Jornal GGN – Em reunião Conselho da União Europeia em Bruxelas, a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, disse que não se pode sair da bloco e manter os privilégios, em referência ao referendo que decidiu pela saíd do Reino de Unido da UE. “Nós vamos lutar pelo bloco, por uma União Europeia forte o suficiente para lidar com a saída do Reino Unido, e forte o suficiente para representar seus interesses diante do mundo”, afirmou, defendeu o modelo do bloco econômico.
A chanceler alemã disse ainda que conversou com François Hollande, presidente da França, que eles discutiram o futuro da UE e que compartilham a mesma opinião sobre a saída do Reino Unido.
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, participa hoje da reunião do conselho, mas não participará do evento amanhã (29), quando os 27 países-membros se reunirão para discutir a questão.
Cameron está sendo pressionado por lideranças europeias para dar início ao processo de saída do Reino Unido da UE. Jean-Claude Junker, presidente da Comissão Europeia, afirmou que a UE “não pode permanecer na incerteza”.
Por outro lado, britânicos insatisfeitos com o resultado do referendo têm ido às ruas se manifestar contra a decisão e solicitar um novo referendo. No site petition.parliament.uk, o pedido de um segundo referendo já tem quase 4 milhões de assinaturas.
A Escócia, que é membro do Reino Unido e que teve maioria votando para permanecer na UE, também já sugeriu referendo para se tornar independente.
Nigel Farage, líder do partido britânico Ukip, favorável à saída do Reino Unido, afirmou na reunião de hoje que o projeto político da UE está em negação. Farage disse ainda, sob vaias do Parlamento, que o referendo teve “resultado sísmico” e que a “UE deve permitir que os britânicos possam perseguir suas ambições globais”.
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A geopolítica também é como nuvem…
Os cenários mudam e tudo tem que se adaptar. Dias atrás os EUA tinham um pé firmemente fincado no coração dos interesses da UE. Isto nunca agradou franceses e alemães. Mas aceitavam a situação, dadas as condições que herdaram da 2ª GM e da Guerra Fria.
A UE sempre foi muito mais uma aliança França-Alemanha, sob a liderança da segunda, do que uma aliança entre as principais forças européias, UK e as outras duas. Livrando-se do Reino Unido, restam três possibilidades principais: a UE sobrevive, sob a batuta alemã, e emerge como uma “potência” independente dos EUA; ou a UE se esfacela; ou, ainda, numa política surpreendente mas não totalmente, a Alemanha lidera uma aproximação com a Rússia, até sua incorporação à UE, o que poderia acontecer após a saída do Putin da cena política russa.
Em qualquer dos casos, o destino da OTAN será a dissolução. Uma Europa unida e forte prescinde da “proteção” americana. E mais ainda se atrair a Rússia à União. E no caso de esfacelamento, as tensões intracontinentais há muito submergidas por força das políticas unionistas tornarão a emergir. A única maneira da OTAN continuar a existir é o UK permanecer na UE e se manter como um contrapeso político dos EUA dentro da União.
Se a decisão de saída for mantida, o reino ainda corre o risco de deixar de ser unido. A Escócia já manifestou sua intenção de sair da confederação, assim como a Irlanda do Norte. Gales, até onde sei, não se pronunciou sobre isso, mas já existe lá movimento separatista com razoável penetração social.
Se houver a saída e percebermos um forte fluxo de investimentos francogermânicos na Rússia ficará claro que decidiram criar um entrelaçamento econômico tão poderoso que arraste a política russa para uma Europa de fato do Atlântico aos Urais. Isto pode abrir as portas para que no próximo século se consolide o enorme bloco da Eurasia, do Atlântico ao Pacífico e o Índico. O destino dos EUA (e do restante das Américas) será uma incógnita, mas pressinto que não será sem dor.
Quais seriam as ambições
Quais seriam as ambições globais do reino-unido?????