Portugal acabou com a mentira: há alternativa à austeridade, por Tânia Madeira

O jornal britânico diz que Portugal é a prova de que há alternativa à austeridade. Num artigo de opinião, que faz Portugal corar de elogios, conta-se como um país acabou com a austeridade, devolveu rendimento às pessoas, e crescimento ao país.

Enviado por Walter Serralheiro

No Brasil, o governo golpista corrupto está levando o país ao caos. Enquanto isso… 

no Jornal Económico

Portugal acabou com a mentira: há alternativa à austeridade, escreve o The Guardian

Tânia Madeira

O título do artigo do The Guardian diz quase tudo: “Não há alternativa à austeridade? Essa mentira está agora desvendada”. Portugal é o tema central. Mas se há uns tempos o país era a montra da austeridade, hoje é um exemplo exatamente pelo oposto. Mal abrimos o artigo, encontramos o Bairro Alto, em Lisboa. É esta a fotografia escolhida para ilustrar o artigo de opinião que dá uma bofetada a todos quantos garantiam que não havia alternativa à austeridade.

Os cortes duros e demorados que foram apresentados como a única solução para a sobrevivência, depois da crise financeira que mergulhou muitos países num caos económico, são para o jornal inglês, uma falácia. Uma mentira que foi desvendada: “Graças a Portugal, sabemos quão grande foi o falhanço desta experiência forçada na Europa”, lê-se no artigo de opinião assinado por Owen Jones.

O colunista explica como Portugal, um dos países europeus mais atingidos pela crise económica, enfrentou um resgate com duras medidas de austeridade “exigidas pelos credores e aplicadas com entusiasmo” pelo governo liderado por Pedro Passos Coelho.

O jornal lembra algumas das medidas tomadas como a privatização de serviços públicos, aumento do IVA, a sobretaxa de IRS, salários e pensões, e outros benefícios, reduzidos. E aponta como os “cortes devastadores” na educação, na saúde, segurança social tiveram “consequências humanas terríveis”. Mas, em tom de ironia, lê-se: “tudo isso era necessário para curar a doença do excesso de gastos. Foi a lógica”.

Depois da crítica à falácia da austeridade, o The Guardian explica como tudo mudou a partir do final de 2015 com a geringonça, aquilo a que o jornal chama “uma nova experiência de governo” liderada pelo primeiro-ministro António Costa e apoiada pelos partidos da esquerda radical. Prometeram virar a página da austeridade, contra todos aqueles que previam o desastre, ou mesmo uma tragédia grega, à la Syriza, mas o “desastre prometido não se materializou”.

O jornal inglês escreve, mesmo, que o governo português se pode orgulhar, ao ter conseguido um crescimento económico sustentável, um aumento de 13% no investimento, redução do défice em mais de metade para 2,1%, o mais baixo de sempre em quatro décadas, apenas um ano depois de ter assumido o poder. E remata: “esta é a primeira vez que Portugal cumpre as regras orçamentais da zona euro”, referindo-se à saída de Portugal do Procedimento por Défice Excessivo (PDE). “E entretanto, a economia cresce há treze trimestres consecutivos”.

O artigo, que faz o governo português corar de elogios, faz crer que Portugal “pode oferecer-se como um modelo para o resto do continente”. E diz porquê: “conseguiu aumentar o investimento público, reduzir o défice, reduzir o desemprego e alcançar um crescimento económico sustentado”. Tudo isto devolvendo rendimento e confiança às pessoas e atraindo de novo os investidores. Numa frase: “Portugal conseguiu aquilo que nos tinha sido dito que era francamente impossível”.

O sucesso de Portugal é “inspirador e frustrante” porque levanta questões perturbadoras: “Para quê esta miséria humana na Europa? E a Grécia, onde mais da metade dos jovens caiu no desemprego, onde os serviços de saúde foram dizimados, onde a mortalidade infantil e o suicídio aumentaram? E Espanha, onde centenas de milhares foram expulsos de suas casas? E França, onde a insegurança económica alimentou o crescimento da extrema direita?”. 

A lição à Europa chega no fim: “Portugal dá a todos uma valente repreensão. A esquerda europeia deve usar a experiência portuguesa para remodelar a União Europeia e travar a austeridade em toda a zona euro. Ao longo da década perdida da Europa, milhões de nós consideraram que havia uma alternativa. Agora temos a prova.

PA
 

 

Redação

8 Comentários

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  1. Claro que tem!

    Claro que tem alternativa quando há vontade de tirar o país do buraco. Porém, quando a intenção é jogar o país no buraco para depois fazer a farra com a venda de ativos, só a austeridade é a alternativa enfiada na cabeça da população.

  2. que mal ha na austeridade

    Cada região do planeta tem suas particularidades social, cultural, histórica e antropológica. Pretender uma visão linear, do sucesso ou fracasso de cada uma delas em particular, como regra para as demais, é equivocado e não representa nada factível ou que permita se compreender os acontecimentos contemporâneo no mundo.

    No caso da América Latina e do Brasil em particular é necessário abrir a mente e deixar de lado interesses outros e considerar que os problemas começaram na colonização, aqui conosco desde as Capitanias Hereditarias desabando na Lava-jato de Curitiba.

    As primeiras experiências com o trabalho livre nas fazendas de café começam em 1847 por iniciativa do senador Nicolau de Campos Vergueiro, político e latifundiário paulista. Vergueiro traz para sua fazenda de Ibicaba, no município de Limeira (SP), 177 famílias de colonos suíços e alemães para trabalhar em regime de parceria, ao lado dos escravos.

    Os imigrantes comprometem-se a cuidar de uma certa quantidade de pés de café em troca de uma porcentagem do que é obtido na venda dos grãos. Podem plantar pequenas roças de subsistência, partilhando a produção com o proprietário das terras.

    A experiência não dá certo: os colonos acusam Vergueiro de roubá-los no peso do café e na divisão das roças. O mesmo ocorre em praticamente todas as fazendas paulistas que adotam a parceria. O sistema é abandonado no final de 1850.

     Mais remotamente Portugal institucionalizou as Capitanias Hereditarias para demarcar e garantir o território, tornando-se o embrião do habito dos governantes tomarem a coisa publica como se fosse de direito particular. As Capitanias foram as sementes da corrupção e dos desvios dos bens públicos, enraizou-se e institucionalizou-se. Mudar esta realidade requer mudanças estruturais, cortar o mal pela raiz.

    O mal foi implantado, de la pra ca o que se viu foi uma sucessão de troca de poder e a estrutura do paternalismo e do conchavo se manter.

     Os acontecimentos históricos se movimentam como num pendulo, ora favorece um lado do espectro politico dos grupamentos humanos, ora outro. Com a América Latina e particularmente com o Brasil, desde a colonização e atingindo o ápice deste movimento pendular, as duas forças se impuseram no governo e chegamos agora numa espécie de limbo, de cansaço, de onde se espera que o movimento traga um novo paradigma de comportamento sócio-cultural, um novo mundo.

    O que é certo e visível é que o velho mundo se encontra em escombros.

    Tanto o paternalismo feudal, qto o oportunismo socialista, se exauriram em si mesmo.

    Uma nova era se apresenta. A aurora de uma nova civilização sobe no horizonte, o novo mundo, livre do terrorismo e dos discursos demagógicos.

    O equivoco bizarro mais recente, das deliberações das elites no Brasil desprezando com os interesses do individuo e do Pais como Nação, foi a construção de Brasilia. O que que isto trouxe de beneficio para o povo a não ser cavar mais fundo o abismo que separa as classes dominantes do homem comum.

    1. O problema é capitalismo, não o governo golpista/austericida

      Se todos os países em crise enveredassem pela pelo caminho de Portugal, a crise capitalista se resolveria?

      De acordo com a falácia da composição, não se pode obter os valores dos agregados significativos mecanicamente, pela simples adição do comportamento dos indivíduos. . A falácia da composição é a falsa crença de que o que é verdae para a parte deve ser verdade para o todo. Alguns exemplos clássicos: Se um torcedor do América levantar-se na arquibancada do Estádio Independência, ele verá o jogo melhor do que os outros torcedores, mas se todos os torcedores fizerem o mesmo, ninguém verá o jogo melhor do que antes. Se um trabalhador aceita ser empregado por salário menor na disputa por um emprego contra os seus concorrentes, todos os trabalhadores decidindo fazer o mesmo não conseguirão ser empregados, porque menor salário para todos pode significar menores rendas para a maioria da população, menor demanda de bens e serviços e, igualmente, menor demanda para a mão-de-obra, mesmo com os níveis mais baixos de salário.

      https://books.google.com.br/books?id=yTYoDwAAQBAJ&pg=PT132&lpg=PT132&dq=fal%C3%A1cia+da+composi%C3%A7%C3%A3o+arquibancada&source=bl&ots=vWtyJ2MEec&sig=0R-SbRtAWVYYevRPsjX8vK1o884&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwja-ujqy_LVAhVJGZAKHc14BmEQ6AEIPjAD#v=onepage&q=fal%C3%A1cia%20da%20composi%C3%A7%C3%A3o%20arquibancada&f=false

       

      Em outras palavras, o problema não é a austeridade nem o governo golpista, o problema é o capitalismo. Em vez de lutarmos apenas contra os efeitos, devemos lutar também e principalmente contra as causas. A causa do golpe e do austericídio é o capitalismo.

      Pau na burguesia!

        1. O capital é mais importante do que o social

          Então colocar mais capitalismo em lugar do capitalismo.

          Nada de socialismo, pois o social é função do capital.

    2. Sem as capitanias hereditárias, o Brasil seria Escandinavo

      Sem as capitanias hereditárias, o Brasil seria não um escândalo, mas escandinavo.

      O Haiti, entre outros países corruptos e miseráveis da América Latina, não teve capitanias hereditárias.

      Porque o Haiti não é um país escandinavo?

       

      Não fuja da verdade só porque ela o assusta

      — Você bebe

      — Sim.

      — Quanto por dia?

      — 3 uísques.

      — Quanto paga por uísque?

      — Cerca de R$ 10,00.

      — Há quanto tempo você bebe?

      — 20 anos.

      — Um uísque por R$ 10,00 e você bebe 3 por dia, R$ 900,00 por mês e R$ 10,800 por ano. Certo?

      — Correto.

      — Se em um ano você gasta R$ 10,800, sem contar a inflação, em 20 anos você gastou R$ 216,000. Certo?

      — Correto.

      — Você sabia que esse dinheiro aplicado e corrigido com juros compostos durante 20 anos você poderia comprar uma Ferrari?

      — Você bebe?

      — Não.

      — Então cadê a porra da sua Ferrari?

       

      Kikikikiki, seu Libertino Depp

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