Em São Paulo, protestos marcam audiência pública sobre transporte

Jornal GGN –  A Câmara Municipal de São Paulo realizou, na quinta-feira (22), uma audiência pública para debater o transporte público na cidade. Cerca de 500 pessoas participaram da atividade, que acabou sendo realizada no vão do edifício. A audiência transcorreu em um clima de muita tensão e bate-boca entre Paulo Fiorillo (PT), presidente da Comissão da CPI dos Transportes, vereadores e alguns participantes. Por alguns momentos a audiência perdeu seu objetivo, servindo apenas para que pessoas manifestassem sua indignação contra a gestão pública. Em decorrência dos tumultos, nenhuma proposta foi encaminhada.

Além de Fiorillo, estavam presentes o presidente da Câmara, José Américo (PT) e vereadores da casa. Américo informou que foram convidados, reiteradamente, os secretários de transporte do município e estado. No entanto, nenhum representante confirmou a participação. O presidente da Câmara ressaltou que a audiência só foi realizada devido às mobilizações, e destacou que, após as jornadas de junho, as pessoas deixaram de brigar apenas por melhores salários. “As pessoas estão nas ruas brigando por transporte público e de qualidade, saúde e educação”. E, acrescentou que “quando as pessoas deixam de buscar reivindicações somente econômicas é um sinal de progresso”.

O presidente da Comissão da CPI dos Transportes, assegurou que todo o processo de investigação tem buscado a transparência, e alertou que os documentos estão disponíveis no site da Câmara. Fiorillo relatou a complexidade da investigação, “pois envolve as planilhas e contratos de concessão e permissão da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), Metrô e SPTrans devido à integração entre as empresas”.

Gritos, vaias e palavras de ordem

Em relação ao bilhete único, Fiorillo explicou que já foi possível constatar algumas brechas que podem diminuir a fraude e o custo do sistema de transporte. A expectativa dos membros da Comissão da CPI dos transportes é de que o fim das investigações ocorra em outubro. “Finalizado o processo, iremos apontar se tem gordura no sistema e onde está localizada”, afirmou.

Representando os estudantes da Anel (Assembleia Nacional de Estudantes – Livre) Ariell Moreira aproveitou a audiência para anunciar o projeto de lei de iniciativa da entidade pelo PL (Passe Livre). O PL “institui a gratuidade para estudantes e desempregados no sistema de transporte público coletivo do município e dá outras providências”.  Além disso, Ariell defendeu que o dinheiro para financiar a medida deve vir da diminuição dos lucros das concessionárias. “Já realizamos 15 ocupações em prefeituras pelo país para exigir o passe livre, propomos que o dinheiro para viabilizar o projeto saia do bolso dos empresários que desfrutam de lucros exorbitantes”. No meio do tumulto – entre palavras de ordem, gritos e vaias – Arielli desafiou a mesa, ao perguntar aos vereadores quem votaria “a favor do passe livre”.

Já para os representantes das categorias de ônibus e do metrô a única solução para acabar com a “caixa preta” das máfias do transporte é com a estatização do sistema. “É preciso que os governos municipais, estaduais e federal subsidiem o transporte público para que ele deixe de ser visto como mercadoria, pois estamos falando de um direito da sociedade”, afirmou Altino dos Prazeres, presidente do sindicato dos metroviários de São Paulo.

Redação

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