Consumidor ganha ferramenta de avaliação bancária

Jornal GGN – O consumidor brasileiro tem uma nova ferramenta para entender o impacto das instituições financeiras na sociedade, acompanhar suas políticas socioambientais e cobrar práticas mais sustentáveis. O Guia dos Bancos Responsáveis (GBR) foi lançado recentemente pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), em parceria com a organização OXFAM Novib.

No formato de website interativo, o Guia faz um comparativo entre seis dos maiores bancos nacionais – Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, Itaú, HSBC e Santander.

Cada um deles recebe uma pontuação em 13 temas – direitos humanos, direitos trabalhistas, impostos e corrupção, meio ambiente, mudanças climáticas, remuneração, transparência e prestação de contas, alimentos, armas, florestas, geração de energia, óleo e gás e mineração.

Com base na avaliação do site, e em suas próprias experiências pessoais com os bancos, os consumidores podem se manifestar, demonstrando satisfação ou insatisfação. Para isso, o GBR disponibiliza dois modelos de e-mail, personalizáveis, que são enviados diretamente para a ouvidoria de cada instituição.

Além de facilitar esse contato, a ferramenta cria uma competição saudável entre os bancos. Se no comparativo, o consumidor decidir que outra instituição, que não a atual, atende melhor suas expectativas e necessidades, o site orienta sobre como fechar uma conta e abrir a outra.

O Idec também verificou se os bancos estão cumprindo a legislação. A instituição avaliou os processos de abertura de contas, contratação de crédito, liquidação antecipada de empréstimos e encerramento de contas.

De acordo com a economista da instituição, Ione Amorim, a observação desses critérios é lei e, portanto, o índice mínimo que se esperava era de 100%. Não foi o que aconteceu.

Na abertura de contas a maioria dos bancos não oferece opção de contratação do pacote de serviços. Ao invés de escolher o que mais se adequa às suas necessidades, o consumidor é obrigado a aceitar o que é definido pelos bancos, com base em sua faixa de renda. “Teve situações que beiraram o preconceito, nas quais o consumidor [um agente do Idec realizando o teste] sequer conseguiu abrir a conta”, disse Ione. O Idec também observou outras irregularidades, como as vendas casadas de cartões de crédito e o não fornecimento de contratos.

A contratação de crédito também é problemática. Houve vendas casadas de seguros, sem consulta prévia e sem nenhum tipo de aviso. “As instituições alegam que os consumidores são avisados informalmente, mas isso não acontece na prática. Os processos são finalizados sem contrato. O  único papel que o consumidor recebe é o termosensível, que não preserva as informações”, afirmou.

As instituições se saíram melhor na liquidação antecipada de crédito e encerramento de contas, mas alguns ainda falharam em apresentar os demonstrativos com redução proporcional de juros e os termos de liquidação antecipada. Ou seja, o consumidor não fica sabendo que poderia estar pagando menos ao antecipar a quitação de um empréstimo e não fica com nenhum documento que comprove o cumprimento do acordo.

Não causam surpresa, portanto, os números apresentados pelo coordenador do estudo pela OXFAM Novib, Ted Van Hees. “No Brasil, apenas 28% das pessoas confiam nos seus bancos. 39% não confiam e 25% não sabem responder”, disse.

O GBR surge, então, como ferramenta colaborativa de mudança. Espera-se que a pressão social obrigue as instituições financeiras a adotar melhores práticas.

“Nós estamos em 2015. Não faz muito tempo, em 2008, tivemos uma crise financeira que revelou o tipo de estrago que o sistema bancário pode fazer na sociedade. Bancos são instituições importantes, mas elas não estão acima da sociedade”, disse Imad Sabi, da OXFAM.

Em tempos de maior participação social, o consumidor tem que dizer o que espera dos bancos. E não mais o contrário.

Redação

3 Comentários

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  1. boa ferrramenta para

    boa ferrramenta para beneficiar o consumidor.

    mas mesmo que cumprissem todas as exigencias, os bancos

    estariam a salvo então para fazer o que quisessem?

    dia desses li uma frase interessante:

    o novo capitalismo defende direitos humanos etc e tal, para melhor

    explorar e expropriar a maioria.

    quer dizer: oferece a quirera e expropria no essencial.

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