O contragolpe na Turquia foi um golpe da Rússia contra a CIA, por J. Carlos de Assis

Aliança pelo Brasil

O contragolpe na Turquia foi um golpe da Rússia contra a CIA

por J. Carlos de Assis

Só uma idiota pode imaginar que um exército experiente como o da Turquia, testado no passado em vários golpes de Estado, fosse tão incompetente para realizar mais um, tendo à mão todos os instrumentos do poder militar. Só um idiota acabado pode imaginar que o povo na rua é capaz de reverter um golpe militar em andamento. Só um idiota tonto poderia imaginar que ao governo turco e seu presidente fosse deixado acesso a meios de comunicação com o povo, sem prévio planejamento, em pleno processo de desenvolvimento do golpe.

A marcha da suposta tentativa de golpe e do contragolpe foi precedida de movimentos bem articulados no xadrez geopolítico do país que une Europa à Ásia e, portanto, desempenha um papel chave nas relações com os dois continentes. Começa pela cobertura que a CIA dá ao clérigo Fethullah Gullen, o principal rival de Erdogan. Em nome dos direitos humanos e contrariamente às tendências fundamentalistas do Presidente, ele prega para a Turquia uma espécie de “primavera” liberal, sob proteção dos EUA e em seu interesse geopolítico.

Nós vimos que deu a “primavera líbia” e os diferentes tipos de intervenções norte-americanas nos últimos anos e décadas, operadas através de ONGs patrocinadas direta ou indiretamente pelo Departamento de Estado na África e no Oriente Médio: países, como Líbia, Somália, Afeganistão simplesmente foram liquidados; Egito, Yemen, Iraque, Paquistão foram profundamente abalados ou continuam em guerra. O governo turco, não muito confiável para Washington, aparentemente estava destinado a ser a bola da vez.

O que aconteceu, afinal? Bem, vamos seguir os movimentos dos principais atores nesse jogo. Meses atrás um avião turco operado desde uma base partilhada com os norte-americanos derrubou um caça russo supostamente em seu espaço aéreo. A Rússia reagiu verbalmente – “foi como uma punhalada pelas costas”, disse Putin – mas não foi além disso. O assunto despareceu da imprensa até que, em maio último, Putin anunciou que gostaria de ter uma reaproximação com a Turquia e para isso esperava uma sinalização clara dela no mesmo sentido.

Em junho, Erdogan mandou uma carta para Putin a qual vai muito além de meras mesuras diplomáticas: foi um pedido de desculpas completo, quase um pedido de perdão extensivo à família do piloto morto, à qual ofereceu a assistência material necessária para minorar seu sofrimento pela perda. Anunciou, além disso, que o incidente do caça seria investigado. Em resposta, Putin marcou uma visita com ampla comitiva governamental a Istambul. Esteve lá antes do golpe, em julho, e foi o primeiro chefe de Estado a visitar Erdogan depois do malogrado golpe.

Diante desses fatos, não é difícil dar um sentido prático aos acontecimentos na Turquia: o serviço secreto russo (talvez com ajuda chinesa) descobriu preparativos de golpe contra Erdogan, por parte do clérigo Gullen, a partir dos Estados Unidos. Acompanhou esses preparativos ainda enquanto se desenvolviam e provavelmente identificou os códigos e as senhas para a deflagração do golpe em momento oportuno. Com o conhecimento prévio dessas senhas, o Governo montou uma armadilha e desencadeou falsamente o golpe.

Só esse roteiro justifica o fato de que Erdogan, uma vez senhor da situação, tenha desencadeado uma operação de caça a militares comprometidos e, sobretudo, a mais de 2 mil juízes e promotores. Os nomes desses envolvidos não poderiam ter sido arrolados de um dia para outro. Da mesma forma, o fechamento da base aérea turca de Incirlik, partilhada com os americanos, não ocorreria jamais caso o Presidente turco não tivesse certeza absoluta da participação norte-americana na tentativa de golpe. Enfim, o tempo da revolução de estações parece ter-se esgotado. Restou, por acaso, o golpe de inverno no Brasil!

J. Carlos de Assis – Economista, professor, doutor pela Coppe/UFRJ.

Redação

58 Comentários

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  1. Russos fora da olimpíada

    Raivinha dos americanos?

    E Dilma falava em um mundo multipolar, equilibrado e mais justo. Foi a primeira a ser degolada por causa do republicanismo. Só vejo uma saída para a humanidade: uma democracia mais direta e com alto grau de engajamento da população. É a única forma de contrapor os joguinhos de poder pelas vias tradicionais da mídia, força militar, congresso/instituições viciadas.

    Por isso que educação é tudo mesmo, não importa o quanto batido esteja este chavão. Só sai do buraco se a massa for consciente, se não sempre estaremos reféns de uma institicionalidade dominadora e cínica

    1. Educação

      “Educação é tudo mesmo”, desde que não seja feita pelos gringos. Pois todos que passaram por isto, não amam nem respeitam seu país de orígem. E o pior é que os Americanos estão entrando e muito no sistema universitário particular, por aqui.

  2. Faz todo sentido …

    E só um idiota pode imaginar que o golpe no Brasil não teve o dedo dos interesses americanos, representados aqui, também,  pelos camisas pretas de Curitiba e de outros bordeis. Serra como ministro das relações exteriores? Não poderia ser mais bandeiroso.

  3. Olha, eu diria que não faltam

    Olha, eu diria que não faltam idiotas de todo o tipo nesse mundo. Por exemplo: quer coisa mais idiota do que um coxinha marchando pelas ruas, a mando da Globo, vestindo a camiseta da CBF, pedindo a queda da Dilma e o fim da corrupção e em troca levar um Governo Temer controlado pelo PMDB? Existe alguma coisa mais estúpida que esse sujeito que agora (duvido que seja por vergonha, burros não tem vergonha) se esconde e não sai mais a rua porque a Globo não mandou?

  4. Faz sentido. E se foi assim,

    Faz sentido. E se foi assim, foi um golpe de mestre. Ainda mais agora, que nem o  excelente esporte russo  pode ser representado nas Olimpíadas. Retaliação?

  5. Muito bom, J. Carlos de Assis

    Ai me vem a seguinte pergunta `a mente: por que a Dilma e o Lula nao recorreram aos servicos de inteligencia russo e chines? Acredito que eles estariam dispostos a ajudar, ate’ pq nao gostariam de ver o Brasil se desgarrar do BRICS

    1. Pois esta foi a primeira

      Pois esta foi a primeira coisa que pensei ao ler o texto.

      Minha (pequena) e última esperança é que o jogo ainda não tenha acabado e que uma suposta colaboração destes importantíssimos atores tenha acontecido, e que ainda teríamos surpresas pela frente. 

      Só me retou isso…

    2. because…

      …por que provavelmente a ABIN e a inteligencia brasileira em geral ja estaria comprometida e Madame nada poderia fazer. Vale lembrar que ao contrario de Erdogan, Madame nunca, jamais teve, tem e jamais terá qualquer simpatia das FFAA, independente de te-las brindado com soldos e modernização. Há coisas que nunca são esquecidas e as forças permaneceram unidas e disciplinadas a espera de sua derrocada.

      Nem sei como russos e chineses poderiam ou falar pra Madame que sabiam disso. Ja deviam saber que ela não saberia/poderia sair da arapuca, pois não tinha apoio sequer de parte dos militares. Revelar isso comprometeria os proprios agentes  russos e chineses no Brasil.

       

      1. O detalhe é que apesar do

        O detalhe é que apesar do aumento de salário agora e os tapinhas nas costas de outro ex-comunista, nem tão devotado ao país como o anterior, irão amargar a obsolescência, perda de profissionalismo e salário no futuro. Em outras palavras, devido a ressentimentos antigos, foram facilmente engazopadas pelos golpistas.

  6. Para breve sai o B e entra o T de TRICS.

    Erdogan sabia de tudo, sempre soube, com a ajuda de Moscou e Pequim. Aí preparou o contragolpe, a ratoeira em que os golpistas, lacaios dos EUA, foram emboscados.

    Faltou a nós brasileiros uma cooperação mais próxima, que fosse alem do economico/comercial atravéz dos BRICS, com os dois grandes parceiros para tambem preparar uma embsocada para os golpistas de cá.

    Mas, pelo contrário, aqui os golpoistas contavam com um colaborador no alto escalão do governo e intimo confidente do chefe do executivo: JEMC, que dizia a nossa presidenta que tudo corria às mil maravilhas, que eram movimentos republicanos e que os golpistas “eram apenas rapazes latinoamericanos, sem dinheiro no banco, sem parentes importantes e vindos do interior e que tudo era divino, tudo era maravilhoso”

    Agora é esperar que a Turquia substitua o Brasil na fomação da atual parceria. O mundo então terá os TRICS.

    1. Seis por meia dúzia?

      Complementando meu comentário, me ocorreu a seguinte questão de órdem geopolítica: Está em curso dois movimentos bastante interessante do ponto de vista apontado acima. De um lado o Brasil fazendo um movimento de distençaõ em relação aos BRICS e a Turquia se aproximando dos mesmos, agora provalvelmente sem Brasil, pelo menos de forma mais efetiva.

      Há que se ressaltar que os dois movimentos foram provocados, do lado esxterno, pela CIA e outros órgão americanos, os visando um levante pró americano. Em um a CIA & Cia parece está acertando, embora ainda estejam rolando os dados. No outro movimento deram com os burros n’agua e a Turquia faz um deslocamento estratégico em direção aos dois gigantes asiáticos.

      Pregunta que faço aos analistas do blogue e da rede: A se consolidar tais movomentos, quem afinal saiu ganhando com essa mexida no xadrez geoplítico? Na visão desse esquerdita e portanto suspeitíssimo, os EUA perderam feio, do ponto de vista militar, pois agora tem um inimigo/advesário fungando no cangote da Europa, em troca de um parceiro que nunca representou para sí uma ameça militar, sempre foi um pareciro comercial importante e que só tem de seu para dar aos EUA o Pré Sal, em troca de um país estratégicamente importante sobre quaisquer aspecto que se anlise.

      Pelo que sabemos, a Turquia está desde 2000 cortejando a UE para fazer parte do seu bloco e a UE fazendo doce, com um monteexigencia, quando poderia estabelecer uma série de graduaçõesnão só para a turquia para quem da UE quizesse entrar, como Membro Observador, Membro Convidado e finalmente Membro Efetivo, criando para cada graduação portas a serem abertas e fechadas. Nas não; Primeiro o requerente tem que cumprir todos os requisitos e só então terá as portas abertas.

      Enfim, para os EUA é muito comodo fazer seus planos  e depois fazer a EUropa pagar pelos erros dele, como foi o caso das inssureições no Oriente Médio e os refugiados e agora mais esse erro grotesco, jogando a Turquia no colo da Ásia. 

      Até quando a União Européia continuará a pagar esse altíssimo preço por erros grosseiros da “inteligentsia” americana pois que não há dúvida de que a Europa só comparece para assumir a co-autoria desses planos dezastrosos, para não passar recibo de lacaio de Washijngton. At´[e quando?

  7. Sim, mas

    Concordo, mas acredito seja necessário levar em conta que de fato houve participação ativa da população no contra-golpe, idependente de ter sido utilizada ou não como massa de manobra. Esta particpação popular legitimou ainda mais, por assim dizer, o contrra golpe. Também não dá para esquecer que a  Turquia tem sido palco de atentados terroristas, está envolvida em uma guerra em seu próprio território e que o governo Erdogan foi eleito em eleições livres, além da Síria, ali de seu lado, estar se dissolvento em barbárie. Certamente os turcos devem querer dar um basta a isto tudo.

  8. Agora vocês sabem porquê eu

    Agora vocês sabem porquê eu não dou o meu nome verdadeiro, tanto que Nassif se recusou a aceitar o meu cadastro neste blog por não ter dado credenciais (nome verdadeiro, email verdadeiro, etc).

    É porque assim eu estou livre para discordar dos cabeças-brancas que neste momento mandam na minha terra natal e que pensam ser os “donos do mundo” como se vocês brasileiros e o restante do mundo não tivessem tanto direito a opinião e a liberdade quanto nós norte-americanos.

    E exerço agora o meu direito de discordar (sem ser “desaparecido” pela CIA ou acusado de “terrorismo” pelo FBI) ao comentar como foi excelente a reação turca e esperando com alguma esperança que os cabeças-brancas aqui entendam o recado que foi dado.

  9. Segundo o Conversa Afiada do

    Segundo o Conversa Afiada do PHA, a Rússia passou esse mesmo tipo de informação para o governo Dilma Roussef. Quando os Estados Unidos, a pretexto de terrorismo instalou a CIA em Foz de Iguaçu o serviço secreto russo veio atrás e descobriu o golpe paraguaio que se montava contra o governo Dilma com o uso da Lava Jato e a república do paraná. Se tal fato aconteceu realmente a estatura de governante de Dilma Roussef diminue-se ainda mais. Para proteger a sua biografia de “republicana e democrata” deixou os golpistas agirem livremente e enfiou o Brasil nesse buraco do qual nunca mais sairemos. Fora a desmoralização que o país sofreu a nível mundial. A elite brasileira e seus serviçais e corruptos políticos golpistas são canalhas mas Dilma, por sua covardia e egoismo, é cúmplice.

    1. No molhado

      Por qualquer ângulo que se olhe o legado da cria do Lula, sempre se encontrará uma Dilma inepta e prepotente.

      Isso não é da ordem da demonização. Isso é da ordem da simples consistência factual.

    2. Por outro lado…De

      Por outro lado…

      De Sebastopol, na Rússia, a Çanakale, boca do Estreito de Bósforo = 800 km; A Kas, ponto extremo sul turco=1.000 km; a Anamur, também ao sul e próximo de Chipre = 940 km, cruzando todo o território turco, de extrema importância estratrégica para a Rússia. O Brasil de hoje, tem mais importância estratégica para a China, e o ponto brasileiro mais próximo de Sebastobol, o ponto militar mais austral da Rússia, é Natal(RN), e está a 8.800 km, em linha reta, cruzando a própria Turquia e um monte de países africanos. Ah, os turcos se dividem entre TURCOS pro-Ocidente e TURCOS pro-turcos. E aqui nos dividimos entre os que se acham americanos, os que vivem abanando o rabinho para ir pos esteitis, e uns quatro gatos pingados que acham tudo isso coisa de macaquinhos, nos quais me incluo. Eis porque Putin só avisou. Ah, e sobre o Brasil? Em breve os agiotas da Rua do Muro (Wall Street) trocam a gente com os chineses pelo direito de não serem questionados no Oriente Médio. E, em 2030 estaremos como no mapa aqui presente.

  10. O contra golpe turco e o Brasil

    Muito boa a análise de JCAssis.

    Juntou com sabedoria fatos e atos esparsos num conjunto indicativo de mais uma ingerência norte-americana.

    Em terras brasileiras esses golpes e contragolpes sempre tiveram um componente básico: a incpacidade de a esquerda no poder ver claramente a correlação de forças em diversas instituições federais e os vícios existentes desde 1500.

    Lula e Dilma cometaram o erro de achar que MPF, PF, BC e outros deixados ao comando de seus integrantes trilhariam o caminho da legalidade e brasilidade.

    Foi o “neorepublicanismo”.

    Em seus governos tivemos avanços consideráveis no campo social – mundialmente reconhecido, desenvolvimento estrutural – em que pese os ataques interessados políticamente dos verdes por fora ( por dentro são azuis e vermelhos), inserção internacional, etc.  Aliás o que agora é duramente atacado pelo governicho de Temer e seus asseclas.

    Erros foram cometidos, ninguem acerta todas.

    Mas a abdicação do comando de instituições sensíiveis em nome da liberdade de investigação e atuação não foi bom. Ao governo federal, como qualquer chefia, impende o comando firme de suas instituições. Por óbvio não queremos “operação lunus” ou quetais mas o trabalho dentro do marco legal e nacionalista.

    Dentro dessa visão, não poderiam aceitar o que seria uma “ingerência” de serviços de estados estrangeiros no entretanto, por inação, aceitaram as intromissões de um bando à direita.

    Por isso o golpe por aqui avançou tranquilamente, não houve o contraditório e, pior, ações para barrá-lo.

     

  11. Seria coincidência o

    Seria coincidência o envolvimento de juízes e promotores na tentativa de golpe na Turquia?

    Como não acredito em concidencias, podemos concluir que juízes e promotores fazem parte do modus operandi dos golpes patrocinados pelo tio Sam.

  12. O texto é uma obra de ficção

    O texto é uma obra de ficção cheia de contradições. Tem ilhas isoladas de fatos concretos com os vastos espaços vazios do entorno preenchidos com uma narrativa ficcional, irremediavelmente contaminada, de um lado por um antiamericanismo galopante e de outro pela necessidade de projetar na figura real de Putin a imagem idealizada de um herói genial que dá dribles geopoliticos nos truculentos e obtusos agentes do Tio Sam. 

    1. Então por favor, explica para

      Então por favor, explica para nós as falhas, ficções, contradições e espaços vazios contidos no texto do articulista…

      1. Nada é mais obtuso que isso,

        Nada é mais obtuso que isso, dizer que há falhas na argumentação alheia sem apontá-las clara e objetivamente!

        Vamos ver como ele sai dessa…

    2. Antes do wili leaks

      muitos assuntos eram considerados obra de ficção. E essas teorias da conspiração se mostraram verdadeiras.

      Portanto, porque simplesmente dizer que é ficção e não ficar no mínimo com a pulga atrás da orelha?

      1. Nem tanto ao mar…

        Não creio que se trata simplesmente de conspiração. O problema da análise do J. C. Assis é que ela curto-circuita o que mereceria ser mediatizado e complexificado.

        Como ela opera esse curto-circuito causal de forma muito contundente, aí abre espaço para esse tipo de desqualificação (ideologicamente orientada) do André Oliveira.

        1. Nada de ideologicamente

          Nada de ideologicamente orientado, muito ao contrário.

          É o autor do post que sofre desse mal que oblitera a vista. Não sou americanófilo apenas não me filio a corrente antiamericanista comum a muitos que circulam pelo blog e da qual o autor do texto é um bom representante. Um dos sintomas mais evidentes dessa sindrome é tratar o lider russo Putin como um gênio da geopolítica que sempre consegue passar a perna nas manobras dos americanos da cia que querem derruba-lo e que vai nos salvar das garras do imperialismo ianque. Putin é o nosso herói. Essa  mentalidade bipolar, que divide o jogo político mundial entre bons e maus, é o que há de mais simplório pois transforma cenários geopolíticos extremamente complexos em roteiro de filme de espionagem barato. De um lado os maus americanos e do outro os bons, que são qualquer um que for antiocidental e antiamericano. E complexo é muito pouco para explicar o panorama geopolítico em torno da região da Turquia, principalmente nos dias atuais. Prefiro entender esse jogo de forma mais pragmática a partir do ponto de vista do Brasil fazendo uma pergunta hipotética. Com qual dos lados dessa briga nós perderemos menos? Sim, porque perder algo nos perderemos, logo, é isto o que nos interessa saber.

          Ai vem esse post e nos explica tudo em alguns parágrafos simples. O golpe foi tramado pela CIA junto com Gullen. Ai russos descobriram tudo e avisaram o Erdogan que viu que a quartelada da cia estava muito mal planejada e só precisou mandar civis desarmados as ruas para melar toda a trapalhada americana. Ai ele aproveita a oportunidade e da partida em um processo de expurgo sem precedentes, prendendo e afastando de suas atividades milhares de juizes, professores universitários, servidores públicos e militares, todos supostamente envolvidos com a patacoada dos amadores da CIA e Gullen. E para fechar com chave de ouro suspende a convenção de direitos humanos e pressiona pela extradição do traidor Gullen além demandar do parlamento que restabeleca a pena de morte no país. Parece romance do Ian Fleming só que vilões e mocinhos têm papéis trocados. Tem Istambul como cenário e aquele sabor exótico das Mil e Uma Noites , tem espionagem e contra-espionagem, tem  intriga, tem tiroteio e tiro de canhão. tem herois desarmados que enfrentam tanques e canhôes em nome da liberdade, e vencem. Têm as velhas potências rivais da guerra fria que se enfrentam novamente em um jogo de sombras. Tem até um lider político aspirante a ditador.  Só faltou aparecer como protagonista um espião galã e uma mulheres bonitonas prá contracenar em algumas cenas quentes. Nessa versão seriam todos russos em trajes de gala evidentemente. O papel do vilão cabe aqui a algum agente da CIA de 2 metros de altura com uma dentadura de aço inox polido. 

        2. Os experts que desqualificam

          Os experts que desqualificam a análise do autor  poderiam se identificar, mostrando suas credenciais como analistas,  para aí dar suas visões. 

  13. Talvez as relações não sejam tão imediatas…

    Suspeito que haja mais mediações nesse esquema todo do que uma relação direta Rússia-contra-CIA.

    Eu não seria tão assertivo assim como o José Carlos de Assis ao falar de pleno apoio russo. Claro que é sumamente provável que ele tenha existido (não só da Rússia, mas do Irã também), mas a tática russa com relação a Erdogan vinha sendo a de cercar e apertar, até ele ceder.

    Supor que a Rússia queira alguém tão imprevisível como Erdogan “no seu colo” (sobretudo pela decidida deriva de Erdogan em direção ao islã político) pode significar ignorar o problema enorme que será para a Rússia carregar esse fardo a partir do momento crucial de desenlace dessa novela: a retomada (iminente) de Alepo pelo exército sírio e a consequente configuração de um Kurdistão unido, que vai desafiar frontalmente Erdogan.

    Nesse momento, se Erdogan não beijar as mãos de Bashar al-Assad e abaixar a cabeça para os curdos, pode não restar outra alternativa à Rússia senão mandá-lo às favas. Agora, se é essa capitulação que a Rússia busca alcançar, talvez a pior pessoa em quem buscá-la seja exatamente Erdogan, salvo se a Rússia já detectou uma inusitada virada pragmática do impetuoso sultão turco.

    Também não creio que o papel de Fethullah Gülen seja tão diretamente funcional como o próprio Erdogan propagandeia (propaganda que o José Carlos de Assis tomou para si). Claro que Gülen tem muito boas relações com a CIA, claro que ele sonha com um regime liberal islâmico (seria algo equivalente à “teologia da prosperidade” dos evangélicos brasileiros), mas, para além da especulação, fica realmente difícil mensurar a influência de Gülen mais além do que um certo analista comparou como algo similar à ação da Opus Dei no mundo ocidental. Ou seja, para a CIA, Gülen é oportuno, mas não necessariamente operativo. Já para Erdogan, ele se presta magnificamente para a função de espantalho.

    Minhas observações sobre o caso turco: Turquia: Muitas sombras sobre a política.

  14.  Faz sentido o que acabei de

     Faz sentido o que acabei de ler, pois o Putin não deixa fio solto e faz uso do poder sem piscar nenhuma vez!

    O que me chama muito a atenção por aqui é que o STF está muuuuiito silencioso, acredito que está deixando rolar para que toda a sujeira seja revelada (ou quase toda) e a partir daí golpear os golpistas do poder e restituir a democracia com a anulação do processo no Supremo, pois comprovou-se que não há crime de responsabilidade. Dilma não prejudicou a justiça, muito pelo contrário, nunca a temeu!

    1. Vai sonhando!!! O STF, assim

      Vai sonhando!!! O STF, assim como na Turquia, é aval dogolpe. Não foi suficiente o Teori sentar em cima do processo do Cunha?

      1. Como eu gostaria de ser o

        Como eu gostaria de ser o José. Taí! Adorei  seu nível de esperança. O diabo é que já fui contaminado profundamente com a desconfiança, na maioria dos casos, e a a certeza no caso específico de que há canalhice.

        Nosso Judiciário SEMPRE foi isso aí. É bom que se não esqueça que a justiça brasileira sempre foi o arrimo financeiro – além do poder – de preguiçosos e malandros senhores de currais, engenhos e cafezais, desde os tempos de Tomé de Souza.

    1. Turquia…

      O que este caso significou não sei, mas sei que é deste tipo de analise, esta visão brasileira dos fatos, que precisava ter na nossa imprensa. Parabéns. Não é a noticia vinda de CNN’s da vida ou de outros veículos internacionais, mas de pessoas e meios que filtrarão realidades mais próximas dos nossos interesses, nem sempre tão bem analisadas e divulgadas. Abs.

  15. A análise de um economista que NADA entende de política intl.

    Poucas vezes li uma análise mais furada e sem sentido, totalmente baseada em achismos e sem qualquer evidência, por mais remota que seja. O autor, economista, deveria continuar na sua área e não se aventurar por onde não detém conhecimentos mínimos. O artigo é de uma vergonha-alheia extrema.

    Do começo vergonhoso e chamar de início qualquer um de idiota já esperando pelas discordâncias ao texto, à conclusão totalmente estapafúrdia “Diante desses fatos, não é difícil dar um sentido prático aos acontecimentos na Turquia: o serviço secreto russo (talvez com ajuda chinesa) descobriu preparativos de golpe contra Erdogan, por parte do clérigo Gullen, a partir dos Estados Unidos.”. Não há evidências de que Gülen fez nada. Erdogan precisava de um inimigo, encontrou um poderoso e não apresentou qualquer prova de sua participação. Envolveu a Rússia que NINGUÉM sabe se esteve envolvida e ainda aponta pra China na base do total achismo e desconhecimento geopolítico sobre as relações entre estes países…

    Nos termos do autor, só memso um idiota pra levar em consideração este artigo sem dar boas risadas no processo.

     

    1. imagem de Raphael Tsavkko GarciaRaphael Tsavkko Garcia A análise

      Achar tambem que foi um auto-golpe como publicou tambem não deixa de ser achismo.

    2. imagem de Raphael Tsavkko GarciaRaphael Tsavkko Garcia A análise

      Achar tambem que foi um auto-golpe como publicou tambem não deixa de ser achismo.

    3. E vc Raphael que é? É um

      E vc Raphael que é? É um exptert no assunto, para querer ridicularizar o diagnóstico dos outros? Ou destilou todo esse ódio na sua postagem só por causa da última frase do autor?

      Espertalhão

      1. Tenho formação na área de

        Tenho formação na área de Relações Internacionais e sou doutorando em Ciência Politica/direitos humanos, então sim, eu tenho as ferramentas para analisar o tema e apontar que esta análise é ridícula e carece de qualquer base além de puro achismo. Talvez, claro, encontre eco na RT ou em algum outro veículo sem qualquer credibilidade, mas aí é outro papo.

    4. Se retirarmos os adjetivos, o
      Se retirarmos os adjetivos, o que sobra desse comentário infeliz? Apenas uma tentativa infantil de (tentar) desconstruir o artigo. Tente de novo meu chapa

      1. Retirando os adjetivos sobra:

        Retirando os adjetivos sobra: “Não há evidências de que Gülen fez nada. Erdogan precisava de um inimigo, encontrou um poderoso e não apresentou qualquer prova de sua participação. Envolveu a Rússia que NINGUÉM sabe se esteve envolvida e ainda aponta pra China na base do total achismo e desconhecimento geopolítico sobre as relações entre estes países…”

  16. Descrição correta

    Foi exatamente assim que aconteceu.

    O “golpe de inverno no Brasil” se transformou num estudo de caso para os russos e chineses.

    E virou um verdadeiro “espantalho” para os governantes de outros países, inclusive a Turquia.

    Afinal, os EUA estão traindo seus próprios aliados!

    Sendo assim, foi fácil para Putin atrair o governo turco, oferecendo proteção contra o próximo golpe.

    E ele cumpriu o que prometeu, como se vê.

  17. A importância geiopolítica da

    A importância geiopolítica da Turquia

    Trecho do Editorial do jornal Corriere dela Sera, hoje 22jul2016:

    “La Turchia è uno Stato che confina con importanti focolai [Port.: foco], accesi o potenziali, di tensioni e conflitti: ha 899 chilometri di frontiera con la Siria in guerra civile, 367 con l’Iraq che è un altro Stato insidiato [Port.: tramado] da Daesh, 534 con l’Iran, 273 con la Georgia in guerra con la Russia quasi otto anni fa, 311 con l’Armenia. Altre frontiere le ha con due Paesi dell’Unione europea, 223 chilometri con la Bulgaria e 192 con la Grecia dal precario assetto finanziario, più 17 chilometri con l’Azerbaijan.

    Basterebbero questi numeri a rendere l’idea del rilievo strategico e della capacità di pressione della repubblica di Erdogan.

    Se non fossero sufficienti, si sappia che Erdogan ha avuto sull’appoggio all’autoproclamato Stato islamico di Daesh un’ambiguità temeraria”

  18. A narrativa parece obra de

    A narrativa parece obra de Ian Fleming para o agente OO7, nãi faz o menor sentido, a Turquia nas suas diversas formas de Estado é inimiga secular da Russia por milenios, a maior reinvidicação de Erdogan e entrar na OTAN, de repente vira amicissimo da Russia?  Os EUA tem misseis nucleares dentro da Turquia, é aliado desde 1950, de repente Erdongan troca de lado como quem troca de camisa?

    Erdogan é um claro ditador em potencial, amarrar-se à Russia, inimigo secular da Turquia, seria um volta de 360º perigosa para ele dentro da Turquia. A narrativa parte da premissa que o golpe foi organizado pelos EUA, puro delirio.

    Se o Governo Obama não consegue virar um parafuso na Venezuela, que está no seu quintal, como vai fazer golpe na Turquia?  Erdogan é um projeto de ditador daqueles que não quer mais sair do poder, essa foi a base do golpe e

    a coisa não acaba agora, Erdogan será cada vez mais contestado, a sua vingança alucinada é prova de sua volupia de poder, é absurdo o autor querer interpretar à distancia de milhares de quilometros um quadro complexo que nem especialistas em Oriente Medio em Londres e Paris ainda conseguiram destrinchar.

    Se Putin é tão bom estrategista como deixou a situação na Ucrania, que fica no seu quintal, chegar a um caos diplomatico?

    A tese do autor é uma narrativa construida para mostrar como os russos são bons e os americanos são maus.

    1. O contra golpe turco

      Bons argumentos.

      Tudo pode ser visto como um movimento pendular do governo turco, quem sabe com outras motivações oportunizadas, para manter um pouco de independência entre os gigantes.

      Nem russos nem americanos são bonzinhos ou ruinzinhos. São grandes potências a defender seus interesses. Cabe aos demais paises manter vigilância para os movimentos velados. Quando um deles bobeia o outro avança. Aproveitando a rima, é como uma dança, dois prá lá dois prá cá.

    2. Tenho acompanhado tudo q se

      Tenho acompanhado tudo q se diz sobre os acontecimentos na Turquia. Os americanos estão exageradamente ofensivos em relação aos aliados. Contando com sua força bélica, eles não querem aliados, querem patetas enfraquecidos.

      O único país q os americanos teem respeitado e  trata como aliado é Israel, o resto eles chutam as lideranças como cãos sarnetos.

       

    3. Maniqueísmo canhestro esse

      Maniqueísmo canhestro esse seu, incapaz de discernir que uma volta de 360° não siignifica mudança alguma! Nem a geometria salva essa sua ‘geopolítica’ de boteco…

    4. Trezentos e sessenta graus de febre.

      A dificuldade de apertar o parafuso venezuelano e a volta de trezentos e sessenta graus guardam certa relação, a depender do ângulo pelo qual as coisas se passam.

      A própria questão do agente 007 infiltrado na Turquia merece receber atenção.

      O ilustre debatedor André, com suas afirmações peremptórias sobre o curso da História movida por “classes produtoras”, “monarcas”, “empresas ilibadas”, “Reinos Unidos”, dentre outras categorias de luxo e originalidade – quesito fantasia – candidata-se a dar a palavra final sobre os mais intrincados casos da diplomacia a envolver o “new big stick” estadunidense . . . 

      Neolsaldina, 40 gotas. 

      Baixa a febre. 

      Brincadeirinha, . . . 

       

       

  19. Lição Política Para O Brasil, Para O Mundo
    Boa noite.
    A Turquia e Erdogan deram ao mundo, Brasil incluso, especificamente, pungente lição de como se resiste a um golpe, autóctone ou fermentado pelos “amigos” estadunidenses, como soi. É uma lição duríssima, mas só funciona assim: no pau. Os juizecos de lá conhecerem o preço da traição. Quereis golpear? Fazei-o, mas sabeis o preço. Exílio, demissão, proscrição. Aqui se golpeia todo dia, se grava conversa de autoridade, sem autorização judicial e nada.
    Sempre digo que as instituições estão funcionando — na Turquia (leia aqui, no meu blogue).
    Quer dizer, não simpatizo nem pouco com o recrudescimento do autoritarismo turco, mas com o tratamento dado aos golpistas, sim: no cacete.

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