Fake News ou o que está detrás da defesa de Mike Pompeo à Bielorrússia

Ao contrário do que se quer buscar por detrás das fake news, a verdade encoberta, esse tipo de linguagem não tem nada a esconder

Novilíngua em Belarus
Por Rogério Mattos 
As discussões a respeito das chamadas “fake news” dizem respeito bem mais aos meios pelas quais elas são reproduzidas do que por seu conteúdo. Caso algum giro antropológico fosse de fato detectado, ou seja, algo que tivesse alterado em ampla escala a capacidade de se proliferar notícias falsas, o caso de estudo nº 1 deveria ser a campanha dos grandes jornais corroborando a suposta existência de armas nucleares no Iraque, logo no início do século.

Talvez por terem perdido em parte o controle da informação devido à multiplicação dos meios pelos quais as notícias eram passadas – desde sites alternativos até as publicações em redes sociais – criaram-se inúmeras agência de “checagem de fatos”, geralmente associados ou controladas pelos mesmos monopólios midiáticos responsáveis por terem abençoado e continuarem abençoando coisas demais…

Um breve exemplo é matéria recente da Bloomberg, onde se noticia o pronunciamento do representante do Partido da Guerra dentro do governo Trump, Michael Pompeo, de que eles (o seu partido) está muito preocupado com o povo bielorrusso e que quer “que o povo da Bielorrússia tenha as liberdades que exige”.

Se na novilíngua de George Orwell, o Ministério do Amor era o responsável pelas ações de ódio, estamos diante de uma tática imperialista tão antiga quanto o período vitoriano. Ao contrário do que se quer buscar por detrás das fake news, a verdade encoberta, esse tipo de linguagem não tem nada a esconder. Como outro famoso romancista britânico deixou bem claro: toda a conspiração deve ser aberta [aqui].

Com a atual revolução ao estilo Maidan na Bielorrússia, procura-se o mesmo que na Ucrânia: levar o país do leste europeu à esfera de influência da Troika/OTAN. O passo seguinte é a instalação de mísseis e/ou bases militares ocidentais no país (como de praxe). A Rússia terá inevitavelmente que encher sua fronteira de mísseis e militares.

O problema é que, logo após ataque contra o Líbano, Putin passou a seguinte mensagem: qualquer míssil em espaço aéreo russo será considerado nuclear e terá a retaliação de todo o arsenal bélico de suas Forças Armadas. Duvidam?

O dado concreto é que, após o anúncio das armas supersônicas e dos mísseis anti-balísticos por Putin (além de sua vitória na Síria), a OTAN teve que recuar como nunca antes na história. Assim como com o assassinato de Soleimani em janeiro e a bomba nuclear tática no Líbano, o Partido da Guerra (democrata e republicano, com suas conexões na Europa), tenta ainda um confronto de tipo termonuclear. Os motivos para se buscar conscientemente algo do tipo? Teria que escrever muito para explicar…

O fato é que a coronacrise não deu certo ou falhou em grande parte. Continuam a buscar um motivo de “força maior” para uma mudança de regime em escala internacional (em especial, mudar a atual influência eurasiática no Ocidente) e um reset econômico total. A tendência, contudo, também por motivos bem complexos, é a de recuo dessas forças. Todos seus esforços tem sido terrivelmente malogrados. A ver.

 

PS: esse texto é uma breve continuação de artigo imediatamente anterior, onde se busca dar conta das relações entre a mudança de política das agências de inteligência estadunidenses e o atual freak sobre as “notícias falsas” [aqui para ler].

 

Rogério Mattos: Professor e tradutor da revista Executive Intelligence Review. Formado em História (UERJ) e doutorando em Literatura Comparada (UFF). Mantém o site http://www.oabertinho.com.br, onde publica alguns de seus escritos.  

Redação

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