Dificuldade na operação influenciou descarte de racionamento em São Paulo

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Segundo Companhia de São Paulo, modelo de corte periódico de água teria 45% de chances de sucesso

Jornal GGN – A Sabesp (Companhia de Saneamento Básico de São Paulo) descartou o racionamento na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) em função das dificuldades que surgem ao longo da operação. A empresa parcialmente comandada pelo Estado decidiu colocar em prática medidas que, na avaliação de um especialista consultado pelo GGN, além de “mais fáceis”, afastam as críticas da oposição ao governador Geraldo Alckmin (PSDB).

Um documento de janeiro deste ano revela que o modelo de corte periódico de água estudado pela Sabesp teria 45% de chances de sucesso. Segundo a proposta, a região abastecida pelo Sistema Cantareira, que enfrenta a maior seca em oito décadas de registros, seria dividida em 3 grandes blocos. Cada bloco teria efeitos diretos sobre a vida de 2,7 milhões de pessoas. O modelo de rozídio seria do tipo 2×1 (48 horas com água, 24 horas sem).

Em junho, após rejeitar esse modelo de racionamento, a Sabesp lançou um segundo relatório, o Plano de Contingência II. Nele, há uma lista de falhas e riscos que justificam o descarte. Entre os pontos citados, estão:

1 – O descontrole no tempo de operação: Após cada interrupção mais abrangente de água, o retorno do serviço acontece de maneira gradual, iniciando-se pelas áreas mais baixas e finalizando por aquelas mais elevadas ou em pontos mais distantes. “Na execução de um rodízio, não é evento raro que o deslocamento de vazões para alcançar uma região que se encontra no extremo de um setor, após o período de desabastecimento, exija mais tempo do que o período de recuperação planejado”, argumenta a Sabesp. A empresa demonstrou preocupação com o número considerável de pessoas que seriam afetadas.

2 – Os riscos de danos estruturais ao sistema que podem prejudicar a saúde: A operação do rodízio gera ciclos de pressurização e despressurização nas redes de água. “Esta arritmia operacional causa danos estruturais nas tubulações enterradas (fissuras nas paredes da tubulação ou ressecamento e ruptura nas juntas), aumentando o risco de absorção de água poluída dos lençóis freáticos, pelas pressões negativas que “puxam” a água de fora para dentro das tubulações.”

3 –  As emergências em lugares que precisam de abastecimento perene: À parte as dores de cabeça que podem surgir caso a água não retorne para o abastecimento de domicílios, comércio e zonas de serviços, a situação pode piorar em locais como “presídios, hospitais, escolas, delegacias, hemocentros, centros de diálise. Forte exemplo é o Hospital das Clínicas de São Paulo, que apresenta um consumo médio de 89.000 m³ por mês, o que equivale ao consumo diário de 2.970 m³ “. Um dia de uso de água no HC é igual à capacidade de 297 caminhões-pipa.

4 – A necessida larga de mão de obra: “O estudo realizado [para o racionamento da Cantareira] mostra que cada bloco de rodízio possui cerca de 25 setores de abastecimento; assim, teríamos cerca de 150 operações de campo a realizar diariamente (abertura e fechamento de válvulas), exigindo forte emprego de mão de obra (cada operação requer a presença de dois funcionários), sincronia nas ações e controle estrito de supervisão, para evitar erros e incidentes.”

Para o engenheiro e sanitarista José Roberto Kachel, que trabalhou na Sabesp entre 1975 e 2009, a mão de obra demandada para implantar o racionamento numa área do porte da RMSP pesou na decisão da empresa.

A Sabesp descartou o plano pela dificuldade na operação e para não admitir que está fazendo rodízio. Assim ele evita que a oposição use esse fato contra ele nas eleições, e pratica o que é mais fácil: ao invés de fechar os registros na rede e isolar setor por setor, em campo, eles vão lá e fecham a saída do reservatório e seja o que Deus quiser. Isso pode ser feito lá no Centro de Controle Operacional, que aciona com comando à distância”, avaliou.

O plano inicial: 48 horas com 24h sem água

No relatório Rodízio do Sistema Cantareira, de janeiro, a Sabesp expõe três projetos de racionamento. O mais indicado, segundo os técnicos da Companhia, seria o modelo 2×1. Nele, a vazão economizada seria de 4,2 m³/s.

A taxa de sucesso desse modelo, ainda segundo o documento, seria de 45%. A Sabesp prevê “aumento elevado da demanda durante a recuperação do sistema, chamado de efeito caixa d’água, desvios pela necessidade de operação emergencial, desvios devido ao tempo de execução das manobras ou às falhas nos equipamentos hidráulicos.”

Ao jornal Estado de S. Paulo, Alckmin afirmou que o programa de bônus para estimular a população a economizar, o remanejamento de água de outros sistemas (Guarapiranga e Alto Tietê) e a redução a pressão da água na rede à noite resultaram em economia de 8,4 m³/s em junho. Isso correspondente a um rodízio de 72 horas sem água, e 36 horas com água.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

14 Comentários

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  1. O Racionamento ja existe

    Desde que me mudei de Santo Andre SP para Guarulhos SP temos racionamento de agua na cidade primeiro foi nos bairros mais afastados do centro, o bairro Pimentas com 600.000 mil habitantes de dois anos para cá na cidade toda 1,3 milhão de habitantes. Dia sim dia não com agua, nesta crise que vai se agravar o governo ja deveria estar fazendo campanhas para reduzir o desperdicio de agua. Tenho a Impressão que assim que passar a eleição medidas mais duras de racionamento serão anunciadas pelo vencedor. Espero não seja o mesmo que hoje esta ai que é muito irresponsavel!

    1. Em Guarulhos a administração

      Em Guarulhos a administração dos serviços de água e esgoto é municipal e sabe que tem está no poder desta cidade desde 2.001, ou seja, há 13 anos???

      Anota aí: PT

      Vai aqui a lista dos notáveis administradores:

      – Jovino Candido (PT): 2.001

      – Elói Pietá (PT): 2.002/2.009

      – Sebastião Almeida (PT): 2.010 até o momento.

      Caro Edivaldo, adoraria ler seus comentários a respeito de minhas observações.

      Um grande abraço.

       

       

      1. Deixe de ser cretino, ALckmin

        Deixe de ser cretino, ALckmin é que controla a água do estado e, portanto de Guarulhos!  E, como já foi divulgado na mídia, ELE determinou a redução do fornecimento para Guarulhos e não, por exemplo, para Higienópolis ou Jardins, JUSTAMENTE por ser administrado pelo PT para, como sempre, tentar culpar… O PT!!! Incrível , não???

          1. Até então, só se for a sua!

            Até então, só se for a sua internação, pois, Guarulhos compra 87% da água que consome da “Sabesp” que é gerida pelo estado, o restante é da SAEE(municipal), quem cortou o fornecimento foi a Sabesp que não quer vender, não foi Guarulhos que não pagou, a Sabesp simplesmente não quer vender, pelo simples motivo que não tem água, ai escolheu algumas cidades para esses cortes.

            Explique com fontes sua afirmação, ser for possível???

          2. Neste caso nem internação

            Neste caso nem internação resolve.

            Trata-se definitivamente de um caso perdido!

            Deve estar entre os 5% que apoiam um candidato nanico.

      2. Explique por que só em guarulhos???

        Explique por que só em guarulhos a administração de água é municipal e nos demais municípios é estadual??? 

        Sabesp =  (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) 

        Não sei como funciona exatamente, mas, vou citar duas cidades que compram água por atacado da “Sabesp”, Guarulhos e São Caetano, por que para uma cidade “a Sabesp” reduziu o fornecimento de água e outra não???

        http://noticias.r7.com/sao-paulo/apos-sabesp-cortar-agua-guarulhos-tera-rodizio-14032014

        Cite fontes nas suas explicações.

  2. Ponto 1 parece suspender a

    Ponto 1 parece suspender a lei da gravidade.

    Ponto 2 tambem parece suspender algumas leis da fisica com uma “absorção de água poluída dos lençóis freáticos, pelas pressões negativas que “puxam” a água de fora para dentro das tubulações” da qual nem eu nem voces nunca ouvimos falar -dos dois um, ou o ponto eh tecnico demais ou eh fantasia.  Se a terra esta seca, de onde esta vindo essa “pressao” mesmo?  E como uma pressao externa pode influir na qualidade da agua interna de um cano?!?!?!

    Ate ter explicacoes tecnicas mais detalhadas eu nao vou ler o resto, nao vale a pena.  Ha dois anos eles escavaram a Vauxhall, avenida perto da minha casa, do comeco ao fim, pra colocar canos la.  De aco.  Trabalho excelente, competentissimo, o asfalto foi refeito perfeitamente, nunca deu problema.

    O Brasil que exporta minerio de ferro nao tem canos de ferro nem de aco pra comprar pro centro economico pra onde vaza todo o dinheiro da exportacao de minerios brasileiros?  EH LA que eles tem que usar “canos” de CONCRETO?  E ainda estao surpresos que a agua desaparece mesmo sem ninguem usar?!

    Que se virem os paulistas.  Derrubar o governo voces nao vao, ok?  O Brasil nao eh colonia sua.  SE VIREM.

  3. Mudança climatica e o homem não tem culpa

    Aceitemos a hipotese de que o clima mudou definitivamente nesta e em outras regiões. E que não voltara a chover na mesma proporção do passado.

    Os homens que tem responsabilidade na captação e distribuição da água, parece que não levam em conta esta possibilidade. O otimismo é o calcanhar de aquiles de qualquer gerente. O gerente responsavel não é otimista e sim mantem os pés firmes no  chão.

    De acordo com tudo que se le na midia a situação esta baseada nos extremos. Ou tudo ou nada. Oito ou oitenta.

    Não existe um meio termo nem um plano B para uma provavel  calamidade.

    E se não chover mais nestas regiões como antigamente????????

     

  4. Gostaria de acrescentar uma

    Gostaria de acrescentar uma questão a este tema: Quanto a falta de água está repercutindo na economia, nos investimentos , nas produções ? E na qualidade dos produtos dependentes dela? Tive notícias que a condutividade da água tem-se mostrado maior que o normal no controle de qualidade.

  5. Incompetencia da oposição

    Porque a oposição em São Paulo não bate firme neste problema da agua?

    Falta informação tambem pra eles.

    E depois ficam culpando a midia que faz o papel da oposição e ficam lamentando de que o eleitorado paulista é conservador.

    Quem se apresenta nesta eleição pra substituir o psdb?

    Padilha emerito desconhecido.

    Skaf coligado com personagens que detem as piores avalições da população.

    A culpa do conservadorismo é de quem?

    É muito facil não ter auto-critica e culpar os outros.

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