Em crise, DF terá desde aumento da tarifa de ônibus a corte no salário do governador

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Por Paula Laboissière

Da Agência Brasil

Pacote sacrifica população, mas deve levar DF à normalidade, diz Rollemberg

O governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, disse hoje (16) que as medidas anunciadas para equilibrar as contas da capital federal causam sacrifícios à população, mas abrem caminho para a retomada da normalidade. “Estamos fazendo um esforço enorme para superar a crise, cortando na própria carne, com a redução dos nossos salários, do número de servidores comissionados, de secretarias. A gente sabe que é um momento difícil.”

Em entrevista à Rádio Nacional de Brasília, Rollemberg lembrou que o governo do Distrito Federal trabalha com déficit de R$ 5,2 bilhões e que para fechar o ano de 2015 sem atrasar os salários referentes a outubro, novembro e dezembro precisa de aproximadamente R$ 1 bilhão. “Ainda assim, vamos ficar com as dívidas de exercícios anteriores, que estamos lançando na contabilidade e vamos parcelar o pagamento para os próximos anos.”

O governador acresentou que algumas medidas anunciadas, como a venda de terrenos públicos, permitem ampliar recursos de caixa ainda este ano, enquanto outras, como a correção da base de cálculo do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), precisam ser aprovadas pela Câmara Legislativa e terão impacto apenas no Orçamento de 2016. “Brasília é uma cidade que tem 100 mil imóveis a mais que Belo Horizonte e arrecada um quinto do que ela [capital mineira] arrecada. Tem gente que tem imóvel que vale R$ 2 milhões e está pagando IPTU sobre o valor de R$ 500 mil.”

Sobre o aumento de tarifas públicas, que incluem o reajuste de passagens de ônibus, da entrada ao Jardim Zoológico de Brasília e do valor cobrado pela refeição em restaurantes comunitários, Rollemberg avaliou ser importante ter mais recursos para investir, por exemplo, na compra de medicamentos e em melhorias de unidades de terapia intensiva de hospitais públicos do Distrito Federal. “É uma decisão que a gente teve que tomar”.

Já em relação à suspensão do reajuste de servidores e à ameaça iminente de uma paralisação geral do funcionalismo, o governador disse que pretende chamar os sindicatos para uma conversa, mas que a prioridade do governo é pagar os salários em dia – sem o aumento anteriormente previsto. “Não fiz isso por gosto, fiz porque não tenho outra alternativa”, destacou. “A greve vai acabar desgastando a liderança dos sindicatos e o governo e vai trazer prejuízos à população. É uma atitude muito mais inteligente a gente se unir, ir à Câmara Legislativa, aprovar essas medidas e garantir, a partir do início do ano que vem, o reajuste dos salários.”

Perguntado se houve demora para o anúncio do pacote e se as medidas já poderiam ter sido implementadas desde janeiro, quando foi empossado, Rollemberg respondeu que o governo preferiu investir inicialmente em outras alternativas. “Conseguimos, nesse período, economizar R$ 800 milhões”, destacou, ao citar o corte de R$ 117 milhões nos gastos com servidores comissionados, a redução de 38 para 24 no número de secretarias e a economia de 1 milhão de litros de gasolina.

“Buscamos recursos do governo federal por meio de diferenças no Fundo Constitucional, buscamos o Ministério da Previdência, que nos deve recursos federais. Mas, na medida em que percebemos que isso era impossível, tivemos que tomar essas medidas. São medidas duras, mas necessárias para o benefício da população”, disse. “Precisamos garantir recursos para manter o custeio da saúde, da educação e da segurança e, para isso, é fundamental aumentar a receita”, concluiu.

O Ministério da Previdência, por meio da assessoria, informa que o Distrito Federal está com o Certificado de Regularidade Previdenciária válido e, portanto, não está deixando de receber recursos da União.

A entrevista completa com Rodrigo Rollemberg vai ao ar nesta quarta-feira às 18h30 no programa Cidade 980, da Rádio Nacional de Brasília, na frequência 980 AM .

Veja abaixo o pacote de medidas anunciadas pelo governo do Distrito Federal para equilibrar as contas públicas:

 

     Corte de 20% dos salários de governador, vice-governador, secretários e administradores regionais;

 

     Corte de 20% das despesas com cargos comissionados;

 

     Redução de 80% para 60% do valor recebido por servidor efetivo com função de confiança;

 

     Redução de 24 para 16 secretarias;

 

     Suspensão dos reajustes previstos para o segundo semestre de 2015;

 

    Suspensão de novos concursos;

 

     Reajuste das passagens de ônibus, cujos valores ficarão entre R$ 2,25 e R$ 4;

 

     Reajuste do valor cobrado para entrada no Jardim Zoológico de Brasília de R$ 2 para R$10 (inteira);

 

     Reajuste do valor cobrado pela refeição em restaurantes comunitários de R$ 1 para R$ 3;

 

     Reajuste do valor atual da base de cálculo do IPTU em 10%;

 

     Adequação da Taxa de Limpeza Pública para grandes produtores de lixo;

 

     Reajuste de 32% sobre a Contribuição de Iluminação Pública;

 

     Alteração do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para bebidas e tabacaria, de 25% para 29%, e para empresas de TV por assinatura, de 10% para 15%.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

18 Comentários

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  1. e os salários da presidente, vice e ministros?

    “Corte de 20% dos salários de governador, vice-governador, secretários e administradores regionais;” O resto do pacote é uma porcaria igual a do governo federal. Mas bem que o governo federal poderia cortar o salário da presidente, do vice e de seus ministros (pelo menos do Levy e do Nelson Barbosa). Assim ficaria menos difícil engabelar o fucionalismo público com a exigência de ‘sacrifícios’ sem que eles  façam ‘a sua parte’. Teria pelo menos um aspecto moral e politico, mas o governo federal já não tem mais nenhum pudor moral.

    1. Tá sentado?

      Além de exigir “sacrifício’ do servidor comum, Dilma deu aumento de 15% aos juízes e procuradores. Já estão recebendo desde janeiro.

      Isso porque ganham 30 mil, fora os “auxílios”.

      Ah, a filha de Dilma está no meio desse grupo, pois é procuradora do MPT.

      Portanto, Dilma primeiro garante o dela e de sua família, e depois pede “sacrifício” para os outros.

      E ainda conta com uma claque online para aplaudir isso e criticar quem se revolta contra….

      1. Não confunda Poder Executivo

        Não confunda Poder Executivo xom poder Judiciário.

        Não há “auxílios” no Executivo!

        O escândalo recente no Judiciário foi por ter REINICIADO a farra dos auxílios APÓS o Poder Executivo extinguir em todas as esferas de poder.

        Extinguiu através de planos de carreiras no início do Governo Lula.

         

         

        1. Não estou confundindo nada, o

          Não estou confundindo nada, o cerne do meu comentário é o reajuste de 15%, não os auxílios. Onde foi que eu disse que tem “auxílio” no Executivo? Onde foi que eu critiquei Lula? Tá adotando a tática do Rei do Blablablá? Ele que faz isso, atribui a voce algo que não disse para “rebater” em seguida.

          Dilma poderia ter vetado os 15% para juízes e MP se quisesse, MAS NÃO QUIS.

          Dilma VETOU dos servidores do Judiciário, o andar de baixo, MAS SANCIONOU O DO ANDAR DE CIMA, ONDE ESTÁ INCLUÍDA SUA FILHA.

          É sobre isso que estou falando, não venha desviar o foco do que disse.

          Ela CONCEDE AO ANDAR DE CIMA e PEDE SACRIFÍCIO AO DE BAIXO.

  2. Separemos o joio do trigo

    Cuidado.

    Muitos agentes de pensamento neoliberal tem se aproveitado da chamada “crise” (a real e a ficticia) para desembrulhar e aplicar seu pacote de maldades ortodoxos: redução da presença do estado, corte de serviços e salários e aumento de impostos e tarifas. Ao que, passo seguinte, provavelmente somar-se-ão, terceirizações, concessões e privatizações.

    E jogam toda a culpa no governo federal, mesmo que este mereça ser parcialmente responsabilizado…

    1. hahahaha, “agentes do

      hahahaha, “agentes do pensamento neoliberal”!!!?

      Quem está retirando direitos trabalhistas desde o ano passado, ferrando com os servidores e aumentando tributos É A SUA PRESIDENTA!!!

      Assumam isso e parem de jogar a culpa no Tombini, no Mercadante, no Nelson Barbosa.

      É Dilma quem tem mandato popular, ela foi eleita, ela é a dona da caneta.

      Deixem de ser pelegos e de tentar tapar o sol com a peneira!

    2. Levy é socialista?? perderam a noção!

      Por agentes de pensamento neoliberal você quis dizer o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, formado na Universidade de Chicago e admirador de Milton Friedman?

  3. Os governos estaduais estão

    Os governos estaduais estão surfando na malangragem! Estão aproveitando o momento contra governo federal e aumentando os impostos sem levar culpa nenhuma sobre o único jeito que eles “sabem” governar: com total incompetencia!!!!!!!!!!!! Absurda incompetência!!!!!!!!!!!!!! O governo federal, pelo menos, levou mais de 12 anos para aumentar tarifas. Mas, os “limpos” governadores, não sabem fazer nada que não seja possível a qualquer um fazer: o mais fácil, o mais rentável para eles e comparsas. Alguem, em sã cosciência, acredita que esses governunhos estaduais vão investir esses impostos em algo para o estado? Com certeza nunca investirão no estado, mas nas suas campanhas e imprensa para continuarem posando de “limpos”.

  4. Nada de burguesia local enfiando a mão no bolso

    Nada de burguesia local enfiando a mão no bolso, ao invés disso vale de tudo, tipo aumentar o ingresso do zoológico…ahg esses nossos “socialistas”…

    High society em Brasilia

    ” há um grupo de pelo menos 15 empresários locais cujo patrimônio pessoal beira a R$ 1 bilhão. Existe o time de veteranos dos transportes, como Wagner Canhedo, da Vasp e José Augusto Pinheiro, da Real Expresso. Tem ainda um conhecido grupo de novos-ricos da construção, como Paulo Octávio, Luiz Estevão e Fernando Queiroz, da Via. “

    http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/economia/20040505/high-society-brasilia/18089.shtml

    1. Filhão, meter o pau nesses

      Filhão, meter o pau nesses socialistas de araque ok.

      Mas quando o teu PT faz a MESMÍSSIMA COISA no âmbito federal, aí você bate palma, né…

    1. Ruim vai ser se proibirem o

      Ruim vai ser se proibirem o financiamento internacional dos Irmão Koch da ultradireita americana, ai o Rodriguinho sem bolsa besteirol.

  5. IPTU devagar e despesas versus salário

    Reajustar a base do IPTU em 10%. Então, considerado-se o exemplo apresentado, o dono do Imóvel de R$ 2 milhões, com IPTU a R$ 500 mil, agora pagará com base em R$ 550 mil! Grande avanço, especialmente no Plano Piloto, de renda média elevadíssima. 

    Cortar em 20% o valor do salário. Bem, acho que o governador não deveria reduzir seu vencimento, ao mesmo tempo em que suas despesas são custeadas pelo Poder Executivo. Deveria mantê-lo e, a exemplo dos mortais, custear todas as suas despesas. Troca justa. 

  6. O problema é outro…

    O problema do DF é que o governador e seus secretários, ao invés de trabalhar, dão expediente nos telejormais da Globo… O importante, afinal, não é fazer, mas é dizer que está fazendo e fará – e culpar o antecessor pelo que deixa de ser feito.

    1. Governador incompetente

      Este Governador afirmou que iria governar OUVINDO A POPULAÇÃO. Aumentar as tarifas de ônibus para 40% em média é ouvir a população, Sr. Governador?

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