Tristes tópicos de um futebol togado, por Fábio de Oliveira Ribeiro

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
 
Por Fábio de Oliveira Ribeiro
 
A seleção brasileira perdeu para a Bélgica. Portanto, devemos ficar tristes e acreditar que o futebol é mais importante do que o petróleo, a Petrobras, a Eletrobras, a Embraer, etc… que foram entregue aos estrangeiros. O nacionalismo à direita se resume a camisa da CBF.
 
A Bélgica derrotou o Brasil. Logo, o povo vai começar a perceber que está sendo enganado, que as riquezas nacionais foram dilapidadas e que o preço do gás e da gasolina continua subindo. A conscientização política à esquerda se constrói como uma ilusão derivada das ilusões desfeitas.
 
Futebol é política. Sim, disse e repito, futebol é política. Ambos funcionam como um jogo em que ganhar e perder são mais importantes do que disputar. A verdadeira disputa não é pela bola ou pelo cargo, mas pelo prestígio e pelo dinheiro que faz o jogo continuar a ser jogado. O estádio da política é a urna e o craque de futebol empresta sua imagem para seu candidato preferido, que pode muito bem ser aquele que pagou o maior cachê. 
 
No campo político as regras deveriam ser respeitadas. Mas elas deixaram de existir no exato momento em que os juízes passaram a atuar como um time organizado para destruir o jogo. A justiça também se transformou numa Copa Imunda, em que os juízes escolhem quem pode e quem não deve disputar a eleição. Lula preso, gol para o time dos juízes que aproveitam a vitória para exigir salários maiores e privilégios mais odiosos.  Lula solto, a equipe togada fica com medo de levar um cartão vermelho da população nas urnas.
 
Uma derrota do Brasil para a Bélgica não deveria entristecer ninguém. No futebol vence o time que jogou melhor, que teve mais sorte ou que cometeu menos erros. Uma vitória belga no Brasil seria bem mais interessante.
 
A Bélgica não é e nunca foi o país mais rico da Europa. Sempre que seus poderosos vizinhos entraram em guerra, os belgas sofreram danos econômicos e humanos em seu território. Apesar disso, a população da Bélgica reconstruiu o país e conseguiu conquistar um padrão de vida decente. 
 
O PIB belga é muito menor do que o PIB do Brasil.  O Brasil é considerado o nono país mais rico do mundo, a Bélgica é o vigésimo sexto. O que explica o abismo social em nosso país não é o tamanho da economia do Brasil e sim o desejo neurótico que alguns (jornalistas, jogadores, empresários, políticos etc…)  tem de perpetuar as diferenças gritantes entre pobres e ricos. 
 
No momento em que a estrutura social brasileira começou a ficar parecida com a da Bélgica, os juízes entraram em campo para revogar a constituição e restaurar o abismo que separa o time de toga da maioria da população. Portanto, a civilização brasileira foi derrotada pela Copa Imunda antes da seleção canarinho entrar em campo contra a Bélgica. 
 
Desemprego, desespero, trabalho escravo, violência policial, fome, desnacionalização das riquezas nacionais, destruição programática dos sistemas públicas de educação, saúde e previdência… Se nada for feito um Congo Belga continuará crescendo dentro do Brasil e poucos ficarão surpresos ou tristes quando um cataclisma destruir os Palácios governamentais e os Tribunais que impedem a população brasileira de conquistar uma vida decente, honesta e produtiva. 
 
Fábio de Oliveira Ribeiro

7 Comentários

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  1. O Brasil não é uma sociedade

    O Brasil não é uma sociedade igualitária, e não há o interesse para mudar esse pensamento, ao contrário, 

     

     a maldita elite – e elite não são juízes, politicos,  etc, elite é quem detèm o capital e os meios de produção – prefere aprofundar o abismo social ainda mais……..

     

    De minha parte não fico triste por que um bando de pernas de pau com grife perdeu um jogo, ainda mais no ano em que perdi minha amada mãe, fico triste pelo descaso com o povo brasileiro, o ódio que demonstram pelo povo sofrido…..e pela sujeição desse povo aos canalhas que o massacra………..

     

    1. resposta

      Chamamos esses ricos brasileiros de ZÉ LITE FINANCEIRA . Nada de elites.  SÃO , NA MAIORIA, GENTALHA QUE VIVE DE RENDA que nem mesmo foram eles que  conseguiram. São gente inútil que herdou a inutilidade dos pais, dos, avós “et caterva”. Não espere nada.

  2. A Copa e a mentalidade das elites

    Chamou-me a atenção uma “análise” feita pela SporTV.

    O título é bastante peculiar.

    “Falta em Lukaku poderia evitar o segundo gol da Bélgica: veja análise” – em https://sportv.globo.com/site/programas/troca-de-passes/noticia/falta-em-lukaku-poderia-evitar-o-segundo-gol-da-belgica-veja-analise.ghtml Não venham com essa história de habilidade, de fair play. De ganhar no campo, na estratégia. Você vence o adversário na pancada. Com dolo.  

  3. Estou torcendo pela seleção da França ou da Bélgica. Não pelos p

    Estou torcendo pela seleção da França ou da Bélgica. Não pelos países, mas pelos imigrantes que defendem essas seleções. Seria uma forma de desmoralizar o discurso xenofóbico.

  4. Esqueceu de colocar o Pib percapita em jogo
    País com PIB grande não significa com percapita grande. Isso significa que mesmo com a desigualdade europeia, ainda o povo não seria tão rico quanto o belga. Temos ainda muitos entraves economicos para superar o percapita belga

  5. Esqueceu de colocar o Pib percapita em jogo
    País com PIB grande não significa com percapita grande. Isso significa que mesmo com a desigualdade europeia, ainda o povo não seria tão rico quanto o belga. Temos ainda muitos entraves economicos para superar o percapita belga

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