O desgaste e os ataques de Trump à América Latina

Se antes, Donald Trump adotava política internacional de desinteresse pela América Latina, agora alimenta conflitos regionais e embates

Foto: Reprodução Redes Sociais

Jornal GGN – Enquanto que no primeiro ano de governo de Donald Trump, o presidente dos Estados Unidos preferiu adotar uma política internacional de desinteresse inédito pela América Latina, neste ano, a Casa Branca decidiu alimentar conflitos regionais e uma postura muito mais combativa, do que buscando alianças.

Esse é o entendimento de Michael Shifter, presidente do Diálogo Interamericano, um centro de análise da região, com sede em Washington, Estados Unidos. “É uma política de castigos e ameaças. Falta uma agenda positiva que reflita um compromisso com a região e os próprios interesses dos EUA”, afirmou à reportagem da Reuters.

As políticas de relações internacionais de Trump vinham menosprezando possibilidades junto à América do Sul e central. Agora, entretanto, o recado é mais claro no sentido de confronto: desde as sanções aplicadas contra o regime de Nicolás Maduro, na Venezuela, as críticas dirigidas à Colômbia contra as suas medidas nacionais para impedir o narcotráfico, e também o corte de repasses à países centro-americanos.

O que não está muito claro é a motivação por trás de tais conflitos. No caso da ajuda financeira ao Triânfulo Norte – Honduras, Guatemala e El Salvador, as críticas tinham relação com a imigração dos cidadãos locais aos EUA. “Trump age como Trump, dizendo o que quer, e muitas vezes diz coisas que são profundamente contraproducentes e que insultam países latino-americanos”, afirmo Cynthia Arnson, diretora do programa para América Latina do Wilson Center em Washington, à Reuters.

É essa mesma linha adotada com o México, em um duro discurso relacionado, principalmente com a imigração, mas também as recentes ameaças impostas ao governo sobre o tráfico de drogas: “Vamos dar o prazo de um ano e, se o tráfico de drogas não cessar completamente ou em sua maioria, vamos impor novas tarifas ao México e a seus produtos, particularmente aos automóveis”, afirmou Trump, na última semana.

A Colômbia foi alvo dos mesmos ataques e ameaças de Trump, que criticou um dos principais aliados do mandatário norte-americano na região, o presidente Iván Duque: “Estão chegando mais drogas da Colômbia do que antes de ele assumir a Presidência, então ele não fez nada pelos americanos”, disse, no mês passado.

Por isso as tratativas de Donald Trump fogem da política de evitar confrontos com possíveis aliados e parceiros chaves na região e disparar as críticas seguindo opiniões meramente pessoais.

Já contra a Venezuela a atuação do presidente foi mais ofensiva. Trump foi o primeiro presidente a reconhecer o líder da oposição, Juan Guaidó, como o presidente interino no país e, nesse meio tempo, vem isolando as relações comerciais e diplomáticas com o país, enquanto permanece Nicolas Maduro. Entre as sanções determinadas, a do setor petroleiro, responsável por deixar o país no estado econômico que se vislumbra hoje.

Além disso, no caso da Venezuela, Trump fez uma mobilização a nível da América Latina para angariar o apoio de países vizinhos, como o Brasil, Colômbia, Chile, entre outros, para apoiar a queda de Maduro, o que se gerou o conflito multilateral na região.

Os EUA chegaram a levar a crise da Venezuela ao Conselho de Segurança da ONU quatro vezes, somente neste ano. As críticas dos especialistas são que, assim como a própria ONU não apresentou as respostas esperadas pelos EUA, Trump não tem um plano B para a Venezuela, levando ao enxugamento econômico do país e prejudicando, ainda mais, o cenário atual.

Redação

3 Comentários

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  1. A pessoa de Donald Trump é apenas um detalhe desimportante, uma pessoa a quem podemos dirigir sentimentos para que não os dirijamos para a questão realmente importante. E essa questão é conjuntural, não pessoal, e se não fosse esse senhor o menino-propaganda seria outro: não faz diferença, o pessoal que emite e controla o dólar privado pretende recuperar o poder que teve e perdeu durante o século passado, e acha que vai conseguir isso submetendo estados nacionais como o nosso, Brasil, pelo amor ou pela dor. Mas não adianta mudar a embalagem, a aparência e a cara do produto para parecer novo: um velho de cabelos pintados continua sendo apenas um velho. O que estamos vendo é o imperialismo decadente em seus estertores. A saída é aproveitarmos que não somos os EUA – e nunca seremos, cada estado nacional tem sua história, unicidade – e focarmos em alternativas àquele dólar caquético e moribundo, senão vamos para a cova juntos…

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