Os novos galinhas-verdes: as mentiras e o fascismo do Greenpeace

Desta vez, o alvo das performances circenses do Greenpeace é o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), que apresentou seu relatório sobre várias proposta de atualização e aperfeiçoamento do Código Florestal. No plano da formalidade legislativa, o Geenpeace quer manter a ferro e fogo medidas draconianas introduzidas por medida provisória do então presidente Fernando Henrique Cardoso, não aprovada pelo Congresso, que inibem a exploração das riquezas naturais do país – a começar do solo utilizado para a produção de alimentos e mercadorias agrícolas de alto valor no mercado internacional.


Uma das excentricidades desde então em vigor é a que obriga todo produtor rural, inclusive os proprietários de minifúndio, que são ampla maioria no Brasil, a recompor árvores derrubadas há séculos. Não importa que o produtor tenha adquirido a terra já desmatada pelos antigos donos: tem de ir a um cartório, averbar o “crime ambiental” e sob pena de multa que não tem condições de pagar, cuidar de reflorestar a área onde hoje produz arroz, feijão, mandioca, etc.

Um agricultor que use terras onde Martim Afonso de Sousa plantou arroz na década de 1532 tem de recompor as árvores abatidas pelo donatário da Capitania de São Vicente. Cálculos que chegaram à Comissão Especial da Câmara que estuda o Código Florestal indicam que apenas nos estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul nada menos que 37 milhões de hectares serão confiscados da agricultura se essa extravagância retroativa for mantida.

Também foram estigmatizadas como nocivas ao meio ambiente as discussões acerca da reserva legal, ou seja, a área de cobertura florestal que uma propriedade deve manter. Trata-se de uma instituição brasileira, dos tempos de José Bonifácio da Andrada e Silva, que nenhum país desenvolvido ousou imitar.

No Sudeste, a reserva legal abocanha 20% da propriedade; na Amazônia, 80%, e os produtores ainda têm de manter a área de proteção permanente que inclui as margens de cursos d´água e morros, onde, por sinal, em algumas regiões planta-se café de excelente qualidade. Esses parâmetros foram fixados nos gabinetes de Brasília, ignorando a realidade e a diversidade do país, caracterizado não só pela dimensão continental como pela riqueza de biomas que exigem atenção específica.

Raízes e intenções

O pano de fundo da campanha Greenpeace, no entanto, é outro bem diverso da preocupação com os interesses do Brasil. Organização multinacional, que representa interesses dissimulados de nações ricas, pressiona o povo brasileiro a abrir mão da exploração de seus recursos naturais para que sejam mantidos como “reserva da humanidade”.

A pressão vem exatamente dos países que já destruíram as florestas, envenenaram o ar, poluíram os rios, e hoje resistem às iniciativas para preservação do meio ambiente. Boicotam os fóruns e os protocolos internacionais, como o de Quioto, que os Estados Unidos, por exemplo, se recusam a ratificar alegando que teria impacto negativo na economia. Ressuscitam a antiga doutrina imperialista das injustiças da natureza, pródiga com uns, avara com outros, que há de ser equilibrada pela administração de uma “comunidade internacional” de modo que recursos como florestas e águas, abundantes no Brasil e já escassos em seus territórios, por causa de seu elevado padrão de consumo, sejam excluídos das soberanias nacionais e administrados como “bens públicos mundiais.”

Para desempenhar essa tarefa, forjam e incentivam organizações que se apresentam como boas samaritanas da natureza. Sua tática é seduzir e enganar a juventude, desviando-a das lutas políticas que realmente transformam o mundo, engajando-a em arengas onde não há estudos, análises, avaliações judiciosas da formação social do país. Ao contrário. Manipulam a importante causa de preservação do meio ambiente com jogos de emoção e, naturalmente, cobrança de dízimos que engordam os cofres de suas matrizes e sustentam uma horda de militantes profissionalizados.

Com métodos fascistas de intimidação, baseados em ações violentas, e destruição de reputações de quem ousa contraditar suas patranhas, o Greenpeace tenta ocultar suas verdadeiras raízes e intenções. Em tudo lembra uma triste organização que manchou a história do Brasil, a Ação Integralista Brasileira, cujos adeptos vestiam-se literalmente com a cor das nossas matas, daí serem chamados de camisas-verdes ou galinhas-verdes. Truculentos, inspirados no ditador italiano Benito Mussolini, foram varridos da cena política pela democracia.

Muitos ativistas, e até fundadores do Greenpeace, já se desiludiram com a multinacional ecológica. Dele se afastou em 1986 o ecologista Patrick Moore, que ajudou a fundar a organização no Canadá. Decepcionado, concluiu que “o movimento ambientalista foi basicamente tomado de assalto por ativistas políticos e sociais, que vieram e aprenderam como usar a retórica verde para encobrir agendas que têm muito pouco a ver com a Ciência e a Ecologia”, conforme entrevista publicada no Globo de 22/11/2008.

O jornalista francês Olivier Vermont passou dez meses infiltrado na organização e de lá saiu com o livro La Face Cachée de Greenpeace (A Face Oculta do Greenpeace), lançado em Paris, pela editora Albin Michel, em 1997. Trouxe revelações estarrecedoras: o Greenpeace não é uma organização democrática – a começar do fato de que as ordens vêm dos dirigentes baseados na Holanda, e os demais, sobretudo os voluntários, apenas as seguem; as doações não são usadas de maneira transparente e para os fins destinados: custeiam sobretudo os salários dos dirigentes e funcionários; o Greenpeace esconde suas relações com grupos políticos terroristas e empresas.

Uma empresa com várias filiais

Já o jornalista islandês Magnus Gudmundsson investigou falcatruas da organização na montagem de vídeos que comovem as pessoas realmente interessadas em preservar o ambiente e a vida selvagem. Mostrou que o cinegrafista do Greenpeace Michael Chechik incentivou um caçador a torturar um filhote de foca no Canadá e jovens da Austrália a arrancarem um feto da barriga de um canguru – para filmá-los como se fossem flagrantes. Em seus próprios vídeos, Magnus Gudmundsson mostrou que o Greenpeace é na verdade uma organização que tem dono, David McTaggart, que a presidiu por 12 anos e se apropriou da marca, registrando-a na Câmara de Comércio de Amsterdã, na Holanda.

À insuspeita revista Veja de 4 de maio de 1994, na reportagem “Os Podres dos Verdes”, assinada por André Petry, o jornalista islandês mostrou ter documentado que os escritórios do Greenpeace mundo afora são a rigor filiais como as de uma empresa capitalista que cobra a franquia. “Cada escritório no mundo é obrigado a mandar um mínimo de dinheiro por ano para Amsterdã, a sede do Greenpeace International. Oficialmente, deve mandar 24% do que arrecada. (…) há escritórios, como o da própria Holanda, que chegam a mandar 60% do que recolhem. Quem não faz dinheiro cai fora. Na Dinamarca, eles demitiram o pessoal todo. Na Austrália também.”

Os milhões de dólares que doadores iludidos entregam por ano são desviados para contas secretas, confirme o jornalista ouviu de ninguém menos que um antigo contador da organização em Amsterdã, o holandês Franz Kotter: “O Greenpeace tem pelo menos 17 contas secretas em nome de entidades também secretas. O governo francês pagou ao Greenpeace 20 milhões de dólares de indenização por ter afundado o navio Rainbow Warrior, na Nova Zelândia, em 1985. O dinheiro foi depositado na conta do Greenpeace em Londres, mas não ficou lá nem 30 segundos. Foi transferido para uma conta secreta no Rabo Bank, na Holanda. Essa conta está no nome de uma entidade chamada Ecological Challenge. Examinando os registros, descobrimos que a entidade pertence ao senhor McTaggart. Kotter diz que há pelo menos 70 milhões em contas secretas.”

As denúncias tiveram um efeito devastador nos países onde repercutiram e foram desdobradas pela mídia. Nos cálculos de Gudmundsson, só na Suécia 120 mil pessoas se desligaram da organização. “Na Dinamarca, o número caiu à metade. Na Noruega nem existe mais. Eles só têm meia dúzia de funcionários no escritório de Oslo.”

O Greenpeace sobrevive em países cuja mídia e boa parte das autoridades são coniventes com suas falcatruas. Mas nem tudo pode ser controlado. Em 2001, o jornal O Paraense denunciou, na reportagem “Greenpeace faz a festa na floresta”, que a organização fez contrabando de mogno, uma das madeiras mais valiosas do mundo, protegida por lei, durante uma de suas operações espalhafatosas no Sul do Pará.

“O máximo de dinheiro com o mínimo custo”

Pierre Kohler, escritor francês, cientista de formação, jornalista, repórter, cronista e diretor do serviço Ciência, da RTL, uma das rádios de maior audiência na França, expôs as contradições e as lutas internas desta polêmica ONG ambientalista a quem acusa de ter feito da causa ecológica apenas um meio de ganhar dinheiro em livro publicado na França, em 2008, cujo título é Greenpeace: Le vrai visage des guerriers vert (Greenpeace: A Verdadeira Cara dos Guerreiros Verdes).

A obra revela detalhes surpreendentes da trajetória desta organização ambientalista internacional, criada no início dos anos 1970, na cidade canadense de Vancouver, por um grupo de militantes pacifistas e religiosos quakers, receosos de que os testes atômicos dos Estados Unidos na ilha de Amchitka, no arquipélago das Aleutas, no sudoeste do Alasca, provocassem um novo tsunami naquela, até então, isolada cidade de pescadores na costa oeste canadense, entre as montanhas Rochosas e o oceano Pacífico, que eles haviam escolhido como refúgio. Passados quase 40 anos desses tempos heróicos, o Greenpeace tornou-se, nas palavras do autor, “uma multinacional que utiliza a ecologia para levantar o máximo de dinheiro com o mínimo custo”.

Para demonstrar sua tese, Pierre Kohler realiza uma extensa pesquisa bibliográfica. Recorre também a entrevistas com antigos militantes do movimento, decepcionados com os rumos tomados pela organização, particularmente a partir de 1979, quando o Greenpeace se torna uma ONG internacional, com sede na Europa, sob a direção de um personagem polêmico, David McTaggart.

Passam, então, a denunciar a transformação da organização em um movimento mafioso, cujo propósito é arrecadar dinheiro por meio de performances midiáticas em torno de temas populares relacionados ao meio-ambiente, como a caça às baleias e aos bebês-foca, e chantagear empresas e governos que se recusem a dobrar-se frente a suas denúncias e exigências.

Já no início do livro, Kohler reproduz uma carta de 21 de dezembro de 2006 enviada por um dos fundadores da organização, Paul Watson, ao diretor executivo do Greenpeace Internacional, Gerd Leipold, na qual Watson denuncia a hipocrisia do Greenpeace, a quem ele acusa de utilizar a causa da caça às baleias unicamente para recolher fundos sem se preocupar verdadeiramente com a defesa das baleias.

Na mencionada carta, Watson afirma: “Por que vocês continuam a enviar navios aos mares do Sul enquanto vocês já recolheram bastante dinheiro com as dezenas de barcos que vocês já enviaram? Vossa estratégia não resultou em nada em 20 anos? Admitamos: vocês vêm aqui para fazer filmes de baleias agonizantes, com o objetivo de recolher ainda mais fundos”.

Um líder, duas biografias

A transformação do Greenpeace em organização internacional ocorreu em 1979, mais precisamente no dia 14 de outubro daquele ano, quando um grupo de veteranos fundadores da organização (Rod Marining, Paul Watson, Lyle Thurston, Rex Weyler, Patrick Moore e Robert Hunter), mais o polêmico e carismático David McTaggart e dois novos dirigentes (Walrus Oakenbough e Peter Ballem), assim como John McCormarck, o capitão do navio da primeira expedição às ilhas Amchitka, depois de sete horas de reunião criam o Conselho Internacional Greenpeace, do qual fazem parte cinco países: Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, França e Holanda.

A partir daí, David McTaggart, que supervisionava o conjunto de escritórios da Europa se impõe com o presidente do conjunto da organização cuja sede é estabelecida em Amsterdã. Segundo Kohler, David McTaggart, que presidiu a organização entre 1979 e 1991, tem duas biografias: uma divulgada por jornalistas totalmente dedicados à causa da organização e outra versão real, muito diferente do mito.

De acordo com o autor, McTaggart, um ex-campeão canadense de badmínton, um esporte parecido com o tênis, foi, sobretudo, um homem de negócios talentoso e, aparentemente, pouco escrupuloso, que se envolveu, no início de sua carreira, em negócios imobiliários fraudulentos nos Estados Unidos. Para evitar problemas legais teria se mudado para a Nova Zelândia, onde a bordo de seu lendário veleiro Vega juntou-se acidentalmente ao Greenpeace, em 1972, quando o movimento tentava alugar um barco para sua campanha contra os testes nucleares da França no atol de Mururoa.

Kohler afirma: “Quando David McTaggart deixa os Estados Unidos em 1971, não foi pelos belos olhos de nosso planeta ameaçado, mas porque sua carreira de promotor imobiliário foi encerrada por uma falência fraudulenta” (p.68). Mais à frente afirma: “Foi graças a esse veleiro que o destino — enquanto ele procura ser esquecido — vai lhe oferecer a ocasião de refazer a virgindade”.

Mesmo depois de tornar-se um homem providencial do Greenpeace, David McTaggart continuou a ser, segundo Kolher, o mesmo personagem de práticas duvidosas de antes. Mais uma vez ele recorre a um depoimento do veterano Paul Watson para demonstrá-lo: “Um dia, enquanto estávamos em Portugal, ele me pede que vá encontrá-lo no quarto do hotel. Eu o encontro com uma camisa florida e óculos escuros. Ele me pede então para invadir o quarto de um político antiecologista [Richard Shepher, deputado britânico conservador] com o objetivo de roubar sua pasta de documentos. Era evidentemente ilegal, e o fato que de eu me arriscaria a ir parar na cadeia não o preocupava nenhum pouco…”.

Outro episódio mencionado por Kohler para demonstrar a falta de escrúpulos de McTaggart é sua atividade como produtor de azeite de oliva “ecológico” na Itália, após afastar-se da direção do Greenpeace em 2001. Tendo adquirido uma propriedade no vilarejo de Paciano, na Toscana, ele a transformou rapidamente de uma plantação de algumas centenas de árvores que mal produziam 800 garrafas de azeite por ano em um negócio próspero, com mais de 3 mil oliveiras produzindo 40 mil garrafas por ano de um azeite “ecológico”, vendido ao preço de 12 euros por garrafa.

Uma revista canadense encomendou ao Laboratório Phillips Environmental uma série de análises do azeite “Pax Jani,” que McTaggart comercializa na sua propriedade, e as análises indicaram “a presença de dioxinas a uma taxa superior a 2 mil nanogramas por quilo, enquanto a norma é de… 1”.

“Uma caricatura do novo rico”

Robert Hunter, também fundador do Greenpeace e primeiro presidente da organização, abandonou o movimento em 1986, acusando-o de ter evoluído para uma forma de extremismo ecológico: “São extremistas que se desviaram do meio ambiente para seguir um programa que não tem nada a ver com ecologia. Se você não estiver de acordo com uma só palavra de seu programa, então você não é mais considerado ecologista. A contestação racional é abandonada. Dezenas de milhões de dólares, e muito tempo, são gastos com coisas que não têm nada a ver com o meio ambiente, mas sobretudo com a desinformação e uma histérica busca por dinheiro”.

Por todos os depoimentos de diversos fundadores do Greenpeace recolhidos por Kohler, salta aos olhos que “depois de 1979 o Greenpeace não é mais o que foi na origem, um ‘bando de camaradas’ dispostos a lutar pela salvaguarda do planeta, mas, sim, uma multinacional que utiliza a ecologia para levantar dinheiro com o menor custo. Uma multinacional que, entretanto, não tem nenhum acionista, e não tem, portanto, de prestar contas a ninguém, nem mesmo aos escritórios nacionais repartidos pelo mundo). As decisões mais importantes são tomadas por apenas quatro pessoas: o presidente do Greenpeace Internacional e os chefes dos escritórios mais ricos (Alemanha, Holanda e Estados Unidos). Os escritórios nacionais, por sua vez, adotam o estatuto de fundação ou instituições de utilidade pública, o que lhes permite recolher dinheiro sem pagar impostos. Para ter a palavra no conselho internacional, os escritórios nacionais devem contribuir para o Greenpeace Internacional com 18% de sua receita”.

Segundo Kohler, “o Greenpeace fatura hoje cerca de 200 milhões de dólares…, o que faria rolar na tumba os veteranos que já se foram. Pois os hippies de cabelos longos, que partiam sobre seus barcos infláveis para desafiar os caçadores comerciais de baleias, deram lugar a gestores de terno, muito mais preocupados com o balanço financeiro do que com as ações de campo. Como destaca Jacky Bonnemains, ex-presidente do Greenpeace-França: ‘O Greenpeace tornou-se uma caricatura do novo rico. Eles não sabem o que fazer com o seu dinheiro, mas o guardam cuidadosamente’ (p. 128). Na mesma linha, outro veterano da organização, o norueguês Bjorn Oekern, dispara: ‘Qualquer pessoa que imagine que o dinheiro do Greenpeace é usado para o meio ambiente se engana: eles só viajam em classe executiva, comem nos melhores restaurantes e levam uma vida de ‘ecologista jet-set’”.

Mas, para não comprometer o objetivo central da organização, que é levantar fundos, o Greenpeace é extremamente cuidadoso quanto aos países e setores econômicos que molesta em suas campanhas midiáticas. Como, segundo Kolhe, “uma boa parte de seu orçamento é fornecido pelos cotistas, o Greenpeace procura evidentemente não contrariá-los. Assim, na Alemanha, um dos pilares financeiros da organização, pois ocupa o segundo lugar, não se ataca os setores estratégicos de sua economia: a indústria química e automobilística especialmente. Em 1989, por exemplo, uma campanha contra a poluição dos automóveis foi cancelada na última hora por receio de perda de doadores. Tanto pior para a pureza do ar, pois não vale a pena desagradar a opinião pública, de quem o Greenpeace depende… Na Alemanha hoje, grande parte de eletricidade é produzida com a ajuda de fontes muito poluentes, como o carvão, mas jamais o Greenpeace encontrou alguém para culpar”).

Mercenários

Bjorn Oekern, que dirigiu o Greenpeace-Noruega durante três anos e foi afastado de suas funções na primavera de 1992 por denunciar que o Greenpeace fornecia “salvo-condutos verdes para políticos e homens de negócios, o que impedia o movimento ecologista de se debruçar sobre problemas realmente importantes”, declarou que o Greenpeace era mais uma organização mercenária que uma organização ecológica.

Em seu esforço para comprovar que o Greenpeace age como um grupo de mercenários, Kohler afirma: “Quando o Greenpeace afirma não estar comprometido com ninguém, pode-se crer. Sua única motivação parece ser mesmo se perpetuar, perenizando sua autonomia financeira sob a bandeira da proteção do meio ambiente. Para isso, eles não podem evidentemente contar apenas com as doações dos simpatizantes, muito inconstantes. Ao contrário, se colocar como uma arma comercial, agindo para grandes empresas que utilizam seus serviços, pode representar uma excelente meio de subsistência. A esse título é possível falar de ‘mercenários verdes’, utilizando a causa ecologia para justificar sua ação.

Para comprovar sua hipótese, Kohler recorre a diversos exemplos, como o caso da campanha contra o desmonte do porta-aviões francês Clemenceau, que seria feito na Índia, sob o argumento de que a estrutura estaria contaminada por amianto. Ou do desmonte da plataforma petrolífera Brent Spar, da Shell, no mar do Norte, que foi obrigada a desmontá-la ao invés de afundá-la no mar como pretendia inicialmente, sob o argumento de contaminaria de forma irremediável o local da operação, assim como a campanha contra a empresa de computadores Apple, que se negou a prestar contas ao Greenpeace sobre sua política ambiental.

O que há em comum em todos esses casos é o fato de que todas essas campanhas foram lançadas pelo Greenpeace com base em hipóteses não comprovadas, todas mascaradas pelo uso intencional dos verbos no condicional, de forma a eximir a organização de provar de forma categórica o que afirmava ser apenas uma possibilidade. Quando demonstrado, como no caso da Shell, de que as informações do Greenpeace eram falsas, o grupo simplesmente limitou-se a emitir uma carta de desculpas, para comprovar que agia de boa-fé.

O prejuízo infringido às empresas sabe-se lá a serviço de quem, foi devidamente esquecido, pois de pouco tem adiantado aos prejudicados pela organização recorrer aos tribunais, pois há certa tendência de alguns juízes de considerar que mesmo quando agem contra a lei, o fazem por uma “causa nobre”; afinal, ninguém quer se tachado de inimigo do meio ambiente, e isso o Greenpeace sabe explorar como ninguém.

Ao descrever os métodos utilizados pelo Greenpeace, Kohler menciona um artigo publicado em no jornal sueco Svenska Daglabet cujo título é “Os métodos mafiosos do Greenpeace”, onde se lê: “O Greenpeace assegura proteção segundo o modelo da Máfia. Se você fizer o que nós dissermos para fazer, nós o deixaremos em paz, senão… Assim, muitas empresas se associam a esses grupos – particularmente ao Greenpeace – que até há pouco as molestavam”.

Ao perguntar-se o porquê de tal atitude, Kohler pondera: “Como o essencial para o bom andamento de seus negócios é serem deixadas em paz, certas empresas preferem mudar de estratégia e adiantar-se em relação ao inimigo. Para essas empresas, uma aliança com organizações ambientalistas pode melhorar sua imagem junto ao público. Este novo método consiste em contratar como consultor um representante de uma organização ecológica com nome na praça, e o Greenpeace no que diz respeito a isso é bem posicionado. Muitos dos antigos membros da organização criaram empresas de consultoria em meio ambiente e vendem seus serviços aos industriais acusados, que recuperam, assim, sua virgindade, por um bom preço… É o que se convencionou chamar de ‘greenwashing’, ou ‘esverdeamento’.

Como exemplos ele menciona o atual presidente do Greenpeace Internacional, Gerd Leipold, que depois de 20 anos fazendo campanha contra as empresas químicas que poluíam o rio Reno, “possa hoje de terno e gravata ao lado dos CEOs das mesmas empresas… os assessorando”. Cita, ainda, Paul Gilding, diretor executivo do Greenpeace no começo dos anos 1990, que fundou uma empresa de assessoria e tem como clientes empresas como a DuPont, Monsanto, ou a Placer Dome Mining, todas antigos alvos do Greenpeace. Há ainda o caso de Jonathan Wootliff, ex-quadro do Greenpeace, que se tornou diretor da empresa de relações públicas Edelman, cuja missão é estabelecer relações com grupos de pressão ecologistas.

A missão do Greenpeace

Diante disso, Kohler afirma que “os ‘greenpeaceniks’ mais autênticos se perguntam se sua organização não se tornou uma agência de emprego, onde os membros mais antigos dão cobertura e garantia para as empresas tidas antes como responsáveis por todos os males do planeta. Ela tornou-se, assim, uma ‘greenwashing machine’ (máquina de lavar mais verde) para as empresas poluidoras… mediante pagamento, evidentemente. Outros, menos indulgente, falam em ‘pagamento de proteção’”.

Ao falar sobre o futuro do Greenpeace, Kohler relembra que há mais de dez anos Yves Lenois, antigo dirigente do escritório francês da organização, já havia denunciado que “um dia […] o Greenpeace, que não é democraticamente controlado por ninguém, decidirá o que é bom ou ruim para o planeta”.

Finalmente, pergunta o autor, para que serve o Greenpeace? E responde: “Para arrecadar dinheiro, já se viu, mas não só para isso. Eles estão convencidos de estar investidos de uma missão universal, de serem os cruzados de uma nova era, na qual o Terra terá prioridade sobre o homem”.

 

http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=133438&id_secao=9

Redação

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