Desgastes impulsionam fim da parceria exclusiva CBF-Globo, por Augusto Diniz

Desgastes impulsionam fim da parceria exclusiva CBF-Globo

por Augusto Diniz

O fato da CBF assumir a produção pela TV de dois amistosos da Seleção Brasileira na Austrália, em junho, e negociar com outras emissoras os direitos de transmissão que não a Globo, seu tradicional e antigo parceiro, é mais um capítulo do desgaste na relação entre ambas nos últimos tempos.

A CBF pretende com isso fechar a transmissão das partidas pelo celular e pela web com grupos diferentes, modelo repudiado pela Globo (ela sugere pacote completo) – mas inevitável para a entidade abrir novas possibilidades no futebol, com um mercado esportivo migrando e buscando audiência cada vez maior na internet.

Foi curiosa essa informação ter sido divulgada poucos dias depois da prisão do ex-presidente do Barcelona, Sandro Rosell, na Espanha. Ele e o ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, são suspeitos de terem lucrado US$ 15 milhões com a venda de direitos de TV para jogos amistosos do Brasil, segundo a Justiça.

Com relação a esse caso, a CBF diz desconhecer esses acordos. Porém, verifica-se que o cerco se fecha em torno de Ricardo Teixeira, já acusado nos Estados Unidos de lavagem de dinheiro no Caso FIFA – e motivo que levou Rossel à prisão. Há suspeitas de que a Globo possa estar sendo investigada, já que seu intermediário com as federações de futebol, J. Hawilla, encontra-se em prisão domiciliar nos EUA e é o principal delator do esquema.

A Globo ainda detém os direitos de transmissão das Copas do Mundo de 2018 e 2022. O contrato abrange TV aberta, fechada, satélite, plataformas móveis e internet. O valor não foi revelado, mas trata-se de negociação de centenas de milhões de dólares.

Nos últimos anos, a Globo também tem gasto muito mais na renovação com clubes da elite do futebol pelos direitos de imagem a partir de 2019 na TV aberta, fechada e pay per view (PPV) do Campeonato Brasileiro, organizado pela CBF.

Alguns times receberam antecipação financeira nos acordos novos que se prolongam até 2024 – trata-se de um período extenso, exigindo rigor na entrada de recursos.

Ainda assim, a Globo perdeu contrato com vários clubes importantes – como Palmeiras e Santos -, numa disputa por jogos do Brasileirão no canal fechado e PPV para o Esporte Interativo, pertencente ao grupo norte-americano Turner.

A realidade é que tem endurecido muito as negociações de direito de transmissão de futebol no Brasil. Tirando as Copas de 2018 e 2022, a Globo tem que negociar ainda com a CBF todas as partidas oficiais e não oficiais da Seleção Brasileira daqui para frente.

Como a Globo honrará esses compromissos – e absorverá novos – é que é a dúvida. Com o mercado publicitário retraído e migrando para a internet, em meio à crise prolongada vivida pelo País, haja fôlego financeiro.

É bom lembrar a emblemática derrota da Globo no clássico Atlético-PR e Coritiba, pelo Campeonato Parananense, que não teve acordo (ambos clubes acharam a proposta da emissora pífia) e a transmissão foi parar na web. Ressalta-se que tanto Atlético-PR quanto Coritiba fazem parte da lista dos times que acertou a transmissão do Campeonato Brasileiro a partir de 2019 pelo Esporte Interativo.

O fato é que tudo isso vem desgastando a relação CBF-Globo.

Redação

5 Comentários

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  1. Esse escandalo FIFA é em tudo

    Esse escandalo FIFA é em tudo muito mais do que simplesmente futebol.

    No entanto, espero que com o “desgaste” com a Globo esta pare com a idolatrice e assim o futebol melhore.

  2. Jogo da selecinha não dá

    Jogo da selecinha não dá audiência mais. A globo é que deve estar saindo fora. Ricardo Teixeira tem lá colhões pra dizer não pros marinhos?

  3. EUA X FIFA

    Lembrei deste texto que escrevi logo que o escândalo FIFA via FBI veio à tona. Os EUA tem interesse geopolítico e econômico sobre o Futebol, não nos esqueçamos disto. Tem algumas imperfeições por conta do Golpe de 2016, porém, é válida a reflexão nesta postagem. A Globo que se cuide. 

    EUA X FIFA: DELIMITAÇÃO DOS ESPAÇOS GEOGRÁFICOS PARA A PRÁTICA DO FUTEBOL E CONSEQUENTE PROPAGANDA IDEOLÓGICA.

    Todos nós sabemos que o Esporte Norte-Americano, seja individual (Natação, Atletismo, golfe, que virou Esporte olímpico, etc.) com suas possibilidades de medalhas olímpicas + os esportes coletivos NFL (Futebol Americano), NBA (Basquetebol), NLB (Basebol), NHL (Hóquei no Gelo) e suas ligas extremamente competitivas movimentam trilhão ou mais de dólares e são uma propaganda dos EUA e seu “modelo vitorioso de sociedade” mundo afora, propaganda feita, através de seus atletas de nível A – supercampeões – e da ótima organização das ligas: produzindo ídolos para mais de bilhão de jovens de todas as partes do Planeta.

    Imaginemos a penetração da NBA mundo afora e o quanto isto fortalece a imagem dos USA vitorioso dentro e fora de suas fronteiras. No mais remoto ponto do Planeta Terra tem alguém com uma camisa regata do Lebron James ou do Stephen Curry, um boné da NBA, certo?

    Pensemos, agora, no Futebol, que é o centro da discussão nos dias atuais pela investigação e prisão por corrupção de dirigentes ligados à FIFA, COMEBOL, CONCACAF via FBI.

    Um fato. O Futebol fora dos EUA é o Esporte mais praticado e assistido, dentro dos EUA não tem, ainda, a força necessária para rivalizar com as 4 ligas maiores. A MSL (Major Ligue Soccer) não tem a mesma força nem penetração e apelo junto dos americanos como têm as outras ligas de esporte coletivos, há décadas enraizadas na cultura esportiva e no imaginário coletivo norte-americano. Futebol não é a cara do povo americano!

    Todavia, o Futebol movimenta cifras na casa do trilhão de dólares pelo mundo afora. E é o Esporte que mais desenvolve as paixões, a rivalidade clubística e o fanatismo de bilhões torcedores em todas as partes da Terra; que consomem o produto Futebol indo nos estádios, vendo os campeonatos pela TV, TV por assinatura, por PPV, via rádio e internet, via jornais e revistas especializados no tema ou em cadernos de esportes dos grandes jornais de circulação diária, além do Futebol favorecer a venda de toda a gama de materiais esportivos dos times + qualquer produto com o distintivo, mascote do time de coração do torcedor fanático. Afora estes dados acima temos os direitos de transmissão bilionários e as cotas bilionárias de patrocínio que dele resultam e os patrocínios nas camisas dos times, etc.

    No mundo todo o Futebol é praticado e amado, proporcionando audiências inimagináveis que se espalham por todos os cantos do Planeta em campeonatos como a Liga dos Campeões, a Copa da UEFA, a Copa Libertadores da América, os campeonatos Inglês, Espanhol e Alemão, a Copa América, a Eurocopa e a cereja do bolo: a Copa do Mundo.

    Imagina o tamanho do Poder Ideológico do Futebol sobre o comportamento dos praticantes, ouvintes, telespectadores e torcedores fanáticos dentro e fora dos estádios. Imagina o Poder de convencimento de consumo vindo das audiências que numa só partida pode alcançar a casa de 2 bilhões de pessoas no mundo todo, 1/3 da humanidade assistindo um único torneio, uma única partida. A Copa do Mundo no Brasil esteve ai para comprovar.

    Mudemos a direção do Esporte propriamente dito para a Geopolítica do Mundo atual: 2015, as vésperas do funcionamento do Banco dos BRICS em 30 de junho e chegaremos a conclusão:

    EUA X BRICS, eis o centro da discussão da contenda EUA X FIFA.

    Nas Copas do Mundo de 2010, 2014 e 2018 tivemos e teremos países dos BRICS como sedes do Campeonato, respectivamente, África do Sul, Brasil e agora será a Rússia. Vocês conseguem imaginar o tamanho da propaganda destes países mundo afora: as imagens geradas? O quanto se conta da História do povo de cada um desses países, das suas maravilhas naturais e das construídas pelos homens? O quanto se fala ou vai falar dos seus governantes, do seu modo de vida, da composição étnica da sociedade, da culinária e costumes e até do regime político ali estabelecido? Sem contar o quanto os turistas e os meios de comunicação vão falar dos estádios e das estruturas montadas para receber milhões de turistas do mundo todo.

    Estes dados e informações somados podem ser pontes para alavancar o turismo futuro, ao contarem sobre os lugares que estiveram, sobre os estádios construídos, as belezas naturais, os pontos turísticos interessantes de serem visitados, sobre a culinária e, também, acaba por abrir espaço para se dizer sobre o modelo econômico e social vigente no País, certo?

    A Ideologia, o regime político estará presente em meio ao jogo de Futebol e com toda força durante uma Copa do Mundo. O turista da Copa de 2018 não sairá da Rússia com a mesma impressão que a Mídia Ocidental teima em propagandear, certo?

    Hoje, a Copa do Mundo está desembarcando na Rússia. Imaginemos que a propaganda do País será feita para bilhões de habitantes da Terra; justamente a Potência bélica que mais rivaliza com os Estados Unidos e que é uma das ameaças à Política expansionista dos EUA e seu insaciável desejo imperialista, hoje, um Império em declínio, com uma economia interna em crise, vide o crescimento negativo do PIB americano no primeiro trimestre de 2015: decréscimo de 0,7%.

    Imaginemos o espaço a ser conquistado pela Rússia em 2018 para fazer propaganda favorável ao seu País frente aos USA? Tem até senadores americanos querendo tirar a Copa do Mundo da Rússia.

    Pensemos depois do que expus:

    Vocês acreditam que a intervenção na FIFA por parte do FBI é uma mera limpeza da corrupção na entidade, para moralizá-la? Então, por que não fizeram antes? Desde os anos 80 ouço falar em corrupção no Futebol Nacional e Internacional.

    Talvez, os EUA tenham descoberto tarde a importância do controle da FIFA para manter em seus domínios os Espaços Geográficos, onde a festa maior do Futebol, a Copa do Mundo possa ser realizada sem que a Ideologia americana seja confrontada, e possa significar uma perda, ainda maior do Poder imperialista, via BRICS. Via imagens dos BRICS televisionadas para o mundo todo e com audiências e público de bilhões de pessoas.

    Na verdade, o que está em jogo é uma contenção da expansão dos BRICS pelo Mundo afora, e a partir uma de suas formas mais penetrantes: o Futebol.

    Os Estados Unidos buscam a possibilidade de controle dos países, onde o Futebol deve concentrar as grandes ligas, os grandes craques e times globalizados e as seleções nacionais fortes e, onde a arrecadação vinda do Esporte esteja concentrada. Ocupação esta que case Ideologia e Espaço Geográfico do Futebol, ou seja, que case Neoliberalismo e Futebol de “Elite”.

    A Europa Ocidental como eixo principal do Esporte Futebol, impedindo que este se desloque para a Ásia e áreas de não influência econômica americana, tendo a CHINA como a concentradora de uma grande Liga e com condições de ter os melhores times e jogadores com seus altos salários. Já há um ensaio desta realidade, os craques brasileiros e sul-americanos estão desembarcando por lá, vide os artilheiros dos campeonatos brasileiros recentes: Barcos e Marcelo Moreno que chegaram por lá faz pouco tempo.

    A ameaça de em 2026 a Copa do Mundo chegar à China é enorme. O antídoto americano é controlar o Poder da FIFA para barrar a escolha da China como sede em 2026. Controle da FIFA: um dos caminhos de barrar o expansionismo do Gigante Oriental pelo Mundo via Ideologia do Partido Comunista Chinês.

    Imaginemos o tamanho da propaganda massificadora da China tanto no Ocidente como no Oriente se a Copa do Mundo de 2026 desembarcar na CHINA.  

    Como disse e repito, o Futebol é o Esporte mais apaixonante que existe, movimenta cifras inimagináveis ao redor do Mundo, imaginemos no campo ideológico o que significará uma China entrando com tudo no Futebol, se preparando e sediando a Copa de 2026. Imaginemos o cardápio de espera com o poder de gasto dos chineses na compra e formação de jogadores, o campeonato chinês recheado de craques do mundo todo, os estádios com tecnologia ultrarrevolucionária, etc. e os Estados Unidos vendo toda esta propaganda recheada de Ideologia e Poderio da Potência econômica que rivaliza nas mesmas condições com o Imperialista da América do Norte? Ele, os Estados Unidos, não vão ficar assistindo a banda passar, certo?

    Ter o controle das decisões da FIFA, para os EUA, servirá para mudar a órbita dos países que irão sediar uma Copa do Mundo, outra ideologia será televisionada, alinhada ao Império Americano, mesmo que a Copa não seja nos USA, mesmo que o povo americano não eleve o Futebol ao patamar de paixão nacional como são Basebol, Basquetebol, Hóquei no Gelo e o Futebol de lá, o americano.

    O expansionismo do Futebol que os Estados Unidos almejam é com a distribuição do Esporte mais amado do mundo nas regiões (Países) alinhadas com a sua Ideologia do Way OF Life e, onde a Ideologia neoliberal radical seja a bandeira política e econômica do País, além, é claro do alinhamento Geopolítico ao Imperialismo Norte-Americano.

    Espaços Geográficos das grandes ligas e dos grandes eventos ligados ao Futebol coincidentes como os Espaços Geográficos do neoliberalismo aliado aos USA.

    FIFA que é uma organização que tem mais membros (países) filiados do que a ONU não é para ser descartada, certo?

    Por isto podemos dizer, para finalizar, em poucas palavras que a contenda EUA X FIFA nada mais é que o recomeço da GUERRA FRIA via Esporte (aqui o FUTEBOL). Podemos até mudar o EUA X FIFA para EUA X BRICS.

    Está, a busca do controle da FIFA e dos Espaços Geográficos para prática e influência do FUTEBOL, por parte dos Estados Unidos, ligada a todos os dados atuais de 2015: políticos, econômicos, expansionistas dos BRICS, em especial da CHINA, hoje, invadindo a América com o Canal da Nicarágua e a Estrada de Ferro bioceânica Brasil/Peru; CHINA, potência econômica rival dos EUA nos tempos atuais e em franco crescimento, o que pode leva-la em breve a ser a mais poderosa Nação do Planeta.

    P.S.: A Globo que se cuide, se os EUA quiserem controlar o Futebol mundial e passar o trator na emissora platinada não vão pensar duas vezes. O Império não pensa, age. Se quiserem controlar as transmissões dos campeonatos brasileiros e/ou com times brasileiros vão ajudar as suas emissoras esportivas globalizadas a assim proceder. 

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