall Street): esta é a execução dum plano bem preciso que vai muito além das contingências (por exemplo, os já referidos níveis de pobreza nos EUA).

    Temos também outros sinais que parecem apontar na mesma direcção, sem excepções: a destruição dos Estados europeus e das relativas economias, o renovado interesse de Washington pela América do Sul (casos da Venezuela, da Argentina e do Brasil).

    Paralelamente, temos uma nova atitude no que diz respeito às “relações públicas” da elite e acho este um passo muito importante. Já é normal falar da reunião do Bilderberg (assunto tabu até bem poucos anos atrás), já é normal que George Soros ajude os revoltosos da Ucrânia (e de outros Países) sem fazer nada para esconde-lo: isso demonstra o grau de segurança e de impunidade alcançado pela elite. Grau, diga-se, totalmente justificado: qual o medo? Quem poderia opor-se? Com quais meios?

    A nossa sociedade foi moldada para ter uma estrutura piramidal e hoje a obra está quase concluída: a elite está acima de tudo e daí pode tranquilamente controlar os media (diários, revistas, televisões, cinema) que criam um fluxo de pensamento unidireccional. Não é conspiracionismo: é só pegar num papel e anotar os nomes dos donos das maiores empresas nesta área. Em Portugal chegamos ao ponto de que os políticos fazem as declarações às 20:00, hora em que começam os telejornais; não são os jornalistas que seguem os acontecimentos, é exactamente o contrário.

    Cinema? Dêem uma vista de olho aos filmes que ganharam…e aos que perderam (O Lobo de Wall Street).

    Internet? Por amor de Deus…internet é perfeita assim como é: incapaz de construir, semeia desinformação, divide em vez que agregar, difunde o mito da omnipresença e invencibilidade da elite, desacredita e ridiculariza qualquer tentativa de aprofundar determinados assuntos. Além de ser uma insubstituível arma de controle.

     

     

     

    Problemas psíquicos

     

     

    Creio que aqui já existe algo mais serio que somente interesses económicos acho que é um processo desenhado a anos que está a ser acelerado mas muito acelarado, também li algures que começava em força este ano.

    Sim, é um processo em aceleração. Desenhado? Não sei, depende do que entendemos. Se a ideia for Illuminati, Rosacruz, Sionistas, Maçonaria, Reptilianos, Hannunaki ou o Rato Mickey, neste caso não concordo (algumas dúvidas só em relação a este último: com aquelas orelhas pode ouvir tudo e mais alguma coisa).

    Estamos perante uma elite, um grupo de poder que evoluiu ao longo dos últimos três séculos e que encontrou no Capitalismo dum lado e nas Democracias no outro dois instrumentos perfeitos para acrescer o seu próprio poder. São seres humanos, com graves problemas psíquicos mas sempre humanos, com os mesmos desejos de qualquer pessoa criada num meio perverso: riqueza e poder, quanto mais, melhor.

    A economia é o meio para controlar os corpos, os media desenvolvem hoje a função que já foi do clero, condicionando a vontade (principalmente explorando o medo). Acho isso bastante simples e suficiente, não é preciso recorrer a teorias milenaristas. Mas esta é a minha ideia. Que, sendo minha, é correcta por definição 🙂

    E as previsões?
    Calma, estas ficam para a segunda parte, agora vou ligar à corrente a esfera de cristal.

  6. Na história da humanidade

    Na história da humanidade considero, de todos os impérios que já existiram, o Império Americano o mais poderoso maldito, cruel e opressor de todos os tempos,  quantos povos seja na África,  América Latina, Asia, e Europa tiveram  e sofreram interferência em seus destinos com golpes, guerras e desestabilização de governos populares ou que contrariaram os interesses das grandes corporações estadunidenses. É uma sociedade egoista,  individualista e doente, onde o presidente é eleito indiretamente por menos de 20% de eleitores e querem impor ao mundo seus valores e interesses. Vejam o Iraque e o Afeganistão anos 80 e o que são hoje esses países. A única coisa que conforta é que todos os impérios ruíram,  oxalá não demore a queda desse câncer no planeta. 

  7. Letra por letra, prefiro

    Letra por letra, prefiro esta… Será assim o Brasil?

    Nas favelas, no Senado
    Sujeira pra todo lado
    Ninguém respeita a Constituição
    Mas todos acreditam no futuro da nação
    Que país é esse?
    Que país é esse?
    Que país é esse?

    No Amazonas, no Araguaia iá, iá,
    Na baixada fluminense
    Mato grosso, Minas Gerais e no
    Nordeste tudo em paz
    Na morte eu descanso
    Mas o sangue anda solto
    Manchando os papéis, documentos fiéis
    Ao descanso do patrão
    Que país é esse?
    Que país é esse?
    Que país é esse?
    Que país é esse?

    Terceiro mundo, se for
    Piada no exterior
    Mas o Brasil vai ficar rico
    Vamos faturar um milhão
    Quando vendermos todas as almas
    Dos nossos índios num leilão
    Que país é esse?
    Que país é esse?
    Que país é esse?
    Que país é esse?

  8. Sei não, os malucos dos

    Sei não, os malucos dos republicanos chamaram Obama de tudo, inclusive de anticristo.

    No canal History tem um programa sobre o anticristo. Hitler foi  considerado um.

    O ultimo viria com pele de cordeiro, engnaria a todos pelo seus carisma e aparentes bons propositos. Sei não…

  9. Quem vai à guerra por um cadáver?

    Quem vai à guerra por um cadáver?
    http://www.planobrazil.com/quem-vai-a-g … m-cadaver/

    Estes dias últimos pareceram excessivamente agitados, e não foi pelo festival de nádegas femininas desnudas do carnaval brasileiro. Deu-se o assombro devido ao cruzar de unidades russas, e das imagens súbitas de soldados equipados, mas sem identificação alguma, vigiando aeroportos em regiões orientais da Ucrânia… Frisson! Uma guerra atiça a imaginação, principalmente quando longe, bem longe.

    Besteira. Guerra é algo caro, custoso, é a típica empreitada humana onde a certeza só aparece no começo… Uma guerra não é uma aposta, se o jogador for competente. Ela só é aceitável se o butim for considerável, ou se dela não for possível fugir, seja por uma questão de honra, ou sobrevivência. Ora, nada disso está disposto na situação ucraniana, pois este país não vale o esforço, é um cadáver na forma de Estado.

    A Ucrânia era na época soviética uma república rica, detentora de conhecimentos favorecidos na área de arquitetura naval, motores de combustão interna a diesel e gasolina, indústria aeroespacial, metalurgia, além de fartas terras cultiváveis e florestas. Desfeita a união, o que se observou da Ucrânia foi uma decadência paulatina. Mesmo possuindo uma base industrial e acadêmica, recursos naturais e solo cultivável, a nação tornou-se cada vez mais decadente. Enquanto a Rússia se recuperou da catástrofe econômica que se abateu com o fim da URSS, a Ucrânia jamais se refez da rapinagem sofrida. A afamada revolução laranja nada mais foi do que um golpe para colocar no poder oligarcas, portadores de uma retórica nacionalista, mas especialistas natos para acumular em proveito próprio… Fato é que a tragédia ucraniana mais parece com uma ópera sul-americana, do que com um conto russo.

    Pois… A Ucrânia responde por apenas quinta parte da economia turca, e o seu comércio exterior possui como clientes maiores a Rússia e a China. Apesar dos anos, quase uma década passada desde a Revolução Laranja, a Europa Unida e tampouco os EUA, apresentaram-se como mercados viáveis para os produtos ucranianos… Ao contrário, as trocas comerciais da Ucrânia com os EUA são pífias, e somam menos de um bilhão por ano. A Rússia, sozinha, responde por mais do que dez bilhões de dólares/ano em trocas comerciais, além de ser um sustentáculo para projetos importantes da indústria aeroespacial ucraniana, caso da aeronave de transporte tático AN-70. Ademais, a Ucrânia depende da energia fornecida pela Rússia, e quebrada, pois necessita de ajuda financeira da ordem de 35 bilhões de dólares, só poderá recorrer a que estiver disposto a ajudá-la. A Europa Unida, e quanto a isso Berlusconi e Jojoy podem responder com precisão, pode ajudar com presteza… Em matéria de retórica. Seria interessante, também, ver um aporte desta natureza, de quem briga com o seu congresso nacional para poder aumentar o teto da dívida…

    Portanto, se você é um jogador esperto, e Putin parece sê-lo, você não irá provocar uma guerra, apesar de se preparar para uma… Pois a Ucrânia agora é uma fruta podre, antes era uma nação com sérios problemas, hoje, um zumbi solto que baba e profere impropérios nazifascistas. A parte mais rica da Ucrânia fala russo, se identifica com a Rússia e não aceita ser governada por quem derruba monumentos comemorativos às vitórias do Exército Vermelho, honra e glória dos avós de muitos, para não dizer de todos; pessoas que não entendem e se sentem constrangidas em ver Kiev dominada por lunáticos que usam braçadeiras com símbolos das Waffen SS, ou mesmo suásticas… Putin não precisa enfrentar essa corja, que batida irá derramar a lágrima dos vitimados, seria um erro. Basta esperar, fazer que a Ucrânia, e a sua bagunça caia no colo de quem merece: UE e EUA.

    Ora, ora… Tendo sido os instigadores do golpe político, e financiadores dos nazifascistas de Kiev, e vendo a pérola do Mar Negro, Sebastopol, permanecendo em mãos russas, bem como da Crimeia e da Península de Kerch, ou seja, tendo que arcar com a conta pesada, enquanto a Rússia permanece com o que lhe interessa, pode o “Ocidente” lançar a sua cartada habitual: a guerra. Todavia, a Rússia não é a galinha morta de sempre, a Ucrânia lhe faz fronteira, além de entender que um confronto com forças da OTAN, às suas portas, com certeza será pela sua sobrevivência como nação. E a história demonstra com fartos registros, o quanto é pouco saudável enfrentar os russos nesta situação…

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