Trump está de olho na Venezuela?, por Nick Cunningham

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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do OPEU – Observatório Político dos Estados Unidos

Trump está de olho na Venezuela?

por Nick Cunningham

Traduzido do OilPrice.Com

A administração Trump e algumas outras pessoas no governo dos Estados Unidos deram dicas pouco sutis, recentemente, de que estariam abertos a uma invasão militar da Venezuela para derrubar o presidente Nicolás Maduro.

“É um regime que, sinceramente, pode ser derrubado muito rápido pelos militares, se eles optarem por fazer isso”, disse o presidente Trump a repórteres nos bastidores da Assembleia Geral da ONU, na terça-feira.

As palavras parecem dar certo incentivo a um golpe, o que talvez nem surpreenda, pois o The New York Times publicou uma investigação, no início de setembro, sobre a descoberta de que o governo Trump se reuniu secretamente com oficiais militares venezuelanos no último ano para discutir a derrubada de Maduro.

A Venezuela está em frangalhos, e já houve sinais anteriores de que o controle de Maduro é tênue, incluindo o renegado piloto de helicóptero no início deste ano e a cena bizarra em que os drones explodiram durante um desfile militar em agosto, perto de Maduro.

Em outras palavras, a ameaça de golpe vem aumentando há algum tempo.

Porém, mais recentemente, houve rumores mais elevados em Washington e além. A Bloomberg observou que Fernando Cutz, ex-membro do Conselho de Segurança Nacional, disse que uma invasão militar multilateral da Venezuela poderia ser a melhor solução. Além disso, alguns proeminentes dissidentes venezuelanos e ex-funcionários apoiaram a mudança de regime. O senador da Flórida, Marco Rubio, falou que há um “argumento muito forte” para essa medida. Depois houve os comentários de Trump em Nova York na ONU.

Alguns comentários cautelosos, mas particularmente receptivos a uma invasão ou um golpe, vieram de autoridades da Organização dos Estados Americanos e do governo colombiano, apontou a Bloomberg. Além disso, espera-se que Trump traga algumas autoridades para seu governo que são notoriamente agressivas em relação à Venezuela.

Por enquanto, os Estados Unidos, oficialmente, só tentaram sanções como ferramenta de pressão sobre Maduro. A última rodada de sanções veio esta semana. “Pedimos às nações aqui reunidas para se juntar a nós na demanda pela restauração da democracia na Venezuela”, disse Trump na Assembleia Geral da ONU. “Hoje, estamos anunciando sanções adicionais contra o regime repressivo, visando o círculo interno de Maduro e conselheiros próximos.”

As sanções, mais uma vez, nitidamente não atingem o setor de petróleo da Venezuela. Tem havido especulações sobre se o governo Trump iria ou não tentar perturbar mais o fornecimento de petróleo da Venezuela, uma vez que isso já está em declínio acentuado. Cortar as importações desde a Venezuela ou impedir a exportação do produto diluente americano para o país provavelmente contribuiria para acelerar as perdas na oferta. Isso certamente colocaria mais pressão sobre o regime de Maduro, mas também aprofundaria a miséria existente na Venezuela.

Mas um golpe ou uma invasão militar é uma questão totalmente diferente. Os Estados Unidos têm uma história longa e sórdida intervindo na América Latina, desempenhando um papel na derrubada de governos no Chile, Argentina, Brasil, El Salvador, Guatemala, entre outros. De fato, grande parte da legitimidade do governo chavista de Maduro vem da narrativa política de oposição ao imperialismo norte-americano. O regime de Maduro está isolado neste momento, devido ao terrível desastre humanitário e à brutal repressão. Mas uma invasão dos Estados Unidos seria altamente indesejável em boa parte da América Latina e poderia reforçar o apoio a Maduro, enquanto mudaria potencialmente a responsabilidade da crise da Venezuela de Maduro para Trump.

O Grupo Lima,  formado em 2017 por 17 países latino-americano para criar uma resposta coletiva à catástrofe venezuelana, emitiu uma declaração em agosto afirmando que “somente os venezuelanos podem encontrar uma solução para a grave crise que afeta seu país”, uma maneira diplomática de declarar sua oposição à intervenção militar externa.

Além disso, uma invasão não acabaria necessariamente com o caos. “Você precisa ter um grupo muito forte de pessoas que possa assumir com credibilidade, e não está claro que haja uma facção militar ou de segurança venezuelana que queira isso”, disse Anthony Cordesman, do Center for Strategic and International Studies, à Bloomberg. “Então, o que se está dizendo, essencialmente, é entrar e, de algum jeito, substituir toda a estrutura de governança e esperar que, de alguma forma, alguém apoie.”

Se há uma coisa que aprendemos com as aventuras militares lideradas pelos Estados Unidos é que elas quase nunca resultam nas previsões otimistas que os planejadores de guerra apresentam.

Mas, mesmo sem uma invasão ou um golpe, a produção de petróleo da Venezuela está indo para o buraco. A produção de petróleo da Venezuela caiu para 1.235 milhões de barris por dia (mb/d) em agosto, queda de outros 36.000 bpd em relação ao mês anterior, de acordo com fontes secundárias da Opep. As perdas provavelmente continuaram em ritmo semelhante em setembro e, nessa velocidade, a produção da Venezuela pode cair abaixo de 1 mb/d até o final do ano ou no início de 2019. “Estamos entrando em um período crucial para o mercado de petróleo”, disse a Agência Internacional de Energia em meados de setembro. “A situação na Venezuela pode se deteriorar ainda mais rápido.”

Traduzido por Solange Reis

*Artigo originalmente publicado em 27/09/2018, em https://oilprice.com/Geopolitics/South-America/Is-Trump-Eyeing-A-Coup-In-Venezuela.html

 
Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

9 Comentários

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  1. Acredito que não …
    Acredito que não ocorra.
    Os EUA só se aventuraram em Cuba por financiar ao malucos da Baía dos Porcos.
    Desde a 2@ Guerra não fazem uma “invasão”.
    Venezuela é um país grande seria preciso uma tropa considerável.
    Devem financiar a direita Venezuelana e serem roubados mais uma vez…
    Os Paraísos Fiscais já comemoram…

  2. Se o governo Trump fosse um

    Se o governo Trump fosse um pouco menos um elefante na loja de porcelanas, poderia (não digo que nesse momento não pode ) esperar mais um pouco pra que esse serviço sujo de invadir um país seja feito por um país grande da sul américa que parecia há uma década  ser um grande país. Lógico que essa invasão será auxiliada pelos EUA, pois os generais desse país sao bons, já mostraram no passado, pra torturar gente indefesa e sumir com os corpos, mas pruma guerra de verdade não é impossível imaginar que na hora que a coisa desse errado fugiriam como ratos enquanto os pobres soldados morreriam como moscas seja pelo fogo do exército do país invadido seja pelo abandono da cúpula militar – lembrando o que os militares argentinos  fizeram na Argentina quando em guerra com a Inglaterra, e que custou o fim do regime militar de Videla Cadela e companhia e a ojeriza do povo argentino pelos militares no poder (enquatno nesse país grande eles batizam nome de logradouros públicos ). Imagino como o quase presidente dessa república de bananas seria recebido na Argentina. 

  3. Bullshit

    Além de estar deveras “preocupado” com a democracia venezoela, agora o Capeta Alaranjado tbm está fortemente empenhado em solucionar o “causo” do jornalista desaparecido na Turquia… Donec eris felix, multos numerabis amicos… 

  4. Blood is renewable resource; oil is not

    EUA preocupado com democracia ou com petróleo?

    Como diria George Monbiot em 2003, os EUA não estão preocupados com o derramamento de sangue dos Venezuelanos, pois sangue é um recurso renovável; petróleo, não.

  5. E a mídia bandida,
    E a mídia bandida, sanguinária, servil, mafiosa….faz o trabalho sujo….

    Transformam uma briga por petróleo em luta pela democracia…..

    Tem o pig daqui e o pig pig de la, que não é muito melhor…….

  6. https://www.yachtforums.com/t

    https://www.yachtforums.com/threads/donald-trumps-yacht-trump-princess.25218/

    O desaparecimento do jornalista Jamal Kashoggi está sendo tratado por Trump como algo irreal ou sem importancia, dado

    que assumiu a versão do governo saudita de que foram “bandidos de passagem” por Istambul que entraram no Consulado

    e sequestraram o jornalista, Trump já avisou que não vai fazer nada contra o Reino porque eles “compram armas” dos EUA.

    A midia americana, que eu saiba, não lembrou de uma velha conexão entre Trump e a familia Kashoggi, em um ambiente de litigio em torno do iate NABILA, do então bilionario Adnam Kashoggi, tio do jornalista desaparecido.

    Trump comprou o iate, deu uma entrada e não pagou o resto. deu enorme canseira  e passou um bom tempo escondendo o iate para não ser retomado, ao fim Trump vendeu o iate para o Principe saudita Alweed bin Talal.

    1. Mas é somente essa conexão?

      Será que não tem mais coisa nesse “mar” além do iate que o Trump comprou e não pagou?

      É muita zum zum zum em torno desse assassinato por parte de autoridades e governos que não prezam a vida humana, que  mandam matar sem nenhum constrangimento.

      O jornalista tinha vínculos e informações importantes naquele reino das arábias e adjacências?

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