Para aprovar medidas, Dilma corre contra isolamento político

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Para isso, a presidente convocou o vice-presidente Michel Temer para o diálogo com a Câmara, já estuda reforma ministerial e tem encontros com governadores
 
 
Jornal GGN – No esforço de romper o isolamento político, a presidente Dilma Rousseff está atuando de forma mais articulada, tanto no Congresso, como no Executivo, em tentativa de fortalecer sua imagem. Ainda hoje (17), pela manhã, o vice-presidente Michel Temer já mostrou na prática a sua convocação para intermediar o diálogo com a Câmara e o Senado.
 
Temer reuniu-se com ministros e líderes da base aliada do governo na Câmara, em um café da manhã no Palácio do Jaburu, para apresentar as propostas da presidente Dilma sobre o pacote anticorrupção, anunciado nesta segunda-feira (17), e sobre a reforma política – tema que deve enfrentar maior resistência no Legislativo.
 
O vice-presidente da República defendeu as medidas de Dilma para a economia e pediu o apoio dos parlamentares do seu partido, o PMDB, e da base no Congresso. Michel Temer também sugeriu a realização de mais reuniões para discutir o tema do ajuste fiscal. 
 
“Qualquer democrata desse país não pode fugir ao diálogo. O país tem causas que independem de governo ou oposição. São causas produzidas pela democracia. Ninguém pode fugir ao diálogo, é um erro”, declarou o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), ao fim da reunião.
 
Além de Temer, participaram do encontro os ministros da Casa Civil, Aloizio Mercadante; da Justiça, José Eduardo Cardozo; da Secretaria de Relações Institucionais, Pepe Vargas; da Previdência Social, Carlos Gabbas e dos Esportes, George Hilton.
 
O encontro de hoje ocorre um dia após o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) criticar a reação do governo diante das manifestações do último domingo. Segundo ele, o pronunciamento dos ministros Cardozo e Miguel Rossetto (Secretaria-geral) foi “um desastre”. 
 
Uma das respostas do governo foi defender a reforma política. Cunha mostrou que o tema não passará com facilidade pela Casa.
 
Durante o pronunciamento nesta segunda-feira (16), os ministros convocados por Dilma afirmaram que é preciso acabar com o financiamento privado de campanhas eleitorais. O PMDB é um dos partidos que deve se posicionar contrário a mudança. Já o PT é o que mais defende a iniciativa.
 
Reforma Política
 
O presidente da Câmara considerou a ideia radical, criticando-a como parte de um “sectarismo”. “O PT não tem amigos. Tem servos”, chegou a dizer, durante uma reunião com empresários na Fiesp. E sobre a resistência do partido com a reforma política, justificou: “não vi ninguém na rua protestando pela reforma política. O protesto foi pela reforma do governo”, disse.
 
Já no Senado, enquanto a proposta de reforma política do PMDB era apresentada em encontro do partido, o presidente Renan Calheiros (AL) afirmou que a tramitação não é o problema na Casa, mas o que falta é “o protagonismo do governo e do PT”. 
 
“Já votamos muita coisa de reforma política, fizemos uma ampla, uma profunda reforma há 12 anos que tramitou rapidamente no Senado e teve muita dificuldade para tramitar na Câmara dos Deputados mas faltou, sobretudo, nesses momentos, o protagonismo do governo e o protagonismo do PT”, disse Calheiros.
 
Ao contrário do que se posicionou Cunha, Renan afirmou que as manifestações recentes “cobram” a reforma política e que, como maior partido do país, o PMDB teria “legitimidade” para apresentar uma proposta.
 
O documento enviado pelo presidente da Fundação Ulysses Guimarães, Moreira Franco, ao presidente nacional da legenda e ao vice-presidente, Michel Temer, defende o fim da reeleição, com mandato de cinco anos; a adoção do voto distrital puro, com eleição dos candidatos com mais votos; o fim das coligações nas eleições proposcionais; mas mantem o financiamento de campanha por empresas.
 
Articulação no Executivo
 
Além de enviar Temer para o encontro, a presidente Dilma Rousseff pretende atuar no Executivo, a começar por uma série de encontros agendados com governadores dos estados brasileiros, buscando romper o seu isolamento político. 
 
Também está em discussão uma possível mudança ministerial. Dilma teria sido aconselhada pelo ex-presidente Lula a alterar o primeiro escalão do governo, dando mais espaço ao PMDB, de forma a garantir o apoio do partido nas medidas de ajuste fiscal. O ministro de Relações Institucionais, Pepe Vargas, que até agora não obteve avanços na intermediação com os parlamentares, e da Casa Civil, Aloizio Mercadante, foram sugeridos na mudança.
 
Por outro lado, a presidente já se manifestou que não pretende tirar Mercadante do Planalto. Ainda não há nenhuma informação oficial sobre reforma ministerial. 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

8 Comentários

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  1. A DILMA TEM A FACA E O QUEIJO NAS MÃOS!

    Dilma, se o compromisso de uma

    REFORMA POLÍTICA PARA MAIOR PARTICIPAÇÃO POPULAR

    não for atendido, quem vai levar a culpa será você e o PT; não os partidos aliados…

    Se eles não colaborarem com as reformas, mande todos os seus indicados a cargos públicos pro olho da rua!

    1. Você esqueceu de completar a sua frase.

      Dilma tem a faca e o queijo nas mãos do Eduardo Cunha e de Renan Calheiro. Se ela quiser eles emprestam a faca para ela cortar o próprio pescoço.   Meu caro, bravatas neste momento custarão caro a todos nós.  Claro que a esquerda não pode abrir mão das mobilizações, mas como uma forma de encontrar o melhor acordo possível para o povo e a continuidade do processo democrático no Brasil. Eu não desejo retrocessos.  

  2. Uma coisa ficou muito clara…

    …”até o mundo mineral”  já sabe que essa história de “devolve Gilmar” é a maior palhaçada.. Uma idiotice.. Uma fanfarrice.. Uma negação absoluta da realidade..

    O PMDB NÃO QUER. A maioria do congresso (dos partidos) não quer.

    Como o governo não tem outra opção. terá que votar aquilo que conseguir passar, para ao menos tudo ficar como está.. Ficar como está, sob nossas condicoes normais de temperatura e pressão, é igual a não voltar atrás.. Nao perder TUDO.
    Que é melhor que nada. Onde nada = passividade, que é = ingovernabilidade, que é = Dilma cair.

    (O fim do financiamento privado, ao meu ver, teria chances de, em um tempo razoável, mudar o país para melhor.. Nosso congresso (e sociedade idem) é hipócrita em demasia e não está suficientemente evoluída para isso.. Por hora, não dá.. Simples assim…)

  3. Eles querem o PT fora. Eh so isso.

    Uma coisa é certa: esse povo que manifestou domingo nem tem ideia da necessidade de reforma politica. Dilma pode fazer dez reformas politicas que não é isso o que os interessas. Toca pra economia.

    1. Reforma Política

      Maria,

      os manifestantes do dia 15 não sabem que a origem de todos os males é justamente o rabo preso dos políticos com empresários mal-caráter. A reforma é mandatória. Quem não defende a reforma política é porque não quer ver este país praticando a boa política.

  4. O primeiro que tem que voar desse ministério é Joaquim Levy

    O primeiro que tem que voar desse ministério é Joaquim Levy . O cara é um atraso de vida para aas reformas sociais . Se a intenção de Dilma era agradar a direita indicando Levy , errou de muito longe .

    Domingo ficou claro que ela pode fazer o que for para agradar direita , mídia , elite . Não adianta : a agenda deles tem 365 paginas e em todas só tem duas coisas escritas : Fora PT ,Fora Dilma. Não adianta pacote anti corrupção , não adianta tentativa de tratamento complacente nem elegancia .
    O ódio que vem de lá é claro como a luz do dia. Não há mais espaço para concessões . Essa fase já passou. O que há hoje é uma guerra e os adversários de Dilma são simplesmente todos. Diolma precisa pegar as amrmas q tem e ir pra luta. Será que ela acha mesmo que isso vai parar por aqui ?

    A mídia é um partido de direita , é anti PT descarada. A Dilma e estes ministros docinhos , precisam entender que eles precisam apontar o dedo na direção da mídia. O que a Globo fez domingo foi CAFAJESTE . Abaixo de qualquer avaliação. Compraram uma Marcha Golpista recheada de fascismo , autoritarismo , reminicências óbvias à ditadura  , espaço na TV para xingamentos à presidente ao vivo . E os caras do governo vão para a TV louvar a democracia .

    Se este Miguel Rossseto fizesse um pronunciamento por semana acusando a Globo , só a Globo de trabalhar por um golpe , de fazer cobertura grandiosa de uma marcha golpista , se cobrasse sua total ausência de isenção , eu não tenho qualquer dúvida de que os faria repensar seu jornalismo sujo e recuar um pouco. Ninguém gosta de ter seu nome ligado a esse tipo de coisa. Mesmo a Globo .

  5. Dilma tem que deixar de ser

    Dilma tem que deixar de ser gentil. Em 15/03 as oligarquias tucano/midiáticas foram as ruas instigando movimentos separatistas em SP. SC, RS e PR. O objetivo das líderes da República Velha Renascida é fragmentar o Brasil para controlar o pré-sal que existe no litoral da região sul e sudeste. O “Ouro de Washington” certamente está financiando a conspiração. Portanto, Dilma Rousseff pode e deve colocar o “Bloco Verde Oliva” nas ruas para acabar com a putaria. Separatistas são traidores e devem ser atropelados por tanques Guarani, moídos por metralhadoras montadas em Helicópteros Mi-35. Com esta gente não se deve nem conversar, nem confraternizar. 

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