Ministra do Meio Ambiente diz que água do Cantareira não está garantida até 2015

Jornal GGN – Izabella Teixeira, ministra do Meio Ambiente, diz que não é possível afirmar que vai chover no sistema Cantareira a partir do mês de outubro. Com isso, o abastecimento de água não está garantido até março de 2015, como a Sabesp prevê. Segundo a ministra, os estudos do Ministério da Ciência indicam que “embora o Brasil já esteja vivendo os efeitos do El Niño, não há nenhuma garantia de que o fenômeno vai gerar chuvas em São Paulo”. O diretor-presidente da Agência Nacional das Águas, Vicente Andreu, diz que a vazão e o consumo no sistema devem ser reduzidos. Já a Sabesp defende que, com as medidas adotadas, o abastecimento está garantido até o fim do primeiro trimestre de 2015.

Da Folha

Água do Cantareira não está garantida até 2015, diz ministra
 
Para titular do Meio Ambiente, ‘não é possível afirmar que vai chover’ no sistema a partir do mês de outubro
 
Sabesp afirma que as medidas tomadas até agora no Estado suprem a demanda na região até março
 
A ministra do Meio Ambiente do governo Dilma Rousseff (PT), Izabella Teixeira, disse nesta terça (22) que o abastecimento de água pelo sistema Cantareira não está garantido até março, como prevê a Sabesp, companhia de água do governo de São Paulo.
 
Izabella participou de reunião sobre o tema convocada pela ANA (Agência Nacional das Águas) com especialistas de instituições como USP e Unicamp. Não foram convidados representantes da gestão Geraldo Alckmin (PSDB).

 
Segundo ela, estudos do Ministério da Ciência apontam que “não é possível fazer a afirmação de que vai chover no Cantareira”. “É muito prematuro falar isso”, disse.
 
A Sabesp conta com chuvas a partir de outubro e com o “volume morto”, reserva de água que fica abaixo do ponto de captação das represas, para alcançar essa meta, mas o governo federal avalia que a previsão é arriscada.
 
“O ministério nos informou que, embora o Brasil já esteja vivendo os efeitos do El Niño [aquecimento das águas do Pacífico], não há nenhuma garantia de que o fenômeno vai gerar chuvas em São Paulo”, afirmou a ministra.
 
Na reunião, especialistas defenderam o aumento das tarifas para quem consumir muito –um complemento ao bônus já concedido pelo governo paulista para quem reduzir o consumo.
 
“É necessário ser reduzido o consumo ou a vazão”, disse Vicente Andreu, diretor-presidente da ANA.
 
A ANA já havia recomendado a redução de vazão do Cantareira. Segundo Andreu, o assunto continuará em discussão. No caso do aumento da tarifa, porém, ele afirma que não cabe à ANA fazer a recomendação.
 
Ontem, o nível do sistema Cantareira estava em 16,8%.
 
MEDIDAS
 
Procurada, a Sabesp afirmou que, graças a medidas adotadas, “garante o abastecimento até março de 2015”.
 
Segundo a empresa, as principais medidas foram a transferência de vazões dos sistemas Alto Tietê, Rio Grande e Guarapiranga para atender áreas abastecidas pelo Cantareira, o uso do “volume morto” e a criação, em fevereiro, dos bônus para clientes que reduzirem o consumo.
 
“Se necessário, outra parte da reserva técnica pode ser acionada. E, se as chuvas voltarem à normalidade, o uso deverá ser suspenso, com retorno ao modelo de captação anterior”, diz a nota.
 
Neste mês, Alckmin, candidato à reeleição em outubro, recuou da intenção de sobretaxar quem não economizar água. Ele tinha lançado a ideia em abril, em meio à crise hídrica histórica enfrentada no Estado.
 
A crise da água chegou a ser explorada pelo candidato do PT ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha.
Redação

9 Comentários

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  1. A pergunta que não quer

    A pergunta que não quer calar: porque o Governo de São Paulo AINDA não planejou, preparou e começou a executar obras para trazer agua da Represa de Jurumirim em Avaré, é longe mas não tanto, por tubulões, não vai haver outra solução para a grande São Paulo a não ser trazer agua de longe. Nova York usa NOVE reservatorios a uma média de 300 quilometros de distancia , alem disso tem uma captação stand by, de reserva, no Rio Delaware, mais distante do que Avaré do Sistema Cantareira.

    1. Ele não vai fazer porque isso

      Ele não vai fazer porque isso é investimento. O Estado precisa economizar eternamente e pagar as suas dívidas… 

    2. É o custo

      A represa jurimirim, além da distancia, está + ou – na cota de 550m. A ETA Guaraú, por exemplo, está + ou – na cota 850. Desnível de 300m a ser vencido. O custo seria bem elevado, mas sem dúvida seria uma solução de longo prazo. O Plano Diretor de 2004 nem estimou o custo desse sistema. Hierarquizou algumas soluções em função do custo/benefício para um horizonte de 20 anos, como mostra esse resumo aqui da USP. Só que não foi implementado na velocidade necessária, especialmente a redução de perdas do sistema e a conclusão das novas captações previstas. A relação produção x demanda já estava no limite e agora, agravada pelas condições climáticas, a tragédia é iminente, provavelmente no inverno de 2015.

       

       

  2. Clima
    …estudos do Ministério da Ciência apontam que “não é possível fazer a afirmação de que vai chover no Cantareira”. “É muito prematuro falar isso”, disse. Correção – Que vai chover é lógico que uma hora vai chover, apenasmente não vai mais chover como chovia ou seja a mesma quantidade. “O ministério nos informou que, embora o Brasil já esteja vivendo os efeitos do El Niño [aquecimento das águas do Pacífico], não há nenhuma garantia de que o fenômeno vai gerar chuvas em São Paulo”, afirmou a ministra.  Correção – O El Nino ja esta atuando com chuvas em outras regiões como a enchente no sul e no norte.

  3. “Ontem, o nível do sistema

    “Ontem, o nível do sistema Cantareira estava em 16,8%”:

    Esperem la uma coisa!

    O nivel do volume morto, nao eh isso?!

  4. Impressionante…

    A SABESP garante que a água da Cantareira dura até março de 2015. Março de 2015 é o fim da época de chuvas no Sudeste do Brasil.

    Mesmo que o abastecimento seja garantido até março/2015 (o que não está nada certo, uma vez que o nível das represas está baixando muito mais rápido que o esperado), o que acontece depois, quando entrarmos na próxima estação seca? Nenhuma ação, nada planejado para o ano que vem.

    O quadro é realmente pavoroso. A bomba-relógio está ticando, e não se vê nenhuma medida para resolver o problema no médio prazo. Só dança da chuva ou rezas para São Pedro não leva a lugar nenhum para abastecer uma metrópole de quase 20 milhões de habitantes.

    Desastre à vista…

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