As mudanças na Fórmula 1

Por Cosme

Comentário ao post “Vettel é Tricampeão Mundial de Formula 1

Fórmula 1 foi um esporte caríssimo existente em meados do século XX, que teve suave declínio até desaparecer durante os anos oitenta do mesmo século. Depois, de modo desapercebido, outro esporte muito semelhante mas diverso lhe tomou o nome até a extinção. Fórmula 1 não existe mais há uns quase trinta anos.

Ainda houveram campeões, Grand Prix, escuderias, mas foram como Césares e Augustos. Apenas títulos nobiliárquicos vazios sem um Império. E existem muitos sinais que comprovam isso, a começar pela preeminência do próprio sistema sobre o homem. Desde o fim da verdadeira Fórmula 1, as corridas se tornaram desfiles de protótipos e laboratório da Corporações Transnacionais.

Que se observe o contraste entre as máquinas dos anos cinquenta e sessenta e as de a partir dos oitenta. Contraste factual. Não houve apenas transformação tecnológica simples, mas mudança de paradigmas. O carro era pessoal, depois tornou-se corporativo. O piloto fazia sua máquina, depois a máquina dominou o piloto. Depois dispensou o piloto. As corridas eram eventos aristocráticos, depois shows de televisão. As pistas eram europeias, depois “globalizadas” (onde já se viu corrida de Fórmula 1 em Cingapura e no Qatar!).

Fórmula 1 era uma atividade excêntrica de magnatas que se expunham por velocidade. Estava mais para corridas de bigas em circo romano que para o autorama de controle remoto de hoje.

A lista dos heróis da pilotagem é vasta e cheia de nomes míticos. O piloto de Fómula 1 era um aristocrata e não um atleta, – fumante, festivo, pouco ou nada atlético, sempre cercado de mulheres e príncipes, mas ao mesmo tempo um demente solitário. Sua máquina era apenas uma engenhoca mecânica cheia de gasolina com alguma eletricidade a trezentos por hora. Eram velhos, enrugados. Meninotes não corriam.

Não havia publicidade em nenhum lugar, nem na roupa de tecido, nem nos automóveis montados em casa, nem no pequeníssimo capacete com viseiras de aviador da Segunda Guerra.

Essas corridas hoje seriam escandalosas.

Atualmente nem os pneus queimam nas largadas. Hoje poder-se-ía dispensar o piloto, este caro figurante. Fórmula 1 atualmente, creiam, é um autorama. Aquilo visto na televisão e trombeteado por ridícula locutagem, é promoção de vendas. Vende-se o mito do piloto, mas ele não está mais lá. O piloto sumiu.

Luis Nassif

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