Novo governo grego inicia os trabalhos e desprivatiza

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Sugestão de Alfeu

do Esquerda.net

No primeiro dia, governo grego cancela privatizações

Empresa Pública de Energia, porto do Pireu e aeroportos não vão ser privatizados, cumprindo as propostas de campanha do Syriza. Privatizações eram exigência da troika. Governo fornecerá energia gratuita a 300 mil famílias que ficaram sem condições de pagá-la.

A chamada “liberalização do mercado energético” foi uma das condições impostas pela troika à Grécia. O governo anterior tinha aprovado legislação para vender 30% da empresa aos grupos privados, mas o Syriza prometera durante a campanha cancelar esse e outros planos de privatização. A promessa está assim a ser cumprida no primeiro dia do governo liderado por Alexis Tsipras.

Energia gratuita a 300 mil lares

Lafazanis disse ainda que a eletricidade e o gás natural são muito caros na Grécia e não ajudam os cidadãos, anunciando que o governo vai preparar um novo plano para a energética. Para já, disse o ministro, o governo irá desde já fornecer energia gratuita a 300 mil lares de famílias que viram o fornecimento cortado por não conseguirem pagar as contas.

Porto do Pireu também não será privatizado

Também a privatização do porto do Pireu, o maior da Grécia, foi suspensa. O governo anterior estava a vender 67% da Autoridade Portuária do Pireu ao Grupo Cosco (chinês). “O negócio com o Cosco será revisto em benefício do povo grego”, disse o vice-ministro Thodoris Dritsas, esclarecendo que o caráter público do porto do Pireu será mantido.

Também o ministro adjunto para a Infraestrutura, Christos Spirtzis, anunciou o cancelamento da privatização de infraestrutuas, como os aeroportos. Entre outras medidas, o governo anterior previra a privatização de 14 aeroportos regionais e a venda de milhares de hectares do antigo aeroporto de Atenas.

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

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  1. Por que está todo mundo falando do ministro da economia grego?
    ´por  Jaime Rubio Hancock – El País – 29/01/2015 Ele trabalhou com games, ajuda em projetos artísticos e já escreveu sua carta de renúnciaPrimeiro-ministro diz que busca solução para a dívida boa para todos

    O Governo do novo primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, chamou a atenção sobretudo por duas coisas: primeiro, porque os dez ministros são homens: segundo, porque um deles é Yanis Varoufakis. Esse doutor em Economia pela Universidade de Essex nasceu em 1961 e deu aulas nas universidades de Atenas e do Texas. Embora seu perfil seja mais acadêmico do que político, já foi assessor do governo do social-democrata George Papandreau. Seu livro mais recente, O Minotauro Global, afirma que os Estados Unidos e a União Europeia não poderão voltar ao crescimento que viveram em outras épocas, e que é preciso introduzir mais racionalidade na desordem econômica mundial.

    “Suas análises nunca deixam os leitores indiferentes. A partir de hoje adquirem um novo significado ao passar da academia para a política”, escrevia na terça-feira no EL PAÍS Joaquín Estefanía em seu perfil. Na espera de ver suas primeiras medidas, e enquanto a bolsa grega despenca, o que está claro no momento é que Varoufakis interessa. Na última semana foram publicados 13.000 tuítes sobre ele. Mas, por que?

    1. Porque tem um blog. E o vai manter, como garante no título de sua última atualização, em 27 de janeiro: “Finance Ministry slows blogging down but ends it not” (“o ministro da Economia escreverá menos no blog, mas não deixará de fazê-lo”). Ele assegura que compensará a menor frequência e a menor extensão de suas atualizações com “pontos de vista, comentários e ideias mais substanciais”. Também está presente no Twitter, com uma conta própria (pelo menos, por ora) que tem 139.000 seguidores. Em sua biografia se define como “professor de economia que escreveu obscuros textos acadêmicos durante anos, até ser empurrado para a cena pública por causa da gestão inadequada por parte da Europa de uma crise inevitável”.

    2. Porque cita Jonathan Swift. Sua “Uma Modesta Proposição para Resolver a Crise da Zona do Euro”, escrita com Stuart Holland e James K. Galbraith, homenageia em seu título o texto satírico de Swift, escrito também para oferecer a solução a uma crise econômica, a dos irlandeses do século XVIII. Enquanto Swift sugeria às famílias que comessem seus bebês, Varoufakis opta por ideias mais realistas, que passam, entre outras ações, por um programa de investimentos públicos em nível europeu para estimular o crescimento. O texto conclui afirmando que a proposta é modesta porque sua implementação não requer novas instituições, leis ou acordos. Somente cooperação, que considera muito melhor “que a imposição da austeridade”.

    A Grécia ama Varoufakis. Ou pelo menos essa senhora que o cumprimentou justo antes de tomar posse do cargo. / MILOS BICANSKI / GETTY IMAGES

    3. Porque trabalhou em uma das empresas mais inovadoras do mundo. Uma noite ele recebeu um e-mail de um leitor de seu blogue, que começava dizendo: “Sou o presidente de uma empresa de videogames”.

    Varoufakis resistiu à tentação de apagar o que parecia “outra ‘proposta de negócios’ de um maluco” e continuou lendo o que era uma oferta para avaliar as necessidades e os desafios organizacionais de uma das empresas mais inovadoras no que se refere ao seu modo de trabalhar. Ele se reuniu com o fundador da Valve, Gabe Newell, e, apesar de nem estar a par dos videogames, nem ter jogado nenhum desde os Space Invaders em 1981, aceitou a oferta para ser “economista residente”.

    O atual ministro pôde avaliar a plataforma de distribuição digital de videogames Steam e o sistema organizacional da empresa, na qual não há chefes e os empregados escolhem os projetos nos quais querem trabalhar. Segundo escreveu Varoufakis em um texto no qual citava aos totens liberais Friedrich Hayek e Adam Smith, a empresa aspira a se transformar em um “vestígio da organização poscapitalista… dentro do capitalismo”.

    4. Porque não quer sair do euro. Varoufakis não está apaixonado pela moeda única, mas quer que os gregos continuem usando-a; “A Grécia não quer abandonar o euro nem ameaçar fazê-lo”, explicava em uma entrevista concedida à Open Democracy. “Não deveríamos ter entrado no euro, isso está muito claro, mas, uma vez dentro, seria desastroso sair voluntariamente.” Isso não quer dizer que não vá manter ideias que deem prioridade às necessidades dos gregos em relação à dívida que o país acumula. Entre outras propostas, Varoufakis quer que o pagamento dessa dívida fiquecondicionado ao crescimento econômico. E o governo grego também elevará o salário mínimo. Nesse sentido, o jornal britânico The Telegraph já suspirou com alívio, dando como título que Varoufakis “não é um extremista”. No artigo lemos como o ministro explica que a carga da dívida grega “está sobre os ombros mais frágeis, os do contribuinte grego”, e que as supostas ajudas da União Europeia não foram mais do que uma “waterboarding” fiscal que transformou essa nação em uma “colônia de dívida”.

    5. Porque ele gosta de arte. Muito. Tanto que viajou com a artista Danae Stratou às sete linhas divisórias mais famosas do mundo: Chipre, Kosovo, Belfast, Palestina, Etiópia-Eritreia, Caxemira e a fronteira entre os Estados Unidos e o México. Dessa viagem saíram os textos do ministro em The Globalising Wall, e as exposições Cut – 7 dividing lines e The Globalising Wall da artista grega.

    Ambos levaram adiante o projeto Vital Space, uma plataforma aberta para “oferecer um olhar novo sobre as duas crises de nossa era (econômica e ambiental)”, com o objetivo de que “a arte ajude a criar uma conscientização nova e não polarizada sobre os maiores desafios da humanidade na atualidade”.

    O ministro grego pouco antes de sua nomeação oficial. / MILOS BICANSKI (GETTY IMAGES)

    6. Porque já escreveu sua carta de renúncia. Em seu blog ele explicou, em 9 de janeiro, que “nunca havia tido a intenção de entrar no jogo eleitoral”, mas se apresentava às eleições com o Syriza porque as propostas para sair da crise, de sua Modesta Proposição, “não têm nenhuma oportunidade de ser aplicadas se não forem postas sobre a mesa do Eurogrupo, do Ecofin e nas cúpulas da UE”.

    Mas também acrescentava: “Meu maior medo, agora que aceitei o desafio, é que eu possa converter-me em um político. Como antídoto a esse vírus, vou escrever uma carta de renúncia e guardá-la no bolso do paletó, pronta para ser entregue no momento em que perceba sintomas de que estou faltando com o compromisso de dizer a verdade ao poder”.

    Não é o único que fez algo parecido. Isso já foi feito por outro político que poderia ser o oposto em tudo de Varoufakis: Dick Cheney, vice-presidente de George W. Bush, escreveu também sua renúncia pouco depois de assumir o cargo, em 2001. Embora em seu caso fosse para o caso de ter problemas de saúde.

     

  2. Eu torço para da certo

    Mas não entendo muito de economia, mas eu vou me permitir citar a frase mais que conhecida : Não existe almoço grátis. Eu simplesmente não acredito que vão deixar por isso mesmo.

  3. Quando muitos brasileiros

    Quando muitos brasileiros pensam que tudo está privatizado na Grécia há muito tempo, o novo governo cancela a privatização de 30% da empresa de energia elétrica. Um setor estratégico que no Brasil capitulou desde os primeiros tempos de investida dos rapinantes eletrizados pelo thatcherismo. Ficaríamos espantados com a enorme presença de empresas estatais que ainda existe por toda a Europa e que não dão o mínimo sinal de que venham a ser privatizadas. Esta informação é escondida dos brasileiros vítimas da imprensa da direita. Convém a ela dar a entender que na Europa tudo é privatizado.

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