Dados econômicos mostram quedas bruscas em diversos setores no governo Temer

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – Não foi apenas o setor de grandes obras que foi o diretamente afetado pela falta de investimento do governo Temer, logo em seu primeiro ano de gestão. Os dados da Pesquisa Anual da Indústria da Construção (Paic), do IBGE, divulgada na última semana, trouxeram como a raiz dos problemas para a economia nos últimos três anos a falta de investimento e de acesso ao crédito por bancos públicos, que desencadearam quedas nos mais diversos cenários econômicos desde 2016.
 
Se por um lado, a infraestrutura teve o pior desempenho nos últimos 10 anos, como mostrou o GGN em reportagem neste sábado, também foram impactados outros recursos, como o crédito imobiliário, com queda de 16%, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o programa Minha Casa, Minha Vida, o Orçamento de Investimento das estatais, a paralisação do Programa de Investimento Logística (PIL), entre outros.
 
O PAC saiu de R$ 72,58 bilhões em 2014 para R$ 44,45 bilhões em 2016. E a queda não foi paralisada no ano do impeachment: caiu para R$ 30,16 bilhões em 2017. Neste ano, até abril são R$ 5,55 bilhões. Se o primeiro quadrimestre se repetir, serão R$ 15 bilhões de despesas do PAC neste último ano do governo Temer. 
 
 
Este cenário representaria uma queda significativa de 80% dos valores investidos em 2014, até então em subida crescente, pelo Programa criado pelo governo Lula para incrementar o planejamento e o desenvolvimento de empresas junto ao governo, com o Orçamento Geral da União (OGU).
 
Os dados, que são públicos, foram transmitidos ao GGN pela ex-ministra do Planejamento do governo Dilma, Miriam Belchior. “O Minha Casa, Minha Vida, programa também criado com recursos da União, saiu de R$ 23,55 bilhões em 2015 para R$ 8,40 bilhões em 2016, R$ 3,69 bilhões em 2017, e vai se projetar para R$ 1,2 bilhão este ano. Acho que mostra bem a queda catastrófica que houve”, relatou.
 
 
Além disso, a ex-ministra lembra que os investimentos das estatais, em comparativo de 2000 a 2017, foi de queda brusca até 2016, passando de R$ 113,5 bilhões em 2013 para R$ 56,4 bilhões em 2016. Em 2017, mais queda, chegando a R$ 50,4 bilhões. Desse investimento total público, a Petrobras representa a grande parcela. “O que mostra muito bem o que vem sendo feito na companhia”, acrescentou Miriam.
 
“Poderia argumentar que não são obras públicas, tem que ser [investimento] no setor privado, está certo, também concordo, por isso estávamos fazendo as concessões em rodovias, ferrovias, aeroportos. Mas eles não fizeram nesses dois anos nenhuma concessão de rodovia e ferrovia, zero. E nós deixamos muita coisa pronta para fazer”, criticou.
 
 
Belchior lamentou que muitos projetos foram interrompidos com o impeachment de Dilma Rousseff, que poderiam ser continuados, mas, ao contrário, foram completamente paralisados pela gestão Temer. “Nós estávamos com o PIL [Programa de Investimento Logística] em andamento, fazendo as concessões, eles não fizeram nada. E se fizer alguma não vai sair do papel porque não tem financiamento para isso, porque se os bancos públicos não vão dar financiamento para infraestrutura, os privados é que não vão dar.”
 
Para a ex-ministra, que ocupou a pasta do governo Dilma entre 2011 e 2015, ano em que passou a presidir a Caixa Econômica até o impeachment da ex-presidente, os resultados hoje vistos são a consequência direta da política adotada por Temer.
 
“Cortaram gastos públicos, o PAC teve uma execução bem menor do que vinha tendo, os bancos públicos tiveram a possibilidade de oferecer crédito também limitada. Em em 2017, que foi um ano cheio, isso se repetiu, com queda brutal tanto do crédito, quanto dos investimentos públicos, que deveriam ser sagrados, que é um dos manuais de economia a importância do investimento para o crescimento”, lamentou. 
 
“Imagina que do Minha Casa, Minha Vida saírem de R$ 23,5 bilhões [em 2015] para R$ 1,2 bilhão [este ano], que é intensivo e mão de obra que tem que ir para a construção. Mas o governo não tem a menor preocupação, corta tudo, o que interessa, não sei aonde eles querem chegar”, disse. “Cortar investimento, fazer a PEC do controle de gasto, cortar todos os gastos públicos, sociais e infraestrutura, dá no que dá, a população cozinhando com carvão, voltamos para a idade da pedra”, finalizou.
 
 
Leia também: Primeiro ano de Temer foi o pior em infraestrutura nos últimos 10 anos
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

2 Comentários

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  1. Haitização..

    .. os dados econômicos revelam as paredes do abismo que jogaram o Brasil.. em breve virão atrás do Lula para conter o derretimento do país e a revolta do povo.. e é aí que eu acho que o Lula não deve contemporizar.. essas eleições em OUT/18 estão COMPLETAMENTE comprometidas.. não adianta nada Lula eleito presidente com um congresso pior do que o atual (que já é uma aberração).. a ganância e a burrice dos invasores destruíram estruturas, instituições, não adianta só eleger o Lula.. no mínimo é necessário uma Assembleia Nacional Constituinte.. muito bem vindo também um tribunal de exceção e o fuzilamento de todos os que traíram a nação, arresto de bens e por aí vai..

  2. Quer prova maior de

    Quer prova maior de incompetência do que isto?

    E a coisa tende a piorar caso qualquer candidato da direita vença as eleições deste ano, se houver.

    Este pessoal é completamente IMBECIL e INCOMPETENTE. Já mostraram isto desde sempre, é só olhar para o noso país.

    Ou o povo se rebela e acaba com o golpe e manda para a cadeia todos os golpistas da mídia, judiciário, faa, pgr, mpf, empresários etc et ou dentro de cinco anos seremos estaremos dez vezes pior que a venezuela.

    A greve dos caminhoneiros mostrou como é fácil.

    Basta outras grandes categorias como petroleiros, metalúrgicos, construção civil e bancários se juntarem aos caminhoneiros e dentro de uma semana estes golpistas serão linchados.

    Se quisermos arrebentar tudo inclusive para os ricos é só chamar também os garis.

    O judiciário?

    Não faria nenhuma falta, ninguém iria notar se estivesse ou não na greve mas pelo menos ajudaria a não prejudiciar o país ainda mais.

     

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