Samarco, a agonia do capitalismo financeiro

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Por André Araújo

O caso das barragens da Samarco nos leva a reflexões colaterais sobre o capitalismo financeiro e seus personagens. A Samarco hoje é controlada pela maior companhia de mineração do mundo, a BHP, fusão da Broken Hill Proprietary, fundada na Austrália em 1851, e a Billiton, originada na Indonésia holandesa na mesma época, depois integrante do Grupo Royal Dutch Shell, e a nossa Vale, cuja origem é a americana Itabira Iron, de Percival Farquar, maior empresário do Brasil nas primeiras décadas do Século XX, empresa nacionalizada pelo Presidente Artur Bernardes e que virou Cia. Vale do Rio Doce na década de 40.

Como empresas tão experientes lograram correr um nível de risco patrimonial tão alto a ponto de incorrer em indenizações que provavelmente vão zerar o valor financeiro da Samarco? Esta faturou R$ 7,2 bilhões em 2014, ganhou líquidos 2,8 bilhões e investiu apenas 78 milhões em segurança ambiental. Com um pouco mais reforçaria as barragens, que são de terra, as mais baratas que existem, instalaria sensores para monitorar o risco da pressão do volume sobre a parede e, com mitigação maior de risco, transformaria a parte de terra despejada na represa em pellets, que poderiam ser armazenados fora da represa e diminuiriam consideravelmente o volume dentro  da barragem. Assim, ficaria com muito menor ocupação resultante apenas em água impura, mas em muito menor volume do que o conjunto lama+detritos+água. Essa solução mais definitiva custaria um pouco mais, mas seria um seguro infinitamente mais barato do que o custo econômico que agora cairá sobre a empresa que será devorada pelas indenizações.

Como os executivos não assumiram esse caminho? Por causa do modelo de capitalismo financeiro que vem assumindo a direção das grandes empresas da economia produtiva.  Foram-se os executivos “de indústria”,  “do ramo”. Hoje, assumiu uma geração de jovens calculistas que trabalham exclusivamente com planilhas, índices, taxas de retorno. Não tem ligação com o produto físico, com as máquinas, com a terra, com o minério, com a barragem. O mundo deles e de seus chefes e acionistas é exclusivamente financeiro.

O lucro pode ser fantástico, mais de um terço do faturamento, mas nem por isso a pressão para obter mais é da essência dessa cultura financeira.  Fora das planilhas e dos “budgets”, dos “targets”, não tem mais nada no radar, nem o futuro da empresa, é só o próximo trimestre, base dos bônus. No semestre posterior pode ter caído o CEO mundial do grupo e o CEO da Samarco, então a única meta que conta é o lucro do trimestre.

Conheci profundamente o sistema. De 1974 a 1978, fui o principal executivo de uma subsidiaria de multinacional americana no Brasil, havia uma obsessão com a meta trimestral, nada mais importava. No fim de cada trimestre, todos os executivos-chefes de cada divisão viajavam para a matriz em St. Louis, eram 130 divisões no mundo e lá mesmo no bunker do subsolo do prédio havia, durante toda a semana, em um auditório, uma revisão do budget de cada divisão. Se o executivo não tivesse atingido a meta era execrado em público e alguns despedidos lá mesmo. Depois, partia-se para fixação da nova meta para o trimestre seguinte, a pressão era intensa visando aumentar o lucro prometido, máxima pressão, até que o executivo acabasse por aceitar, mesmo sabendo que era impossível atingir, pelo menos ele teria o emprego por mais um trimestre.

Era um sistema diabólico para espremer cada divisão como um limão. Isso há 40 anos. Hoje, está muito pior, o único critério de sucesso é aumentar a taxa de retorno para o acionista com o mínimo de investimento, o mínimo de empregados e o maior aproveitamento dos ativos. Os que atingiam e ultrapassavam um pouco viravam heróis e eram homenageados com convite para jantar com o CEO, ganhavam sorrisos e cumprimentos, às vezes até promoção no ato.

Esse “capitalismo do trimestre” leva a mega distorções. É possível aumentar o lucro no curto prazo economizando em itens que causarão danos só no longo prazo, como não fazer a manutenção periódica dos equipamentos, trocar mão de obra cara por mais barata, rebaixar a qualidade do produto, continua vendendo, mas vai queimando a marca. Economizar na segurança ambiental é uma típica manobra para aumentar o lucro no curto prazo, a custo do longo prazo…

Esse é o típico capitalismo  AMBEV: padronizar todas as cervejas, só muda o rótulo, o gosto é o mesmo. Isso faz cair o custo por causa dos mega volumes de uma fabricação uniforme, abrindo espaço para centenas de fábricas de cervejas artesanais, porque o consumidor não quer o mesmo paladar padronizado. Isso é o capitalismo financeiro, os controladores da AMBEV são todos financistas e não industriais, heróis do capitalismo de corte de custos até o osso.

Hoje, firmas como a BHP e a Vale são controladas por fundos e não por pessoas. Os fundos querem taxas de retorno, é preciso pressionar os executivos. Estes, encostados na parede, cortam custos essenciais para fazer subir a taxa de retorno. Esse capitalismo deixa destroços pelo caminho, no limite vão acabar com o emprego e a sustentabilidade do planeta. O caso SAMARCO pode ser um dos maiores símbolos desse sistema que gera sua própria autodestruição.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

36 Comentários

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  1. Hora de repensar a mineração

    Em breve deverá ser desenvolvida uma nova lógica para o desenvolvimento de projetos de mineração, assim como a adaptação das usinas existentes para este novo esquema. Não apenas no Brasil (estamos discutindo estas mudanças em dos projetos grandes no Chile).

    No aspecto Corporativo / Financeiro

    Em parte, considerando o que André expõe, durante estes últimos 50 anos jogamos o jogo dos bancos, dos especuladores de direitos minerarios, do gigantismo, dos Diretores-administradores ou economistas (não os executivos “do ramo”, como diz Andre), do ganho fácil, da zona de conforto, de relações “paralelas”, das grandes empresas de engenharia, dos grandes fabricantes de equipamentos e das grandes empresas de construção, todos estes se alimentando de elevados CAPEX e OPEX, explorando o limite da equação do VPL.

    Na parte econômica, como Andre lembra, saindo do porto a 40 ou 50 dólares a tonelada de minério (Ferro neste caso), chegava-se com 150 dólares na China (ou mais, em determinados períodos). “Vender bem” sempre foi mais importante que “fazer bem”, nisso concordo com AA. O paletó e gravata sempre levou mais dinheiro que o capacete e macacão.

    No aspecto Técnico

    Devemos trazer de volta a mineração para o ganho legitimo do verdadeiro investidor, para a engenharia criativa, para a “otimização”, para o Diretor minerador (do “ramo”), para os mínimos CAPEX e OPEX, para a sinergia entre as mineradoras e entre estas e o poder público, e para a real sustentabilidade dos empreendimentos, valorizando a sociedade e o meio ambiente.

    A chave desta virada, em minha opinião, estará na mudança de foco na solução procurada perante as atuais perdas de competitividade da mineração, quais são, dentre outras: queda de teor nas jazidas, queda de tamanho das reservas, disseminação de pequenos depósitos, elevado custo da energia, falta de água, problemas logísticos, restrições socioambientais e menores preços das commodities. A opção seguida até agora tem sido pelo gigantismo, privilegiando os grandes fabricantes e construtoras, e agredindo o ambiente.

    O caminho aqui proposto aponta para a mínima usina com a mínima geração de resíduos finos, focando agora na reconstituição ou pré-concentração do minério, investindo pouco numa melhor fragmentação e liberação do minério, mas poupando muito nas usinas concentradoras e reduzindo os problemas ambientais. Sei, por experiência (a minha empresa conta com um excelente “case”), que projetar uma nova usina com este novo conceito poderia reduzir para quase a metade os investimentos e os custos de operação, envolvendo barragem de muito menor tamanho que um projeto convencional. Alguns irão perder; mas, ganham o investidor, a sociedade, o Brasil e o médio ambiente, muito e por muito tempo.

  2. Percebo nestes ultimos dias,

    Percebo nestes ultimos dias, que a SAMARCO com certeza contratou profissionais em administração de crises. Basta ver como a imprensa vem sendo manipulada. Começam a sugir inumeras reportagens sobre a deficiencia da fiscalização por parte do governo, que faltam fiscais, e tantos processos por fiscal, e outras baboseiras. 

  3. Excelente texto

    Lee Iacocca, o grande executivo da indústria automobilística, discutiu bastante esse tema em livros publicados em meados dos anos 1980. O André resumiu muito bem um problema que pragueja as corporações há pelo menos meio século. Provavelmente por falta de espaço,ele omitiu uma das marcas da nova corporação SA: o CEO não precisa entender do produto, basta que ele entenda de gerenciamento e de como pressionar os executivos para cumprir metas.

  4. Para não dizer que não sou

    Para não dizer que não sou justo.

    Muito bom artigo do Andre Aaraujo.

     

    Esse curtopraismo do capitalismo financeiro bloqueia as preocupações tanto com a segurança industrial quando com a saúde do trabalhadores, pelos motivos muito bem expotos no artigo.

  5. Excelente.

    Muito bem explicado. Agora eles pagaram caro pelo o que não fizeram em prevenção ambiental. De repente essa lógica burra mude depois desse desastre.

  6. nrnhuma nação fica sem

    nrnhuma nação fica sem corrupção e explorando da forma mais escatológica possível os seus recursos naturais. mas quando é a vez do Brasil fazer o mesmo para sua população sair da miséria….

  7. A historia da Samarco começa

    A historia da Samarco começa na sua antiga controladora S.A.Mineração da Trindade-SAMITRI, por sua vez ontrolada pela tradicional Companhia Siderurgica Belgo Minsira, criada pela ARCELOR – Arceries Reunis de Burbach et Dudelange, velha

    siderurgica belo-luxemburguesa. SAMARCO e SAMITRI foram vendidas pela Belgo à Vale em 2000, depois entrou a BHP.

    A Vale por sua vez tem origem na inglesa Itabira Iron, do empresario Pervical Farquhar, maior investidor estrangeiro no Brasil até a Primeira Guerra e naquela época um dos maiores empresarios mundiais, americano de Pittsburgh, quaker, que fundou ou controlou no Brasil noa parte da infra estrutura do Pais como as Light de SP e Rio, a telefonia, boa parte das ferrovias, construiu a Madeira Mamoré, fundou a cidade de Porto Velho, capital do Acre, construiu o porto de Belem através da Port of Para, o gas do Rio de Janeiro e São Paulo, a siderurgica Acesita, desenvolveu o resort do Guarujá, lá construindo o Grand Hotel de la Plage et Casino, provocou a Guerra do Contestado com sua companhia Brazil Lumber, teve relação tumultuada com todos os Presidentes da Republica velha, especialmente com Hermes da Fonseca com cujo Ministro da Viação J.J.Seabra

    dividia uma amante, seu grande aliado na imprensa nacional era Assis Chateaubriand a quem deu muito dinheiro para ser defendido, Farquhar tinha inimigos em pencas no Brasil, mas sua ação não era só aqui, tinha a principal ferrovia de Cuba e da Guatemala, ferrovias na Russia que perdeu na Revolução, foi pessoalmente negociar com Lenin a indenização, no Brasil

    tinha uma especial ligação com o Pais, manejava a politica e os politicos, não tinha muitos escrupulos, apesar de quaker, gente de rigorosa moral, abrasileirou-se na vida mundana, tinha muitas amantes, morava  no Rio e esse personagem que parecia do Seculo XIX morreu em 1953, vivia em um majestoso apartamento no Falmengo com mordomo à inglesa, era gastronomo e importou varios chefs de cuisine belgas e franceses. Sua biografia em ingles, de 1961 foi traduzida e editada pela Livraria Cultura quarenta anos depois, um dos personagens mais importantes da historia do Brasil moderno, foi personagem de novela da Globo MAD MARIA.

    Como dimensão, seus negocios no Brasil foram maiores, proporcionalmente à época, do que a de qualquer grupo empresarial brasileiro mas muitos aqui e nos EUA o consideravam um aventureiro, faliu varias vezes mas legou muito do que foi feito no Brasil  daquela época. Levantava dinheiro no mercado que no momento tinha mais liquidez, porisso suas sociedades anonimas tinham varias nacionalidades, o gas do Rio era francês o de São Paulo ingles,  o Porto do Pará ingles, as Ligh canadenses, a Itabira Iron inglesa, a Companhia Telefonica  americana.

     

  8. Análise espetacular do AA
    Eu que venho da área de mineração, estou de total acordo com tudo que o Andre Araújo escreveu. Esta forma de gerenciamento das empresas com total viés financista, e como nome acertadamente o Nassif, cabeças de planilhas, está matando o futuro destas empresas. Só uma correção, a Billington foi comprada ou incorporada à sulafricana Gencor, quando os acionistas brancos retiraram o controle desta da África do Sul logo depois da eleição do Mandela. Mantendo o nome Billington para remover do nome a associação a sua origem.

    PAK

  9. As pessoas jurídicas, como

    As pessoas jurídicas, como mineradoras e agronegócio, existem nas cidades-estados prá que mesmo…só pra sugar as riquezas..,????..,….diante de crimes como estes que fossem então ao menos expropriadas e convertidas em empresas de todo o povo para a este servir

  10. A registrar, onde estão as

    A registrar, onde estão as analises da agua-lama que saiu das represas? Isso se faz em duas horas, como ainda não se viu uma unica analise? Tem detritos de mineração, devem ser particulas de ferro, o que não é toxico, a lama tampouco é toxica ou poluidora essencial, o problema é o excesso de lama e não a lama em si, se for só a lama com particulas de ferro a recomposição do Rio Doce não vai levar dez ou vinte anos, vai ser em muito menor tempo, porque essas analises não foram feitas ainda por orgãos oficiais? Estamos vendo “”chutes” de todo tipo e nenhum relatorio sério e técnico.

    Algo semelhante aconteceu na poluição da Chevron na bacia de Campos, multas de centenas de milhões federais, estaduais e municipais, processos por todo lado, depois foi definido na Justiça que a poluição foi minima e a Chevron se livrou de todas as punições.

    1. As analises nao vao aparecer

      As analises nao vao aparecer porque embora o mito que a agua nao eh la tao toxica assim esteja bem propagandeado e marketado, onde essa lama esteve ela matou todos os peixes.

    2. Até antes do desastre a
      Até antes do desastre a Samarco emitia os laudos de “segurança”, ela se auto-fiscalizava: a raposa tomando conta do galinheiro. Cientistas de todo o Brasil se deslocaram para MG para estudar  e anslusar. Mas considero também inaceitávelque até agora, passados 10 dias, não haja análises oficiais da lama, laudos oficiais das causas do acidente. Nem pedir desculpas Samarco se sente na obrigação, ela se considera “VÍTIMA” !

        

    3. Análise

      André,

      Os rejeitos de minério de ferro não são tóxicos nem perigosos do ponto de vista quimico. Desde que o material é extraido na mina, não é utilizado nenhum reagente tóxico (apenas amina e amido, além de algum regulador de pH, como a soda)

      Uma parcela desses rejeitos corresponde a lama natural, já vinda da mina, com ferro e alúmina, principalmente. A parcela mais importante é rejeito do processo de flotação (mais de 80% do rejeito total). Como o processo é de flotação inversa, é o quatzo que é majoritário, com pouco ferro (algo assim como 80%SiO2, 10%Fe, e outros menores). O rejeito da flotação é então majoritário e, por conta da Amina (reagente utilizado para flotar), torna esse material hidrofóbico e com tendencia a flotar. Ainda mais, é relativamente leve, por tanto, demorará muito em sedimentar e afundar. 

      O problema é a granulometrai extremamente fina desse material, que toma uma forma pastosa ou coloidal. É por isso que a lógica utilizada na contenção (tipo derrames de petróleo, que também flota) é uma forma que me parece adeqquada.

      1. Só que a Mãe Natureza não pensa assim,

        pois boa parte da vida animal e vegetal nos rios e terras atingidos foi morta. Claro, aparentemente não houve mortes por envenenamento ou radiação, mas sim houve uma brutal mortandade causada pela alteração de condições físicas: sufoco de oxigênio, alteração da densidade das águas, que arruinaram as condições de vida – por exemplo, o afundamento de pessoas e animais. 

        E quem quer ganhar eleições pode muito bem escrever isso em sua bandeira: criminalizar alterações físicas ambientais. 

         

         

  11. E o presidente da samarco já

    E o presidente da samarco já tá com um habeas corpus! A barragem dele rompe (como alguém já disse aqui: uma barragem não é feita para romper!) , mata e arraza o meio ambiente, e ele não pode ser preso, bem, ele é do PT? Quase tão rápido como o dantas, aliás o dantes não tem um!

  12. Também parabenizo-o…

    Ótimo artigo! A um só tempo elucidador e preocupante. O capitalismo está, mais do que nunca, a merecer revisão generalizada dos seus pilares. 

  13. Quem vai defender os capitalistas?

    A questão básica do capitalismo com o nível de concentração de renda que se está chegando é simples: Quem vai defender os capitalistas?

    Quando no meio da guerra fria lá pela década de 60 havia no mundo uma classe média que não era muito numerosa mas era estatisticamente significativa. Esta classe média abanava para o operariado industrial da época uma perspectiva de ascensão social. Este operariado que outros chamam de proletariado viam ao longe, embalados por uma propaganda de provável sucesso futuro,  uma visão de futuramente seus filhos ou netos virem a pertencer a pequena mas brilhante aos olhos de todos uma prosperidade como nunca vista na face da Terra. Uma casa, uma máquina de lavar roupa, uma TV ou mesmo um pequeno automóvel era o sonho que grande parte dos que sustentavam a ideia de prosperidade capitalista,

    Porém com o tempo os bons e prósperos empregos industriais e mesmo os empregos nos outros setores, vem minguando e desaparecendo. Temos uma população mais educada, temos uma população mais informada, porém esta população com nível superior hoje provavelmente ganha menos do que seus pais que talvez possuíssem o primeiro grau incompleto.

    Agora se põe o seguinte dilema, qual a esperança e qual o futuro que vão prometer a esta imensa massa de desempregados ou subempregados? Pois se não for prometido nada, rapidamente eles se darão conta que a farsa acabou.

    Durante anos a fio, o último suspiro teórico do capitalismo, o neo-liberalismo propagandeou a volta ao passado como a grande solução, ou seja, a volta as relações pré-industriais de relações de trabalho. Mesmo com toda esta propaganda nem aqueles que tem ou tiveram alguma chance de surfar na onda do último modismo do capitalismo não estão acreditando mais.

    Talvez tenhamos, da mesma forma que os neo-liberais recuperaram as bandeiras da miséria como a solução para a pobreza, recuperar as velhas bandeiras guardadas no fundo dos armários e no fundo dos corações, de dar como solução a pobreza não a riqueza ao custo dos outros, mas a igualdade e a vontade de marchar para uma nova sociedade.

    Cachorros velhos não apreendem truques novos, mas cachorros velhos que nunca puderam mostrar os seus velhos truques talvez esteja na hora de mostrá-los.

  14. Mais desastre à vista!

    O que aconteceu com a Vale pode acontecer, muito em breve, com a Petrobrás!

    O novo Presidente, da área bancária, muito preocupado em sanear as finanças, está destruindo a capacidade produtiva da empresa!

    Várias empresas investiram em embarcações especializadas em engenharia submarina, construidas em estaleiros brasileiros, com bandeira brasileira, com tripulação e operadores brasileiros, Estas embarcações iniciaram as operações, mas não estão tendo seus contratos de trabalho renovados.

    Várias estão sendo desmobilizadas e vão trabalhar em novos contratos na África!!!!! Mais uma burrada de administradores de planilha. Socorro! Polícia! Pega o Ladrão!

    Precisamos de CEO’s com conhecimento de causa! Para destruir a engenharia nacional, bastam os Juízes e Promotores caipiras…

  15. Falta de Paz

    O problema não está no capitalismo, mas sim, na falta de Paz Interior da sociedade atual, e principalmente dos dirigentes do sistema capitalista.

    Veja bem, uma pessoa pode muitissimo bem viver tranquilamente com uma renda de 5 mil, 8 mil Reais por mês, mas a sociedade está acometida por uma espécie de doença, uma loucura, onde o céu é o limite. Quando um diretor de empresas passa a ganhar 15 mil, 20 mil, ele acha que é pouco… Quando um acionista passa a ganhar 25 mil, 30 mil por mês ele acha que é pouco… Tudo isto são sintomas de que a sociedade atual perdeu a Paz Interior, passou a cultuar as metas materiais, ao invés das metas de qualidade de vida, e não precisamos ganhar tanto assim para termos esta Qualidade.

    A meta passa ser, não a de ter saúde, uma vida digna, mas de ostentar, um carro top de linha, último modelo e de luxo, e outras imbecilidades mais.

    A verdadeira questão do problema é que a sociedade passou a priorizar o “ter”, e não o “ser”. Objetos passaram a valer mais do que seres vivos. Isto é uma doença mental, e não um erro do capitalismo. Qualquer sistema, seja o capitalismo ou socialismo, ou o que for, dará errado ser for administrado por doentes mentais.

    Os efeitos colaterais disto são a pressa. Querer comprimir um faturamento de uma vida toda em poucos meses, mesmo ao custo de vidas, ou do próprio planeta. É o medo constante de que o dinheiro que se tem em mãos não seja suficiente, mesmo que seja uma fortuna.

    Por fim, é provavel que se mantido o rumo, conseguiremos arruinar o planta, a longo prazo, torná-lo inabitável, dentro de séculos, mas outro efeito colateral desta doença, é não se importar a minima para o futuro, ou para as futuras gerações,  pois eles tentam viver em função do lucro no momento presente. sem se importar com o futuro ou com o próximo, a meta suprema é o lucro.

     

    Aqui um trecho de um livro de um escritor, Eckhart Tolle que eu creio que define a loucura dos dias atuais:

    A Necessidade de mais

     O ego se identifica com possuir, mas sua satisfação com isso é de certa forma superficial e passageira. Oculta internamente, ela permanece como um sentimento profundo de insatisfação, de estar incompleto, de “não é o bastante”, “não tenho o suficiente”, com o que o ego de fato quer dizer: “Não sou o bastante ainda.” Todos os seres humanos do planeta poderiam ser facilmente atendidos em suas carências materiais em relação a alimento, água, abrigo, roupas e confortos básicos, não fosse pelo desequilíbrio de recursos criado pela necessidade insana e voraz de querer sempre mais, a ganância do ego. Isso encontra expressão coletiva nas estruturas econômicas, como as grandes corporações, que são entidades egóicas que competem entre si por mais. Seu único – e cego – objetivo é o lucro. Elas perseguem essa meta do modo mais implacável possível. A natureza, os animais, as pessoas, até mesmo os funcionários, não são mais do que algarismos no seu balanço comercial, objetos inanimados a serem usados e depois descartados.  

     

  16. André:

    Você diz que essa idolatria do cifrão, ou, como queira, da maximização da rentabilidade, você vivenciou entre 1974 e 1978, um pouco antes ainda da difusão do tal neo-liberalismo (“Objetivo: gastar zero, obter infinito”).

    Certamente existe ou existia algum fator determinante para gerar isso.  Por exemplo, se foram acionistas mais exigentes, talvez a causa disso pudesse ter sido a baixa rentabilidade em outros mercados.

    O que poderia ser esse fator ?  Ou o que poderia ser de diferente? 

    1. Esse era foi inaugurado por

      Esse era foi inaugurado por Harold Geneen , CEO da ITT, que deu inicio à era dos conglomerados. Geneen era um mediocre auditor que por uma serie de acasos chegou á presidente da ITT, um empresa de telefonia decadente, tinha sido muito importante antes da Segunda Guerra, a versão internacional da American Telephone and Telegraph. A ITT abriu companhias telefonicas pelo mundo, no Brasil tinha a Cia.Telefonica Nacional que tinha a telefonia no Rio Grande do Sul e foi nacionalizada por Brizola. A ITT teve ao mesmo tempo varias de suas subsidiarias estatizadas, na Argentina, Hungria, Polonia e com o dinheiro das indenizações começou a comprar empresas sem nenhuma relação com seu negocio, comprou a Avis de locação de carros, a Sheraton de hoteis, a Gould Punps, de bombas. Geneeen surgiu com a teoria de que um bom gerente podia administrar qualquer empresa em qualquer ramo, ele só entendia de contabilidade e criou uma Escola de pensamento.

      No rastro da ITT surgiram dezenas de conglomerados nessa época, todos tinham em comum essa visão exclusivamente finanvceira obsessiva, de taxas de retorno. Conheci Geneen em 1971 na sede da ITT na Park Av., minha familia tinha uma empresa de bombas e ele fez proposta para comprar, não deu certo mas durante a negociação pude ver a ITT por dentro.

      Até então, cada empresa tinha homens do ramo dirigindo, não se concebia uma empresa siderurgica ser administrada por alguem vindo do setor de comida, Geneen liquidou com essa ideia e deu partida a essa visão financista das empresas.

      1. Lembro que essa tal ITT

        também tinhas os dedos metidos na deposição de Salvador Allende, se não me falha a memória. 
         

        E um outro cidadão estadunidense com perfil bem semelhante a este citado é o tal Jack Welch (“fix it, sell it or close it”), em 

        https://en.wikipedia.org/wiki/Jack_Welch

        Depois de alguns anos, aparentemente o Jack Welch ficou mais inteligente e a sua idéia de “shareholder value” ele a classificaria como “a dumb idea”.

         

         

  17. Efeito colateral vocês verão. …
    ….quando aprovarem o “jabuti” jurídico patrocinado pela Monsanto, Basf, Du Pont e seus cavalos de Tróia selados que estão no “Sengresso”!
    Em tempo: as sementes EXTERMINATOR !

  18. Quem leu o “Das Kapital” e o

    Quem leu o “Das Kapital” e o entendeu já sabia que era isso mesmo que ia acontecer….  Então apenas os obtusos se espantam.

  19. Uma análise perfeita que põe

    Uma análise perfeita que põe múltiplos dedos em múltiplas feridas, cuja causa é uma só: o ávaro oportunismo capitalista do “tirar onde tem, enquanto tem”.    O Brasil na era PT, dos dois governos Lula e do primeiro governo Dilma, acumulou substanciosa  adiposidade, açulando vorazes apetites no mercado; o resto da historia é a que todos nós conhecemos:  a economia e as finanças do Pais nas mãos de um ministro ungido pelo deus mercado fazendo sua parte, o Juiz Moro com o seu “mãos limpasà brasileira” fazendo a dele e os aráutos midiáticos, trabalhando as mentes, fazendo o resto.  E o que se vê hoje?  Terra arrazada em todos os cantos do País, sob uma voráz taxa de juros.  

  20. assim como todas, só poder

    assim como todas, só poder ser culpa da turma de  FHC. Se tivesse deixado Lula ganhar desde da primeira, nada disto teria acontecido

  21. AJUDA AOS QUE SOFREM – VÍTIMAS DA SAMARCO
    A situação do Rio Doce ainda pode piorar devidos a riscos existentes de novos rompimentos. O que fico indignado  é CADÊ A” PRESSÃO  ” DO PV ( PARTIDO VERDE),  REDE SUSTENTÁVEL E GREENPEACE, simplesmente não se manifestam  nos meus de comunicação. Não há  protestos e nem movimentos solidários aos que sofrem e  clamam por ações rápidas.Este é o país de muita política e marketing  e pouca ação

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