General Mourão indica receio de posições de Bolsonaro em relações internacionais

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Em entrevista, vice manteve a linha de defesa econômica liberal de Paulo Guedes, mas preferiu ser comedido contra posturas já explícitas de Jair Bolsonaro em relações comerciais com outros países
 
 

Foto: Divulgação
 
Jornal GGN – Contrariando algumas posições do futuro presidente Jair Bolsonaro, o vice eleito, general Hamilton Mourão, defendeu o diálogo comercial da China aos Estados Unidos, mostrou-se receoso de algumas posturas de Bolsonaro, como o anúncio de mudar a embaixada em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, e o enfraquecimento da participação brasileira no Mercosul.
 
“Antes de pensarmos em extinguir, derrubar, boicotar, temos que fazer os esforços ainda necessários para que atinja os seus objetivos”, defendeu em entrevista à Folha de S.Paulo, sobre o bloco econômico. Ao fazer a entrevista, a equipe do jornal descreveu o vice-presidente eleito como “amistoso e acessível” e ocupado com as tarefas de transição. 
 
Sobre o receio da volta do regime militar que manteve a ditadura no país, Mourão disse que não há a “tutela militar”. “O país entrou numa tal rota de falta de ética, de corrupção, ineficiência e má gestão que a população como um todo passou a se voltar para as Forças Armadas. E as Forças Armadas se mantiveram calmas e tranquilas em suas funções. Ninguém saiu do quartel nem nada”, afirmou.
 
Na conversa, Mourão indicou que a soberania brasileira não será uma prioridade, dando privilégio a relações como com os Estados Unidos. Mas, da mesma forma como defendeu que não se pode “descuidar” dos americanos, também defendeu o diálogo com a China, por exemplo. 
 
Não teve receio de contrariar o futuro mandatário, Jair Bolsonaro, contestando por exemplo a opinião dele a respeito das relações comerciais com a China, que tomaram grande repercussão, chegando aos ouvidos da própria potência oriental.
 
E na contramão do que vinha tentando o próprio presidente eleito, de distanciar sua imagem da de Donald Trump, disse que “eles são meio parecidos”: “É óbvio que com os EUA, vamos colocar assim, tanto o presidente Bolsonaro quanto o presidente [Donald] Trump têm uma forma peculiar de lidar com o mundo exterior. Eles são meio parecidos nisso aí.”
 
“Mas Trump comanda a maior economia do mundo e pode comprar certas brigas. Eu acho que o presidente Bolsonaro não vai poder”, questionou a reportagem. “Exatamente. Nós podemos comprar as brigas que podemos vencer. As que a gente não pode, não é o caso de comprar”, respondeu. Ainda, descartou a possibilidade de o Brasil fazer uma intervenção na Venezuela.
 
Sobre a questão da possível mudança da embaixada israelense de Tel Aviv para Jerusalém, Mourão preferiu dizer que “é óbvio que a questão terá que ser bem pensada. É uma decisão que não pode ser tomada de afogadilho, de orelhada. Nós temos um relacionamento comercial importante com o mundo árabe. E competidores que estão de olho se perdermos essa via de comércio.”
 
Disse que, apesar de integrantes das Forças Armadas comporem o governo de Bolsonaro, não irão “sair do quartel” para comandar o país, mas não negou a possibilidade de uma intervenção em caso de “caos”. 
 
“Qual é a nossa missão? Defesa da pátria, garantia dos poderes constitucionais, garantia da lei e da ordem. Então tudo aquilo que poderá perturbar o desempenho de qualquer um dos Poderes constitucionais ou a lei e a ordem é algo que nos preocupa. Vamos imaginar que os dois lados começassem a se digladiar na rua. Qual é a única hipótese que poderia haver de as Forças Armadas terem que intervir? Se houvesse o caos”, disse.
 
Acompanhe a íntegra da entrevista aqui.
 
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

9 Comentários

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  1. “Cavalo não desce escada”, diria Sued

    O general Mourão continua se posicionando politicamente.

    Será que teremos um novo caso de “diverticulite” ?

  2. E S G. ACADEMIA DAS AGULHAS NEGRAS

    Finalmente sem medo de derrapar em ‘Academicismnos e Ilusões’, poderemos usurfluir de uma das Escolas Mais Avançadas e Espetaculares que temos. As Academias Militares e toda Conhecimento desenvolvido por estes Centros de Excelência Nacionais. Diferentemente de como uma parte da Imprensa Ideologizada quiz vender, o General Mourão mostrou todo Conhecimento e preparo que a função Militar exige. Como Vice Presidente será um excepcional suporte a outro Aluno desta Escola. Já anteviu alguns problemas que declarações, muitas vezes ainda não estudadas a fundo, podem produzir com consequências para a Nação. Mostrou que o Equilibrio e Conhecimento serão suas marcas. É uma nova Nação que surge. Muito boa sorte. Um país inteiro torce por isto.   

  3. “Antes de começar a

    “Antes de começar a entrevista, Sr. Mourão, e até para não perdermos tempo, gostaríamos de que o sr. relacionasse as promessas de sua campanha que não serão cumpridas, sim? E para aproveitar bem o tempo, explicar: se não era prá cumprir, prometeu por que?”

  4. Esta batalha entre um capitão presidente e um vice general vai

    ser como um um filme de velho oeste: tonto contra o zorro (marido da zorra). Não haverá unidade e um vai envelhecer 20 anos em 4 e o perdedor, nos primeiros 6 meses ou enlouquece ou infarta.

  5. Drible da vaca

    Bozonaro será devidamente chutado no momento oportuno.  Vai levar o drible da vaca…

      Mourão , de bobo não tem nada. É bom até o Mourinho afinar a voz e  baixar a orelha , que pescoço não brota…

    Será o mesmo filme que já vimos desde sempre :  Sarney, Itamar, Temer..

    Vamos ver qual facção golpista por fim triunfará : Bozonaristas, Mouristas, Lavajateiros,  Olavistas, vendedores de bíblia… em comum, todas elas liberais na economia , embora algumas ultraliberais . Todos conservadores nos costumes, alguns ultraconservadores.

    Semhores, façam suas apostas !!!

  6. Tenho Fé…

    Nassif: se o daBala é realmente MachoMen, como dizia (amparado pelos VerdeOliva), quero ver as promessas de campanha em prática:

    1) Cortar relações diplomáticas e comerciais com os países comunistas (Russia e China etc);

    2) Levar para Jerusalem a capital de Israel (prometido ao grupo da EstrelaAmarela que o apoiou) e romper com os árabes;

    3) Invadir a Venezuela e destroçar seu exercito de comunistas;

    5) Fechar o Mercosul e transferir todos os negócios para o Chile. Em seguida, acabar com os BRIC;

    6) Prender (e se possivel eliminar) todos os comunistas, socialistas e congêneres, do Brasil;

    7) Acabar com os Gays, Putas, Lesbicas, Negros, Ciganos, vangélicos que não seja do Templo deSalomão, Pobres, Operários. Transformar a Nação numa Colônia de Férias para os europeus e os donos do quintal;

    8) Acabar com o MinhaCasaMInhaVida, BolsFamília, BolsaPrisão, BolsaEstudante. E criar MinhaMansãoMinhaVida, BolsaCaviar e outras, para empresários e os 56 milhões de correlegionários;

    9) Dar continuidade ao governo do Mordomo de Filme de Terror, vendendo tudo que for possível a fim de satisfazer as necessidades do Mercado, dos Banqueiros e sobretudo da classe de rapinagem política que agora domina o cenário;

    10) Trocar os distribuidores de drogas, principalmente os do Rio, por grupos de confiança, especialmente mineiros. Ampliar a coordenação do plano hoje executado pelos verdeolivas.

    Como sabemos é honrado e de palavra, estas e outras tantas promessas haverão de ser cumpridas, começando no dia 2 de janeiro de 2019.

  7. Se

    Se a conversa não for mero disfarce, o vice ao menos raciocina com o cérebro. O raciocínio do titular, se algum dia exstiu, foi prejudicado com a facada….

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