Se fugir do jacaré-açu gringo, Bolsonaro cairá sentado na jararaca petista

Essa semana Bolsonaro deu quatro demonstrações evidentes de fragilidade.

A primeira foi a indicação de Kássio Nunes para a vaga do STF. O desembargador do TRF-1 é ligado ao Centrão, bloco parlamentar que está conseguindo se estabelecer como a principal força capaz de frear as ambições evangélicas do presidente.

Formalizada a indicação, o futuro Ministro do STF começou a fazer campanha para garantir a aprovação do Senado. Ao que parece, nem passou pela cabeça do indicado recusar a cadeira num Tribunal que foi invadido e ocupado pelo Exército. Um jurista decente nunca aceitaria se tornar ajudante de ordens ou subalterno de um militar. Kássio Nunes aceitou, mas dizem que ele é homem honrado…

Jair Bolsonaro tinha prometido colocar alguém “terrivelmente evangélico” no Tribunal. Ao descumprir sua promessa ele arrumou confusão com os fanáticos evangélicos. O pastor Malafaia, que age como se fosse o eleito por deus para controlar as decisões do governo brasileiro, foi o primeiro a reprovar a decisão do mito.

Ao invés de romper com o pastor carioca, Bolsonaro tentou chantageá-lo emocionalmente. Essa foi a segunda demonstração de fragilidade do presidente brasileiro. Ao tentar se equilibrar entre a canoa dos católicos do Centrão e o caiaque dos ambiciosos evangélicos, o presidente brasileiro corre o risco de ser apanhado pelos colhões por um jacaré-açu que ronda o Palácio do Planalto.

O réptil veloz e voraz que ameaça o mandato e as partes pudendas do mito tem nome: Joe Biden.

Tic-tac, tic-tac… Se o candidato democrata vencer a eleição presidencial norte-americana o fim do reinado de terror de Bolsonaro é certo. Nesse caso, o destino dele e dos filhos dele ficará nas mãos dos inimigos que ele fez no Brasil.

Irritado com o que Biden disse na TV acerca dos incêndios florestais brasileiros, Bolsonaro ameaçou militarizar a Amazônia. A defesa da soberania nacional nesse caso não passa de basofia. Se quisesse realmente defender as riquezas brasileiras o mito teria se comprometido com o combate aos incêndios florestais e militarizado nosso mar territorial para proteger as reservas de pré-sal descobertas por Lula e Dilma Rousseff.

O problema: as linhas de força que animam e controlam a presidência brasileira nesse momento não permitem a Bolsonaro desagradar os grileiros, madeireiros e empresas de mineração que avançam velozmente sobre a floresta, destruindo tudo em seu caminho. Por outro lado, o mito foi eleito justamente porque se comprometeu com a campanha “O petróleo é dos gringos” financiada pelos gringos e levada adiante pelos sabujos deles na imprensa brasileira.

Bolsonaro foi eleito espalhando Fake News. Encurralado por causa de fatores que escampam totalmente ao seu controle (o resultado da eleição nos EUA), o mito passou a defender uma Fake Sovereignty. Essa demonstração de fragilidade certamente será notada no exterior e amplamente explorada contra o governo e em prejuízo do Brasil.

Por fim, chegamos à quarta demonstração de fraqueza desse desgoverno. No início da semana Bolsonaro mandou as Embaixadas do Brasil começarem a atacar Lula no exterior. Nenhum governo brasileiro jamais deu tamanha demonstração de insegurança. Além de demonstrar medo de ter as bolas devoradas pelo jacaré-açu democrata, seu Jair parece estar perdendo o sono em virtude da possibilidade de ser penetrado pela jararaca petista.

Nesse caso específico, a conduta de Bolsonaro é duplamente prejudicial. Além de fortalecer seu adversário dois anos antes da disputa presidencial, o governo dele forneceu uma prova inequívoca de que Lula é considerado inimigo do Estado brasileiro. Portanto, a ordem que ele deu ao Itamaraty pode e deve ser usada contra o Brasil na representação feita por Lula no Comitê de Direitos Humanos da ONU.

Uma última observação de natureza econômica-irônica. O presidente e o vice não sabem de onde tirar dinheiro para financiar um programa social eleitoreiro. Em algumas oportunidades os dois ameaçaram furar o teto de gastos. Em outras, com medo da reação dos banqueiros, eles recuaram. Num dia eles cogitam tributar as movimentações bancárias. No outro eles movimentam as tropas para calar a boca de Paulo Gueres.

Desde que assumiram, Bolsonaro e Mourão procuraram se posicionar como representantes dos interesses norte-americanos no Brasil. Eles permitiram a anexação do Itamaraty pelo Departamento de Estado dos EUA e transformaram nosso Exército Brasileiro numa tropa local de ocupação territorial subordinada ao Pentágono.

Sendo assim, nada poderia ser mais justo que o mito apresentar a conta da folha de pagamento dos diplomatas e dos militares à Embaixada dos EUA. Se os gringos pagarem diretamente seus serviçais brasileiros sobrará bastante dinheiro para Bolsonaro dar aos evangélicos, distribuir aos apaniguados dos seus milicianos e depositar na conta da Micheque.

Fábio de Oliveira Ribeiro

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