Forbes: donos de cervejarias se aproximam dos banqueiros no Brasil

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Da Rede Brasil Atual

Fortuna de donos de cervejarias é quase igual à de banqueiros no Brasil, aponta Forbes

Segundo a lista de bilionários da revista Forbes, apenas 50 milhões de dólares separam as fortunas de 13 banqueiros tupiniquins da de quatro brasileiros donos de empresas de bebidas. Não que os banqueiros estejam mal das pernas. A fortuna pessoal somada chega a US$ 42,65 bilhões, contra US$ 42,6 bi dos cervejeiros e fabricantes de refrigerantes. Mas incita a pergunta: estariam os black blocs chutando a vidraça errada? Seria mais produtivo para combater o capitalismo parar de tomar cerveja?

Sem dúvida, o consumo excessivo da bebida fermentada é danoso. Segundo o Ministério da Saúde, 21% dos atendimentos de acidentes de trânsito do Sistema Único de Saúde são de pessoas que beberam antes de dirigir. Mas só uma parte dos US$ 19,7 bilhões de Jorge Paulo Lemann é obtida com a venda da bebida pela Ambev. Ele tem participação em vários outros negócios, mas é classificado pela revista pela participação na indústria de bebidas, especialmente o de cervejas.

Além dele representanto o setor, aparecem Marcel Hermann Telles, Carlos Alberto Sicupira e Walter Faria. Entre os banqueiros, estão Joseph Safra, do Banco Safra; Aloysio de Andrade Faria, ex-proprietário do Banco Real; Andre Esteves, do BGT Pactual e Fernando Roberto Moreira Salles, João Moreira Salles, Walther Moreira Salles Jr e Pedro Moreira Salles, herdeiros do fundador do Unibando, Walther Moreira Salles.

Para João Roberto Lopes Pinto, coordenador do Mais Democracia e responsável pelo ranking Donos do Brasil, que mapeia a estrutura de poder econômico no país, os bancos ainda são mais simbólicos do ponto de vista de quem dá as cartas, mas é preciso ir além da ideia da agência bancária. O jogo se dá em outra esfera, cheia de ramificações com o poder e o setor especulativo.

“O que a gente tem que entender é que, na verdade, o sistema produtivo está conectado ao financeiro. Entendido não só como banco, mas fundos de investimento e holdings que atuam na parte financeira. E esses donos do Brasil e do mundo têm sua riqueza associada a essa estrutura financeira”, afirma.

Para ele, não há estranhamento, portanto, no fato de Lemann ser o mais rico do Brasil, já que parte de seu sucesso e de sua empresa está relacionado com a abertura de capital e a internacionalização da Ambev, que se tornou InBev, a maior cervejaria do mundo. “Mesmo que ele não seja banqueiro, ele está por trás de uma financeira. O controle dele se dá através de uma holding, um CNPJ financeiro.”

“A questão elementar hoje é entender essa estrutura, que é muito complexa. Ainda se fala de empresa de maneira muito individualizada, ainda se fala de banco como se banco fosse uma agência ali na esquina, quando na verdade esse sistema está muito integrado por conta do mercado de ações, onde essas coisas se cruzam através do controle das empresas produtivas de maneira muito concentrada”, afirma.

Pinto relativiza a lista da Forbes, que só leva em consideração a renda declarada e omite fatores que não aparecem em forma de dinheiro: poder e patrimônio. “O próprio sistema de controle é uma forma de você dividir a renda. Todo esse sistema de controle que eles criam: uma empresa que controla a outra que controla a outra é para fugir do imposto de renda. Para diluir a incidência do imposto de renda”, avalia.

Um desses casos seria o de Rubens Ometto Silveira Mello, controlador da Cosan, empresa que nasceu no setor sucroenergético, e que aparece com fortuna avaliada em U$$ 1,9 bilhão, ocupando a 931º posição da lista geral e a 31º entre os brasileiros. “Ele controla uma holding que controla toda a Cosan. Esse cara é muito poderoso porque ele controla capital mesmo. Empresas que têm patrimônio que não redundam necessariamente na quantidade de dinheiro que ele declara possuir”, argumenta. “É um mundo pouco debatido na sociedade e que tem muita capacidade de influência. A gente fica debatendo o cara mais rico, menos rico. Mas o fato é que isso representa uma concentração econômica absurda e que obviamente tem consequências políticas.”

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

9 Comentários

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  1. Para quem não imagina como

    Para quem não imagina como praticar resistência, atitude e sabotagem (pacífica!) eis uma informação que nos abre uma oportunuidade.

    Discordas da absurda concentração de riqueza, pois podemos dar um prejuizão a esta casta até então insuspeitada: paremos de beber cerveja ou chopp.

    E se queres curtir barato, engrosse as fileiras pela liberação da maconha.

    .Saudações libertárias.

  2. Os maiores sonegadores: cervejeiros, banqueiros e os marinhos

    O banco itaú já pagou o DARF pelo registro de forma espúria da compra do Unibanco? E a Schincariol já pagou o DARF de mais de R$ 1.000.000.000,00(HUM BILHÃO DE REAIS) pela multa de sonegação em conluio com a globo. Com a sonegação da globo os marinhos se tornaram mais ricos e o DARF da copa de 2002?

  3. O crime legalizado

    O crime legalizado definitivamente compensa.

    Sonegacao de impostos, agiotagem e trafico legal de drogas geram verdadeiras fortunas.

    1. E ainda nos ajuda a retificar o título

      Estes senhores ricos cervejeiros, são banqueiros.

      E o marketing deles além de tudo não é honesto. Cerveja vem de cevada. Só que no Brasil, já faz tempo que as principais marcas trocaram o milho por ela. E além de tudo é o milho transgênico. Sabia não?

      Do blog do André Trigueiro: Sem informar consumidores, Ambev, Itaipava, Kaiser e outras marcas trocam cevada pelo milho e levam à ingestão inconsciente de OGMs

      http://www.mundosustentavel.com.br/2014/03/cerveja-o-transgenico-que-voce-bebe/

      http://www.engenhariae.com.br/colunas/voce-sabia-que-brasileiro-bebe-cerveja-de-milho/

      http://almanaquedasdrogas.com/2013/08/21/os-traficantes-malvados-e-a-cerveja-de-milho/

  4. Lembro dos tempos de

    Lembro dos tempos de Universidade quando um pessoal bem do tipo esquerda militante dizia: “enquanto a gente não toma o poder a gente toma um chope!”

    Como será que eles entenderiam essa “contradição” atualmente, rsrs.

  5. Competência????

    Não custa lembrar que a fortuna dos cervejeiros foi bem azeitada pelas bênçãos do CADE, que aceitou a grande concentração do mercado, unindo várias marcas sob o guarda-chuva da Ambev. E o consumidor? Ora, o consumidor……….

  6. Só a mídia mente? Não. Os que a financiam, também

    Só que, quando nos omitem a verdade, sem saber, os financiamos. E eles continuam nos enganando:

    Sabia que:

    1 em cada 3 chocolates vendidos não é chocolate real, diz associação

    http://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2013/07/10/1-em-3-chocolates-nao-e-chocolate-real-por-falta-de-cacau-diz-produtor.htm

    Chocolate contém pedaços de baratas e outros insetos

    http://culinaria.terra.com.br/chocolate-contem-pedacos-de-baratas-e-outros-insetos,89389b5933237310VgnCLD100000bbcceb0aRCRD.html

    E este que o IDEC fez, que descobriu tantas outras enganações:

    http://inacio.com.br/2014/02/parece-mas-nao-e-alimentos-que-ludibriam-o-consumidor/?print=1

  7. Atenção…

    Atenção…

    O Google, e o navegador Mozilla estão colocando aviso de existência de malweres nesta página. Como jamais peguei contaminação alguma que fosse, imagino que seja uma artimanha de inimigos do jornalista Luis Nassif, para que os acessos ao blog, e ao Jornal GGN, caiam de maneira substancial.

     

  8. Tem tudo a ver…  O cidadão

    Tem tudo a ver…  O cidadão pega uma grana emprestada no banco e quando vê a encrenca em que se meteu , gasta tudo em birita , em cerva. No caso do banqueiro ser cervejeiro , ele ganha nas duas pontas  …

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